Trabalhadores morrem por excesso de horas-extras

Segundo dados divulgados pelo governo, quase 50 trabalhadores morreram no ano passado supostamente por trabalhar mais do que o permitido por lei – quase quatro vezes mais que no ano anterior.
Entre os casos divulgados pela mídia local nos últimos dois anos, estão o do engenheiro Hsu Shao-pin, de 29 anos, encontrado morto em casa em 2010 após um ataque cardíaco. Ele teria trabalhado uma média de 99 horas-extras por mês nos seis meses antes de sua morte.
Hsieh Ming-hung, de 30 anos, um engenheiro da fabricante de eletrônicos HTC, morreu em fevereiro no dormitório que ocupava na fábrica. Ele vinha fazendo 68 horas-extras por mês.
Investigadores encarregados pelo governo de analisar as causas das mortes supostamente relacionadas ao excesso de trabalho verificaram que as vítimas geralmente tinham problemas congênitos, principalmente cardíacos. Eles também tinham outros fatores de risco, como obesidade ou fumo. Mas o excesso de trabalho contribuiu como agravante. A maioria tinha entre 20 e 40 anos.
Multas brandas
As empresas geralmente não contestam as conclusões das investigações pedidas pelo governo. Elas são obrigadas apenas a pagar uma pequena multa por violar as leis de horas-extras. O departamento de seguro do trabalho dá às famílias de vítimas até 3,75 vezes o salário anual.
“Tivemos todos esses casos, incluindo trabalhadores migrantes que morreram por excesso de trabalho. Mas no passado, algumas pessoas pensaram que era apenas um ataque do coração normal”, afirmou Sun Yu-lian, secretário-geral da Frente Trabalhista de Taiwan, a principal central sindical do país. ”O que é diferente sobre os casos recentes é que as famílias começaram a reclamar”, disse.
Apesar de as leis de Taiwan exigirem que os trabalhadores não façam mais de 46 horas-extras por mês, elas abrem também a possibilidade de alguns empregados trabalharem mais se concordarem.
“Há leis, mas há problemas com o cumprimento das leis. Isso tem a ver com a cultura local”, diz Peng Feng-me, especialista em segurança e saúde do departamento de trabalho do governo. ”Os empregadores de Taiwan não seguem as leis. Eles encontram alternativas porque acham que ninguém vai fiscalizar”, afirma.
Os números do governo indicam que o número de casos de excesso de trabalho são desproporcionalmente baixos em comparação com a força de trabalho do país e com economias semelhantes, como as do Japão ou da Coreia do Sul, levando muitos a acreditar que o problema não tem sido registrado como deveria.
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