
A
comunidade judaica em Berlim se mostrou indignada na última
quinta-feira (6) com as restritas condições impostas pela Justiça
berlinense para que a circuncisão por motivos religiosos continue sendo
legal na capital alemã.
“Trata-se de uma flagrante ingerência a
uma tradição do judaísmo com mais de 3 mil anos de antiguidade”,
denunciou a comunidade judaica em um comunicado.
Na ocasião, o titular de Justiça de
Berlim, Thomas Heilmann, anunciou que a partir de agora os pais ou
tutores dos menores judeus e muçulmanos serão obrigados a confirmar de
forma expressa e por escrito que aprovam a circuncisão, levando em conta
“os possíveis riscos para a saúde” que essa intervenção pode acarretar.
Além disso, os pais deverão certificar a
motivação religiosa e a necessidade dessa circuncisão, por exemplo, com
uma confirmação de sua comunidade.
Por outra parte, com a regulamentação, a
intervenção só poderá ser praticada por um especialista e atendendo os
padrões médicos, embora não precisa ser realizada necessariamente em um
hospital.
Segundo o ministro da Justiça da
Alemanha, “hoje essa intervenção só pode ser feita por um médico”,
medida que exclui aqueles que não possuem formação médica específica,
caso de muitos rabinos.
As autoridades berlinenses decidiram
regulamentar a circuncisão religiosa após a controvertida sentença
anunciada por um tribunal provincial de Colônia, que passou a qualificar
o ato como “lesão física ilegal e sancionável”.
Desta forma, as circuncisões em menores
por motivos religiosos continuarão permitidas na capital alemã, embora
submissas a estritas condições.
Por outro lado, o Conselho Central dos
Judeus na Alemanha se mostra contrário à medida que estabelece que
apenas os médicos fiquem autorizados a realizar circuncisões.
Anteriormente, Shimon Peres tinha pedido
ao presidente alemão que intercedesse a favor do direito à circuncisão
em menores por motivos religiosos, já que, segundo Peres, “a brit milah (circuncisão) é um ritual judeu essencial há milhares de anos para a identidade judaica e distintiva para um judeu”.
Em julho, o Parlamento alemão aprovou,
por maioria, uma resolução defendendo a legitimidade da circuncisão em
menores de idade, como expoente do respeito à liberdade de religião.
No entanto, a necessidade de uma
regulamentação surgiu após a decisão do tribunal de Colônia, que passou a
considerar que esta prática vulnera o direito de autodeterminação da
criança, a qual deve sobressair sobre a liberdade religiosa.
Fonte: O Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário