Quanto ao relacionamento entre Gênesis 2 e Gênesis 1, já foi indicado que o emprego dos nomes divinos (Elohim e Javé) pode ser reconciliado perfeitamente com a unidade de autoria. Sendo que Elohim (“Deus”) era o nome apropriado para contextos fora da Aliança, Moisés (supondo-se que foi ele o autor do Livro inteiro), pode muito bem ter empregado este nome exclusivamente para o relato da criação no capítulo 1, empregando o nome Javé para a maior parte do capitulo 2, ao tratar da Aliança de obras estabelecida entre Deus e Adão.
Questões têm sido levantadas quanto à seriedade de se aceitar a narrativa inteira sobre Adão e Eva (e a serpente no Jardim do Éden) como história literal. Muitos preferem considerá-la um simples mito ou fábula (“supra-história”, segundo o termo neo-ortodoxo) no qual o colapso moral do homem se descreve através dum episódio fictício escrito como ilustração do mesmo. (Mas, sendo que, de fato o homem é um ser caído, um agente moral com um senso íntimo de culpa, o mito reflete uma verdade sublime, apesar de nunca ter acontecido um episódio isolado deste tipo). Nenhuma objeção decisiva, porém, tem sido levantada contra a historicidade de Adão e Eva, em bases históricas, cientificas ou filosóficas. O protesto tem sido baseado essencialmente em conceitos subjetivos de improbabilidade.
Do ponto de vista da lógica, é praticamente impossível aceitar a autoridade de Romanos 5 (“Por um só homem entrou o pecado no mundo.... Pela ofensa de um, e por meio de um só, reinou a morte.... Pela desobediência de um só homem muitos se tomaram pecadores”) sem aceitar a inferência que há raça humana inteira advém dum único progenitor. Em Romanos 5 há um contraste entre Adão e Cristo. Se, portanto, Cristo era um indivíduo histórico, Adão também o era (senão, o Apóstolo inspirado estava errado). Semelhantemente, Paulo aceita os detalhes de Gênesis 2, e os da tentação e da queda em Gênesis 3, como sendo história literal. Em 1 Timóteo 2:13 e 14 diz: “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”. Não há nenhuma dúvida que os autores do Novo Testamento aceitaram a historicidade literal de Adão e Eva. A origem da raça humana é necessariamente assunto de revelação da parte de Deus, visto que nenhum registro escrito poderia remontar a uma época anterior à invenção da escrita. É concebível que o verdadeiro relatório da origem do homem pudesse ter sido transmitido pela tradição oral (e talvez existisse esta tradição até a época de Moisés). Mas, fora da Revelação, registrada por escrito como Escritura inspirada, não poderia haver qualquer certeza quanto à variedade estonteante de lendas da origem do homem conhecidas entre as muitas diferentes culturas da terra, no sentido de saber qual era o relato verdadeiro e digno de confiança. Aqui, o registro inspirado fala dum Adão e duma Eva literais, e não dá a mínima impressão que a narrativa seja mitológica na sua intenção. Certamente Cristo e os Apóstolos receberam-na como sendo história verdadeira.
Alguns escritores modernos, tais como Alan Richardson, compararam a matéria narrativa de Gênesis caps. 1-11 às parábolas do Novo Testamento. “Uma parábola é uma estória que pode ser ou não ser verdadeira, literalmente falando (ninguém pergunta se literalmente “aconteceu” o incidente do Bom Samaritano); mas é certo que transmite um sentido além de si mesma. Implica em que, além das palavras da estória que nossos ouvidos físicos captam, há um sentido compreensível somente à
nossa audição espiritual” (A. Richardson, “Gênesis I-IX” SCM, 1953, p. 28). Mas esta comparação com as parábolas do Novo Testamento envolve a pressuposição que o autor de Gênesis tinha a intenção de que a narrativa dos capítulos 1- 11 tenha sido mera analogia ou comparação, para ilustrar alguma verdade teológica, sem desejar que seus leitores tivessem a impressão que estes episódios narrados tivessem acontecido na história real. A introdução característica às parábolas de Jesus era: “O reino de Deus é como...”. Sempre há algum ensinamento da doutrina ou da ética que
está sendo explicada ao ouvinte, e apela-se a uma ilustração para dar clareza ao ponto. Mas não há nenhuma estrutura deste tipo nas narrativas e listas genealógicas de Gênesis 1-11. Em nenhum trecho se declara que a origem do mundo ou da raça humana sela como algo análogo. Uma parábola nunca é explicada em termos de si própria; sempre envolve uma analogia tirada de outra coisa semelhante. Assim como nunca teria sido escrito: “O reino de Deus é como o reino de Deus”, assim também não pode ter havido a intenção de implicar que “A origem da raça humana é como a origem da raça humana”, ou “O Dilúvio universal é como o Dilúvio universal”. Vê-se, portanto, que aqui falta o elemento parabólico, tomando insustentável a interpretação de Richardson.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
O Dilúvio
O dilúvio sempre foi assunto de controvérsia e questionamento. Isso se deve a muitos fatores. Alfred M. Rehwinkel em sua monumental obra sobre o “Dilúvio” diz com muita razão: “Até cerca de cem anos atrás o fato histórico do Dilúvio era quase universalmente aceito, não só pelos membros da igreja católica e protestante, mas também pelos homens da ciência. Surgiu, então, a doutrina denominada uniformitarismo e, com ela, o darwinismo; a catástrofe do Dilúvio não se encaixou no
sistema. Foi rejeitado por motivos geológicos, biológicos e históricos. Os livros de texto destas ciências continuam ignorando totalmente o Dilúvio, e qualquer pessoa que ainda continue seriamente defendendo a crença no Dilúvio universal encontra oposição, desprezo e o ridículo até mesmo em muitos setores da igreja”.
Não obstante, a tradição evangélica tem aceitado a literalidade do dilúvio e suas implicações ambientais e teológicas, mesmo em se tratando de um relato antigo e com número cientificamente insuficiente de informações para traçar um paralelo mais seguro entre a concepção atual e a narrativa histórica, o que não invalida nem desmerece o conteúdo bíblico.
sistema. Foi rejeitado por motivos geológicos, biológicos e históricos. Os livros de texto destas ciências continuam ignorando totalmente o Dilúvio, e qualquer pessoa que ainda continue seriamente defendendo a crença no Dilúvio universal encontra oposição, desprezo e o ridículo até mesmo em muitos setores da igreja”.
Não obstante, a tradição evangélica tem aceitado a literalidade do dilúvio e suas implicações ambientais e teológicas, mesmo em se tratando de um relato antigo e com número cientificamente insuficiente de informações para traçar um paralelo mais seguro entre a concepção atual e a narrativa histórica, o que não invalida nem desmerece o conteúdo bíblico.
A Bíblia Confirma a Própria Bíblia
As provas intrínsecas da Bíblia constituem argumento que ninguém consegue refutar, a não ser os que entram no santuário do Livro Santo, com espírito pré-concebido. Estes agem assim, ou por solidariedade com alguém do passado que assim pensou, ou por achar a posição ortodoxa na Palavra de Deus, ridícula para uma época ultra científica como a nossa. A Bíblia toda confirma o Dilúvio, senão vejamos os seguintes textos: Mt 24.38, 39; Lc 17.27 e 2Pd 2.5. A Bíblia toda aceita Noé, como o Patriarca do Dilúvio, como constatamos das seguintes escrituras: 1Cr 14.4; Is 5.9; Ez 14.14, 20; Mt 24.37; Lc 3.36; 17.26, 27; Hb 11.7; 1Pd 3.30 e 2Pd 2.5.
As Características dos Povos Pré-Diluvianos
As características dessa terrível corrupção moral da humanidade antediluviana são três:
1) Universalidade (Gn 6.5, 12). O pequeno estopim que o homem acendeu com o fogo da desobediência a Deus, ateou, alastrou e incendiou a humanidade toda, exceto Noé e sua família, como verificamos em Gênesis 6.8, 9. A tendência do pecado é crescer e multiplicar. Vemos hoje como evolui o álcool, o entorpecente, o tabaco, o crime, a prostituição, a idolatria. O Senhor Jesus refere-se ao “multiplicar da iniqüidade” (Mt 24.12). Como a maldade humana dos dias de Noé levou para o dilúvio, a de nossos dias levará fatalmente para o fogo (2Pd 3.6, 7).
2) Totalidade (Gn 6.5). Cada indivíduo pecava e não se arrependia da maldade que cometia; continuava a pecar e envolvia outros no seu pecado. E desse modo, todos pecaram, exceto Noé e sua família. Naturalmente, está sendo referido o pecado de obstinação contra Deus.
3) Continuidade (Gn 6.5). “Todo o desígnio do seu coração era continuamente mau!” Não era um simples pecar irrefletido, seguido de arrependimento, não; era antes um pecar incessante, contínuo. Partia da fonte - o coração e tornou-se um estado normal no homem. Só pensava pecado, só sentia pecado, só via pecado, só queria pecado, só imaginava pecado. Não aceitava outra coisa. Estava tão cauterizado o seu coração, que já não mais ouvia a voz dos céus, nem os apelos do Senhor. Deus plantou uma boa semente, que germinou e cresceu e frutificou; quando, porém, foi colher, nada houve que se aproveitasse. O remédio para isto só podia ser destruição.
E Deus deu cabo de toda a humanidade que se entregou à perversidade e de todo o coração. Com o verbo “arrepender” a Bíblia expressa a tristeza profunda do coração de Deus, diante maldade continua do homem que criou para sua glória.
1) Universalidade (Gn 6.5, 12). O pequeno estopim que o homem acendeu com o fogo da desobediência a Deus, ateou, alastrou e incendiou a humanidade toda, exceto Noé e sua família, como verificamos em Gênesis 6.8, 9. A tendência do pecado é crescer e multiplicar. Vemos hoje como evolui o álcool, o entorpecente, o tabaco, o crime, a prostituição, a idolatria. O Senhor Jesus refere-se ao “multiplicar da iniqüidade” (Mt 24.12). Como a maldade humana dos dias de Noé levou para o dilúvio, a de nossos dias levará fatalmente para o fogo (2Pd 3.6, 7).
2) Totalidade (Gn 6.5). Cada indivíduo pecava e não se arrependia da maldade que cometia; continuava a pecar e envolvia outros no seu pecado. E desse modo, todos pecaram, exceto Noé e sua família. Naturalmente, está sendo referido o pecado de obstinação contra Deus.
3) Continuidade (Gn 6.5). “Todo o desígnio do seu coração era continuamente mau!” Não era um simples pecar irrefletido, seguido de arrependimento, não; era antes um pecar incessante, contínuo. Partia da fonte - o coração e tornou-se um estado normal no homem. Só pensava pecado, só sentia pecado, só via pecado, só queria pecado, só imaginava pecado. Não aceitava outra coisa. Estava tão cauterizado o seu coração, que já não mais ouvia a voz dos céus, nem os apelos do Senhor. Deus plantou uma boa semente, que germinou e cresceu e frutificou; quando, porém, foi colher, nada houve que se aproveitasse. O remédio para isto só podia ser destruição.
E Deus deu cabo de toda a humanidade que se entregou à perversidade e de todo o coração. Com o verbo “arrepender” a Bíblia expressa a tristeza profunda do coração de Deus, diante maldade continua do homem que criou para sua glória.
O Criacionismo Bíblico e o Evolucionismo Moderno
Uma questão mais fundamental do que a natureza dos dias da criação é a relacionada com o fato de a criação ser divina, em contraste com as teorias rivais da origem do universo, tais como o evolucionismo darwinista. O evolucionismo, conforme sua formulação por Charles Darwin na sua obra A Origem das Espécies (1859), procurava a explicação da origem das espécies biológicas na seleção natural e não no desígnio de Deus. Isto quer dizer que o processo pelo qual se desenvolviam as plantas e os animais não era governado por qualquer inteligência divina de acordo com princípios teológicos, mas, ao contrário, segundo um princípio puramente mecânico: a sobrevivência dos mais capazes. No decurso do ciclo reprodutivo segundo os ensinamentos de Darwin, cada geração demonstra ligeiras modificações da geração anterior. Durante um longo período de tempo, depois de centenas e milhares de gerações, algumas destas variações se transformam em características mais ou menos fixas, que então passam à descendência. Estas novas características contribuem à formação de novas variedades ou subespécies e, finalmente, à emergência de novas espécies. Aquelas características que deram sos seus possuidores a capacidade de competir com mais sucesso na luta incessante contra o meio ambiente, foram a garantia da sua sobrevivência. Mas espécies que desenvolveram características que, ao invés de lhes oferecer vantagens, foram empecilhos, ao enfrentar os competidores, tinham a tendência natural de desaparecer. Daí a perpetuação apenas das espécies mais capazes de sobreviver, que seriam, então, espécies bem sucedidas. Assim, o inferior e mais simples foi paulatinamente se transformando no mais avançado e complexo, até que, finalmente, Homo sapiens surgiu como o produto supremo da seleção natural - supostamente por ser mais capacitado para a sobrevivência e com mais sucesso em enfrentar seu meio ambiente.
Quanto à questão mais fundamental de todas, que é a origem da própria matéria, e a questão paralela quanto à origem da primeira forma de vida no limo primevo, Darwin não podia oferecer resposta, senão talvez uma expressão deística (que rebaixaria Deus a situação de mera Primeira Causa, que colocou em andamento o mecanismo e depois Se afastou do cenário). “Poderia inferir da analogia”, disse num certo trecho, “que provavelmente todos os seres orgânicos que já viveram nesta terra são descendentes duma forma primordial, na qual a vida foi originalmente soprada pelo Criador”. Não há, portanto, nada de completamente ateístico na formulação da evolução apresentada por Darwin, no que diz respeito à origem da matéria, mas apesar disso muitos dos seus seguidores optaram pela existência eterna da matéria para evitar reconhecer a existência de Deus. Mesmo assim, não sobrou nenhuma base objetiva para a Lei Moral ou para os valores espirituais além da consideração materialista da sobrevivência, a sobrevivência dos “mais capazes”. Além disto, a teoria darwinista não tinha lugar para qualquer atuação divina significante no processo da “criação”; a não ser a criação da matéria-prima “primeva”, não havia realmente qualquer idéia de “criar”, mas só o desenvolvimento de acordo com a seleção natural. Isto representava uma contradição quase total de Gênesis capítulo 1.
1) Do ponto de vista da genética (a ciência da hereditariedade), as suposições básicas da seleção natural contrariam totalmente a evidência. Muitas décadas de pesquisas meticulosas demonstraram que, por mais verdadeiro que seja o fato de que há ligeiras diferenças dentro de cada espécie, não é verdadeiro que estas variações são especialmente herdadas pela próxima geração. As experiências extensas de Gregor J. Mendel demonstraram que a gama de variações possíveis dentro duma espécie era estritamente limitada e não contribuía com qualquer progresso na direção do desenvolvimento duma nova espécie. Desta forma, os elementos de um tipo puro de ervilhas de crescimento alto podem ter pequenas variações de altura entre si, mas s descendência das ervilhas altas não possui uma altura média maior do que a das ervilhas curtas. É verdade que pela criação seletiva seja possível enfatizar certas características dentro duma espécie, ao ponto de se produzir uma linhagem especial (como é o caso das muitas raças de cães), mas existe um círculo de possibilidades estritamente limitado, além do qual nenhum criador pode progredir. Noutras palavras, não tem a capacidade de desenvolver uma nova espécie.
O mesmo veredicto precisa ser pronunciado contra a teoria de Jean Baptiste de Lamarck, da possibilidade de herdar características adquiridas (teoria à qual Darwin ocasionalmente apelava quando a mera seleção parecia ser inadequada para dar conta duma série de fatos). Apesar dum sem-número de experiências realizadas para comprovar a “herança do uso” (conforme se chama) de Lamark, o resultado global tem sido totalmente negativo. As características que o pai adquire por meio de esforços especiais, não passam aos filhos, simplesmente porque não há nenhuma maneira possível pela qual estas características adquiridas (tais como a proficiência no atletismo) possam afetar os genes. Toda a hereditariedade (pelo menos no lado não-espiritual) parece depender da química dos próprios genes. Quanto à forma ou à estrutura dos animais, não existe uma alegação sequer duma prova de herança do uso que não tenha sido subseqüentemente desacreditada.
Deve ser acrescentado que embora falte evidência de se poder herdar variações individuais, existem, porém, súbitas mudanças ou mutações que às vezes ocorrem na história da espécie. Por exemplo, uma nova variedade de plantas, isolada em pequenas colônias, como numa encosta montanhosa, pode ser o resultado duma mutação súbita (envolvendo ligeira alteração dos próprios genes). Permanece, porém, o fato, que apesar de terem sido estudadas de perto milhares de mutações, não foi demonstrado um único exemplar pelo qual uma mutação criou um animal mais complicado, ou deu origem a uma nova estrutura. Desde os dias de Darwin, nenhum progresso tem sido feito na solução dos problemas fundamentais da evolução. Numa análise do livro “Animal Cytology and Evulution” (“A Citologia Animal e a Evolução”), 1954, de Ed. J.D. White, I. Manton disse: “As causas fundamentais da evolução em grande escala, conforme tem ocorrido através das eras geológicas, na formação dos grandes grupos de animais e plantas, ainda não podem ser descritas ou explicadas” (Nature, 1948, 157, p.713).
2) O argumento de Darwin, tirado dos dados da embriologia, é demonstravelmente cheio de falácias. Segundo seu raciocínio, o feto, ao se desenvolver no útero, recapitula a totalidade do seu passado evolucionário, enquanto o óvulo fertilizado vai crescendo e produzindo mais e mais órgãos e membros complicados. As bolsas viscerais no embrião humano, por exemplo, seriam o equivalente às guelras dos peixes, indicando portanto, a emergência do homem duma forma de vida de peixe. Mas este tipo de raciocínio ignora convenientemente o fato indubitável de que estas estruturas nunca funcionam como guelras em qualquer estágio da vida do embrião. Realmente, é difícil perceber como a teoria de recapitulação possa ser harmonizada com a real seqüência do desenvolvimento dentro do feto. Por exemplo, a superfície respiratória não se desenvolve até um estágio bem avançado do desenvolvimento do embrião dentro do útero; mas é inconcebível que em qualquer estágio pré-humano, o suposto ancestral do homem pudesse ter sobrevivido sem qualquer mecanismo respiratório sequer. Além disto, a cabeça do embrião é enorme em proporção ao restante do corpo enquanto que a cabeça de todos os ancestrais putativos da raça humana era relativamente pequena em proporção ao corpo. Não é sequer verdade que os órgãos simples do feto iam se complicando. O olho, por exemplo, é o resultado do ajustamento de várias partes diferentes, que, segundo parece, foram formadas separadamente no inicio, sendo então combinadas de acordo com um padrão predeterminado que não tem nenhuma causa física que se possa descobrir.
Decerto, é bem verdade que os embriões de todos os mamíferos se desenvolvem de óvulos unicelulares, que parecem quase idênticos, e que durante os primeiros estágios permanece esta semelhança. Mas será que este fato requer uma teoria de que todos os mamíferos se desenvolveram dos mesmos ancestrais pré-mamíferos? Uma explicação muito mais óbvia é que, no desenvolvimento do embrião, do seu estágio inicial de óvulo unicelular, as partes mais simples têm que ser formadas antes que se possam desenvolver as partes mais complicadas. Dificilmente poderíamos imaginar que os ajustamentos mais delicados, e os órgãos complicados, pudessem chegar a existir antes da estrutura básica à qual terão que ser ligadas. Mas postular uma origem ancestral comum para explicar as semelhanças das primeiras formas é tão irrazoável (citando a expressão pungente de Clark), como imaginar que as gotas de chuva se derivam de pedregulhos, porque ambos têm forma esférica. “Há uma conexão real, mas esta é matemática, inerente à natureza •do universo, e não se deve a qualquer conexão direta entre os objetos”.
Pode-se dizer com segurança que não há quaisquer dados da embriologia que não revelam a operação do desígnio e propósito deliberados dum Criador todo sábio, mais do que a operação mecânica da seleção natural. Muito ocasionalmente, no crescimento dum embrião, parece haver mal funcionamento dum dos mecanismos de crescimento. Então acontece que um novo mecanismo, totalmente diferente, pode entrar em jogo, para produzir a estrutura desejada. As vezes, dois ou três destes mecanismos de “segurança” são chamados a desempenhar seu papel, para garantir o desenvolvimento apropriado do feto; mas, inexplicavelmente, começam a agir no momento necessário. Mas sendo porém raros tais maus funcionamentos, é quase impossível explicá-los pela teoria da “sobrevivência dos mais aptos”. Assemelha-se muito mais à intervenção duma inteligência divina. Não é que se pretende negar que alguns fetos se desenvolvem incorretamente, produzindo exemplares defeituosos que dificilmente poderiam sobreviver ou cumprir qualquer função útil. No caso dos seres humanos, os resultados podem ser bem trágicos, e de difícil explicação. Seguindo-se as pressuposições darwinianas, porém, seria difícil explicar o senso do patético causado por este exemplo de disteleologia. O darwinista consistente só poderia dar de ombros e dizer: “É surpreendente que não haja mais exemplares deste tipo”. Não há, afinal, para o darwinista nenhuma resposta além da seleção natural mecanística e a sobrevivência dos mais aptos”.
3) A seleção natural não pode esclarecer os inúmeros exemplos de adaptação, nos quais não há, aparentemente, nenhum estágio transitório. A seleção natural nos levaria a imaginar que as formigas e os cupins aprenderam a conviver em colônias por terem descoberto, através da experiência, que isto incrementaria suas possibilidades de sobrevivência. Não existe, porém, qualquer evidência entre os fósseis que tenha havido formigas ou cupins antes de surgir esta vida organizada em colônias. Ou, tomando um exemplo da anatomia, precisamos considerar como qualquer estágio transitório do desenvolvimento do órgão da visão poderia ter conferido qualquer possível vantagem na batalha da sobrevivência, até a formação completa do olho. Se o animal tivesse possuído (na sua fase transitória) uma simples área de pele especialmente sensível à luz, e se o processo de seleção natural se tivesse aplicado às suas sucessivas mutações, como é que algo menos do que a própria vista poderia ter equipado o animal para sobreviver com mais sucesso do que seus competidores que não tinham esta pele fotossensível? A hipótese darwinista necessariamente implica em que, a cada estágio do desenvolvimento de organismos novos e mais complicados, até antes de poderem ser utilizados na prática, o animal em desenvolvimento tenha gozado alguma vantagem específica sobre seus competidores. Quanto ao exemplo, muito citado, do ciclo de crescimento dará, o princípio da seleção natural não explica muita coisa. Pode, sim, concebivelmente servir como explicação de como os girinos aprenderam a nadar, alimentar-se e fugir dos inimigos mais eficientemente do que seus ancestrais menos capacitados. Mas será que isto lança luz sobre o motivo pelo qual se transformaram finalmente em rãs? Será que se pode argumentar com seriedade que as rãs são mais capazes de sobreviver do que peixes? É claro que é necessário achar uma explicação mais sofisticada do que a seleção natural meramente mecânica.
Em resumo, a teoria darwinista explica os dados da biologia muito menos adequadamente do que a afirmação de Gênesis capítulo 1, sublimemente singela, que todas as espécies de vida vegetal e animal surgiram como resposta à vontade criadora de Deus onipotente e onisciente, e que seu desenvolvimento posterior tem sido governado, em cada estágio, por Seus desígnios. Todas as semelhanças estruturais (tais como as semelhanças esqueléticas tão citadas para indicar uma relação genética entre o homem e as ordens inferiores de vertebrados) podem ser esclarecidas de maneira satisfatória como sendo uma força diretriz operando de fora (ou de cima), e não forças mecânicas operando de dentro dos tecidos vivos, como tais. Mesmo o fenômeno dos vestígios, que parecem ser inúteis, tais como o cócix no término da espinha humana, não demonstra uma herança remontando até os símios com caudas. Tais vestígios apenas testificam um plano geral ou básico seguido pela força criadora (ou pela inteligência divina) que fez os vários filos vertebrados.
Um semelhante costume de conservar vestígios de desenhos da engenharia pode ser percebido no desenvolvimento do automóvel, ano após ano, desde (digamos) o sedã Ford 1901 e o modelo de 1964. Em certos casos, vestígios (como conservar a abertura parava manivela na base do radiador anos depois de haver arranque automático para o carro) marcaram a evolução desta marca de carro. O mesmo se pode dizer das “portinholas” dos modelos Buick entre os anos de 1940 e 1950, (até o vestígio-símbolo do modelo de 1957). Mas não se pode dizer que os modelos anteriores se tornaram mais avançados ou mais complicados; esta foi a obra dos desenhistas e engenheiros que produziram um modelo novo para cada ano sucessivo. Não há nada nos dados da geologia, ou da biologia em geral, que pudesse indicar que o procedimento do próprio Criador tenha sido essencialmente diferente. Uma vez que um modelo, ou espécie, foi criado, então estava pronto para a produção em massa, mediante o sistema embutido de procriação e reprodução com o qual todos os animais são equipados - sendo que cada espécie é controlada dentro dos limites mendelianos dos seus próprios genes específicos.
4) O abandono moderno da teoria darwiniana da diferenciação gradual como sendo o mecanismo pelo qual todas as classes e ordens de vida se evolveram, levou à substituição dum novo tipo de evolução (a teria dos quanta) que recebe o apoio da maioria dos cientistas de destaque dos nossos dias. Mas a evolução emergente envolve fatores de mutação ou mudança tão súbita e radical, que pode ser classificada na categoria de mero credo filosófico incapaz de ser averiguando por métodos de laboratório, e de explicação seguindo princípios meramente mecânicos. Na geração de Darwin, esperava-se confiantemente que pesquisas geológicas e bio1ógicas nas décadas subseqüentes revelariam as formas de vida que haveriam de preencher as lacunas existentes entre as várias ordens e filos. Mas a maioria dos cientistas do século vinte desistiram completamente desta busca.
Austin H. Clark (The New Evolution – “A Nova Evolução” - 1930, p. 189), por exemplo, mencionou “a inteira falta de intermediários entre os principais grupos de animais - como, por exemplo, entre os animais com espinha ou vertebrados, os equinodermos, os moluscos e os antropóides”. Disse mais: “Se estivermos dispostos a aceitar os fatos, teríamos que crer que nunca existiram tais intermediários, ou, noutras palavras, que estes grupos principais tiveram o mesmo relacionamento mútuo que até hoje conservam”. Semelhantemente, G. G. Simpson indicou que cada uma das trinta e duas ordens de mamíferos apareceu subitamente na história paleontológica Declarou: “Os membros de cada ordem já têm os característicos básicos ordinais desde seu exemplar conhecido mais primitivo, e em nenhum caso se conhece uma seqüência quase contínua duma ordem até outra” (Time and Mode in Evolution - “Ritmo e Modo na Evolução”, 1944, p. 106).
Clark, Simpson e seus colegas modernos se refugiaram, pois, na teoria da evolução emergente, que afirma que novas formas dramáticas surgem ao mero acaso, ou por algum tipo de resposta criativa a novos fatores que não suportam mais análise ou descrição racional. Mas como é que tal explicação (que realmente não é uma explicação, mas só um apelo à fé) pode ser considerada uma alternativa mais razoável do que o ato criador duma inteligência superior? Conforme a declaração de Carl Henry: “A suposição duma emergência abrupta fica tão longe do campo de análise científica com um apelo às forças criadoras sobrenaturais”.
Apesar destas considerações porém (ou talvez em ignorância delas), há muitos cristãos dedicados que estão dispostos a aceitar a teoria da evolução numa base teística. Isto quer dizer, professam lealdade à teoria do processo mecânico de seleção natural (segundo a formulação de Darwin), ou até à mais recente teoria emergente da evolução; mas mesmo assim insistem que a matéria não é eterna (que os não-teístas têm que supor), mas que foi criada por Deus ex nihilo. Além disto, consideram que o mecanismo inteiro do processo evolutivo tenha sido planejado e controlado por Deus, e não por alguma força misteriosa que não pode ser completamente explicada pela ciência.
Deve ser explicado às pessoas que sustentam esta posição que, historicamente, a teoria inteira foi elaborada para explicar o desenvolvimento da vida em princípios mecânicos puramente naturais, sem necessitar de qualquer influência divina. Darwin e seus colegas fizeram os maiores esforços para derrubar o argumento pela existência de Deus, baseado na evidência de haver desígnio na natureza, e exploraram todos os exemplos concebíveis de disteleologia e de falta de propósito que poderiam descobrir. Mencionaram o fato que dos milhares de ovos depositados pela mãe-peixe, só uma porcentagem mínima sobrevive para atingir a maturidade, e que poucas sementes caídas duma árvore sobrevivem para produzir novas árvores. (Assim, convenientemente, deixava-se de mencionar o estoque de gêneros alimentícios armazenado para outros animais por causa desta superabundância). Fazia-se um esforço consistente de explicar o universo sem a existência de Deus. Por este motivo, o evolucionismo darwiniano tomou-se a filosofia oficial dos principais movimentos ateus do século vinte (tais como as formas mais puras do Nazismo e do Socialismo Marxista). A concessão de Darwin, de que um poder superior pudesse ter suprido a matéria-prima original e os impulsos vitais que deram origem à evolução no princípio, nem por isso deixou de ser uma negação completa da revelação hebraico-cristã. Levou inevitavelmente ao resultado que os conceitos de moral e de religião que se descobrem na raça humana sejam considerados a mera combinação fortuita de moléculas, não representando, portanto, qualquer realidade espiritual.
O evolucionismo, como filosofia ou cosmovisão realmente envolve uma negação aberta de realidades espirituais, assim como rejeita também a existência dum Deus pessoal. Todos os seus principais expoentes têm declarado isto em termos inequívocos. O livro de Ernst Haeckel, The Riddle of the Universe – “O Enigma do Universo” (1929) adotou a tese de evolucionismo para desaprovar a religião sobrenatural, tornando-se assim, uma das maiores influências em prol do ateísmo do século vinte. G. G. Simpson declarou que uma aceitação total do evolucionismo é inconsistente com a crença de que Deus está ativo no universo. O próprio Charles Darwin, numa entrevista com um repórter dum jornal, pouco depois da publicação de “A Origem das Espécies”, simplesmente deu de ombros perante a questão moral em toda a sua totalidade. Quando lhe perguntaram se seu livro não mostraria a cada criminoso como justificar suas atividades, Darwin disse que a acusação era “uma boa sátira”, e deixou o assunto sem resposta. Levando em conta fatores como estes, parece ser um procedimento dúbio para o cristão convicto que quer ser leal às Escrituras, declarar-se evolucionista, a não ser num sentido muito restrito - um sentido que de fato seria totalmente inaceitável a Darwin e a todos os seus seguidores. Para o cristão, não há alternativa a não ser reconhecer a seleção “natural” como sendo a seleção divina, seja de maneira direta, seja de maneira indireta.
Quanto à questão mais fundamental de todas, que é a origem da própria matéria, e a questão paralela quanto à origem da primeira forma de vida no limo primevo, Darwin não podia oferecer resposta, senão talvez uma expressão deística (que rebaixaria Deus a situação de mera Primeira Causa, que colocou em andamento o mecanismo e depois Se afastou do cenário). “Poderia inferir da analogia”, disse num certo trecho, “que provavelmente todos os seres orgânicos que já viveram nesta terra são descendentes duma forma primordial, na qual a vida foi originalmente soprada pelo Criador”. Não há, portanto, nada de completamente ateístico na formulação da evolução apresentada por Darwin, no que diz respeito à origem da matéria, mas apesar disso muitos dos seus seguidores optaram pela existência eterna da matéria para evitar reconhecer a existência de Deus. Mesmo assim, não sobrou nenhuma base objetiva para a Lei Moral ou para os valores espirituais além da consideração materialista da sobrevivência, a sobrevivência dos “mais capazes”. Além disto, a teoria darwinista não tinha lugar para qualquer atuação divina significante no processo da “criação”; a não ser a criação da matéria-prima “primeva”, não havia realmente qualquer idéia de “criar”, mas só o desenvolvimento de acordo com a seleção natural. Isto representava uma contradição quase total de Gênesis capítulo 1.
1) Do ponto de vista da genética (a ciência da hereditariedade), as suposições básicas da seleção natural contrariam totalmente a evidência. Muitas décadas de pesquisas meticulosas demonstraram que, por mais verdadeiro que seja o fato de que há ligeiras diferenças dentro de cada espécie, não é verdadeiro que estas variações são especialmente herdadas pela próxima geração. As experiências extensas de Gregor J. Mendel demonstraram que a gama de variações possíveis dentro duma espécie era estritamente limitada e não contribuía com qualquer progresso na direção do desenvolvimento duma nova espécie. Desta forma, os elementos de um tipo puro de ervilhas de crescimento alto podem ter pequenas variações de altura entre si, mas s descendência das ervilhas altas não possui uma altura média maior do que a das ervilhas curtas. É verdade que pela criação seletiva seja possível enfatizar certas características dentro duma espécie, ao ponto de se produzir uma linhagem especial (como é o caso das muitas raças de cães), mas existe um círculo de possibilidades estritamente limitado, além do qual nenhum criador pode progredir. Noutras palavras, não tem a capacidade de desenvolver uma nova espécie.
O mesmo veredicto precisa ser pronunciado contra a teoria de Jean Baptiste de Lamarck, da possibilidade de herdar características adquiridas (teoria à qual Darwin ocasionalmente apelava quando a mera seleção parecia ser inadequada para dar conta duma série de fatos). Apesar dum sem-número de experiências realizadas para comprovar a “herança do uso” (conforme se chama) de Lamark, o resultado global tem sido totalmente negativo. As características que o pai adquire por meio de esforços especiais, não passam aos filhos, simplesmente porque não há nenhuma maneira possível pela qual estas características adquiridas (tais como a proficiência no atletismo) possam afetar os genes. Toda a hereditariedade (pelo menos no lado não-espiritual) parece depender da química dos próprios genes. Quanto à forma ou à estrutura dos animais, não existe uma alegação sequer duma prova de herança do uso que não tenha sido subseqüentemente desacreditada.
Deve ser acrescentado que embora falte evidência de se poder herdar variações individuais, existem, porém, súbitas mudanças ou mutações que às vezes ocorrem na história da espécie. Por exemplo, uma nova variedade de plantas, isolada em pequenas colônias, como numa encosta montanhosa, pode ser o resultado duma mutação súbita (envolvendo ligeira alteração dos próprios genes). Permanece, porém, o fato, que apesar de terem sido estudadas de perto milhares de mutações, não foi demonstrado um único exemplar pelo qual uma mutação criou um animal mais complicado, ou deu origem a uma nova estrutura. Desde os dias de Darwin, nenhum progresso tem sido feito na solução dos problemas fundamentais da evolução. Numa análise do livro “Animal Cytology and Evulution” (“A Citologia Animal e a Evolução”), 1954, de Ed. J.D. White, I. Manton disse: “As causas fundamentais da evolução em grande escala, conforme tem ocorrido através das eras geológicas, na formação dos grandes grupos de animais e plantas, ainda não podem ser descritas ou explicadas” (Nature, 1948, 157, p.713).
2) O argumento de Darwin, tirado dos dados da embriologia, é demonstravelmente cheio de falácias. Segundo seu raciocínio, o feto, ao se desenvolver no útero, recapitula a totalidade do seu passado evolucionário, enquanto o óvulo fertilizado vai crescendo e produzindo mais e mais órgãos e membros complicados. As bolsas viscerais no embrião humano, por exemplo, seriam o equivalente às guelras dos peixes, indicando portanto, a emergência do homem duma forma de vida de peixe. Mas este tipo de raciocínio ignora convenientemente o fato indubitável de que estas estruturas nunca funcionam como guelras em qualquer estágio da vida do embrião. Realmente, é difícil perceber como a teoria de recapitulação possa ser harmonizada com a real seqüência do desenvolvimento dentro do feto. Por exemplo, a superfície respiratória não se desenvolve até um estágio bem avançado do desenvolvimento do embrião dentro do útero; mas é inconcebível que em qualquer estágio pré-humano, o suposto ancestral do homem pudesse ter sobrevivido sem qualquer mecanismo respiratório sequer. Além disto, a cabeça do embrião é enorme em proporção ao restante do corpo enquanto que a cabeça de todos os ancestrais putativos da raça humana era relativamente pequena em proporção ao corpo. Não é sequer verdade que os órgãos simples do feto iam se complicando. O olho, por exemplo, é o resultado do ajustamento de várias partes diferentes, que, segundo parece, foram formadas separadamente no inicio, sendo então combinadas de acordo com um padrão predeterminado que não tem nenhuma causa física que se possa descobrir.
Decerto, é bem verdade que os embriões de todos os mamíferos se desenvolvem de óvulos unicelulares, que parecem quase idênticos, e que durante os primeiros estágios permanece esta semelhança. Mas será que este fato requer uma teoria de que todos os mamíferos se desenvolveram dos mesmos ancestrais pré-mamíferos? Uma explicação muito mais óbvia é que, no desenvolvimento do embrião, do seu estágio inicial de óvulo unicelular, as partes mais simples têm que ser formadas antes que se possam desenvolver as partes mais complicadas. Dificilmente poderíamos imaginar que os ajustamentos mais delicados, e os órgãos complicados, pudessem chegar a existir antes da estrutura básica à qual terão que ser ligadas. Mas postular uma origem ancestral comum para explicar as semelhanças das primeiras formas é tão irrazoável (citando a expressão pungente de Clark), como imaginar que as gotas de chuva se derivam de pedregulhos, porque ambos têm forma esférica. “Há uma conexão real, mas esta é matemática, inerente à natureza •do universo, e não se deve a qualquer conexão direta entre os objetos”.
Pode-se dizer com segurança que não há quaisquer dados da embriologia que não revelam a operação do desígnio e propósito deliberados dum Criador todo sábio, mais do que a operação mecânica da seleção natural. Muito ocasionalmente, no crescimento dum embrião, parece haver mal funcionamento dum dos mecanismos de crescimento. Então acontece que um novo mecanismo, totalmente diferente, pode entrar em jogo, para produzir a estrutura desejada. As vezes, dois ou três destes mecanismos de “segurança” são chamados a desempenhar seu papel, para garantir o desenvolvimento apropriado do feto; mas, inexplicavelmente, começam a agir no momento necessário. Mas sendo porém raros tais maus funcionamentos, é quase impossível explicá-los pela teoria da “sobrevivência dos mais aptos”. Assemelha-se muito mais à intervenção duma inteligência divina. Não é que se pretende negar que alguns fetos se desenvolvem incorretamente, produzindo exemplares defeituosos que dificilmente poderiam sobreviver ou cumprir qualquer função útil. No caso dos seres humanos, os resultados podem ser bem trágicos, e de difícil explicação. Seguindo-se as pressuposições darwinianas, porém, seria difícil explicar o senso do patético causado por este exemplo de disteleologia. O darwinista consistente só poderia dar de ombros e dizer: “É surpreendente que não haja mais exemplares deste tipo”. Não há, afinal, para o darwinista nenhuma resposta além da seleção natural mecanística e a sobrevivência dos mais aptos”.
3) A seleção natural não pode esclarecer os inúmeros exemplos de adaptação, nos quais não há, aparentemente, nenhum estágio transitório. A seleção natural nos levaria a imaginar que as formigas e os cupins aprenderam a conviver em colônias por terem descoberto, através da experiência, que isto incrementaria suas possibilidades de sobrevivência. Não existe, porém, qualquer evidência entre os fósseis que tenha havido formigas ou cupins antes de surgir esta vida organizada em colônias. Ou, tomando um exemplo da anatomia, precisamos considerar como qualquer estágio transitório do desenvolvimento do órgão da visão poderia ter conferido qualquer possível vantagem na batalha da sobrevivência, até a formação completa do olho. Se o animal tivesse possuído (na sua fase transitória) uma simples área de pele especialmente sensível à luz, e se o processo de seleção natural se tivesse aplicado às suas sucessivas mutações, como é que algo menos do que a própria vista poderia ter equipado o animal para sobreviver com mais sucesso do que seus competidores que não tinham esta pele fotossensível? A hipótese darwinista necessariamente implica em que, a cada estágio do desenvolvimento de organismos novos e mais complicados, até antes de poderem ser utilizados na prática, o animal em desenvolvimento tenha gozado alguma vantagem específica sobre seus competidores. Quanto ao exemplo, muito citado, do ciclo de crescimento dará, o princípio da seleção natural não explica muita coisa. Pode, sim, concebivelmente servir como explicação de como os girinos aprenderam a nadar, alimentar-se e fugir dos inimigos mais eficientemente do que seus ancestrais menos capacitados. Mas será que isto lança luz sobre o motivo pelo qual se transformaram finalmente em rãs? Será que se pode argumentar com seriedade que as rãs são mais capazes de sobreviver do que peixes? É claro que é necessário achar uma explicação mais sofisticada do que a seleção natural meramente mecânica.
Em resumo, a teoria darwinista explica os dados da biologia muito menos adequadamente do que a afirmação de Gênesis capítulo 1, sublimemente singela, que todas as espécies de vida vegetal e animal surgiram como resposta à vontade criadora de Deus onipotente e onisciente, e que seu desenvolvimento posterior tem sido governado, em cada estágio, por Seus desígnios. Todas as semelhanças estruturais (tais como as semelhanças esqueléticas tão citadas para indicar uma relação genética entre o homem e as ordens inferiores de vertebrados) podem ser esclarecidas de maneira satisfatória como sendo uma força diretriz operando de fora (ou de cima), e não forças mecânicas operando de dentro dos tecidos vivos, como tais. Mesmo o fenômeno dos vestígios, que parecem ser inúteis, tais como o cócix no término da espinha humana, não demonstra uma herança remontando até os símios com caudas. Tais vestígios apenas testificam um plano geral ou básico seguido pela força criadora (ou pela inteligência divina) que fez os vários filos vertebrados.
Um semelhante costume de conservar vestígios de desenhos da engenharia pode ser percebido no desenvolvimento do automóvel, ano após ano, desde (digamos) o sedã Ford 1901 e o modelo de 1964. Em certos casos, vestígios (como conservar a abertura parava manivela na base do radiador anos depois de haver arranque automático para o carro) marcaram a evolução desta marca de carro. O mesmo se pode dizer das “portinholas” dos modelos Buick entre os anos de 1940 e 1950, (até o vestígio-símbolo do modelo de 1957). Mas não se pode dizer que os modelos anteriores se tornaram mais avançados ou mais complicados; esta foi a obra dos desenhistas e engenheiros que produziram um modelo novo para cada ano sucessivo. Não há nada nos dados da geologia, ou da biologia em geral, que pudesse indicar que o procedimento do próprio Criador tenha sido essencialmente diferente. Uma vez que um modelo, ou espécie, foi criado, então estava pronto para a produção em massa, mediante o sistema embutido de procriação e reprodução com o qual todos os animais são equipados - sendo que cada espécie é controlada dentro dos limites mendelianos dos seus próprios genes específicos.
4) O abandono moderno da teoria darwiniana da diferenciação gradual como sendo o mecanismo pelo qual todas as classes e ordens de vida se evolveram, levou à substituição dum novo tipo de evolução (a teria dos quanta) que recebe o apoio da maioria dos cientistas de destaque dos nossos dias. Mas a evolução emergente envolve fatores de mutação ou mudança tão súbita e radical, que pode ser classificada na categoria de mero credo filosófico incapaz de ser averiguando por métodos de laboratório, e de explicação seguindo princípios meramente mecânicos. Na geração de Darwin, esperava-se confiantemente que pesquisas geológicas e bio1ógicas nas décadas subseqüentes revelariam as formas de vida que haveriam de preencher as lacunas existentes entre as várias ordens e filos. Mas a maioria dos cientistas do século vinte desistiram completamente desta busca.
Austin H. Clark (The New Evolution – “A Nova Evolução” - 1930, p. 189), por exemplo, mencionou “a inteira falta de intermediários entre os principais grupos de animais - como, por exemplo, entre os animais com espinha ou vertebrados, os equinodermos, os moluscos e os antropóides”. Disse mais: “Se estivermos dispostos a aceitar os fatos, teríamos que crer que nunca existiram tais intermediários, ou, noutras palavras, que estes grupos principais tiveram o mesmo relacionamento mútuo que até hoje conservam”. Semelhantemente, G. G. Simpson indicou que cada uma das trinta e duas ordens de mamíferos apareceu subitamente na história paleontológica Declarou: “Os membros de cada ordem já têm os característicos básicos ordinais desde seu exemplar conhecido mais primitivo, e em nenhum caso se conhece uma seqüência quase contínua duma ordem até outra” (Time and Mode in Evolution - “Ritmo e Modo na Evolução”, 1944, p. 106).
Clark, Simpson e seus colegas modernos se refugiaram, pois, na teoria da evolução emergente, que afirma que novas formas dramáticas surgem ao mero acaso, ou por algum tipo de resposta criativa a novos fatores que não suportam mais análise ou descrição racional. Mas como é que tal explicação (que realmente não é uma explicação, mas só um apelo à fé) pode ser considerada uma alternativa mais razoável do que o ato criador duma inteligência superior? Conforme a declaração de Carl Henry: “A suposição duma emergência abrupta fica tão longe do campo de análise científica com um apelo às forças criadoras sobrenaturais”.
Apesar destas considerações porém (ou talvez em ignorância delas), há muitos cristãos dedicados que estão dispostos a aceitar a teoria da evolução numa base teística. Isto quer dizer, professam lealdade à teoria do processo mecânico de seleção natural (segundo a formulação de Darwin), ou até à mais recente teoria emergente da evolução; mas mesmo assim insistem que a matéria não é eterna (que os não-teístas têm que supor), mas que foi criada por Deus ex nihilo. Além disto, consideram que o mecanismo inteiro do processo evolutivo tenha sido planejado e controlado por Deus, e não por alguma força misteriosa que não pode ser completamente explicada pela ciência.
Deve ser explicado às pessoas que sustentam esta posição que, historicamente, a teoria inteira foi elaborada para explicar o desenvolvimento da vida em princípios mecânicos puramente naturais, sem necessitar de qualquer influência divina. Darwin e seus colegas fizeram os maiores esforços para derrubar o argumento pela existência de Deus, baseado na evidência de haver desígnio na natureza, e exploraram todos os exemplos concebíveis de disteleologia e de falta de propósito que poderiam descobrir. Mencionaram o fato que dos milhares de ovos depositados pela mãe-peixe, só uma porcentagem mínima sobrevive para atingir a maturidade, e que poucas sementes caídas duma árvore sobrevivem para produzir novas árvores. (Assim, convenientemente, deixava-se de mencionar o estoque de gêneros alimentícios armazenado para outros animais por causa desta superabundância). Fazia-se um esforço consistente de explicar o universo sem a existência de Deus. Por este motivo, o evolucionismo darwiniano tomou-se a filosofia oficial dos principais movimentos ateus do século vinte (tais como as formas mais puras do Nazismo e do Socialismo Marxista). A concessão de Darwin, de que um poder superior pudesse ter suprido a matéria-prima original e os impulsos vitais que deram origem à evolução no princípio, nem por isso deixou de ser uma negação completa da revelação hebraico-cristã. Levou inevitavelmente ao resultado que os conceitos de moral e de religião que se descobrem na raça humana sejam considerados a mera combinação fortuita de moléculas, não representando, portanto, qualquer realidade espiritual.
O evolucionismo, como filosofia ou cosmovisão realmente envolve uma negação aberta de realidades espirituais, assim como rejeita também a existência dum Deus pessoal. Todos os seus principais expoentes têm declarado isto em termos inequívocos. O livro de Ernst Haeckel, The Riddle of the Universe – “O Enigma do Universo” (1929) adotou a tese de evolucionismo para desaprovar a religião sobrenatural, tornando-se assim, uma das maiores influências em prol do ateísmo do século vinte. G. G. Simpson declarou que uma aceitação total do evolucionismo é inconsistente com a crença de que Deus está ativo no universo. O próprio Charles Darwin, numa entrevista com um repórter dum jornal, pouco depois da publicação de “A Origem das Espécies”, simplesmente deu de ombros perante a questão moral em toda a sua totalidade. Quando lhe perguntaram se seu livro não mostraria a cada criminoso como justificar suas atividades, Darwin disse que a acusação era “uma boa sátira”, e deixou o assunto sem resposta. Levando em conta fatores como estes, parece ser um procedimento dúbio para o cristão convicto que quer ser leal às Escrituras, declarar-se evolucionista, a não ser num sentido muito restrito - um sentido que de fato seria totalmente inaceitável a Darwin e a todos os seus seguidores. Para o cristão, não há alternativa a não ser reconhecer a seleção “natural” como sendo a seleção divina, seja de maneira direta, seja de maneira indireta.
A Antiguidade da Raça Humana
Desde as primeiras descobertas de fósseis e dos artefatos do homem pré-histórico, feitas na década de 1850, a antiguidade da raça humana tem constituído um problema de reconciliação com o relato de Gênesis. Segundo estimativas modernas, o assim-chamado Homem de Swanscombe (descoberto em Kent, Inglaterra), o Pitecantropo (achado em Java), e o Sinantropo (descoberto em Pequim, China),viviam em qualquer época entre há 200.000 e 500.000 anos. Todos eles demonstram diferenças marcantes do Homo sapiens, sem dúvida, e alguns paleantropólogos reconheceram que “as diferenças dos dentes e do crânio... parecem ser tão marcantes como aquelas que comumente seriam consideradas aceitáveis para justificar uma distinção genética entre o gorila e o chimpanzé”.
Quanto ao Homem de Neanderthal, que comumente é datado entre há 50.000 e 100.000 anos, o mesmo escritor declara: “As diferenças esqueléticas entre este e o Homo sapiens são realmente do mesmo montante que aqueles que se aceitam como evidência válida de distinções específicas em outros grupos de primatas”. Estes antropóides antigos não podem ser desprezados como sendo meros símios na sua mentalidade, pois os ossos vêm acompanhados por implementos de pedra, tais como pontas de flechas, machados, etc., e os remanescentes de cinzas são forte evidência pelo seu uso de jogo para cozinhar. Especialmente no caso dos depósitos de Neanderthal, parece haver evidência de enterros acompanhados por implementos como se houvesse algum tipo de crença na vida além-morte (necessitando o uso de tais implementos - ou seus equivalentes espirituais - pelos mortos). Semelhantemente, foram descobertas estatuetas grosseiras, que talvez tivessem tido finalidades.
Quanto ao Homem de Neanderthal, que comumente é datado entre há 50.000 e 100.000 anos, o mesmo escritor declara: “As diferenças esqueléticas entre este e o Homo sapiens são realmente do mesmo montante que aqueles que se aceitam como evidência válida de distinções específicas em outros grupos de primatas”. Estes antropóides antigos não podem ser desprezados como sendo meros símios na sua mentalidade, pois os ossos vêm acompanhados por implementos de pedra, tais como pontas de flechas, machados, etc., e os remanescentes de cinzas são forte evidência pelo seu uso de jogo para cozinhar. Especialmente no caso dos depósitos de Neanderthal, parece haver evidência de enterros acompanhados por implementos como se houvesse algum tipo de crença na vida além-morte (necessitando o uso de tais implementos - ou seus equivalentes espirituais - pelos mortos). Semelhantemente, foram descobertas estatuetas grosseiras, que talvez tivessem tido finalidades.
A Doutrina da Inspiração Afirmada pelas Próprias Escrituras
Reivindica a Bíblia infalibilidade para si mesma? Às vezes tem sido levantado o argumento de que as próprias Escrituras não reivindicam sua própria infalibilidade. Mas a investigação cuidadosa demonstra que quando o assunto é ventilado, assevera-se o fato de sua absoluta autoridade como sendo a infalível Palavra de Deus.
Mateus 5.18: “Porque em Verdade vos digo: At que o céu e a terra passem, nem um i (a letra menor do alfabeto hebraico) ou um til (um traço que faz a distinção entre certas letras hebraicas) jamais passará da lei (isto é, o Antigo Testamento) até que tudo se cumpra” - palavras de Cristo. Isto indica que não somente os pensamentos transmitidos pelas Escrituras, mas as próprias palavras individuais, como veículos válidos destes pensamentos, e conforme sua própria soletração, são dotadas de verdade infalível, e seguramente serão cumpridas e realizadas.
João 10.35: “... e a Escritura não pode falhar”, tem as mesmas implicações do versículo supra citado.
2 Timóteo 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus (theopneustos) e útil para o ensino”. Do contexto do Novo Testamento pode ser facilmente estabelecido que a palavra “escritura” (graphe) se refere ao Cânon inteiro dos trinta e nove livros do Antigo Testamento, conforme hoje os temos em mãos. 2 Pedro 3.18 dá a entender que as Epístolas neotestamentárias de Paulo também gozam da mesma situação de Escrituras inspiradas (graphai).
Hebreus 1.1, 2: “Havendo Deus... falado... pelos profetas... falou-nos pelo Filho”. Estas palavras reivindicam para os escritos dos profetas do Antigo Testamento a mesma infalibilidade que pertence às mensagens do próprio Cristo, registradas no Novo Testamento.
1 Pedro 1.10, 11: “Foi a respeito desta salvação que os profetas (do Antigo Testamento) indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando atentamente qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias
que os seguiriam”. Está implícito aqui que o Espírito Santo estava nos autores do Antigo Testamento, e que Ele os guiou para que compusessem palavras de verdade infalível cujo cumprimento era garantido, ainda que os autores humanos não entendessem plenamente tudo aquilo que as palavras divinamente orientadas realmente significassem. Por causa de versículos como estes, precisamos, ao interpretar as Escrituras, procurar estabelecer não somente a intenção do autor humano que escreveu as palavras, mas também (e mais importante) a intenção do Autor divino que orientou a composição das mesmas.
2 Pedro 1.21: “Nunca jamais qualquer profecia (as Escrituras proféticas do Antigo Testamento) foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus movidos (literalmente, levadas adiante, como a nau é vela é levada pelos ventos) pelo Espírito Santo”. Naquilo que falavam (conforme está registrado por escrito), estes autores do Antigo Testamento que profetizavam sobre Cristo, foram “levados pela correnteza” à verdade infalível, verdade que não se podia sujeitar a mera interpretação particular (v. 20).
Todas essas passagens vão formando a doutrina da inspiração: que a exatidão é inerente em cada parte do Antigo Testamento e também do Novo Testamento, de maneira que, como um todo, e em todas as suas partes, a Bíblia é infalível quanto à sua verdade, e final quanto à sua autoridade. Esta exatidão se estende até assuntos de história e de ciência, e não só à teologia e à ética. Alguns estudiosos, tais como Henry P. Smith e Charles A. Briggs, procuram fazer uma distinção entre estes dois tipos de verdade, dando vazão a possibilidade de haver falsidade inerente em assuntos de mera história ou ciência. Há duas objeções fatais a esta posição. Em primeiro lugar, o Novo Testamento não admite semelhante distinção: a historicidade de Adão e Eva se implica em 1 Timóteo 2.13, 14, (senão, o comentário de Paulo seria totalmente irrelevante), como também em 1 Coríntios 11.8, 9; a experiência literal de Jonas, que ficou três dias no estômago do peixe grande é absolutamente essencial, se tem que servir como analogia verídica dos três dias que Cristo passou no túmulo, Mt 12.40. É impossível rejeitar a historicidade destes dois episódios cuja veracidade tem sido freqüentemente contestada, sem rejeitar a autoridade do Cristo dos Evangelhos e do Apóstolo Paulo nas Epístolas. Em segundo lugar, nem sempre e passível fazer uma nítida separação entre teologia e ética, e entre história e ciência. Há casos cruciais que envolvem ambos estes tipos de verdade, como é o caso do Adão literal e histórico (pois o argumento teológico inteiro de Rm 5.14-19 depende da doutrina de ser Adão o pai da raça humana inteira). Não se pode conceder a presença de erros em matéria de história e de ciência sem acabar aceitando que há falsidade em matéria de doutrina.
Mateus 5.18: “Porque em Verdade vos digo: At que o céu e a terra passem, nem um i (a letra menor do alfabeto hebraico) ou um til (um traço que faz a distinção entre certas letras hebraicas) jamais passará da lei (isto é, o Antigo Testamento) até que tudo se cumpra” - palavras de Cristo. Isto indica que não somente os pensamentos transmitidos pelas Escrituras, mas as próprias palavras individuais, como veículos válidos destes pensamentos, e conforme sua própria soletração, são dotadas de verdade infalível, e seguramente serão cumpridas e realizadas.
João 10.35: “... e a Escritura não pode falhar”, tem as mesmas implicações do versículo supra citado.
2 Timóteo 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus (theopneustos) e útil para o ensino”. Do contexto do Novo Testamento pode ser facilmente estabelecido que a palavra “escritura” (graphe) se refere ao Cânon inteiro dos trinta e nove livros do Antigo Testamento, conforme hoje os temos em mãos. 2 Pedro 3.18 dá a entender que as Epístolas neotestamentárias de Paulo também gozam da mesma situação de Escrituras inspiradas (graphai).
Hebreus 1.1, 2: “Havendo Deus... falado... pelos profetas... falou-nos pelo Filho”. Estas palavras reivindicam para os escritos dos profetas do Antigo Testamento a mesma infalibilidade que pertence às mensagens do próprio Cristo, registradas no Novo Testamento.
1 Pedro 1.10, 11: “Foi a respeito desta salvação que os profetas (do Antigo Testamento) indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando atentamente qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias
que os seguiriam”. Está implícito aqui que o Espírito Santo estava nos autores do Antigo Testamento, e que Ele os guiou para que compusessem palavras de verdade infalível cujo cumprimento era garantido, ainda que os autores humanos não entendessem plenamente tudo aquilo que as palavras divinamente orientadas realmente significassem. Por causa de versículos como estes, precisamos, ao interpretar as Escrituras, procurar estabelecer não somente a intenção do autor humano que escreveu as palavras, mas também (e mais importante) a intenção do Autor divino que orientou a composição das mesmas.
2 Pedro 1.21: “Nunca jamais qualquer profecia (as Escrituras proféticas do Antigo Testamento) foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus movidos (literalmente, levadas adiante, como a nau é vela é levada pelos ventos) pelo Espírito Santo”. Naquilo que falavam (conforme está registrado por escrito), estes autores do Antigo Testamento que profetizavam sobre Cristo, foram “levados pela correnteza” à verdade infalível, verdade que não se podia sujeitar a mera interpretação particular (v. 20).
Todas essas passagens vão formando a doutrina da inspiração: que a exatidão é inerente em cada parte do Antigo Testamento e também do Novo Testamento, de maneira que, como um todo, e em todas as suas partes, a Bíblia é infalível quanto à sua verdade, e final quanto à sua autoridade. Esta exatidão se estende até assuntos de história e de ciência, e não só à teologia e à ética. Alguns estudiosos, tais como Henry P. Smith e Charles A. Briggs, procuram fazer uma distinção entre estes dois tipos de verdade, dando vazão a possibilidade de haver falsidade inerente em assuntos de mera história ou ciência. Há duas objeções fatais a esta posição. Em primeiro lugar, o Novo Testamento não admite semelhante distinção: a historicidade de Adão e Eva se implica em 1 Timóteo 2.13, 14, (senão, o comentário de Paulo seria totalmente irrelevante), como também em 1 Coríntios 11.8, 9; a experiência literal de Jonas, que ficou três dias no estômago do peixe grande é absolutamente essencial, se tem que servir como analogia verídica dos três dias que Cristo passou no túmulo, Mt 12.40. É impossível rejeitar a historicidade destes dois episódios cuja veracidade tem sido freqüentemente contestada, sem rejeitar a autoridade do Cristo dos Evangelhos e do Apóstolo Paulo nas Epístolas. Em segundo lugar, nem sempre e passível fazer uma nítida separação entre teologia e ética, e entre história e ciência. Há casos cruciais que envolvem ambos estes tipos de verdade, como é o caso do Adão literal e histórico (pois o argumento teológico inteiro de Rm 5.14-19 depende da doutrina de ser Adão o pai da raça humana inteira). Não se pode conceder a presença de erros em matéria de história e de ciência sem acabar aceitando que há falsidade em matéria de doutrina.
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