'Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E por que, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas?' (Isaías 5:4)
O vinhedo do Senhor, considerando a palavra em seu sentido mais amplo, pode incluir toda a Palavra. Todos os habitantes da terra podem, de alguma forma, serem chamados de 'vinhas do Senhor'; 'que fez todas as nações de homens, para habitar em toda a face da terra; para que eles pudessem buscar ao Senhor, se, por acaso, eles puderem sentir, segundo Ele, e encontrá-lo'. Mas, em um sentido mais restrito, o vinhedo do Senhor pode significar o mundo cristão; ou seja, todos que usam o nome de Cristo, e professam obedecer à sua Palavra. Em um sentido ainda mais restrito, pode ser entendido como o que é denominada a parte Reformada da Igreja Cristã. Em um sentido mais restrito do que os anteriores, alguém pode, por esta frase, 'a vinha do Senhor', quer dizer, o corpo de pessoas comumente chamadas de Metodistas. Eu entendo isto agora, significando, por meio disto, aquela sociedade apenas que começou em Oxford no ano de 1729, e permanece unida até este dia. Compreendendo a palavra neste sentido, eu repito a pergunta que Deus propôs ao profeta: 'Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E por que, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas?'
O que mais Deus teria feito neste vinhedo (supondo-se que Ele tenha designado estender grandes ramos dele e espalhá-lo por toda a terra) e que Ele não tenha feito,
I. Com respeito à doutrina?
II. Com respeito à ajuda spiritual?
III. Com respeito á disciplina?
IV. E com respeito à proteção exterior?
Essas coisas, consideradas, eu, então, inquiriria, brevemente: E por que, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas bravas?'
I
1. Em Primeiro Lugar: O que tem sido feito neste vinhedo, que Deus não fez nele? O que mais tem sido feito, com respeito à doutrina? Desde o início; deste o tempo em que quatro homens, cada um deles era -- 'um homem de um livro'. Deus os ensinou a fazer de 'Sua Palavra uma lanterna para seus pés, e uma luz em todas as suas pegadas'. Eles tinham uma, apenas uma regra de julgamento, com respeito a todos os seus temperamentos, palavras e ações; ou seja, os oráculos de Deus. Cada um deles determinou ser "cristão-bíblico". Eles continuamente eram reprovados por isto; alguns os denominavam, em menosprezo, "idólatras-bíblicos"; outros, de "traças-bíblicas"; alimentando-se, eles diziam, da Bíblia, como as traças, das roupas. E, de fato, até este dia, é esforço contínuo deles, pensarem e falarem, como os oráculos de Deus.
2. É verdade, que um ilustre homem, Dr. Trapp, logo depois de eles se porem a caminho, fez um relato diferente deles: "Quando eu vi", disse o Doutor, "esses dois livros, 'O Tratado da Perfeição Cristã', e 'Um Chamado Sério para uma Vida Santa', eu pensei: esses livros certamente causarão dano. E assim se provou; porque presentemente, logo depois, surgiram os Metodistas. Então ele (Sr. Law) era a origem deles". Embora isto não fosse inteiramente verdade, ainda assim, existiu alguma verdade no que foi dito. Todos os Metodistas, cuidadosamente, leram esses livros, e foram grandemente beneficiados por eles. Ainda assim, eles, de modo algum, surgiram deles, mas das Escrituras Sagradas; sendo 'nascidos de novo', como Pedro fala, 'através da Palavra de Deus, que vive e habita para sempre'.
3. Um outro homem letrado, o recente Bispo Warburton, claramente afirmou que 'eles eram a prole do Sr. Law e conde Zinzendorf [líder Morávio], juntos'. Mas isto foi um erro ainda maior. Porque eles se encontraram, diversos anos antes, que tivessem a menor aceitação do conde Zinzendorf, ou mesmo soubessem que existia tal pessoa no mundo. E quando eles o conheceram, embora o estimassem muito, ainda assim, não se atreveriam a seguir um passo além do que lhes garantia as Escrituras.
4. O livro, mais próximo às Escrituras Santas, que foi de maior utilidade para eles, ao situarem seu julgamento naquele grande ponto da justificação pela fé, foi o das Homilias. Eles nunca estiveram convencidos de que nós somos justificados pela fé, somente, até que eles cuidadosamente consultaram-nas, e as compararam com os escritos sagrados, particularmente, a Epístola de Paulo aos Romanos. Nenhum Ministro da Igreja pode, com alguma decência, se opor a essas; vendo que em sua ordenação, ele as subscreve, ao subscrever o trigésimo-sexto Artigo da Igreja.
5. Tem sido freqüentemente observado que muito poucos eram claros em seus julgamentos, tanto com respeito à justificação, quanto à santificação. Muitos que falaram e escreveram, admiravelmente bem, concernente à justificação, não tiveram uma concepção clara; mais do que isto, eles eram totalmente ignorantes da doutrina da santificação. Quem escreveu mais habilmente do que Martinho Lutero, sobre a justificação pela fé, somente? E quem era mais ignorante da doutrina da santificação, ou mais confuso em suas concepções sobre ela? Estar totalmente convencido disto, de sua total ignorância, com respeito à santificação, não é necessário coisa alguma mais do que ler, sem preconceito, seu célebre comentário sobre a Epístola aos Gálatas. Por outro lado, como muitos escritores da Igreja Romana (como Francis Sales e Juan de Castaniza, em particular) escreveram fortemente e biblicamente sobre a santificação, e, não obstante, estavam inteiramente familiarizados com a natureza da santificação! Tanto, que todo o corpo de seus Clérigos no Conselho de Trent, em seu Catecismo de Paróquias (Catecismo que cada sacerdote paroquiano deve ensinar a seu povo), confundiram totalmente santificação e justificação. Mas agradou a Deus, dar aos Metodistas, um conhecimento claro e completo de cada uma delas, e uma ampla diferença entre ambas.
6. Eles sabem, de fato, que, ao mesmo tempo em que um homem é justificado, a santificação propriamente começa. Porque, quando ele é justificado, ele é 'nascido de novo'; 'nascido do alto'; 'nascido do Espírito'; que, embora (como alguns supõem) não seja todo o processo da santificação, é, sem dúvida, o portão dela. Disto, igualmente, Deus tem dado a eles um panorama completo. Eles sabem que o novo nascimento implica tanto uma grande mudança na alma daquele que é 'nascido do Espírito', quanto foi forjado em seu corpo, quando ele nascera de uma mulher: Não apenas uma mudança exterior, como da bebedeira à sobriedade; do roubo, ou furto para a honestidade (este é o conceito pobre, estéril, e miserável daqueles que nada conhecem da religião verdadeira); mas uma mudança interior, do temperamento iníquo para todo temperamento santo, -- do orgulho para a humildade; da impetuosidade para a mansidão; da impertinência e descontentamento para a paciência e resignação; em uma palavra: da mente mundana, sensual, e diabólica, para a mente que estava em Jesus Cristo.
7. É verdade, que um recente e muito eminente autor, em seu estranho, 'Tratado sobre a Regeneração', prossegue inteiramente sobre a suposição de que se trata de todo um processo gradual de santificação. Não; trata-se apenas do limiar da santificação, a primeira entrada para ela. E, como, no nascimento natural, o homem nasce imediatamente, e, então, cresce mais e mais forte, por degraus; assim, no nascimento espiritual, um homem nasce imediatamente, e, então, gradualmente cresce na estatura e força espiritual. O novo nascimento, portanto, é o primeiro ponto da santificação, que pode aumentar mais e mais até o dia perfeito.
8. Trata-se, então, de uma grande bênção, dada a este povo, que, assim como eles não podem pensar ou falar em justificação, como substituindo a santificação; também eles não podem pensar ou falar em santificação como substituindo a justificação. Eles cuidam de manter cada uma em seu devido lugar, dando igual importância a uma e a outra. Eles sabem que Deus reuniu estas, e não é para Deus colocá-las, separadas: Portanto, eles mantêm, com igual zelo e diligência, a doutrina da justificação livre, completa, presente, de um lado, e uma inteira santificação, ambos do coração e vida, de outro; sendo tão tenazes da santidade interior, como qualquer místico; e, da exterior, como qualquer fariseu.
9. Quem, então, é um cristão, de acordo com a luz que Deus tem concedido a este povo? Ele que, estando 'justificado pela fé, tem paz com Deus, através de nosso Senhor Jesus Cristo'; e, ao mesmo tempo, é 'nascido de novo'; 'nascido do alto'; 'nascido do Espírito'; interiormente mudado da imagem do diabo, para aquela 'imagem de Deus, em que ele foi criado': Ele que encontra o amor de Deus transbordando em seu coração, através do Espírito Santo que é dado a ele; e a quem este amor docemente constrange a amar seu próximo; cada homem, como a si mesmo: Ele que aprendeu de seu Senhor a ser manso e humilde de coração; e em toda circunstância estar satisfeito: Ele, em quem está toda aquela mente, todos aqueles temperamentos, que estavam também em Jesus Cristo: Ele que se abstém de todo aparência do mal, em suas ações, e que não ofende com sua língua: Ele que caminha em todos os mandamentos de Deus, e em todas as Suas ordenanças, irrepreensível: ele que, em todos os seus intercursos com homens, faz aos outros, o que gostaria que fosse feito a si mesmo; e em toda sua vida e discurso; quer ele coma ou beba; ou o que quer que faça, faz tudo para a glória de Deus.
Agora, o que Deus teria feito mais por este Seu vinhedo, que ele não fez nele, com respeito à doutrina? Nós vamos inquirir:
II
Em Segundo Lugar: O que poderia ter sido feito, que não foi feito, com respeito às ajudas espirituais?
1. Vamos considerar este assunto, desde o início. Dois jovens clérigos, de modo algum muito notáveis, de meia idade, tendo uma tolerável medida de saúde, embora preferivelmente fracos do que fortes, começaram, por volta de cinqüenta anos atrás, a chamar os pecadores ao arrependimento. Isto eles fizeram, por algum tempo, em muitas das igrejas, dentro e nos arredores de Londres. Mas duas dificuldades surgiram: Primeiro: As igrejas eram tão lotadas que muitos dos paroquianos não puderam entrar. Segundo: Eles pregaram novas doutrinas, -- a de que somos salvos pela fé, e a de que 'sem santidade, nenhum homem poderá ver o Senhor'. Devido a uma ou outra dessas razões, eles não mais foram permitidos pregar nas igrejas. Então, eles pregaram em Moorfields, Kennington-Common, e em muitos outros lugares públicos. Os frutos da pregação deles rapidamente apareceram. Muitos pecadores mudaram, tanto no coração, quanto na vida. Mas pareceu que isto não poderia continuar por mais tempo; porque cada um viu claramente que esses pregadores rapidamente se desgastavam; e nenhum clérigo se atreveu a assisti-los. Deus deu um sinal abençoado à palavra deles. Muitos pecadores foram totalmente convencidos do pecado, e muitos verdadeiramente se converteram a Deus. Seus assistentes aumentaram, em número e no sucesso de seus trabalhos. Alguns deles eram letrados; alguns, incultos. A maioria deles era jovem; poucos, de meia idade: Alguns eram fracos; alguns, ao contrário, de entendimento consideravelmente forte. Mas agradou a Deus receber a eles todos; de modo que mais e mais tições foram arrancados do fogo.
2. Pode-se observar que esses clérigos, todo este tempo, não tinham um plano, afinal. Eles apenas foram, para lá e para cá, onde tivessem uma perspectiva de salvar almas da morte. Mas, quando mais e mais perguntaram, 'O que devo fazer para ser salvo?', foi pedido que eles se reunissem. Doze pessoas vieram na primeira quinta-feira à noite; quarenta na próxima; logo depois, uma centena. E eles continuaram a crescer, até que há vinte três ou vinte quatro anos, a Sociedade de Londres somou por volta de 2.800 membros.
3. 'Mas como esta multidão poderia ser mantida junta? E como saber, se eles caminhavam merecedores de seu chamado?'. Eles foram providencialmente conduzidos, enquanto eles pensavam em outra coisa, ou seja, pagando o débito público, a dividir todas as pessoas em pequenas companhias, ou classes, de acordo com seus lugares de moradia, e apontar uma pessoa em cada classe, para supervisionar todo o restante semanalmente. Através deste recurso, rapidamente era descoberto, se algum deles vivia em algum pecado conhecido. Se eles viviam, eles eram primeiro, admoestados; e, quando julgados incorrigíveis, exclusos da sociedade.
4. Esta divisão, e exclusão, daqueles que caminhavam desordenadamente, sem qualquer consideração a pessoas, foram ajudas, que poucas outras comunidades tiveram. A estas, assim que as sociedades aumentavam, era logo acrescida uma outra. A cada quinze dias, os encarregados encontravam os pregadores, em algum lugar central, para dar um relato do estado espiritual e temporal das diversas sociedades. O uso desses encontros quinzenais logo foi considerado muito útil; por isto, foram gradualmente estendidos a todas as sociedades no reino.
5. Com o objetivo de fortalecer a união entre os pregadores, assim como aquela das pessoas, eles decidiram se encontrar todos em Londres, e, algum tempo depois, apenas um seleto número deles. Mais tarde, para maior conveniência, eles se encontraram, além de Londres, em Bristol e Leeds, alternadamente. Eles passaram alguns dias juntos nesta Conferência geral, considerando o que mais poderia conduzir ao bem comum. O resultado foi imediatamente significativo para todos os irmãos. E eles logo concluíram que poderia ser aplicado a cada parte dela, em alguma medida, o que Paulo observa para a igreja como um todo: 'O corpo todo estando adequadamente estruturado, e compactado, para que cada junta seja suprida, fortalece o corpo para a edificação de si mesmo no amor' (Efésios 4:6).
6. Para que isto fosse feito mais efetivamente, eles tiveram uma outra ajuda excelente, na constante mudança de pregadores; sendo regra deles que nenhum pregador pudesse permanecer no mesmo circuito mais do que dois anos consecutivos, e poucos deles, mais do que um ano. Alguns, de fato, imaginaram que isto seria um obstáculo para a obra de Deus: Mas a longa experiência, em todas as partes do reino, prova o contrário. Tem sido sempre mostrado que as pessoas têm menos proveito, através de uma pessoa, do que, através de uma variedade de pregadores; enquanto eles usam os dons, conferidos a cada um, e temperados pela sabedoria de Deus.
7. Junto com essas ajudas que são peculiares à própria sociedade deles, eles têm todos aquelas em comum, através de outros membros da Igreja da Inglaterra. Na verdade, eles têm sido pressionados, há muito tempo, a se separarem dela; e sofrem tentações de todos os tipos. Mas eles não podem, não se atreverão, não irão se separar, enquanto eles permanecerem nela com a consciência limpa. É verdade, que se alguns termos pecaminosos da comunhão forem impostos a eles, então, eles estariam constrangidos a se separarem; mas como este não é o caso, no momento, nós nos regozijamos de continuarmos nela.
8. O que mais, então, Deus tem feito a este seu vinhedo, que Ele não fez nele, com respeito às ajudas espirituais? Ele dificilmente tem lidado tanto, com qualquer outro povo no mundo cristão. Se for dito: 'Ele poderia ter feito deles um povo separado, como os irmãos Morávios'; eu respondo que isto teria sido uma contradição direta de todo Seu desígnio ao levantá-los; ou seja, espalhar a religião bíblica por toda a terra, entre os povos de cada denominação, deixando cada um com suas próprias opiniões, e para seguir seu modo próprio de adoração. Isto só poderia ser feito efetivamente, deixando essas coisas como elas estavam, e se esforçando para deixar a nação toda com aquela 'fé que é operada pelo amor'.
III
1. Tais são as ajudas espirituais que Deus tem conferido sobre este seu vinhedo, sem economizar a mão. Disciplina seria inserida entre esses; mas nós podemos também falar dela em um assunto separado. É certo que, neste aspecto, os Metodistas são um povo altamente favorecido. Nada pode ser mais simples; nada mais racional, do que a disciplina Metodista: Ela está inteiramente alicerçada no bom-senso, particularmente ao aplicar as regras gerais das Escrituras. Qualquer pessoa determinada a salvar sua alma pode se juntar (está é a única condição requerida) a eles. Mas este desejo deve estar evidenciado por três marcas: Evitando todo pecado conhecido; fazendo o bem, segundo seu poder; e, atendendo todas as ordenanças de Deus. Ele é, então, colocado em tal classe, conveniente para ele, onde passa por volta de uma hora na semana. E, nos próximos quinze dias, se nada for objetado nele, ele será admitido na sociedade: Nesta, ele, pode continuar por quanto tempo ele continue a encontrar seus irmãos, e caminhar de acordo com sua profissão.
2. O serviço público é às cinco horas da manhã, e seis ou sete da noite, para que o trabalho temporal não seja prejudicado. Apenas no domingo, ele começa, entre nove e dez horas, e conclui com a Ceia do Senhor. No domingo à noite, a sociedade se encontra, mas todo cuidado é tomado para terminar cedo, para que todos os chefes de família possam ter tempo para instruírem seus diversos familiares. A cada quinze dias, o pregador principal, em cada circuito, examina cada membro da sociedade. Assim, se o comportamento de alguém é condenável, o que é freqüentemente esperado em um corpo de pessoas tão numeroso, é facilmente descoberto, e tanto a ofensa, quanto o ofensor são removidos em tempo.
3. Quando quer que seja necessário excluir algum membro tumultuoso da sociedade, isto é feito da maneira mais tranqüila e inofensiva; apenas, através da não renovação de sua carteira na visita quinzenal. Mas em alguns casos, onde a ofensa é grande, e existe perigo de escândalo público, julga-se necessário declarar, quando todos os membros estiverem presentes: 'A. B. não mais pertence à nossa sociedade'. Agora, o que pode ser mais racional ou mais bíblico do que esta simples disciplina; atendida desde o início até o fim, com nenhuma perturbação, despesa, ou demora?
IV
1. Mas será que todas essas coisas podem ser feitas, sem uma inundação de oposição? O príncipe deste mundo não está morto, não está dormindo; ele não lutaria, para que este reino não fosse entregue? Se a palavra do Apóstolo for verdadeira, em todas as épocas e nações, 'Todos aqueles que viverem de maneira santa em Jesus Cristo, deverão sofrer perseguição'; se isto for verdade, com respeito a cada indivíduo cristão, quanto mais com respeito aos corpos de homens, visivelmente unidos com o objetivo declarado de destruir o reino dele! Ele falharia em se levantar contra o pobre, indefeso, sem qualquer socorro visível, sem dinheiro, sem poder, sem amigos, e o que se opusesse à perseguição?
2. Na verdade, o deus deste mundo não estava adormecido. Nem foi indolente. Ele lutou, e com todo seu poder, para que seu reino não fosse abandonado. Ele 'trouxe todas as suas hostes para a guerra'. Primeiro, ele levantou as bestas entre as pessoas. Eles rugiram como leões; eles rodearam o pequeno e o indefeso, de todos os lados. E a tempestade se ergueu mais e mais alto, até que o livramento veio de um modo que ninguém esperava. Deus levantou o coração de nosso recente e gracioso soberano para dar tais ordens aos seus magistrados que, colocadas em execução, efetivamente suprimiram a loucura das pessoas. Por volta da mesma época, um grande homem solicitou pessoalmente à Sua Majestade, pedindo que ele se agradasse de 'de adotar uma maneira de parar com esses pregadores vadios'. Sua Majestade, olhando firmemente para ele, respondeu sem cerimônia, como cabe a um rei: 'Eu lhe digo que, enquanto eu me sentar neste trono, nenhum homem será perseguido por causa da consciência'.
3. Mas, em oposição a isto, diversos, que mantiveram a autoridade de Sua Majestade, têm perseguido a eles, de tempos em tempos; e isto, sob as cores da lei; aproveitando-se do que é chamado de Ato de Conventículo [contra as chamadas reuniões secretas]: Um, em particular, em Kent, a quem, alguns anos antes, coube multar um dos pregadores e diversos de seus ouvintes. Mas eles pensaram que era o dever deles apelarem para a Corte de Reis de Sua Majestade. A causa foi dada para o queixoso; aquele a quem nunca tinha sido permitido adorar a Deus conforme sua própria consciência.
4. Eu creio que esta é uma coisa completamente sem precedente. Eu não encontro outro exemplo dela, em qualquer época da igreja, desde o dia de Pentecostes, até o momento. Cada opinião, certa e errada, tem sido tolerada, quase em todas as épocas e nações. Cada modo de adoração tem sido tolerado, por mais supersticioso ou absurdo. Mas eu não saberia dizer, se, alguma vez, aquela religião verdadeira, vital, e bíblica foi tolerada antes. Por isto, o povo chamado tem abundante razão para louvar a Deus. Em favor deles, Ele tem forjado uma nova coisa na terra: Ele tem tranqüilizado o inimigo e o vingador. Isto, então, eles devem imputar a Ele, o autor da sua paz exterior e interior.
V
1. O que mais, na verdade, Deus teria feito por este seu vinhedo, que ele não fez ainda? Isto, tendo sido largamente mostrado, nós podemos agora prosseguir para aquela forte e terna censura: 'Depois de tudo que tenho feito, eu não poderia ter encontrado uvas mais excelentes? Por que, então, as uvas bravas? Eu não poderia esperar por um crescimento geral da fé e amor, da retidão e santidade verdadeira; sim, e dos frutos do Espírito, -- amor, alegria, paz, longanimidade, humildade, mansidão, fidelidade, bondade, temperança?'. Não seria razoável esperar que esses frutos tivessem se espalhado por toda a igreja? Realmente, quando eu vi o que Deus tem feito em meio ao seu povo, nestes quarenta ou cinqüenta anos; quando eu os vi aquecidos em seu primeiro amor, magnificando ao Senhor, e regozijando-se em Deus seu Salvador; eu poderia esperar nada menos do que todos eles vivendo como anjos aqui embaixo; que eles caminhassem continuamente buscando a Ele que é invisível; tendo constante comunhão com o Pai e Filho; vivendo na eternidade, e caminhando na eternidade. Eu procurei ver uma geração mudada, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo peculiar', em todo teor de suas conversas; 'anunciando o louvor a Ele, que os tinha chamado para Sua maravilhosa luz'.
2. Mas, em vez disto, ele produziu uvas bravas; -- fruto de uma natureza completamente diferente. O vinhedo produziu pecado, de dez mil formas, fazendo com que muitos dos simples se desviassem do caminho. Ele produziu entusiasmo, inspiração imaginária, atribuindo, ao todo sábio Deus, todos os sonhos selvagens, absurdos, inconsistentes de uma imaginação exaltada. Ele produziu orgulho, roubando do Doador, todo bom dom de honra, devida ao seu nome. Ele produziu preconceito, suspeitas diabólicas, manias de censura, julgamento, e condenação um ao outro; -- todos totalmente destruidores daquele amor fraternal que é o próprio emblema da profissão cristã; sem o qual, quem quer que viva é considerado morto, diante de Deus. Ele produziu ira, ódio, malícia, vingança, e todo trabalho e obra pecaminosa; -- todos os frutos horrendos, não do Espírito Santo, mas do abismo sem fim!
3. Ele produziu igualmente, em muitos, particularmente naqueles que aumentaram seus bens, aquele grande veneno das almas, o amor ao mundo; e isto em todas as suas ramificações: 'O desejo da carne'; ou seja, o buscar felicidade nos prazeres do sentido; -- 'o desejo dos olhos'; ou seja, buscar felicidade no vestuário, ou algum dos prazeres da imaginação; -- e, 'o prazer da vida', ou seja, buscar felicidade no reconhecimento de homens, ou naqueles que ministram todos esses, juntando tesouros na terra. Ele produziu auto-indulgência de todos os tipos, melindres, afeminação, delicadeza, mas não delicadeza do tipo certo, aquela que se derrete diante da aflição humana. Ele trouxe tais aflições abjetas e humilhantes; tal profunda disposição mundana, como aquela dos pobres ateus, que resultou na lamentação de seu próprio poeta sobre eles: 'Ó, almas arqueadas para a terra, e vazias de Deus!'.
4. Ó, vocês que são ricos em posses, uma vez mais, ouçam a palavra do Senhor! Vocês que são ricos neste mundo; que têm comida para comer, vestuário para colocar, e alguma coisa além, vocês estão conscientes da maldição sobre os amantes do mundo? Vocês estão conscientes do perigo que correm? Vocês sentem, 'quão dificilmente aqueles que têm riquezas entrarão no reino dos céus?'. Vocês continuarão imunes em meio ao fogo? Vocês estão ilesos do amor do mundo? Vocês estão limpos do desejo da carne, do desejo dos olhos, e do orgulho da vida? Vocês 'colocam uma faca em suas gargantas', quando vocês se sentam para comer, a fim de que sua mesa não seja uma armadilha para você? O seu estômago não é o seu deus? O comer e beber, ou algum outro prazer do sentido, não é o prazer maior que vocês desfrutam? Vocês não buscam felicidade no vestuário, mobília, quadros, jardins, ou alguma coisa mais do que agradar aos olhos? Vocês não se tornaram estúpidos e delicados; incapazes de suportarem o frio, calor, o vento ou a chuva, o que faziam quando eram pobres? Vocês não aumentaram seus bens, juntando tesouros na terra; em vez de retribuírem a Deus, no pobre, não muito, mas tudo que vocês puderem poupar? Certamente, 'é mais fácil a um camelo entrar no buraco de uma agulha do que o rico entrar no reino dos céus!'.
5. Mas, por que vocês irão ainda produzir uvas bravas? Que desculpa vocês poderão dar? Deus tem faltado, naquilo que cabe a Ele? Vocês não têm sido avisados, repetidas vezes? Vocês não têm se alimentado com 'o leite sincero da palavra?'. Toda a Palavra de Deus não tem sido entregue a vocês, e sem qualquer mistura de engano? As doutrinas fundamentais não foram entregues a vocês, ambas da justificação livre, completa e momentânea, assim como a da santificação, tanto gradual, quanto instantânea? Cada ramificação, tanto da santidade interior quanto exterior não foi claramente esclarecida, e honestamente aplicada; e isto pelos pregadores de todos os tipos, jovens e idosos; cultos e incultos? Não seria bom, se alguns de vocês não desprezassem as ajudas que Deus lhes preparou? Talvez, vocês possam ouvir ninguém, a não ser os clérigos; ou, pelo menos, ninguém, a não ser os homens cultos. Vocês, então, não deixarão Deus escolher os próprios mensageiros Dele? De enviar, através daqueles que Ele irá enviar? Seria bom, se esta sabedoria má não fosse a causa de vocês terem produzido uvas bravas!
6. Mas não foi uma outra causa delas, vocês desprezarem aquela excelente ajuda, a união com a sociedade cristã? Vocês não leram, 'Como alguém pode se aquecer sozinho?', e, 'A aflição está junto àquele que está sozinho, quando ele cai?'. Mas vocês têm suficientes companheiros. Talvez, mais do que suficiente; mais do que necessários para sua alma. Mas vocês têm suficiente daqueles que são sedentos de Deus, e que trabalham para fazer com que vocês também sejam? Vocês têm companheiros suficientes para vigiarem as suas almas, como aqueles que devem dar um relato; e que livremente e fielmente advertem vocês, se vocês dão um passo em falo, ou estão em perigo de assim procederem? Eu temo que vocês tenham poucos desses companheiros, ou antes, vocês teriam produzido bons frutos!
7. Se vocês são membros da sociedade, vocês fazem uso completo de seus privilégios? Vocês nunca deixaram de encontrar sua classe; e isto, não como mera formalidade, mas esperando que, quando vocês se encontrassem, em seu nome, seu Senhor estivesse no meio de vocês? Vocês estão verdadeiramente agradecidos pela maravilhosa liberdade de consciência que é conferida a vocês e seus irmãos; tal que nunca foi desfrutada antes por pessoas nas suas circunstâncias? Vocês estão agradecidos ao Doador de cada bom dom, pela expansão geral da religião verdadeira? Certamente, vocês nunca louvarão a Deus o suficiente, por todas essas bênçãos, tão plenamente derramadas sobre vocês, até que vocês O louvem com anjos e arcanjos, e todas as companhias dos céus!
sábado, 19 de fevereiro de 2011
ADORAÇÃO ESPIRITUAL
'Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna'. (I João 5:20)
1. Nesta Epístola, João não fala a alguma igreja em específico, mas a todos os cristãos daquela época; embora mais especialmente àqueles em meio aos quais ele, então, residia. E, falando para eles, ele fala a toda igreja cristã em todas as épocas que se sucederam.
2. Nesta carta, ou antes, neste tratado (porque ele estava presente com aqueles a quem ele se endereçava mais imediatamente, provavelmente não sendo capaz de pregar a eles, por mais tempo, devido ao avançado de sua idade), ele não tratou diretamente da fé, o que Paulo tinha feito; nem da santidade interior ou exterior, com respeito ao que tanto Paulo, Tiago, e Pedro haviam falado; mas do alicerce de todas, -- a felicidade e comunhão santa, que o fiel tem com Deus, o Pai, Filho e Espírito Santo.
3. No prefácio, ele descreve a autoridade, através da qual ele escreve e fala, (I João 1:1-4) e expressamente aponta o objetivo de seu escrito presente. Para o prefácio, exatamente as resposta da conclusão da Epístola, mais largamente explicada do mesmo objetivo, e recapitulando as marcas de nossa comunhão com Deus, através do 'nós sabemos', repetido três vezes. (I João 5:18-20).
4. O próprio tratado fala, Em Primeiro Lugar, severamente, da comunhão com o Pai (I João 1:5-10); da comunhão com o Filho; (I João 2-3); da comunhão com o Espírito (I João 4). Em Segundo Lugar, conjuntamente, do testemunho do Pai, Filho e Espírito Santo; no qual a fé em Cristo, o nascer de Deus, amar a Deus e seus filhos, e manter seus mandamentos, e a vitória sobre o mundo, são estabelecidas. (I João 5:1-12).
5. A recapitulação começa, (I João 5:18) 'Nós sabemos que ele que é nascido de Deus', que vê e ama o Senhor, 'não peca', por quanto tempo esse amor habite nele; 'Nós sabemos que somos de Deis'; filhos de Deus, através do testemunho e fruto do Espírito; 'e o mundo todo', todos que não têm o Espírito, jazem na malignidade'. Eles são, e vivem, e habitam nele, como os filhos de Deus, no Espírito Santo. 'Nós sabemos que o Filho de Deus veio, e nos deu' um 'entendimento' espiritual, 'para que possamos conhecer o Deus Trino', o testemunho fiel e verdadeiro testemunho'. 'E nós somos do verdadeiro Uno', como ramos de uma videira. 'Este é o Deus verdadeiro, e vida eterna'.
Ao considerarmos essas palavras importantes, nós podemos inquirir:
I. Como Ele é a vida eterna?
II. Acrescentar algumas inferências.
I
1. Em Primeiro Lugar, nós podemos inquirir: De que maneira, Ele é o Deus verdadeiro? Ele é 'Deus sobre todos, abençoado para sempre'. 'Ele estava com Deus', com Deus, o Pai, 'desde o início', desde a eternidade, 'e era Deus. Ele e o Pai são Um'; e, conseqüentemente, 'Ele pensou que não seria roubo ser igual com o Pai'. Assim sendo, os escritores inspirados dão a Ele todos os títulos do mais sublime Deus. Eles O chamam, várias vezes, pelo nome incomunicável, Jeová, -- nunca dado á qualquer outra criatura. Eles atribuem a Ele todos os atributos e todas as obras de Deus. De modo que não precisamos ter escrúpulos para nos manifestarmos a Ele como 'Deus de Deus; Luz da Luz; o mesmo Deus do mesmo Deus: Na glória igual com o Pai, na majestade co-eterna'.
2. Ele é o Deus verdadeiro, a única Causa, o único Criador de todas as coisas. 'Através Dele', diz o Apóstolo Paulo, 'foram criadas todas as coisas que estão no céu, e que estão na terra', -- sim, terra e céu; mas os habitantes são chamados, porque são mais nobres do que a casa, -- 'visível e invisível'. As diversas espécies dos quais estão anexas: 'Quer sejam tronos, ou domínios, ou principados, ou poderes'. Assim, diz João: 'Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito seria feito'. E, de acordo, Paulo refere-se a Ele nestas fortes palavras do salmista: 'Tu, Senhor, no começo, colocaste o alicerce da terra, e os céus são a obra de tuas mãos'.
3. E como Deus verdadeiro, ele é também o Sustentador de todas as coisas que ele fez. Ele suporta, mantém e sustenta todas as coisas criadas pela palavra do seu poder; pela mesma palavra poderosa que os tirou do nada. Como isto foi absolutamente necessário para o começo da existência deles, é igualmente também para sua continuidade. Fosse sua poderosa influência introvertida, eles não teriam subsistido por muito tempo. Sustentar uma pedra no ar; no momento em que você retira sua mão, ela naturalmente cai ao solo. De igual maneira, fosse Ele retirar sua mão, por um momento, a criação cairia no nada.
4. Como Deus verdadeiro, ele é igualmente o Preservador de todas as coisas. Ele não apenas mantém na existência, mas as preserva naquele grau de bem-estar, que é adequado às suas diversas naturezas. Ele as preserva em suas diversas relações, conexões, e dependências, como para compor um sistema de existência, para formar um universo inteiro, de acordo com o conselho de sua vontade. Quão fortemente e magnificamente, isto é expresso: 'Através de quem, todas as coisas consistem'. Ou mais literalmente: 'Através e Nele, todas as coisas são compactadas em um único sistema'. Ele não é apenas o suporte, mas também o cimento de todo o universo.
5. Eu particularmente observaria (o que talvez não tenha sido suficientemente observado) que Ele é o verdadeiro Autor de todos os movimentos que existem no universo. Para os espíritos, na verdade, ele deu um grau pequeno do poder de automovimento, mas não para a matéria. Todas as matérias, de qualquer tipo que seja, estão absoluta e totalmente inertes. Ele não se move, e não pode se automover, de maneira alguma; e, quando quer que uma parte dela pareça se mover, ela é na realidade movida por alguma coisa mais. Veja esta barquilha [Instrumento para medir a velocidade de navios. Consiste em um pedaço de madeira da forma de um quadrante de círculo, cujo arco é lastreado de chumbo, para flutuar de ponta para cima, de modo que, quando jogado na água preso a um cordel, este se desenrola de um carretel, à medida que o navio se afasta, bastando, pois, medir o fio desenrolado em determinado tempo, para ter a velocidade do navio], que, vulgarmente falando, movimenta-se no mar! Ela é, na realidade, movida pela água. A água é movida pelo vento; ou seja, a corrente de ar. E o próprio ar deve todo seu movimento ao fogo etéreo, a partícula do qual está atado a cada partícula dele. Prive-o daquele fogo, e ele não se moverá mais; ele ficará fixo: Ele é tão inerte, quanto a areia. Remova a fluidez (devida ao fogo etéreo misturado a ela) da água, e ela não terá mais movimento do que a barquilha. Colida o fogo no ferro, martelando-o, quando incandescente, e ele não terá mais movimento que o ar fixo, ou a água gelada. Mas, quando ele está desprendido, quando ele está em seu estado mais ativo, o que dá movimento ao fogo? O próprio ateu irá dizer a você. Ou seja: 'A alma comum vive nas partes e agita o todo'.
6. Para levar isto um pouco mais além: Nos dizemos que a lua se move em redor da terra; a terra e os outros planetas movem-se em redor do sol; o sol move-se em redor de seu próprio eixo. Mas essas são apenas expressões vulgares: Porque, se nós falarmos a verdade, nem o sol, lua, nem estrelas se movem. Nenhum desses se movem por eles mesmo: Eles são todos movidos, todos os momentos, pela poderosa mão que os fez.
'Sim', diz Sir Isaac [Newron], 'o sol, a lua, e todos os corpos celestes, movem-se, gravitam, em direção uns aos outros'. Gravidade. O que é isto? 'É porque, eles todos se atraem, na proporção da quantidade de matéria que eles contêm'. 'Tolice, acima de tudo', diz Sr. Hutchinson; 'jargão, auto-contradição! Pode alguma coisa agir onde ela não está? Não; eles são continuamente impulsionados em direção uns aos outros'. Impulsionados! Pelo que? 'Pela matéria sutil, o éter, ou fogo elétrico'. Mas lembre-se! Seja ele sempre tão sutil, ele é ainda matéria: Conseqüentemente, é tão inerte em si mesmo, quanto tanto a areia ou o mármore. Ele não pode, portanto, automover-se; mas provavelmente, é o primeiro material que se move, a fonte principal, por meio da qual o Criador, o Preservador de todas as coisas se agrada de movimentar o universo.
7. O Deus verdadeiro é também o Redentor de todos os filhos dos homens. Agradou ao Pai colocar sobre Ele as iniqüidades de todos nós, para que, através do próprio sacrifício, uma vez oferecido, quando Ele testou a morte, por cada homem, Ele pudesse fazer um sacrifício completo e suficiente, oblação, e satisfação, pelos pecados de todo o mundo.
8. Novamente: O Deus verdadeiro é o Governador de todas as coisas: 'Seu reino governa sobre todos'. O governo descansa sobre seus ombros, através de todas as épocas. Ele é o Senhor e Disponente de toda a criação, e cada parte dela. E de que maneira mais extraordinária Ele governa o mundo! Quão além, estão seus caminhos acima do pensamento humano! Quão pouco, nós sabemos de seus métodos de governo! Apenas isto nós sabemos: 'Tu presides sobre cada criatura, como se fosse o universo, e sobre todo o universo, como se fosse sobre cada criatura individual'. Reflita um pouco sobre este sentimento: Que mistério glorioso ele contém! É a paráfrase nas palavras recitadas abaixo:
Pai, quão amplamente tuas glories brilham!
Senhor do universo, --- e meu:
Tuas benevolências zelam pelo todo,
Como se o mundo todo fosse uma única alma;
Ainda assim, manténs cada um dos meus sagrados cabelos,
Como permaneço nos teus cuidados simples!
9. Mas, ainda assim, existe uma diferença, como foi dito antes, em seu governo providencial sobre os filhos dos homens. Um escritor devoto observa que existe um círculo triplo da Providência Divina. O círculo extremo inclui todos os filhos dos homens; ateus, maometanos, judeus e cristãos. Ele fez com que seu sol brilhasse sobre todos. Ele deu a eles chuva e estações frutíferas. Ele derramou milhares de benefícios sobre eles, e preencheu seus corações com alimento e alegria. No círculo interior, ele inclui toda a igreja de cristã visível; todos que são chamados pelo nome de Cristo. Ele tem um cuidado adicional para com esses, e uma atenção mais pessoal ao bem-estar deles. Mas o círculo mais recôndito de sua providência inclui apenas a igreja de Cristo invisível: todos os cristãos verdadeiros, onde quer que estejam dispersos em todos os cantos da terra; todos que adoram a Deus (qualquer que seja a denominação que pertençam), em espírito e em verdade. Ele mantém esses, como a menina dos olhos: Ele os esconde, sob a sombra de suas asas. E a esses, em particular, é que o Senhor diz: 'Até mesmo os cabelos de suas cabeças são todos numerados'.
10. Por fim, sendo o Deus verdadeiro, ele é a Finalidade de todas as coisas; de acordo com aquela declaração solene do Apóstolo: (Romanos 11:36) 'Dele, e através Dele, e para Ele, são todas as coisas': Dele, como o Criador, -- através de quem, como o Sustentador e Preservador; e a Ele, como a última Finalidade, de todas.
II
Em todos esses sentidos, Jesus Cristo é o Deus verdadeiro, mas como Ele é a vida eterna?
1. A coisa diretamente pretendida nesta expressão não é que ele será a vida eterna: Embora esta seja uma grande e importante verdade, e nunca deverá ser esquecida. 'Ele é o Autor da salvação eterna de todos que obedecem a Ele'. Ele é o Adquirente daquele 'coroa da vida', que será dada a todos que são 'fiéis até a morte'; e ele será a alma de todas as suas alegrias a todos os santos na glória.
A chama do amor angelical
É acesa na face de Jesus
E todos as alegrias acima
Consistem no olhar fixo extasiante!
2. A coisa diretamente pretendida aqui, não é que Ele seja a ressurreição; embora isto também seja verdadeiro, de acordo com sua própria declaração: 'Eu sou a ressurreição e a vida'. Concordantes com isto estão as palavras de Paulo: 'Como em Adão, todos morremos, então, em Cristo, todos viveremos'. De modo que nós podemos dizer: 'Abençoado seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem recriado para uma esperança viva, através da ressurreição de Cristo, para uma herança incorruptível, e imaculada, e que não desaparece'.
3. Mas, colocando o que Ele será, daqui para frente, nós somos chamados a considerar o que Ele é agora. Ele é agora a vida de tudo que vive, de qualquer tipo e em qualquer grau. Ele é a Fonte das espécies mais inferiores de vida, aquela dos vegetais, como sendo a Origem de todo movimento no qual a vegetação depende. Ele é a Fonte de vida dos animais; o Poder, através do qual os corações batem, e os líquidos circulantes fluem. Ele é a Fonte de toda a vida que o homem possui em comum com outros animais. E se nós distinguimos a vida racional da vida animal, Ele é a Fonte desta também.
4. Mas quão infinitamente breve tudo isto fala da vida que está aqui diretamente pretendida, e da qual o Apóstolo fala tão explicitamente nos versos precedentes! (I João 5:11, 12) 'Este é o testemunho que Deus nos dá da vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Ele que tem o Filho tem a vida', -- a vida eterna de que se fala aqui, -- 'e ele que não tem o Filho', de Deus, 'não tem' esta 'vida'. Como se ele tivesse dito: 'Esta é a somatória do testemunho que Deus testificou de seu Filho; que Deus nos tem dado, não apenas um direito de posse, mas o verdadeiro começo da vida eterna: e esta vida é adquirida, e está guardada em seu Filho; que tem todas as fontes e a plenitude dela em si mesmo, para comunicar ao Seu corpo, a Igreja'.
5. Esta vida eterna, então, começa quando agrada ao Pai revelar seu Filho em nossos corações; quando nós primeiro conhecemos a Cristo, estando capacitados 'para chamá-lo, Senhor, através do Espírito Santo'; quando nós podemos testificar, nossa consciência testemunhando com o Espírito Santo, 'que a vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e deu a si mesmo por mim'. E, então, esta felicidade começa; a felicidade verdadeira, sólida, e substancial. É quando aquele céu é aberto na alma, para que o próprio estado celeste comece, enquanto o amor de Deus, assim como Ele nos ama, espalha-se em nosso coração, produzindo instantaneamente amor por toda a humanidade, a benevolência pura, universal, junto com seus frutos genuínos: humildade, mansidão, paciência, contentamento, em todos os estados; uma submissão, inteira, clara, completa, a toda a vontade de Deus; nos capacitando a nos 'regozijarmos sempre mais, e em todas as coisas darmos graças'.
6. E como nosso conhecimento e nosso amor, por Ele, aumentam; através dos mesmos graus, e na mesma proporção, o reino do céu interior deve necessariamente ampliar-se também; enquanto 'nos desenvolvemos em todas as coisas junto a Ele que é nossa Cabeça'. E quando nós estamos completos Nele, como nos tradutores expressam, "autOi peplErOmenoi"; mais provavelmente, quando somos preenchidos por Ele; quando 'Cristo em nós, a esperança da glória', é nosso Deus e nosso Tudo; quando Ele tem a completa posse de nossos corações; quando Ele reina sem um rival, o Senhor de todo movimento que lá existe; quando Ele habita em Cristo, e Cristo em nós, nós somos um com Cristo, e Cristo é um conosco; então, nós somos completamente felizes; então, nós vivemos 'toda a vida que está oculta com Cristo em Deus'; então, e não até então, nós experimentamos verdadeiramente o que a palavra significa em 'Deus é amor; e quem quer que habite no amor, habita em Deus, e Deus Nele'.
III
Eu tenho agora apenas algumas inferências a acrescentar, das observações precedentes:
1. E nós podemos aprender disto, Em Primeiro Lugar, que, como existe apenas um único Deus no céu, e na terra; então existe uma só felicidade para os espíritos criados, quer no céu ou na terra. Este único Deus fez nossos corações para Si mesmo; e eles não poderão descansar, até que descansem Nele. É verdade que, enquanto nós estamos no vigor de nossa juventude e saúde; enquanto nosso sangue se movimenta em nossas veias; enquanto o mundo ri conosco, e temos todas as conveniências; sim, e superfluidade da vida, nós freqüentemente temos sonhos agradáveis, e desfrutamos de uma espécie de felicidade. Mas ela não pode permanecer; ela foge como a sombra; e mesmo enquanto continua, ela não é sólida ou substancial; ela não satisfaz a alma. Nós ainda almejamos alguma coisa mais, alguma coisa que não temos. Dê ao homem todas as coisas que o mundo pode dar, ainda assim, como Horácio observa, perto de dois mil anos atrás, --
Em meio à nossa abundância, alguma coisa ainda fica faltando, a mim, a ti, a ele!
Esta alguma coisa não é mais nem menos do que o conhecimento e amor de Deus; sem o que. Nenhum espírito pode ser feliz, quer no céu ou na terra.
2. Permita-me relatar minha própria experiência, em confirmação disto, -- Eu distintamente me lembro que, mesmo em minha infância, mesmo quando eu estava na escola, eu freqüentemente dizia, 'Eles dizem que a vida de um escolar é a mais feliz do mundo; mas eu estou certo de que eu não sou feliz; porque eu não estou contente, e, assim, não posso estar feliz'. Quando eu já havia vivido alguns anos mais, estando no vigor da juventude, um estranho para a dor e a enfermidade, e particularmente para a depressão do espírito (o que eu não me lembro de ter sentido um quarto de uma hora, desde que eu nasci), tendo abundância de todas as coisas, em meios aos amigos mais sensíveis e gentis, que me amavam, e eu a eles; e vivendo um modo de vida que, de todos os outros, era adequado às minhas inclinações; ainda assim, eu não era feliz. Eu não conseguia saber o porquê, e não podia imaginar qual a razão. A razão certamente era a de que eu não conhecia a Deus; a fonte da felicidade presente e eterna. O que é uma prova clara de que eu não era, então, feliz; é que, mediante a mais tranqüila reflexão, eu não soube de uma semana em que eu tivesse pensado que teria valido a pena ter vivido aquela vida novamente; mesmo com todos os estímulos interiores e exteriores, sem qualquer alteração, afinal.
3. Mas um homem devoto afirmar que, 'Quando eu era jovem, eu era feliz; embora eu estivesse completamente sem Deus no mundo'. Eu não acredito em você; embora eu não duvide que você acredite em si mesmo. Mas você está enganado, assim como eu estive sempre e sempre. Tal é a condição da vida humana!
A fragrância das mais delicadas flores e murtas parece exalar:
Tudo está à uma distância justa; mas ao alcance da mão.
A alegria enganosa zomba dos olhos desejosos,
com espinhos, e charneca árida, e areia estéril.
Olhe adiante para alguma paisagem distante: Quão bela ela lhe parece! Chegue mais perto; e a beleza desaparece, e ela se torna rude e desagradável. Assim é a vida. Quando a cena acaba, ela reassume sua aparência anterior; e nós acreditamos seriamente que nós éramos, então, muito felizes, embora, na realidade, fosse muito ao contrário. Porque, como ninguém é agora, então, ninguém foi antes, sem o conhecimento do verdadeiro Deus.
4. Nós podemos aprender disto, Em Segundo Lugar, que este conhecimento feliz do verdadeiro Deus, não é apenas outro nome para a religião; eu quero dizer, a religião cristã; que, de fato, é apenas uma que merece o nome. Religião, como a natureza ou essência dela, não se situa nesta ou naquela série de noções, vulgarmente chamadas de fé; nem em uma série de deveres, mesmo que cuidadosamente reformados de erros e superstição. Ela não consiste em algum número de ações exteriores. Não: Ela necessariamente e diretamente consiste no conhecimento e amor de Deus, como manifestado no Filho de seu amor, através do Espírito eterno. E isto conduz a todo temperamento divino, e a toda boa palavra e obra.
5. Nós aprendemos disto, em Terceiro Lugar, que ninguém, a não ser um cristão é feliz; ninguém, a não ser o real cristão interior. Um glutão, um bêbado, um jogador podem ser alegres; mas eles não podem ser felizes. O galanteador, e a bela podem comer, beber, e jogar; mas ainda assim, eles perceberão que não são felizes. Homens e mulheres podem adornar seus entes queridos, com todas as cores do arco-íris. Eles podem dançar, cantar, e correrem de um lado para outro, e agitarem-se para lá e para cá. Eles podem rolar para cima e para baixo, em suas esplêndidas carruagens, e falarem monotonamente uns com os outros. Eles podem correr de uma diversão à outra: Mas a felicidade não estará lá. Eles ainda estarão 'caminhando em sombra vã, e inquietando-se em vão'. Um de seus próprios poetas tem verdadeiramente expressado, concernente a toda a vida desses filhos do prazer: 'Esta é uma estúpida farsa, um show vazio: Empoado, e opulento, e janota'.
Eu não posso deixar de observar que aquele sutil escritor chegou perto do ponto, mas, ainda assim, ele logrou alcançá-lo. Em seu 'Salomão' (um dos mais notáveis poemas na Língua Inglesa), ele claramente mostra onde a felicidade não está, ou seja, que ela não e encontrada no conhecimento natural, no poder, ou nos prazeres dos sentidos, ou imaginação. Mas ele não mostra onde ela pode ser encontrada. Ele não poderia; uma vez que ele não conhece a si mesmo. Ainda assim, ele chega perto, quando diz: Restaura, Grande Pai, teu filho instruído; e no meu agir, possa Tua grande vontade ser feita!'.
6. Nós aprendemos disto, Em Quarto Lugar, que todo cristão é feliz; e que, se ele não é feliz, então, ele não é cristão. Se, como foi observado acima, a religião é felicidade, cada um que a tenha deve ser feliz. Isto aparece da mesma natureza da coisa: Porque, se a religião e a felicidade são, de fato, a mesma coisa. É impossível que algum homem possa possuir a primeira, sem possuir a segunda também. Ele não pode ter religião, sem ter felicidade; vendo que elas são extremamente inseparáveis.
E é igualmente certo, por outro lado, que aquele que não é feliz não é um cristão; uma vez que, se ele fosse um verdadeiro cristão, ele não poderia deixar de ser feliz. Mas eu admito que existe uma exceção aqui, em favor daqueles que estão sob violenta tentação; sim, e daqueles que estão debaixo de enfermidades nervosas, que são, na verdade, espécies de insanidade. As nuvens da escuridão que, então, domina a alma, adia sua felicidade; especialmente, se é permitido a satanás circundar essas enfermidades, despejando seus dardos flamejantes. Mas, excetuando esses casos, a observação será sustentada, e poderá ser aplicada: quem quer que não seja feliz; sim, feliz em Deus, não é um cristão.
7. Você não é uma prova viva disto? Você não vagueia de um lado para outro, buscando descanso, sem encontrar algum? – indo ao encalço da felicidade, mas nunca se apossando dela? E quem pode culpar você por perseguí-la? Esta é a própria finalidade de sua existência. O grande Criador não criou coisa alguma para ser miserável, mas cada criatura para ser feliz em sua espécie. E numa revisão geral das obras de suas mãos, Ele afirmou que tudo estava muito bom; o que não teria sido, não tivesse toda criatura inteligente; sim, cada uma capaz de prazer e dor, respondido à finalidade da sua criação. Se você está infeliz agora, é porque você não está em seu estado natural: e você não deveria desejar muito pela libertação disto? 'Toda a criação', estando agora, 'sujeita à vaidade', 'geme e se angustia na dor'. Eu culpo apenas você, ou, antes, lamento, que você tenha tomado o caminho errado para esta finalidade correta; por buscar a felicidade, onde ela não nunca esteve, e nunca poderá ser encontrada. Você busca felicidade em seus companheiros, em vez de em seu Criador. Mas esses não podem fazer de você imortal. Se você tem ouvidos para ouvir, ouça cada criatura gritar bem alto: 'A felicidade não está em mim'. Todos esses são, na verdade, 'cisternas quebradas, que não podem reter a água'. Ó, volte para seu descanso! Volte para Ele, em quem estão escondidos os tesouros da felicidade! Volte para Ele 'que dá liberalmente a todos os homens', e Ele lhe dará 'de beber da água da vida livremente'.
8. Você não poderá encontrar sua felicidade, tanto buscada, em todos os prazeres do mundo. Eles não são 'enganosos em seus valores?'. Eles não são nada menos do que a própria vaidade? Por quanto tempo, você irá se 'alimenta do que não é pão?' – com o que pode entreter, mas não pode satisfazer? Você não pode encontrá-la na religião do mundo; quer nas opiniões, ou em uma mera esfera de obrigações exteriores. Trabalho vão! Deus não é um espírito, e por este motivo, deve ser 'adorado em espírito e em verdade?'. Nisto somente, você pode encontrar a felicidade que busca; na união de seu espírito com o do Pai dos espíritos; no conhecimento e amor Dele, que é a fonte da felicidade, suficiente para todas as almas que Ele criou.
9. Mas onde Ele poderá ser encontrado? Nós devemos ir até os céus, ou descer até o inferno, para buscá-Lo? Nós devemos 'pegar as asas da manhã', e procurar por Ele, 'nas partes mais remotas do mar?'. Não, quod petis, hic est! Que estranha palavra saiu da pena de um pagão! 'O que você busca está aqui!'. Ele está 'em redor da sua cama'. Ele está 'em redor do seu caminho'. Ele 'o envolve por todos os lados'. Ele 'coloca as mãos Dele sobre você'. Veja! Deus está aqui! Não está longe! Agora creia e O sinta por perto! Ele pode agora se revelar em seu coração! Conheça-O! Ame-O, e você sera feliz!
10. Você já está feliz Nele? Então, veja que você 'segure firme o que você já conseguiu!'. 'Vigie e ore', para que você nunca se 'afaste de sua firmeza'. 'Vigie a si próprio, para que não perca o que ganhou, mas receba uma recompensa completa'. Em assim fazendo, espere um crescimento contínuo na graça, no conhecimento amoroso de nosso Senhor Jesus Cristo. Espere que o poder do Altíssimo possa, de repente, ofuscar você, para que todos os pecados possam ser destruídos, e nada possa permanecer em seu coração, mas a santidade junto ao Senhor. E neste momento, e em todos os momentos, 'apresente-se como um sacrifício vivo, santo, e aceitável para Deus', e 'glorifique a ele com seu corpo, e com seu espírito que são de Deus!'.
1. Nesta Epístola, João não fala a alguma igreja em específico, mas a todos os cristãos daquela época; embora mais especialmente àqueles em meio aos quais ele, então, residia. E, falando para eles, ele fala a toda igreja cristã em todas as épocas que se sucederam.
2. Nesta carta, ou antes, neste tratado (porque ele estava presente com aqueles a quem ele se endereçava mais imediatamente, provavelmente não sendo capaz de pregar a eles, por mais tempo, devido ao avançado de sua idade), ele não tratou diretamente da fé, o que Paulo tinha feito; nem da santidade interior ou exterior, com respeito ao que tanto Paulo, Tiago, e Pedro haviam falado; mas do alicerce de todas, -- a felicidade e comunhão santa, que o fiel tem com Deus, o Pai, Filho e Espírito Santo.
3. No prefácio, ele descreve a autoridade, através da qual ele escreve e fala, (I João 1:1-4) e expressamente aponta o objetivo de seu escrito presente. Para o prefácio, exatamente as resposta da conclusão da Epístola, mais largamente explicada do mesmo objetivo, e recapitulando as marcas de nossa comunhão com Deus, através do 'nós sabemos', repetido três vezes. (I João 5:18-20).
4. O próprio tratado fala, Em Primeiro Lugar, severamente, da comunhão com o Pai (I João 1:5-10); da comunhão com o Filho; (I João 2-3); da comunhão com o Espírito (I João 4). Em Segundo Lugar, conjuntamente, do testemunho do Pai, Filho e Espírito Santo; no qual a fé em Cristo, o nascer de Deus, amar a Deus e seus filhos, e manter seus mandamentos, e a vitória sobre o mundo, são estabelecidas. (I João 5:1-12).
5. A recapitulação começa, (I João 5:18) 'Nós sabemos que ele que é nascido de Deus', que vê e ama o Senhor, 'não peca', por quanto tempo esse amor habite nele; 'Nós sabemos que somos de Deis'; filhos de Deus, através do testemunho e fruto do Espírito; 'e o mundo todo', todos que não têm o Espírito, jazem na malignidade'. Eles são, e vivem, e habitam nele, como os filhos de Deus, no Espírito Santo. 'Nós sabemos que o Filho de Deus veio, e nos deu' um 'entendimento' espiritual, 'para que possamos conhecer o Deus Trino', o testemunho fiel e verdadeiro testemunho'. 'E nós somos do verdadeiro Uno', como ramos de uma videira. 'Este é o Deus verdadeiro, e vida eterna'.
Ao considerarmos essas palavras importantes, nós podemos inquirir:
I. Como Ele é a vida eterna?
II. Acrescentar algumas inferências.
I
1. Em Primeiro Lugar, nós podemos inquirir: De que maneira, Ele é o Deus verdadeiro? Ele é 'Deus sobre todos, abençoado para sempre'. 'Ele estava com Deus', com Deus, o Pai, 'desde o início', desde a eternidade, 'e era Deus. Ele e o Pai são Um'; e, conseqüentemente, 'Ele pensou que não seria roubo ser igual com o Pai'. Assim sendo, os escritores inspirados dão a Ele todos os títulos do mais sublime Deus. Eles O chamam, várias vezes, pelo nome incomunicável, Jeová, -- nunca dado á qualquer outra criatura. Eles atribuem a Ele todos os atributos e todas as obras de Deus. De modo que não precisamos ter escrúpulos para nos manifestarmos a Ele como 'Deus de Deus; Luz da Luz; o mesmo Deus do mesmo Deus: Na glória igual com o Pai, na majestade co-eterna'.
2. Ele é o Deus verdadeiro, a única Causa, o único Criador de todas as coisas. 'Através Dele', diz o Apóstolo Paulo, 'foram criadas todas as coisas que estão no céu, e que estão na terra', -- sim, terra e céu; mas os habitantes são chamados, porque são mais nobres do que a casa, -- 'visível e invisível'. As diversas espécies dos quais estão anexas: 'Quer sejam tronos, ou domínios, ou principados, ou poderes'. Assim, diz João: 'Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito seria feito'. E, de acordo, Paulo refere-se a Ele nestas fortes palavras do salmista: 'Tu, Senhor, no começo, colocaste o alicerce da terra, e os céus são a obra de tuas mãos'.
3. E como Deus verdadeiro, ele é também o Sustentador de todas as coisas que ele fez. Ele suporta, mantém e sustenta todas as coisas criadas pela palavra do seu poder; pela mesma palavra poderosa que os tirou do nada. Como isto foi absolutamente necessário para o começo da existência deles, é igualmente também para sua continuidade. Fosse sua poderosa influência introvertida, eles não teriam subsistido por muito tempo. Sustentar uma pedra no ar; no momento em que você retira sua mão, ela naturalmente cai ao solo. De igual maneira, fosse Ele retirar sua mão, por um momento, a criação cairia no nada.
4. Como Deus verdadeiro, ele é igualmente o Preservador de todas as coisas. Ele não apenas mantém na existência, mas as preserva naquele grau de bem-estar, que é adequado às suas diversas naturezas. Ele as preserva em suas diversas relações, conexões, e dependências, como para compor um sistema de existência, para formar um universo inteiro, de acordo com o conselho de sua vontade. Quão fortemente e magnificamente, isto é expresso: 'Através de quem, todas as coisas consistem'. Ou mais literalmente: 'Através e Nele, todas as coisas são compactadas em um único sistema'. Ele não é apenas o suporte, mas também o cimento de todo o universo.
5. Eu particularmente observaria (o que talvez não tenha sido suficientemente observado) que Ele é o verdadeiro Autor de todos os movimentos que existem no universo. Para os espíritos, na verdade, ele deu um grau pequeno do poder de automovimento, mas não para a matéria. Todas as matérias, de qualquer tipo que seja, estão absoluta e totalmente inertes. Ele não se move, e não pode se automover, de maneira alguma; e, quando quer que uma parte dela pareça se mover, ela é na realidade movida por alguma coisa mais. Veja esta barquilha [Instrumento para medir a velocidade de navios. Consiste em um pedaço de madeira da forma de um quadrante de círculo, cujo arco é lastreado de chumbo, para flutuar de ponta para cima, de modo que, quando jogado na água preso a um cordel, este se desenrola de um carretel, à medida que o navio se afasta, bastando, pois, medir o fio desenrolado em determinado tempo, para ter a velocidade do navio], que, vulgarmente falando, movimenta-se no mar! Ela é, na realidade, movida pela água. A água é movida pelo vento; ou seja, a corrente de ar. E o próprio ar deve todo seu movimento ao fogo etéreo, a partícula do qual está atado a cada partícula dele. Prive-o daquele fogo, e ele não se moverá mais; ele ficará fixo: Ele é tão inerte, quanto a areia. Remova a fluidez (devida ao fogo etéreo misturado a ela) da água, e ela não terá mais movimento do que a barquilha. Colida o fogo no ferro, martelando-o, quando incandescente, e ele não terá mais movimento que o ar fixo, ou a água gelada. Mas, quando ele está desprendido, quando ele está em seu estado mais ativo, o que dá movimento ao fogo? O próprio ateu irá dizer a você. Ou seja: 'A alma comum vive nas partes e agita o todo'.
6. Para levar isto um pouco mais além: Nos dizemos que a lua se move em redor da terra; a terra e os outros planetas movem-se em redor do sol; o sol move-se em redor de seu próprio eixo. Mas essas são apenas expressões vulgares: Porque, se nós falarmos a verdade, nem o sol, lua, nem estrelas se movem. Nenhum desses se movem por eles mesmo: Eles são todos movidos, todos os momentos, pela poderosa mão que os fez.
'Sim', diz Sir Isaac [Newron], 'o sol, a lua, e todos os corpos celestes, movem-se, gravitam, em direção uns aos outros'. Gravidade. O que é isto? 'É porque, eles todos se atraem, na proporção da quantidade de matéria que eles contêm'. 'Tolice, acima de tudo', diz Sr. Hutchinson; 'jargão, auto-contradição! Pode alguma coisa agir onde ela não está? Não; eles são continuamente impulsionados em direção uns aos outros'. Impulsionados! Pelo que? 'Pela matéria sutil, o éter, ou fogo elétrico'. Mas lembre-se! Seja ele sempre tão sutil, ele é ainda matéria: Conseqüentemente, é tão inerte em si mesmo, quanto tanto a areia ou o mármore. Ele não pode, portanto, automover-se; mas provavelmente, é o primeiro material que se move, a fonte principal, por meio da qual o Criador, o Preservador de todas as coisas se agrada de movimentar o universo.
7. O Deus verdadeiro é também o Redentor de todos os filhos dos homens. Agradou ao Pai colocar sobre Ele as iniqüidades de todos nós, para que, através do próprio sacrifício, uma vez oferecido, quando Ele testou a morte, por cada homem, Ele pudesse fazer um sacrifício completo e suficiente, oblação, e satisfação, pelos pecados de todo o mundo.
8. Novamente: O Deus verdadeiro é o Governador de todas as coisas: 'Seu reino governa sobre todos'. O governo descansa sobre seus ombros, através de todas as épocas. Ele é o Senhor e Disponente de toda a criação, e cada parte dela. E de que maneira mais extraordinária Ele governa o mundo! Quão além, estão seus caminhos acima do pensamento humano! Quão pouco, nós sabemos de seus métodos de governo! Apenas isto nós sabemos: 'Tu presides sobre cada criatura, como se fosse o universo, e sobre todo o universo, como se fosse sobre cada criatura individual'. Reflita um pouco sobre este sentimento: Que mistério glorioso ele contém! É a paráfrase nas palavras recitadas abaixo:
Pai, quão amplamente tuas glories brilham!
Senhor do universo, --- e meu:
Tuas benevolências zelam pelo todo,
Como se o mundo todo fosse uma única alma;
Ainda assim, manténs cada um dos meus sagrados cabelos,
Como permaneço nos teus cuidados simples!
9. Mas, ainda assim, existe uma diferença, como foi dito antes, em seu governo providencial sobre os filhos dos homens. Um escritor devoto observa que existe um círculo triplo da Providência Divina. O círculo extremo inclui todos os filhos dos homens; ateus, maometanos, judeus e cristãos. Ele fez com que seu sol brilhasse sobre todos. Ele deu a eles chuva e estações frutíferas. Ele derramou milhares de benefícios sobre eles, e preencheu seus corações com alimento e alegria. No círculo interior, ele inclui toda a igreja de cristã visível; todos que são chamados pelo nome de Cristo. Ele tem um cuidado adicional para com esses, e uma atenção mais pessoal ao bem-estar deles. Mas o círculo mais recôndito de sua providência inclui apenas a igreja de Cristo invisível: todos os cristãos verdadeiros, onde quer que estejam dispersos em todos os cantos da terra; todos que adoram a Deus (qualquer que seja a denominação que pertençam), em espírito e em verdade. Ele mantém esses, como a menina dos olhos: Ele os esconde, sob a sombra de suas asas. E a esses, em particular, é que o Senhor diz: 'Até mesmo os cabelos de suas cabeças são todos numerados'.
10. Por fim, sendo o Deus verdadeiro, ele é a Finalidade de todas as coisas; de acordo com aquela declaração solene do Apóstolo: (Romanos 11:36) 'Dele, e através Dele, e para Ele, são todas as coisas': Dele, como o Criador, -- através de quem, como o Sustentador e Preservador; e a Ele, como a última Finalidade, de todas.
II
Em todos esses sentidos, Jesus Cristo é o Deus verdadeiro, mas como Ele é a vida eterna?
1. A coisa diretamente pretendida nesta expressão não é que ele será a vida eterna: Embora esta seja uma grande e importante verdade, e nunca deverá ser esquecida. 'Ele é o Autor da salvação eterna de todos que obedecem a Ele'. Ele é o Adquirente daquele 'coroa da vida', que será dada a todos que são 'fiéis até a morte'; e ele será a alma de todas as suas alegrias a todos os santos na glória.
A chama do amor angelical
É acesa na face de Jesus
E todos as alegrias acima
Consistem no olhar fixo extasiante!
2. A coisa diretamente pretendida aqui, não é que Ele seja a ressurreição; embora isto também seja verdadeiro, de acordo com sua própria declaração: 'Eu sou a ressurreição e a vida'. Concordantes com isto estão as palavras de Paulo: 'Como em Adão, todos morremos, então, em Cristo, todos viveremos'. De modo que nós podemos dizer: 'Abençoado seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem recriado para uma esperança viva, através da ressurreição de Cristo, para uma herança incorruptível, e imaculada, e que não desaparece'.
3. Mas, colocando o que Ele será, daqui para frente, nós somos chamados a considerar o que Ele é agora. Ele é agora a vida de tudo que vive, de qualquer tipo e em qualquer grau. Ele é a Fonte das espécies mais inferiores de vida, aquela dos vegetais, como sendo a Origem de todo movimento no qual a vegetação depende. Ele é a Fonte de vida dos animais; o Poder, através do qual os corações batem, e os líquidos circulantes fluem. Ele é a Fonte de toda a vida que o homem possui em comum com outros animais. E se nós distinguimos a vida racional da vida animal, Ele é a Fonte desta também.
4. Mas quão infinitamente breve tudo isto fala da vida que está aqui diretamente pretendida, e da qual o Apóstolo fala tão explicitamente nos versos precedentes! (I João 5:11, 12) 'Este é o testemunho que Deus nos dá da vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Ele que tem o Filho tem a vida', -- a vida eterna de que se fala aqui, -- 'e ele que não tem o Filho', de Deus, 'não tem' esta 'vida'. Como se ele tivesse dito: 'Esta é a somatória do testemunho que Deus testificou de seu Filho; que Deus nos tem dado, não apenas um direito de posse, mas o verdadeiro começo da vida eterna: e esta vida é adquirida, e está guardada em seu Filho; que tem todas as fontes e a plenitude dela em si mesmo, para comunicar ao Seu corpo, a Igreja'.
5. Esta vida eterna, então, começa quando agrada ao Pai revelar seu Filho em nossos corações; quando nós primeiro conhecemos a Cristo, estando capacitados 'para chamá-lo, Senhor, através do Espírito Santo'; quando nós podemos testificar, nossa consciência testemunhando com o Espírito Santo, 'que a vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e deu a si mesmo por mim'. E, então, esta felicidade começa; a felicidade verdadeira, sólida, e substancial. É quando aquele céu é aberto na alma, para que o próprio estado celeste comece, enquanto o amor de Deus, assim como Ele nos ama, espalha-se em nosso coração, produzindo instantaneamente amor por toda a humanidade, a benevolência pura, universal, junto com seus frutos genuínos: humildade, mansidão, paciência, contentamento, em todos os estados; uma submissão, inteira, clara, completa, a toda a vontade de Deus; nos capacitando a nos 'regozijarmos sempre mais, e em todas as coisas darmos graças'.
6. E como nosso conhecimento e nosso amor, por Ele, aumentam; através dos mesmos graus, e na mesma proporção, o reino do céu interior deve necessariamente ampliar-se também; enquanto 'nos desenvolvemos em todas as coisas junto a Ele que é nossa Cabeça'. E quando nós estamos completos Nele, como nos tradutores expressam, "autOi peplErOmenoi"; mais provavelmente, quando somos preenchidos por Ele; quando 'Cristo em nós, a esperança da glória', é nosso Deus e nosso Tudo; quando Ele tem a completa posse de nossos corações; quando Ele reina sem um rival, o Senhor de todo movimento que lá existe; quando Ele habita em Cristo, e Cristo em nós, nós somos um com Cristo, e Cristo é um conosco; então, nós somos completamente felizes; então, nós vivemos 'toda a vida que está oculta com Cristo em Deus'; então, e não até então, nós experimentamos verdadeiramente o que a palavra significa em 'Deus é amor; e quem quer que habite no amor, habita em Deus, e Deus Nele'.
III
Eu tenho agora apenas algumas inferências a acrescentar, das observações precedentes:
1. E nós podemos aprender disto, Em Primeiro Lugar, que, como existe apenas um único Deus no céu, e na terra; então existe uma só felicidade para os espíritos criados, quer no céu ou na terra. Este único Deus fez nossos corações para Si mesmo; e eles não poderão descansar, até que descansem Nele. É verdade que, enquanto nós estamos no vigor de nossa juventude e saúde; enquanto nosso sangue se movimenta em nossas veias; enquanto o mundo ri conosco, e temos todas as conveniências; sim, e superfluidade da vida, nós freqüentemente temos sonhos agradáveis, e desfrutamos de uma espécie de felicidade. Mas ela não pode permanecer; ela foge como a sombra; e mesmo enquanto continua, ela não é sólida ou substancial; ela não satisfaz a alma. Nós ainda almejamos alguma coisa mais, alguma coisa que não temos. Dê ao homem todas as coisas que o mundo pode dar, ainda assim, como Horácio observa, perto de dois mil anos atrás, --
Em meio à nossa abundância, alguma coisa ainda fica faltando, a mim, a ti, a ele!
Esta alguma coisa não é mais nem menos do que o conhecimento e amor de Deus; sem o que. Nenhum espírito pode ser feliz, quer no céu ou na terra.
2. Permita-me relatar minha própria experiência, em confirmação disto, -- Eu distintamente me lembro que, mesmo em minha infância, mesmo quando eu estava na escola, eu freqüentemente dizia, 'Eles dizem que a vida de um escolar é a mais feliz do mundo; mas eu estou certo de que eu não sou feliz; porque eu não estou contente, e, assim, não posso estar feliz'. Quando eu já havia vivido alguns anos mais, estando no vigor da juventude, um estranho para a dor e a enfermidade, e particularmente para a depressão do espírito (o que eu não me lembro de ter sentido um quarto de uma hora, desde que eu nasci), tendo abundância de todas as coisas, em meios aos amigos mais sensíveis e gentis, que me amavam, e eu a eles; e vivendo um modo de vida que, de todos os outros, era adequado às minhas inclinações; ainda assim, eu não era feliz. Eu não conseguia saber o porquê, e não podia imaginar qual a razão. A razão certamente era a de que eu não conhecia a Deus; a fonte da felicidade presente e eterna. O que é uma prova clara de que eu não era, então, feliz; é que, mediante a mais tranqüila reflexão, eu não soube de uma semana em que eu tivesse pensado que teria valido a pena ter vivido aquela vida novamente; mesmo com todos os estímulos interiores e exteriores, sem qualquer alteração, afinal.
3. Mas um homem devoto afirmar que, 'Quando eu era jovem, eu era feliz; embora eu estivesse completamente sem Deus no mundo'. Eu não acredito em você; embora eu não duvide que você acredite em si mesmo. Mas você está enganado, assim como eu estive sempre e sempre. Tal é a condição da vida humana!
A fragrância das mais delicadas flores e murtas parece exalar:
Tudo está à uma distância justa; mas ao alcance da mão.
A alegria enganosa zomba dos olhos desejosos,
com espinhos, e charneca árida, e areia estéril.
Olhe adiante para alguma paisagem distante: Quão bela ela lhe parece! Chegue mais perto; e a beleza desaparece, e ela se torna rude e desagradável. Assim é a vida. Quando a cena acaba, ela reassume sua aparência anterior; e nós acreditamos seriamente que nós éramos, então, muito felizes, embora, na realidade, fosse muito ao contrário. Porque, como ninguém é agora, então, ninguém foi antes, sem o conhecimento do verdadeiro Deus.
4. Nós podemos aprender disto, Em Segundo Lugar, que este conhecimento feliz do verdadeiro Deus, não é apenas outro nome para a religião; eu quero dizer, a religião cristã; que, de fato, é apenas uma que merece o nome. Religião, como a natureza ou essência dela, não se situa nesta ou naquela série de noções, vulgarmente chamadas de fé; nem em uma série de deveres, mesmo que cuidadosamente reformados de erros e superstição. Ela não consiste em algum número de ações exteriores. Não: Ela necessariamente e diretamente consiste no conhecimento e amor de Deus, como manifestado no Filho de seu amor, através do Espírito eterno. E isto conduz a todo temperamento divino, e a toda boa palavra e obra.
5. Nós aprendemos disto, em Terceiro Lugar, que ninguém, a não ser um cristão é feliz; ninguém, a não ser o real cristão interior. Um glutão, um bêbado, um jogador podem ser alegres; mas eles não podem ser felizes. O galanteador, e a bela podem comer, beber, e jogar; mas ainda assim, eles perceberão que não são felizes. Homens e mulheres podem adornar seus entes queridos, com todas as cores do arco-íris. Eles podem dançar, cantar, e correrem de um lado para outro, e agitarem-se para lá e para cá. Eles podem rolar para cima e para baixo, em suas esplêndidas carruagens, e falarem monotonamente uns com os outros. Eles podem correr de uma diversão à outra: Mas a felicidade não estará lá. Eles ainda estarão 'caminhando em sombra vã, e inquietando-se em vão'. Um de seus próprios poetas tem verdadeiramente expressado, concernente a toda a vida desses filhos do prazer: 'Esta é uma estúpida farsa, um show vazio: Empoado, e opulento, e janota'.
Eu não posso deixar de observar que aquele sutil escritor chegou perto do ponto, mas, ainda assim, ele logrou alcançá-lo. Em seu 'Salomão' (um dos mais notáveis poemas na Língua Inglesa), ele claramente mostra onde a felicidade não está, ou seja, que ela não e encontrada no conhecimento natural, no poder, ou nos prazeres dos sentidos, ou imaginação. Mas ele não mostra onde ela pode ser encontrada. Ele não poderia; uma vez que ele não conhece a si mesmo. Ainda assim, ele chega perto, quando diz: Restaura, Grande Pai, teu filho instruído; e no meu agir, possa Tua grande vontade ser feita!'.
6. Nós aprendemos disto, Em Quarto Lugar, que todo cristão é feliz; e que, se ele não é feliz, então, ele não é cristão. Se, como foi observado acima, a religião é felicidade, cada um que a tenha deve ser feliz. Isto aparece da mesma natureza da coisa: Porque, se a religião e a felicidade são, de fato, a mesma coisa. É impossível que algum homem possa possuir a primeira, sem possuir a segunda também. Ele não pode ter religião, sem ter felicidade; vendo que elas são extremamente inseparáveis.
E é igualmente certo, por outro lado, que aquele que não é feliz não é um cristão; uma vez que, se ele fosse um verdadeiro cristão, ele não poderia deixar de ser feliz. Mas eu admito que existe uma exceção aqui, em favor daqueles que estão sob violenta tentação; sim, e daqueles que estão debaixo de enfermidades nervosas, que são, na verdade, espécies de insanidade. As nuvens da escuridão que, então, domina a alma, adia sua felicidade; especialmente, se é permitido a satanás circundar essas enfermidades, despejando seus dardos flamejantes. Mas, excetuando esses casos, a observação será sustentada, e poderá ser aplicada: quem quer que não seja feliz; sim, feliz em Deus, não é um cristão.
7. Você não é uma prova viva disto? Você não vagueia de um lado para outro, buscando descanso, sem encontrar algum? – indo ao encalço da felicidade, mas nunca se apossando dela? E quem pode culpar você por perseguí-la? Esta é a própria finalidade de sua existência. O grande Criador não criou coisa alguma para ser miserável, mas cada criatura para ser feliz em sua espécie. E numa revisão geral das obras de suas mãos, Ele afirmou que tudo estava muito bom; o que não teria sido, não tivesse toda criatura inteligente; sim, cada uma capaz de prazer e dor, respondido à finalidade da sua criação. Se você está infeliz agora, é porque você não está em seu estado natural: e você não deveria desejar muito pela libertação disto? 'Toda a criação', estando agora, 'sujeita à vaidade', 'geme e se angustia na dor'. Eu culpo apenas você, ou, antes, lamento, que você tenha tomado o caminho errado para esta finalidade correta; por buscar a felicidade, onde ela não nunca esteve, e nunca poderá ser encontrada. Você busca felicidade em seus companheiros, em vez de em seu Criador. Mas esses não podem fazer de você imortal. Se você tem ouvidos para ouvir, ouça cada criatura gritar bem alto: 'A felicidade não está em mim'. Todos esses são, na verdade, 'cisternas quebradas, que não podem reter a água'. Ó, volte para seu descanso! Volte para Ele, em quem estão escondidos os tesouros da felicidade! Volte para Ele 'que dá liberalmente a todos os homens', e Ele lhe dará 'de beber da água da vida livremente'.
8. Você não poderá encontrar sua felicidade, tanto buscada, em todos os prazeres do mundo. Eles não são 'enganosos em seus valores?'. Eles não são nada menos do que a própria vaidade? Por quanto tempo, você irá se 'alimenta do que não é pão?' – com o que pode entreter, mas não pode satisfazer? Você não pode encontrá-la na religião do mundo; quer nas opiniões, ou em uma mera esfera de obrigações exteriores. Trabalho vão! Deus não é um espírito, e por este motivo, deve ser 'adorado em espírito e em verdade?'. Nisto somente, você pode encontrar a felicidade que busca; na união de seu espírito com o do Pai dos espíritos; no conhecimento e amor Dele, que é a fonte da felicidade, suficiente para todas as almas que Ele criou.
9. Mas onde Ele poderá ser encontrado? Nós devemos ir até os céus, ou descer até o inferno, para buscá-Lo? Nós devemos 'pegar as asas da manhã', e procurar por Ele, 'nas partes mais remotas do mar?'. Não, quod petis, hic est! Que estranha palavra saiu da pena de um pagão! 'O que você busca está aqui!'. Ele está 'em redor da sua cama'. Ele está 'em redor do seu caminho'. Ele 'o envolve por todos os lados'. Ele 'coloca as mãos Dele sobre você'. Veja! Deus está aqui! Não está longe! Agora creia e O sinta por perto! Ele pode agora se revelar em seu coração! Conheça-O! Ame-O, e você sera feliz!
10. Você já está feliz Nele? Então, veja que você 'segure firme o que você já conseguiu!'. 'Vigie e ore', para que você nunca se 'afaste de sua firmeza'. 'Vigie a si próprio, para que não perca o que ganhou, mas receba uma recompensa completa'. Em assim fazendo, espere um crescimento contínuo na graça, no conhecimento amoroso de nosso Senhor Jesus Cristo. Espere que o poder do Altíssimo possa, de repente, ofuscar você, para que todos os pecados possam ser destruídos, e nada possa permanecer em seu coração, mas a santidade junto ao Senhor. E neste momento, e em todos os momentos, 'apresente-se como um sacrifício vivo, santo, e aceitável para Deus', e 'glorifique a ele com seu corpo, e com seu espírito que são de Deus!'.
As Marcas do Novo Nascimento
"O vento assopra onde quer; e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem; nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito". (João 3:8)
1. Assim é todo aquele que é "nascido do Espírito", - isto é, nascido novamente, -- nascido de Deus? O que significa nascer novamente, ou nascer do Espírito? O que implica em se ser filho, ou uma criança de Deus, ou se ter o Espírito de adoção? Nós sabemos, que esses privilégios, pela misericórdia livre de Deus, são comumente anexos ao batismo (e que, por esta razão, é denominado por nosso Senhor, no verso precedente, aquele que é "nascido da água e do Espírito"); mas nós saberíamos quais são esses privilégios: O que é, afinal, o novo nascimento?
2. Talvez, não seja necessário dar uma definição disso, já que as Escrituras dão nenhuma. Mas, como a questão é da mais profunda relevância para o filho do homem; desde que, "se o homem não nascer novamente", nascer do Espírito, "ele não poderá ver o reino de Deus"; eu proponho declarar as marcas de uma maneira mais clara, exatamente, como eu as encontro nas Escrituras.
I.
1. A Primeira delas, e o alicerce de todas as restantes é a Fé. Assim diz Paulo: "Porque todos vós sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus" (Gal. 3:26). E, assim diz João: "Para eles, deu ele poder" (exousian, right or privilege, deveria ser traduzido melhor) "para se tornarem filhos de Deus, mesmo para eles que crêem em seu nome; os quais foram nascidos", quando eles acreditaram, "não do sangue, nem da vontade da carne", nem por uma geração natural, "nem da vontade do homem", como aquelas crianças adotadas pelos homens, em quem, nenhuma mudança interior, por meio disso, é forjada, "mas de Deus", (João 1:12-13). E, novamente, em sua Epístola Geral, (I João 5:1) "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus, e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido".
2. Mas, não é, tão somente, uma fé visionária ou especulativa, que aqui é falada pelos Apóstolos. Não é apenas a aquiescência dessa proposição, Jesus é o Cristo; nem, de fato, todas as proposições contidas em nosso credo, ou no Velho ou Novo Testamento. Não é meramente uma aquiescência de alguma, ou de todas essas coisas críveis, como críveis. Dizer isso era dizer, (o qual, quem poderia ouvir?) que o diabo nasceu de Deus; que ele tem essa fé. Ele, tremente, acredita, que Jesus é o Cristo, e que toda as Escrituras, tendo sido dadas, por inspiração de Deus, são verdadeiras, como Deus é verdadeiro. Não é apenas uma aquiescência da verdade divina, em cima do testemunho de Deus, ou em cima das evidências de milagres; porque ele também ouviu as palavras de sua boca, e soube que Ele era o testemunho fiel e verdadeiro. Ele não pôde receber o testemunho que Ele deu, por Ele próprio, ou do Pai que o enviou. Ele viu igualmente as poderosas obras que Cristo fez, e, por isso, acreditou que ele "veio de Deus". Ainda assim, não obstante, essa fé, ele ainda está "preso aos grilhões da escuridão, até o julgamento do grande dia".
3. Porque tudo isso não é mais do que uma fé morta. A fé cristã verdadeira e viva, a qual, quem tem, é nascido de Deus, não é apenas uma aquiescência, um ato de entendimento; mas uma capacidade, que Deus tem forjado em nossos corações; "é a certeza em Deus de que seus pecados estão perdoados, através dos méritos de Cristo, e você está reconciliado para o favor de Deus". Isso implica que um homem, primeiro, tem que renunciar a si mesmo; para que seja "edificado em Cristo"; e, para que seja aceito, por meio dele, ele rejeita completamente toda a "convicção da carne"; e, "tendo nada a pagar", não tendo confiado em suas próprias obras, ou retidão de alguma espécie, ele vem até Deus, como um pecador perdido, miserável; assolando a si mesmo, condenando a si mesmo, incompleto, impotente; como alguém cuja boca foi terminantemente calada, e que está completamente "culpado diante de Deus". De tal senso de pecado (comumente chamado desespero, por aqueles que falam mal das coisas que eles não conhecem), da convicção plena, como nenhuma palavra pode expressar, de que apenas de Cristo vem a salvação, e do sincero desejo dessa salvação, deve proceder a fé viva, a confiança Nele, que, através de sua morte, pagou nosso resgate, e cumpriu a lei, em sua própria vida. Essa fé, por meio da qual somos nascidos de Deus, não é "apenas a crença em todos os artigos da nossa fé, mas também a confiança verdadeira da misericórdia de Deus, por meio de nosso Senhor, Jesus Cristo".
4. O fruto imediato e constante dessa fé, pela qual somos nascidos de Deus, e do qual não podemos, de modo algum, ser separados; não, nem por uma hora, é o poder sobre o pecado; -- poder sobre o pecado exterior, de toda a espécie; sobre as palavras e obras más; porque, onde quer que o sangue de Cristo seja assim aplicado, ele "purga a consciência das obras mortas"; -- e sobre o pecado interior; porque ele purifica o coração de todo desejo e temperamento iníquo. Esse fruto da fé, Paulo descreve amplamente, em seu sexto capítulo, de sua Epístola aos Romanos: "Como podemos nós", diz ele, "dizer que aquele, que, pela fé, está morto para o pecado, viva ainda algum tempo nele?". "Que, nosso velho homem estando crucificado com Cristo, o corpo do pecado estaria destruído, e que, dali em diante, não deveríamos servir mais ao pecado". – "Do mesmo modo, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus, através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Não permitam, daí, em diante, que o pecado reine", mesmo "em seus corpos mortais". "Porque o pecado não tem mais domínio sobre vocês". Deus estará agradecido, que vocês, que eram servos no pecado, agora, sendo livres dele, tornem-se servos da retidão.
5. O mesmo privilégio inestimável dos filhos de Deus, é afirmado por João; particularmente, com respeito ao ramo anterior, isto é, o poder sobre o pecado externo. Depois de ter clamado, como alguém atônico, diante das profundezas da bondade de Deus: "Observe, que tipo de amor Deus tem outorgado sobre nós, para que possamos ser chamados de Filhos de Deus! Observe que, agora, somos os filhos de Deus: Mas ainda não aparece o que nós devemos ser; no entanto, nós sabemos que, quando ele aparecer, nós devemos ser como ele; porque assim como é, o veremos" (I João 3:1). Mas alguns homens irão dizer: "Verdade: Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado habitualmente". Habitualmente! De onde vem isso? Eu não li a respeito. Isso não está escrito no Livro. Deus diz claramente: "Ele não comete pecado"; e tu acrescentas, habitualmente! Quem tu pensas que és, para retificares as palavras de Deus? Para que "acrescentes às palavras desse livro?" Toma cuidado, eu imploro a ti, para que Deus não "acrescente" a ti todos os flagelos que estão escritos nele! Especialmente, quando o comentário que tu acrescentas é tal, que desdiz completamente o texto: De maneira que, por meio desse método ardiloso de engodo, as promessas preciosas estão terminantemente perdidas; por meio desse ardil e subterfúgio de homens, a palavra de Deus é feita sem efeito algum. Toma cuidado, tu que, assim, tiras das palavras deste livro; que, removendo o significado e espírito inteiro delas, leves somente o que pode ser, realmente, denominado letra morta, para que Deus não remova tua parte do livro da vida!
6. Mas vamos deixar que o Apóstolo interprete suas próprias palavras, pelo teor total de seu discurso. No quinto verso, deste capítulo, ele diz: "E bem sabeis que ele", Cristo, "se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado". Qual é a inferência que ele esboça disso? (I João 3:6) "Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu e nem o conhece". Para seu reforço nessa doutrina importante, ele estabelece como premissa uma precaução altamente necessária: "Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo" (verso7); porque muitos se esforçarão para persuadir você, de que pode ser injusto que você possa cometer pecado, e, ainda assim, ser filho de Deus! "Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo. Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca, desde o princípio". Então, segue, "Quem quer que nasça de Deus, não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar; porque é nascido de Deus. Nisso", acrescenta o Apóstolo, "são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo". Por essa marca clara (cometendo ou não cometendo pecado), é que eles são distinguidos uns dos outros. Para o mesmo efeito são as palavras em: (I João 5:18) "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado, conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca".
7. Um outro fruto dessa fé viva é a paz. Porque, "sendo justificados, pela fé"; tendo todos nossos pecados apagados, "nós temos paz com Deus, através de nosso Senhor, Jesus Cristo". (Romanos 5:1). Isso, realmente, o próprio nosso Senhor, uma noite antes de sua morte, solenemente, legou em herança, para todos seus seguidores: (João 14:27) "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize". E Novamente: (João 16:33) "Tenho vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo!". Essa é aquela "paz de Deus que excede a todo entendimento"; aquela serenidade da alma, a qual não é concebida no coração do homem natural, e não é possível, até mesmo, o homem espiritual proferir. E é a paz, que nem mesmo todos os poderes da terra e do inferno são capazes de tirar dele. Ondas e tempestades agitam-se sobre ela, mas não a estremecem; porque ela está fincada na rocha. Ela permanece, nos corações e mentes dos filhos de Deus, todo o tempo, e em todos os lugares. Mesmo que eles estejam na comodidade ou na dor; na doença ou na saúde; na abundância ou na privação, eles estão felizes em Deus. Em todas as ocasiões, eles aprenderam a estar satisfeitos; sim, dando graças a Deus, através de Cristo Jesus; estando seguro de que "o que quer que aconteça, é o melhor", porque é concernente à vontade Dele. De modo que, em todas as vicissitudes da vida seus corações "resistem, acreditando no Senhor".
II.
1. A Segunda marca espiritual daqueles que são nascidos de Deus, é a esperança. Assim diz Pedro, falando a todos os filhos de Deus que estavam, então, espalhados: (I Pedro 1:3) "Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos". A esperança vívida ou viva, diz o Apóstolo; porque há também a esperança morta: a esperança que não é de Deus, mas do inimigo de Deus e homem; como, evidentemente, aparece por seus frutos; porque, assim como é o fruto do orgulho, também é o pai de toda palavra e obra má; visto que todo homem que nele tem essa paz viva, é "santo como Ele que o chamou é santo": Todo homem que verdadeiramente disser para seu irmão em Cristo: "Amado, agora nós somos filhos de Deus, e podemos vê-lo como ele é", "purificou-se, assim como Ele é puro".
2. Essa esperança implica, Primeiro, no testemunho de nosso próprio espírito ou consciência, de que nós caminhamos "em simplicidade e sinceridade divina", Segundo, no testemunho do Espírito de Deus, "testemunhando com", ou para "nosso espírito, que nós somos os filhos de Deus", "e, se filhos, então seus herdeiros; herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo".
3. Vamos observar bem o que nos é aqui ensinado por Deus, no tocante a esse privilégio glorioso de seus filhos: De quem se trata a testemunha, de que se fala aqui? Não é do nosso espírito, mas de um outro: do Espírito de Deus: É Ele quem "testemunha, com nosso espírito". E o que ele testemunha? "Que nós somos filhos de Deus", "e, se filhos, então, herdeiros; herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo", conforme (Romanos 8:16-17). "Assim sendo, se nós sofremos com ele; se nós negamos a nós mesmos; se nós tomamos nossa cruz diariamente; se nós suportamos, alegremente, perseguição ou reprovação, por causa do seu nome, é para que possamos ser glorificados juntos". Mas, em quem, o Espírito de Deus dá testemunho? Em todos os filhos de Deus. Por esse mesmo argumento, o Apóstolo prova, nos versos precedentes: "tantos", diz ele, "quantos são conduzidos pelo Espírito de Deus, estes são os filhos de Deus". "Porque você não recebeu o espírito da escravidão, novamente, para temer; mas você recebeu o Espírito de Adoção, por meio do qual clamamos, Aba, Pai!". E segue em: (Romanos 8:14-16) "O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus".
4. A variação da frase, no décimo-quinto verso, merece nossa observação: "Porque não recebeste o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual chamamos, aba, Pai". Sim, como os muitos que são filhos de Deus, têm recebido, na condição de filhos adotados, o mesmo Espírito de Adoção, por meio do qual, nós clamamos, Aba, Pai: Nós, os Apóstolos, Profetas, Professores (para que a palavra não seja impropriamente entendida), nós, através de quem você tem acreditado, os "ministros de Cristo, e administradores dos mistérios de Deus". Como nós e você temos um só Senhor, assim, um só Espírito: Como nós temos uma fé única, então, uma esperança única, também. Nós e você somos selados com o "Espírito único da promessa", a garantia de sua e da nossa herança: O mesmo Espírito sendo testemunha, com seu e nosso espírito, "que nós somos os filhos de Deus".
5. E, assim, as Escrituras são cumpridas, "Abençoados são aqueles que murmuram, porque eles serão confortados". Porque é fácil acreditar que, embora aflições precedam esse testemunho de Deus com nosso espírito; (de fato, devem, em algum grau, enquanto nós gememos, debaixo do medo e do senso da ira de Deus, permanecendo em nós); ainda assim, tão logo, algum homem o sente, em si mesmo, "sua aflição transforma-se em alegria". O que quer que sua dor tenha sido; ainda assim, tão logo, aquela "hora chega, ele se lembra de não se angustiar mais, porque se alegra" de ser nascido de Deus. Pode ser que muitos de vocês tenham agora tristeza, porque vocês estão "alienados da comunidade de Israel"; porque vocês estão cônscios de que vocês não têm esse Espírito; de que vocês estão "sem esperança, e sem Deus no mundo". Mas, quando o Confortador vier, "então, seus corações se regozijarão"; sim, "a alegria de vocês será completa", e "essa alegria nenhum homem poderá tirar de vocês". (João 16:22) "Assim também vós, agora, na verdade, tendes tristeza; mais outra vez vos verei, e o vosso coração e alegrará, e a vossa alegria, ninguém vo-la tirará". "Nós nos alegramos em Deus", podemos, sim, dizer, "através de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem nós temos agora recebido a reparação"; "por meio de quem temos, agora, acesso a essa graça", esse estado de graça, do favor ou reconciliação com Deus, "por meio da qual nós permanecemos, e nos regozijamos na esperança da glória de Deus". (Romanos 5:2) "Pelo qual também temos entrada pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus". "Sim", diz Pedro, aqueles que Deus tem "criado novamente, na esperança viva, são mantidos pelo poder de Deus na salvação: Por meio da qual vocês se regozijam, grandemente, embora agora para o momento, possa ser que vocês estejam em aflição, através das tentações múltiplas; que a experimentação da fé de vocês possa ser encontrada na oração, e honra, e glória, no aparecimento de Jesus Cristo: em quem, embora vocês não vejam, ainda assim, regozijam-se com inexprimível alegria e glória completa". (Pedro 1:5-8) "Que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo, em que vós, grandemente, vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejas por um pouco constritados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrará com gozo inefável e glorioso". Inexprimível, realmente! Não é para a língua do homem descrever essa alegria no Espírito Santo. Ela está "escondida no maná, que nenhum homem conhece; salvo aquele que o recebeu". Mas isso nós sabemos, não apenas permanece, mas transborda, nas profundezas da aflição. "Será que quando todo o conforto terreno falhar, as consolações de Deus serão pequenas?". De modo algum! Quando os sofrimentos abundarem, as consolações de seu Espírito serão ainda mais abundantes; de tal maneira que os filhos de Deus "rirão diante da destruição, quando ela vier". Diante da necessidade, do inferno, e da ameaça; sabendo que Ele que "tem a chave da morte e inferno", e que irá, brevemente, "lançá-los no abismo insondável"; ouvindo, mesmo agora, sua voz, vinda dos céus, dizendo, em (Apocalipse 21:3,4) "E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas".
III.
1. A Terceira marca bíblica daqueles que são nascidos de Deus, e a maior de todas é o amor; como em (Romanos 5:5) "E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado no coração deles, pelo Espírito Santo que lhes foi dado". E, em (Gal. 4:6) "Porque eles são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho, em seus corações, clamando, Aba, Pai". Por esse Espírito, olhando, continuamente, para Deus, como o Pai reconciliador e amável, eles clamam a ele pelo seu pão diário, e todas as coisas necessárias; seja para suas almas ou corpos. Eles, continuamente, despejam o coração deles, diante de Deus, sabendo (I João 5:15) "que ele os ouve em tudo o que pedem; sabendo que alcançam as petições que lhe fazem". O prazer deles está em Deus. Ele é a alegria em seus corações; "escudo" e "grande galardão" deles. O desejo de suas almas é em direção a ele; "carne e bebida para fazer sua vontade"; e (Salmos 63:5) eles estão "satisfeitos como com tutano e gordura, enquanto as suas bocas louvam com alegres lábios".
2. E, nesse sentido, também, (I João 5:1) "todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido". Seu espírito regozija-se em Deus, seu Salvador. Ele "ama o Senhor Jesus Cristo com sinceridade". Ele está, então, "junto com o Senhor", como sendo um só espírito. Sua alma prende-se à dele, e O escolhe, como, completamente, adorável, o principal entre dez mil. Ele sabe e sente o que isso significa: (Cantares 2:16) "O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios". E (Salmos 45:2) "Tu és mais formoso do que os filho dos homens; a graça se derramou em teus lábios; por isso, Deus te abençoou para sempre".
3. O fruto necessário desse amor de Deus é o amor ao próximo; de todas as almas que Deus tenha feito; sem excluir nossos inimigos; sem excluir aqueles que estão, agora, "despeitosamente usando e nos perseguindo"; um amor, por meio do qual, nós amamos todos os homens, como a nós mesmos; como amamos nossas próprias almas. Não somente isto, mas também, nosso Senhor expressou isso, ainda mais fortemente, nos ensinando a "amar o outro, como Ele nos amou". Assim sendo, o mandamento escrito nos corações de todos aqueles que amam a Deus, é nenhum outro do que esse: "Como eu tenho amado você, então, ame a seu próximo". Agora em (I João 3:16) "observamos o amor de Deus, em qual ele deu a sua vida por nós, e que nós devemos", então, como o Apóstolo, justamente, infere "dar a nossa vida pelos irmãos". Se nós nos sentimos prontos para fazer isso, então, nós, verdadeiramente, amamos o próximo. Então, (I João 3:14) "nós sabemos o que passamos da morte para a vida, porque amamos", assim, "os irmãos". E, (I João 4:13) "Nisso, conhecemos" que nós somos nascidos de Deus, que "habitamos nele, e ele em nós, porque ele nos deu de seu" amável "Espírito". Porque (I João 4:7) "o amor é de Deus; e todo aquele que", assim, "ama, é nascido de Deus, e conhece a Deus".
4. Mas alguns podem possivelmente perguntar: Mas o Apóstolo não diz que "Esse é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos?" (I João 5:3). Sim. E, esse é o amor ao nosso próximo também, no mesmo sentido como é o amor de Deus. Mas o que você pode deduzir disso? Que manter os mandamentos externos é tudo o que está implícito, em amar a Deus, com todo seu coração, com toda sua mente, e alma, e forças, e em amar seu próximo como a si mesmo? Que o amor de Deus não é uma afeição da alma, mas, meramente uma tarefa exterior? E que o amor ao nosso próximo não é uma disposição do coração, mas, meramente, o curso das obras exteriores? Para mencionar uma interpretação, tão grosseira, das palavras do Apóstolo, é confutá-lo suficientemente. O significado claro e incontestável do texto é que esse é o sinal ou a prova do amor de Deus, de que devemos manter o primeiro e grande mandamento, para podermos manter todo o restante deles. Porque o amor verdadeiro, uma vez, esparramado, em nossos corações, irá nos constranger a procedermos dessa forma; já que, quem quer que ame a Deus, com todo seu coração, não pode deixar de servi-lo com todas as suas forças.
5. O Segundo fruto, então, do amor de Deus (tanto quanto ele pode ser distinguido disso), é a obediência universal a ele que amamos, e em conformidade com sua vontade; obediência a todos os mandos de Deus, interno e externo; obediência do coração e da vida; em todo temperamento, e em toda forma de conversação. E um dos temperamentos, que mais, obviamente, implica nisso é ser "zeloso das boas obras"; fazer o bem ao faminto e sedento de todas as maneira possíveis, a todos os homens; o regozijar-se em "dar e se dar a eles", por todo filho do homem; não buscando recompensa no mundo, mas apenas na ressurreição do justo.
IV.
1. Dessa forma, eu coloquei claramente aquelas marcas do novo nascimento, como eu as encontrei nas Escrituras. Assim, o próprio Deus responde aquela questão importante: O que significa ser nascido de Deus? Tal que, se o apelo for feito aos profetas de Deus, é respondido: "todo aquele que é nascido do Espírito". Isto é, no julgamento do Espírito de Deus, para que seja filho ou criança de Deus: É, então, acreditar em Deus, através de Cristo, já que "não comete pecado", e se alegra todo o tempo, e em todas os lugares, com aquela "paz de Deus, o qual excede todo entendimento". É, então, esperar em Deus, através do Filho de seu amor, já que tem, não apenas, o "testemunho da consciência boa", mas também, do Espírito de Deus, "sendo testemunha com seu próprio espírito de que você é filho de Deus"; por esse motivo, não pode deixar de brotar a alegria Nele, através de quem você "recebeu a redenção". É, então, amar a Deus, que tem, assim, amado você, como você nunca amou alguma outra criatura. De modo que você é constrangido a amar todos os homens como a si mesmo; com um amor que não apenas queima em seu coração, mas arde em todas as suas ações e conversas, fazendo com que toda a sua vida seja uma "tarefa de amor", na obediência contínua desses mandamentos: "seja misericordioso, como Deus é misericordioso"; "seja santo, como eu, o Senhor, sou santo"; "seja perfeito, como seu Pai, que está nos céus, é perfeito".
2. Quem, então, são vocês que são, assim, nascidos de Deus? Vocês "conhecem as coisas que são dadas a vocês de Deus". Vocês conhecem bem que são os filhos de Deus, e "podem assegurar seus corações diante dele". E cada um de vocês, que tem observado essas palavras, não pode deixar de sentir, e conhecer da verdade, se, nesse momento (responda a Deus, e não ao homem!), você é assim um filho de Deus, ou não. A questão não é, o que você foi feito no batismo; (sem usar sofisma); mas, o que você é agora? O Espírito de adoção está em seu coração? Ao seu próprio coração esse apelo deve ser feito. Eu não pergunto, se você era nascido da água e do Espírito; mas se você é agora o templo do Espírito Santo que habita você? Eu reconheço que você esteja "circuncidado com a circuncisão de Cristo"; (como Paulo enfaticamente denomina o batismo); mas o Espírito de Cristo da glória agora descansam sobre você? Ou "sua circuncisão transformou-se em incircuncisão?".
3. Não diga, então, em seu coração: "Eu estive, uma vez, batizado, entretanto, eu sou agora um filho de Deus". Ai de mim, esta conseqüência, de modo algum, será mantida. Quantos são os que são batizados, glutões, e beberrões; os que são batizados, mentirosos e praguejadores; os que são batizados, caluniadores e maledicentes; os batizados, devassos, ladrões, e extorsores? O que vocês pensam? Esses são agora filhos de Deus? Verdadeiramente, eu digo a vocês, quem quer que vocês sejam, aos quais algumas dessas características precedentes pertencem: "Vocês são como o pai de vocês, o diabo, e as obras que seu pai, vocês fazem". A vocês, eu clamo, em nome Dele, a quem vocês têm novamente crucificado, e em suas palavras, para seus predecessores circuncidados: "Vocês raça de víboras, como pretendem escapar da condenação do inferno?".
4. Como de fato, exceto se vocês forem nascidos de novo! Já que vocês estão agora mortos nas transgressões e pecados, vocês não podem nascer de novo; não existe um novo nascimento, mas, no batismo, vocês são selados, debaixo da condenação, para consigná-los ao inferno, sem ajuda, sem esperança. Talvez, alguns possam pensar que isso seja justo e certo. No zelo deles para com o Senhor dos hospedeiros, vocês podem dizer: "Sim, destruam os pecadores, os Amalecitas! Deixe esses Gibeonitas serem completamente destruídos! Eles não merecem menos!". Não; nem eu, nem você. Meu e seu deserto, assim como o deles, é o inferno; e isso é meramente misericórdia, liberdade; desmerecida misericórdia é que nós não estejamos agora no fogo inextinguível. Vocês podem dizer: "Mas nós somos lavados"; nós fomos nascidos novamente "da água e do Espírito". Dessa mesma forma, eram eles: Isso, entretanto, não quer dizer nada, afinal, mas que vocês podem ser agora mesmo como eles. Vocês não sabem que "quem é o mais altamente estimado dos homens é abominação para Deus?" Venham adiante, "santos do mundo", vocês que são homens honrados, e vejam quem irá atirar a primeira pedra neles, nesses miseráveis não adequados para viver sobre a terra; nessas prostitutas, adúlteros, e assassinos comuns. Mas, aprendam, primeiro, o que isto significa em: (I João 3:15) "Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna". Em (Mateus 5:28) "Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela". Em (Tiago 4:4) "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus".
5. "Verdadeiramente, verdadeiramente, eu digo a vocês, que vocês", também, "devem nascer novamente". "A menos que vocês", também, "nasçam novamente, não verão o reino de Deus". Não confie mais no apoio de pessoas que não se deve confiar, que vocês foram nascidos novamente no batismo. Quem pode negar que vocês foram feitos filhos de Deus e, então, herdeiros do reino dos céus? Mas, não obstante isso, vocês são agora filhos do diabo. Conseqüentemente, vocês devem nascer de novo. E não permitam que Satanás coloque, em seus corações, contestar a palavra, quando ela é clara. Vocês ouviram quais são as marcas dos filhos de Deus: Todos vocês que não a têm em suas almas, batizados ou não, precisam recebê-las, ou, sem dúvida, irão perecer eternamente. E, se vocês foram batizados, vocês apenas devem esperar isso: que aqueles que foram feitos filhos de Deus pelo batismo, mas que agora são filhos do diabo, possam novamente receber o "poder de se tornar filhos de Deus"; que eles possam receber novamente o que eles perderam, o mesmo "Espírito de adoção, clamando em seus corações, Aba, Pai!" Amém, Senhor Jesus! Possa cada um que preparou seu coração novamente buscar a tua face, e receber novamente aquele "Espírito de adoção", e clamar alto: "Aba, Pai!". Permita que ele agora novamente tenha o poder, então, de acreditar em teu nome, para que se torne filho de Deus; para saber e sentir que ele tem "a redenção em teu sangue; e, até mesmo o perdão dos pecados"; e que ele "não pode cometer pecado, porque ele é nascido de Deus". Permita que ele agora seja "recriado na esperança viva", de modo a "purificar a si mesmo como tu és puro!", e "porque ele é filho", deixe o Espírito do amor e da glória descansar sobre ele, limpando-o "de toda impureza da carne e espírito", e ensinando-o a "aperfeiçoar a santidade, no temor de Deus!".
1. Assim é todo aquele que é "nascido do Espírito", - isto é, nascido novamente, -- nascido de Deus? O que significa nascer novamente, ou nascer do Espírito? O que implica em se ser filho, ou uma criança de Deus, ou se ter o Espírito de adoção? Nós sabemos, que esses privilégios, pela misericórdia livre de Deus, são comumente anexos ao batismo (e que, por esta razão, é denominado por nosso Senhor, no verso precedente, aquele que é "nascido da água e do Espírito"); mas nós saberíamos quais são esses privilégios: O que é, afinal, o novo nascimento?
2. Talvez, não seja necessário dar uma definição disso, já que as Escrituras dão nenhuma. Mas, como a questão é da mais profunda relevância para o filho do homem; desde que, "se o homem não nascer novamente", nascer do Espírito, "ele não poderá ver o reino de Deus"; eu proponho declarar as marcas de uma maneira mais clara, exatamente, como eu as encontro nas Escrituras.
I.
1. A Primeira delas, e o alicerce de todas as restantes é a Fé. Assim diz Paulo: "Porque todos vós sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus" (Gal. 3:26). E, assim diz João: "Para eles, deu ele poder" (exousian, right or privilege, deveria ser traduzido melhor) "para se tornarem filhos de Deus, mesmo para eles que crêem em seu nome; os quais foram nascidos", quando eles acreditaram, "não do sangue, nem da vontade da carne", nem por uma geração natural, "nem da vontade do homem", como aquelas crianças adotadas pelos homens, em quem, nenhuma mudança interior, por meio disso, é forjada, "mas de Deus", (João 1:12-13). E, novamente, em sua Epístola Geral, (I João 5:1) "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus, e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido".
2. Mas, não é, tão somente, uma fé visionária ou especulativa, que aqui é falada pelos Apóstolos. Não é apenas a aquiescência dessa proposição, Jesus é o Cristo; nem, de fato, todas as proposições contidas em nosso credo, ou no Velho ou Novo Testamento. Não é meramente uma aquiescência de alguma, ou de todas essas coisas críveis, como críveis. Dizer isso era dizer, (o qual, quem poderia ouvir?) que o diabo nasceu de Deus; que ele tem essa fé. Ele, tremente, acredita, que Jesus é o Cristo, e que toda as Escrituras, tendo sido dadas, por inspiração de Deus, são verdadeiras, como Deus é verdadeiro. Não é apenas uma aquiescência da verdade divina, em cima do testemunho de Deus, ou em cima das evidências de milagres; porque ele também ouviu as palavras de sua boca, e soube que Ele era o testemunho fiel e verdadeiro. Ele não pôde receber o testemunho que Ele deu, por Ele próprio, ou do Pai que o enviou. Ele viu igualmente as poderosas obras que Cristo fez, e, por isso, acreditou que ele "veio de Deus". Ainda assim, não obstante, essa fé, ele ainda está "preso aos grilhões da escuridão, até o julgamento do grande dia".
3. Porque tudo isso não é mais do que uma fé morta. A fé cristã verdadeira e viva, a qual, quem tem, é nascido de Deus, não é apenas uma aquiescência, um ato de entendimento; mas uma capacidade, que Deus tem forjado em nossos corações; "é a certeza em Deus de que seus pecados estão perdoados, através dos méritos de Cristo, e você está reconciliado para o favor de Deus". Isso implica que um homem, primeiro, tem que renunciar a si mesmo; para que seja "edificado em Cristo"; e, para que seja aceito, por meio dele, ele rejeita completamente toda a "convicção da carne"; e, "tendo nada a pagar", não tendo confiado em suas próprias obras, ou retidão de alguma espécie, ele vem até Deus, como um pecador perdido, miserável; assolando a si mesmo, condenando a si mesmo, incompleto, impotente; como alguém cuja boca foi terminantemente calada, e que está completamente "culpado diante de Deus". De tal senso de pecado (comumente chamado desespero, por aqueles que falam mal das coisas que eles não conhecem), da convicção plena, como nenhuma palavra pode expressar, de que apenas de Cristo vem a salvação, e do sincero desejo dessa salvação, deve proceder a fé viva, a confiança Nele, que, através de sua morte, pagou nosso resgate, e cumpriu a lei, em sua própria vida. Essa fé, por meio da qual somos nascidos de Deus, não é "apenas a crença em todos os artigos da nossa fé, mas também a confiança verdadeira da misericórdia de Deus, por meio de nosso Senhor, Jesus Cristo".
4. O fruto imediato e constante dessa fé, pela qual somos nascidos de Deus, e do qual não podemos, de modo algum, ser separados; não, nem por uma hora, é o poder sobre o pecado; -- poder sobre o pecado exterior, de toda a espécie; sobre as palavras e obras más; porque, onde quer que o sangue de Cristo seja assim aplicado, ele "purga a consciência das obras mortas"; -- e sobre o pecado interior; porque ele purifica o coração de todo desejo e temperamento iníquo. Esse fruto da fé, Paulo descreve amplamente, em seu sexto capítulo, de sua Epístola aos Romanos: "Como podemos nós", diz ele, "dizer que aquele, que, pela fé, está morto para o pecado, viva ainda algum tempo nele?". "Que, nosso velho homem estando crucificado com Cristo, o corpo do pecado estaria destruído, e que, dali em diante, não deveríamos servir mais ao pecado". – "Do mesmo modo, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus, através de Jesus Cristo, nosso Senhor. Não permitam, daí, em diante, que o pecado reine", mesmo "em seus corpos mortais". "Porque o pecado não tem mais domínio sobre vocês". Deus estará agradecido, que vocês, que eram servos no pecado, agora, sendo livres dele, tornem-se servos da retidão.
5. O mesmo privilégio inestimável dos filhos de Deus, é afirmado por João; particularmente, com respeito ao ramo anterior, isto é, o poder sobre o pecado externo. Depois de ter clamado, como alguém atônico, diante das profundezas da bondade de Deus: "Observe, que tipo de amor Deus tem outorgado sobre nós, para que possamos ser chamados de Filhos de Deus! Observe que, agora, somos os filhos de Deus: Mas ainda não aparece o que nós devemos ser; no entanto, nós sabemos que, quando ele aparecer, nós devemos ser como ele; porque assim como é, o veremos" (I João 3:1). Mas alguns homens irão dizer: "Verdade: Quem quer que seja nascido de Deus não comete pecado habitualmente". Habitualmente! De onde vem isso? Eu não li a respeito. Isso não está escrito no Livro. Deus diz claramente: "Ele não comete pecado"; e tu acrescentas, habitualmente! Quem tu pensas que és, para retificares as palavras de Deus? Para que "acrescentes às palavras desse livro?" Toma cuidado, eu imploro a ti, para que Deus não "acrescente" a ti todos os flagelos que estão escritos nele! Especialmente, quando o comentário que tu acrescentas é tal, que desdiz completamente o texto: De maneira que, por meio desse método ardiloso de engodo, as promessas preciosas estão terminantemente perdidas; por meio desse ardil e subterfúgio de homens, a palavra de Deus é feita sem efeito algum. Toma cuidado, tu que, assim, tiras das palavras deste livro; que, removendo o significado e espírito inteiro delas, leves somente o que pode ser, realmente, denominado letra morta, para que Deus não remova tua parte do livro da vida!
6. Mas vamos deixar que o Apóstolo interprete suas próprias palavras, pelo teor total de seu discurso. No quinto verso, deste capítulo, ele diz: "E bem sabeis que ele", Cristo, "se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado". Qual é a inferência que ele esboça disso? (I João 3:6) "Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu e nem o conhece". Para seu reforço nessa doutrina importante, ele estabelece como premissa uma precaução altamente necessária: "Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo" (verso7); porque muitos se esforçarão para persuadir você, de que pode ser injusto que você possa cometer pecado, e, ainda assim, ser filho de Deus! "Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo. Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca, desde o princípio". Então, segue, "Quem quer que nasça de Deus, não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar; porque é nascido de Deus. Nisso", acrescenta o Apóstolo, "são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo". Por essa marca clara (cometendo ou não cometendo pecado), é que eles são distinguidos uns dos outros. Para o mesmo efeito são as palavras em: (I João 5:18) "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado, conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca".
7. Um outro fruto dessa fé viva é a paz. Porque, "sendo justificados, pela fé"; tendo todos nossos pecados apagados, "nós temos paz com Deus, através de nosso Senhor, Jesus Cristo". (Romanos 5:1). Isso, realmente, o próprio nosso Senhor, uma noite antes de sua morte, solenemente, legou em herança, para todos seus seguidores: (João 14:27) "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize". E Novamente: (João 16:33) "Tenho vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo!". Essa é aquela "paz de Deus que excede a todo entendimento"; aquela serenidade da alma, a qual não é concebida no coração do homem natural, e não é possível, até mesmo, o homem espiritual proferir. E é a paz, que nem mesmo todos os poderes da terra e do inferno são capazes de tirar dele. Ondas e tempestades agitam-se sobre ela, mas não a estremecem; porque ela está fincada na rocha. Ela permanece, nos corações e mentes dos filhos de Deus, todo o tempo, e em todos os lugares. Mesmo que eles estejam na comodidade ou na dor; na doença ou na saúde; na abundância ou na privação, eles estão felizes em Deus. Em todas as ocasiões, eles aprenderam a estar satisfeitos; sim, dando graças a Deus, através de Cristo Jesus; estando seguro de que "o que quer que aconteça, é o melhor", porque é concernente à vontade Dele. De modo que, em todas as vicissitudes da vida seus corações "resistem, acreditando no Senhor".
II.
1. A Segunda marca espiritual daqueles que são nascidos de Deus, é a esperança. Assim diz Pedro, falando a todos os filhos de Deus que estavam, então, espalhados: (I Pedro 1:3) "Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos". A esperança vívida ou viva, diz o Apóstolo; porque há também a esperança morta: a esperança que não é de Deus, mas do inimigo de Deus e homem; como, evidentemente, aparece por seus frutos; porque, assim como é o fruto do orgulho, também é o pai de toda palavra e obra má; visto que todo homem que nele tem essa paz viva, é "santo como Ele que o chamou é santo": Todo homem que verdadeiramente disser para seu irmão em Cristo: "Amado, agora nós somos filhos de Deus, e podemos vê-lo como ele é", "purificou-se, assim como Ele é puro".
2. Essa esperança implica, Primeiro, no testemunho de nosso próprio espírito ou consciência, de que nós caminhamos "em simplicidade e sinceridade divina", Segundo, no testemunho do Espírito de Deus, "testemunhando com", ou para "nosso espírito, que nós somos os filhos de Deus", "e, se filhos, então seus herdeiros; herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo".
3. Vamos observar bem o que nos é aqui ensinado por Deus, no tocante a esse privilégio glorioso de seus filhos: De quem se trata a testemunha, de que se fala aqui? Não é do nosso espírito, mas de um outro: do Espírito de Deus: É Ele quem "testemunha, com nosso espírito". E o que ele testemunha? "Que nós somos filhos de Deus", "e, se filhos, então, herdeiros; herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo", conforme (Romanos 8:16-17). "Assim sendo, se nós sofremos com ele; se nós negamos a nós mesmos; se nós tomamos nossa cruz diariamente; se nós suportamos, alegremente, perseguição ou reprovação, por causa do seu nome, é para que possamos ser glorificados juntos". Mas, em quem, o Espírito de Deus dá testemunho? Em todos os filhos de Deus. Por esse mesmo argumento, o Apóstolo prova, nos versos precedentes: "tantos", diz ele, "quantos são conduzidos pelo Espírito de Deus, estes são os filhos de Deus". "Porque você não recebeu o espírito da escravidão, novamente, para temer; mas você recebeu o Espírito de Adoção, por meio do qual clamamos, Aba, Pai!". E segue em: (Romanos 8:14-16) "O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus".
4. A variação da frase, no décimo-quinto verso, merece nossa observação: "Porque não recebeste o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual chamamos, aba, Pai". Sim, como os muitos que são filhos de Deus, têm recebido, na condição de filhos adotados, o mesmo Espírito de Adoção, por meio do qual, nós clamamos, Aba, Pai: Nós, os Apóstolos, Profetas, Professores (para que a palavra não seja impropriamente entendida), nós, através de quem você tem acreditado, os "ministros de Cristo, e administradores dos mistérios de Deus". Como nós e você temos um só Senhor, assim, um só Espírito: Como nós temos uma fé única, então, uma esperança única, também. Nós e você somos selados com o "Espírito único da promessa", a garantia de sua e da nossa herança: O mesmo Espírito sendo testemunha, com seu e nosso espírito, "que nós somos os filhos de Deus".
5. E, assim, as Escrituras são cumpridas, "Abençoados são aqueles que murmuram, porque eles serão confortados". Porque é fácil acreditar que, embora aflições precedam esse testemunho de Deus com nosso espírito; (de fato, devem, em algum grau, enquanto nós gememos, debaixo do medo e do senso da ira de Deus, permanecendo em nós); ainda assim, tão logo, algum homem o sente, em si mesmo, "sua aflição transforma-se em alegria". O que quer que sua dor tenha sido; ainda assim, tão logo, aquela "hora chega, ele se lembra de não se angustiar mais, porque se alegra" de ser nascido de Deus. Pode ser que muitos de vocês tenham agora tristeza, porque vocês estão "alienados da comunidade de Israel"; porque vocês estão cônscios de que vocês não têm esse Espírito; de que vocês estão "sem esperança, e sem Deus no mundo". Mas, quando o Confortador vier, "então, seus corações se regozijarão"; sim, "a alegria de vocês será completa", e "essa alegria nenhum homem poderá tirar de vocês". (João 16:22) "Assim também vós, agora, na verdade, tendes tristeza; mais outra vez vos verei, e o vosso coração e alegrará, e a vossa alegria, ninguém vo-la tirará". "Nós nos alegramos em Deus", podemos, sim, dizer, "através de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem nós temos agora recebido a reparação"; "por meio de quem temos, agora, acesso a essa graça", esse estado de graça, do favor ou reconciliação com Deus, "por meio da qual nós permanecemos, e nos regozijamos na esperança da glória de Deus". (Romanos 5:2) "Pelo qual também temos entrada pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus". "Sim", diz Pedro, aqueles que Deus tem "criado novamente, na esperança viva, são mantidos pelo poder de Deus na salvação: Por meio da qual vocês se regozijam, grandemente, embora agora para o momento, possa ser que vocês estejam em aflição, através das tentações múltiplas; que a experimentação da fé de vocês possa ser encontrada na oração, e honra, e glória, no aparecimento de Jesus Cristo: em quem, embora vocês não vejam, ainda assim, regozijam-se com inexprimível alegria e glória completa". (Pedro 1:5-8) "Que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo, em que vós, grandemente, vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejas por um pouco constritados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrará com gozo inefável e glorioso". Inexprimível, realmente! Não é para a língua do homem descrever essa alegria no Espírito Santo. Ela está "escondida no maná, que nenhum homem conhece; salvo aquele que o recebeu". Mas isso nós sabemos, não apenas permanece, mas transborda, nas profundezas da aflição. "Será que quando todo o conforto terreno falhar, as consolações de Deus serão pequenas?". De modo algum! Quando os sofrimentos abundarem, as consolações de seu Espírito serão ainda mais abundantes; de tal maneira que os filhos de Deus "rirão diante da destruição, quando ela vier". Diante da necessidade, do inferno, e da ameaça; sabendo que Ele que "tem a chave da morte e inferno", e que irá, brevemente, "lançá-los no abismo insondável"; ouvindo, mesmo agora, sua voz, vinda dos céus, dizendo, em (Apocalipse 21:3,4) "E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas".
III.
1. A Terceira marca bíblica daqueles que são nascidos de Deus, e a maior de todas é o amor; como em (Romanos 5:5) "E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado no coração deles, pelo Espírito Santo que lhes foi dado". E, em (Gal. 4:6) "Porque eles são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho, em seus corações, clamando, Aba, Pai". Por esse Espírito, olhando, continuamente, para Deus, como o Pai reconciliador e amável, eles clamam a ele pelo seu pão diário, e todas as coisas necessárias; seja para suas almas ou corpos. Eles, continuamente, despejam o coração deles, diante de Deus, sabendo (I João 5:15) "que ele os ouve em tudo o que pedem; sabendo que alcançam as petições que lhe fazem". O prazer deles está em Deus. Ele é a alegria em seus corações; "escudo" e "grande galardão" deles. O desejo de suas almas é em direção a ele; "carne e bebida para fazer sua vontade"; e (Salmos 63:5) eles estão "satisfeitos como com tutano e gordura, enquanto as suas bocas louvam com alegres lábios".
2. E, nesse sentido, também, (I João 5:1) "todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido". Seu espírito regozija-se em Deus, seu Salvador. Ele "ama o Senhor Jesus Cristo com sinceridade". Ele está, então, "junto com o Senhor", como sendo um só espírito. Sua alma prende-se à dele, e O escolhe, como, completamente, adorável, o principal entre dez mil. Ele sabe e sente o que isso significa: (Cantares 2:16) "O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios". E (Salmos 45:2) "Tu és mais formoso do que os filho dos homens; a graça se derramou em teus lábios; por isso, Deus te abençoou para sempre".
3. O fruto necessário desse amor de Deus é o amor ao próximo; de todas as almas que Deus tenha feito; sem excluir nossos inimigos; sem excluir aqueles que estão, agora, "despeitosamente usando e nos perseguindo"; um amor, por meio do qual, nós amamos todos os homens, como a nós mesmos; como amamos nossas próprias almas. Não somente isto, mas também, nosso Senhor expressou isso, ainda mais fortemente, nos ensinando a "amar o outro, como Ele nos amou". Assim sendo, o mandamento escrito nos corações de todos aqueles que amam a Deus, é nenhum outro do que esse: "Como eu tenho amado você, então, ame a seu próximo". Agora em (I João 3:16) "observamos o amor de Deus, em qual ele deu a sua vida por nós, e que nós devemos", então, como o Apóstolo, justamente, infere "dar a nossa vida pelos irmãos". Se nós nos sentimos prontos para fazer isso, então, nós, verdadeiramente, amamos o próximo. Então, (I João 3:14) "nós sabemos o que passamos da morte para a vida, porque amamos", assim, "os irmãos". E, (I João 4:13) "Nisso, conhecemos" que nós somos nascidos de Deus, que "habitamos nele, e ele em nós, porque ele nos deu de seu" amável "Espírito". Porque (I João 4:7) "o amor é de Deus; e todo aquele que", assim, "ama, é nascido de Deus, e conhece a Deus".
4. Mas alguns podem possivelmente perguntar: Mas o Apóstolo não diz que "Esse é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos?" (I João 5:3). Sim. E, esse é o amor ao nosso próximo também, no mesmo sentido como é o amor de Deus. Mas o que você pode deduzir disso? Que manter os mandamentos externos é tudo o que está implícito, em amar a Deus, com todo seu coração, com toda sua mente, e alma, e forças, e em amar seu próximo como a si mesmo? Que o amor de Deus não é uma afeição da alma, mas, meramente uma tarefa exterior? E que o amor ao nosso próximo não é uma disposição do coração, mas, meramente, o curso das obras exteriores? Para mencionar uma interpretação, tão grosseira, das palavras do Apóstolo, é confutá-lo suficientemente. O significado claro e incontestável do texto é que esse é o sinal ou a prova do amor de Deus, de que devemos manter o primeiro e grande mandamento, para podermos manter todo o restante deles. Porque o amor verdadeiro, uma vez, esparramado, em nossos corações, irá nos constranger a procedermos dessa forma; já que, quem quer que ame a Deus, com todo seu coração, não pode deixar de servi-lo com todas as suas forças.
5. O Segundo fruto, então, do amor de Deus (tanto quanto ele pode ser distinguido disso), é a obediência universal a ele que amamos, e em conformidade com sua vontade; obediência a todos os mandos de Deus, interno e externo; obediência do coração e da vida; em todo temperamento, e em toda forma de conversação. E um dos temperamentos, que mais, obviamente, implica nisso é ser "zeloso das boas obras"; fazer o bem ao faminto e sedento de todas as maneira possíveis, a todos os homens; o regozijar-se em "dar e se dar a eles", por todo filho do homem; não buscando recompensa no mundo, mas apenas na ressurreição do justo.
IV.
1. Dessa forma, eu coloquei claramente aquelas marcas do novo nascimento, como eu as encontrei nas Escrituras. Assim, o próprio Deus responde aquela questão importante: O que significa ser nascido de Deus? Tal que, se o apelo for feito aos profetas de Deus, é respondido: "todo aquele que é nascido do Espírito". Isto é, no julgamento do Espírito de Deus, para que seja filho ou criança de Deus: É, então, acreditar em Deus, através de Cristo, já que "não comete pecado", e se alegra todo o tempo, e em todas os lugares, com aquela "paz de Deus, o qual excede todo entendimento". É, então, esperar em Deus, através do Filho de seu amor, já que tem, não apenas, o "testemunho da consciência boa", mas também, do Espírito de Deus, "sendo testemunha com seu próprio espírito de que você é filho de Deus"; por esse motivo, não pode deixar de brotar a alegria Nele, através de quem você "recebeu a redenção". É, então, amar a Deus, que tem, assim, amado você, como você nunca amou alguma outra criatura. De modo que você é constrangido a amar todos os homens como a si mesmo; com um amor que não apenas queima em seu coração, mas arde em todas as suas ações e conversas, fazendo com que toda a sua vida seja uma "tarefa de amor", na obediência contínua desses mandamentos: "seja misericordioso, como Deus é misericordioso"; "seja santo, como eu, o Senhor, sou santo"; "seja perfeito, como seu Pai, que está nos céus, é perfeito".
2. Quem, então, são vocês que são, assim, nascidos de Deus? Vocês "conhecem as coisas que são dadas a vocês de Deus". Vocês conhecem bem que são os filhos de Deus, e "podem assegurar seus corações diante dele". E cada um de vocês, que tem observado essas palavras, não pode deixar de sentir, e conhecer da verdade, se, nesse momento (responda a Deus, e não ao homem!), você é assim um filho de Deus, ou não. A questão não é, o que você foi feito no batismo; (sem usar sofisma); mas, o que você é agora? O Espírito de adoção está em seu coração? Ao seu próprio coração esse apelo deve ser feito. Eu não pergunto, se você era nascido da água e do Espírito; mas se você é agora o templo do Espírito Santo que habita você? Eu reconheço que você esteja "circuncidado com a circuncisão de Cristo"; (como Paulo enfaticamente denomina o batismo); mas o Espírito de Cristo da glória agora descansam sobre você? Ou "sua circuncisão transformou-se em incircuncisão?".
3. Não diga, então, em seu coração: "Eu estive, uma vez, batizado, entretanto, eu sou agora um filho de Deus". Ai de mim, esta conseqüência, de modo algum, será mantida. Quantos são os que são batizados, glutões, e beberrões; os que são batizados, mentirosos e praguejadores; os que são batizados, caluniadores e maledicentes; os batizados, devassos, ladrões, e extorsores? O que vocês pensam? Esses são agora filhos de Deus? Verdadeiramente, eu digo a vocês, quem quer que vocês sejam, aos quais algumas dessas características precedentes pertencem: "Vocês são como o pai de vocês, o diabo, e as obras que seu pai, vocês fazem". A vocês, eu clamo, em nome Dele, a quem vocês têm novamente crucificado, e em suas palavras, para seus predecessores circuncidados: "Vocês raça de víboras, como pretendem escapar da condenação do inferno?".
4. Como de fato, exceto se vocês forem nascidos de novo! Já que vocês estão agora mortos nas transgressões e pecados, vocês não podem nascer de novo; não existe um novo nascimento, mas, no batismo, vocês são selados, debaixo da condenação, para consigná-los ao inferno, sem ajuda, sem esperança. Talvez, alguns possam pensar que isso seja justo e certo. No zelo deles para com o Senhor dos hospedeiros, vocês podem dizer: "Sim, destruam os pecadores, os Amalecitas! Deixe esses Gibeonitas serem completamente destruídos! Eles não merecem menos!". Não; nem eu, nem você. Meu e seu deserto, assim como o deles, é o inferno; e isso é meramente misericórdia, liberdade; desmerecida misericórdia é que nós não estejamos agora no fogo inextinguível. Vocês podem dizer: "Mas nós somos lavados"; nós fomos nascidos novamente "da água e do Espírito". Dessa mesma forma, eram eles: Isso, entretanto, não quer dizer nada, afinal, mas que vocês podem ser agora mesmo como eles. Vocês não sabem que "quem é o mais altamente estimado dos homens é abominação para Deus?" Venham adiante, "santos do mundo", vocês que são homens honrados, e vejam quem irá atirar a primeira pedra neles, nesses miseráveis não adequados para viver sobre a terra; nessas prostitutas, adúlteros, e assassinos comuns. Mas, aprendam, primeiro, o que isto significa em: (I João 3:15) "Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna". Em (Mateus 5:28) "Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela". Em (Tiago 4:4) "Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus".
5. "Verdadeiramente, verdadeiramente, eu digo a vocês, que vocês", também, "devem nascer novamente". "A menos que vocês", também, "nasçam novamente, não verão o reino de Deus". Não confie mais no apoio de pessoas que não se deve confiar, que vocês foram nascidos novamente no batismo. Quem pode negar que vocês foram feitos filhos de Deus e, então, herdeiros do reino dos céus? Mas, não obstante isso, vocês são agora filhos do diabo. Conseqüentemente, vocês devem nascer de novo. E não permitam que Satanás coloque, em seus corações, contestar a palavra, quando ela é clara. Vocês ouviram quais são as marcas dos filhos de Deus: Todos vocês que não a têm em suas almas, batizados ou não, precisam recebê-las, ou, sem dúvida, irão perecer eternamente. E, se vocês foram batizados, vocês apenas devem esperar isso: que aqueles que foram feitos filhos de Deus pelo batismo, mas que agora são filhos do diabo, possam novamente receber o "poder de se tornar filhos de Deus"; que eles possam receber novamente o que eles perderam, o mesmo "Espírito de adoção, clamando em seus corações, Aba, Pai!" Amém, Senhor Jesus! Possa cada um que preparou seu coração novamente buscar a tua face, e receber novamente aquele "Espírito de adoção", e clamar alto: "Aba, Pai!". Permita que ele agora novamente tenha o poder, então, de acreditar em teu nome, para que se torne filho de Deus; para saber e sentir que ele tem "a redenção em teu sangue; e, até mesmo o perdão dos pecados"; e que ele "não pode cometer pecado, porque ele é nascido de Deus". Permita que ele agora seja "recriado na esperança viva", de modo a "purificar a si mesmo como tu és puro!", e "porque ele é filho", deixe o Espírito do amor e da glória descansar sobre ele, limpando-o "de toda impureza da carne e espírito", e ensinando-o a "aperfeiçoar a santidade, no temor de Deus!".
'ACORDA, TU QUE DORMES!'
'Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará'.
(Efésios 5:14)
Ao discursar sobre essas palavras, eu devo, com a ajuda de Deus:- -
I. Descrever os que dormem, a quem elas são dirigidas:
II. Reforçar a exortação: 'Acorda, tu que dormes, e levanta-te de entre os mortos'.
III. Explicar a promessa feita a eles, quando acordarem e se erguerem: 'Cristo te iluminará'.
I
1. Primeiro, aos que dormem, com relação ao texto aqui falado: Por dormir, está-se referindo ao estado natural do homem; àquele sono profundo da alma, dentro do qual o pecado de Adão tem lançado todos que se originaram dele: Aquela inércia, indolência e estupidez, aquela inconsciência de sua real condição, para a qual cada homem vem ao mundo, e continua nele, até que a voz de Deus o desperte.
2. Agora, 'aqueles que dormem, dormem na noite'. O estado da natureza é um estado de completa escuridão; um estado em que 'as trevas cobrem a terra, e a densa escuridão, as pessoas'. O pobre pecador adormecido, por mais conhecimento que tenha para outras coisas, não tem para si mesmo: neste aspecto: 'ele sabe nada, ainda que devesse saber'. Ele não sabe que ele é um espírito caído, cuja única tarefa dele, neste presente mundo, é recuperar-se de sua queda, readquirir aquela imagem de Deus, na qual ele foi criado. Ele não vê necessidade para a coisa necessária, até mesmo, para aquela mudança interior universal, aquela do 'nascer do alto', simbolizada pelo batismo, que é o começo daquela total renovação; aquela santificação do espírito, alma e corpo, 'sem o que nenhum homem verá ao Senhor'.
3. Cheio de todas as enfermidades como ele está, ele se imagina em perfeita saúde. Rapidamente mergulhando na miséria e prisão, ele sonha que ele está em liberdade. Ele diz, 'Paz! Paz', enquanto o diabo, como 'um forte homem armado', tem a completa possessão de sua alma. Ele dorme na quietude, e descansa, embora o inferno se movimente, nas profundezas, para encontrá-lo; embora o abismo, de onde não há volta, tenha aberto sua boca para tragá-lo. O fogo está aceso ao redor dele, ainda assim, ele não sabe; sim, o fogo o queima, mas, ainda assim, ele não coloca isto no coração.
4. Por aquele que dorme, entendemos, portanto, (e queira Deus, pudéssemos todos entender isto!) um pecador satisfeito nos seus pecados; contente em permanecer em seu estado de queda; viver e morrer, sem a imagem de Deus; alguém que é ignorante de sua enfermidade, assim como do remédio para ela; alguém que nunca foi avisado, ou nunca se preocupou com a voz de advertência de Deus, para 'fugir da ira que há de vir'; alguém que nunca percebeu que ele está em perigo do fogo do inferno, ou clamou, na sinceridade de sua alma, 'O que devo fazer para ser salvo?'.
5. Se esta pessoa adormecida for exteriormente corrupta, seu sono será o mais profundo, afinal: mesmo que ele seja um espírito indiferente às questões religiosas, 'nem frio, nem quente', mas um professor da religião de seus pais, quieto, racional, inofensivo, afável; ou mesmo, ele seja zeloso e ortodoxo, e, 'segundo a facção mais restrita de nossa religião', viva 'como um fariseu'; ou seja, de acordo com o relato bíblico, alguém que se autojustifica; alguém que estabelece a sua própria retidão, como o alicerce para sua aceitação com Deus.
6. Este é aquele que 'tendo a forma da santidade, nega o poder dela'; sim, e provavelmente a ultraja, onde quer que ela seja encontrada, como mera extravagância e ilusão. Enquanto isto, o desprezível auto-enganador agradece a Deus, já que ele 'não é como os outros homens; adúlteros, injustos, usurários': não, ele não faz mal a homem algum. Ele 'jejua, duas vezes por semana'; usa de todos os meios da graça; é constante na igreja e no sacramento; sim, e 'dá o dízimo de tudo que ele tem'; faz todo o bem que ele pode 'no tocante à retidão da lei'; ele está 'sem culpa': ele quer nada da santidade, a não ser o poder; nada da religião, a não ser o espírito; nada do Cristianismo, a não ser a verdade e a vida.
7. Mas você não sabe que, embora altamente estimado entre os homens, tal cristão é uma abominação aos olhos de Deus, e um herdeiro de cada infortúnio que o Filho de Deus, ontem, hoje, e para sempre, denuncia contra os 'escribas e fariseus, hipócritas?'. Ele 'limpou o lado de fora do copo e travessa', mas dentro está cheio de toda imundície. 'Uma doença diabólica aderida a ele ainda, de modo que suas partes interiores são a própria perversidade'. Nosso Senhor adequadamente o compara a um 'sepulcro caiado', que 'parece bonito por fora'; não obstante, 'está cheio de ossos de homens mortos, e de toda sorte de impureza'. Os ossos, na verdade, já estão secos; os tendões e a carne estão sobre eles, e a pele os cobre: mas não existe fôlego neles, não existe o Espírito do Deus vivo. E, 'se algum homem não tem o Espírito de Cristo, ele não é Dele'. 'Você é de Cristo, se o Espírito de Deus habitar em você': mas, se não, Deus sabe que você habita na morte, até mesmo, agora.
8. Esta é uma outra característica daquele que dorme, e de quem se fala aqui. Ele habita na morte, embora ele não saiba disto. Ele está morto para Deus, 'morto nas transgressões e pecados'. Uma vez que, 'estar carnalmente inclinado é estar morto'. Assim como está escrito, 'Através de um homem, o pecado entrou no mundo, e a morte, através do pecado; e então, a morte passou para todos os homens'; não apenas a morte temporal, mas, igualmente, a morte espiritual e eterna. 'No dia que tu comeres', disse Deus a Adão, 'tu certamente morrerás'; não fisicamente (exceto quando ele, então, se tornara imortal), mas espiritualmente: tu perderás a vida de tua alma; tu deverás morrer para Deus: tua vida, e felicidade essencial estarão separadas Dele.
9. Assim, primeiro, foi dissolvida a união vital de nossa alma com Deus; de tal maneira que, 'em meio à vida' natural, 'nós estamos' agora na 'morte' espiritual. E nisto permanecemos, até que o Segundo Adão se torna um Espírito vivificado para nós; até que ele se ergue dos mortos, a morte no pecado, no prazer, riquezas e honras. Mas, antes que sua alma morta possa viver, ele 'ouve' (ouve atentamente) 'a voz do Filho de Deus': ele se torna consciente de seu estado perdido, e recebe a sentença da morte em si mesmo. Ele se reconhece 'morto enquanto vive'; morto para Deus, para todas as coisas de Deus; tendo não mais poder para executar as ações de um cristão vivo, do um morto fisicamente, para executar as funções de um homem vivente.
10. E é mais certo que alguém morto no pecado não tem 'os sentidos exercitados, de maneira a discernir o bem e mal espiritual'. 'Tendo olhos, ele não vê; ele tem ouvidos, mas não ouve'. Ele não 'prova e vê que aquele Senhor é gracioso'. Ele 'não vê Deus em momento algum'; nem 'ouve sua voz', nem 'faz uso da palavra da vida'. Em vão, é o nome de Jesus, 'como o ungüento emanado, e todas as suas vestimentas com cheiro de mirra, aloés, e canela'. A alma que dorme na morte não tem percepção de quaisquer objetos deste tipo. Seu coração está 'insensível', e não entende qualquer uma dessas coisas.
11. E, assim, não tendo sentidos espirituais; não tendo aberturas para o conhecimento espiritual, o homem natural não recebe as coisas do Espírito de Deus; mais do que isto, ele está tão longe de recebê-las, que quem quer que seja espiritualmente preocupado é um mero tolo para ele. Ele não está satisfeito de ser extremamente ignorante das coisas espirituais, mas nega a existência delas. E a própria sensação espiritual é para ele a tolice do tolo. 'Como é', diz ele, 'que essas coisas podem ser?'. 'Como algum homem pode saber que está vivo para Deus?'. Assim como você sabe que seu corpo agora vive! Fé é a vida da alma; e se você não tem esta vida, habitando em você, você não necessita de marcas para evidenciar isto em si mesmo, mas daquela consciência divina, daquele testemunho de Deus, que é maior do que dez mil testemunhos humanos.
12. Se Ele não testemunha, agora, com teu espírito que tu és um filho de Deus, Ó, que Ele possa convencer a ti; tu, pobre pecador adormecido, pela Sua demonstração e poder, de que tu és um filho do diabo! Ó, que, como eu profetizo, possa existir agora 'um barulho e um abalo'; e 'os ossos' possam se 'juntar, cada osso a seu osso!'. Então, 'virá dos quatro ventos, Ó, Fôlego! E soprará neste pobre miserável, para que ele possa vive!'. E que vocês não endureçam teus corações e resistam ao Espírito Santo, que, até mesmo agora, está vindo para convencê-los de seus pecados, 'já que vocês não crêem no nome do Unigênito Filho de Deus'.
II
1. O motivo do 'acorda, tu que dormes, e levanta-te dos mortos': Deus chamou a ti agora, através da minha boca; e ordena a ti que conheças a ti mesmo, tu espírito caído, teu verdadeiro estado, e que apenas se preocupa com as coisas que estão abaixo. 'O que tu pretendes, Ó adormecido? Levanta-te. Atende ao teu Deus; se assim for, teu Deus pensará em ti, para que tu não pereças'. Uma poderosa tempestade está derramada em volta de ti, e tu estás mergulhado nas profundezas da perdição, no abismo dos julgamentos de Deus. Se tu quiseres escapar deles, lança-te dentro deles. 'Julga a ti mesmo, e tu não serás julgado pelo Senhor'.
2. Acorda, Acorda! Levanta-te neste exato momento, a fim de que tu não 'bebas, das mãos do Senhor, o copo de sua fúria'. Levanta-te, e segura no Senhor, o Senhor de tua Retidão, poderoso para salvar! 'Sacuda o pó de ti'. Por fim, deixe o terremoto das ameaças de Deus te abalarem. Acorda, e clama com o carcereiro trêmulo, 'O que devo fazer para ser liberto?'. E nunca descanse, até que tu creias no Senhor Jesus, com a fé que é o Seu dom, através da operação de Seu Espírito.
3. Se eu falo a algum de vocês mais do que a outro, é para ti que te julgas despreocupado quanto a essa exortação. 'Eu tenho uma mensagem de Deus para ti'. Em nome Dele, eu aconselho-te 'a fugir da ira vindoura'. Tua alma iníqua vê teu retrato na condenado Pedro, mentindo no escuro calabouço, entre os soldados, preso às duas algemas, os carcereiros, diante da porta, vigiando a prisão. A noite já está alta, e a manhã está à mão, quando tu serás conduzido para execução. E nestas circunstâncias terríveis, tu deverás dormir rapidamente; tu dormirás nos braços do diabo, à beira do precipício, na garganta da destruição eterna!
4. Ó, possa o Anjo do Senhor vir até ti, e a luz brilhar dentro de tua prisão! E que tu possas sentir o toque de uma Mão Poderosa, erguendo-te, com o clamor, 'Levanta-te rapidamente, prepara-te, e amarra tuas sandálias, joga tuas vestes sobre ti, e segue-Me'.
5. Acorda, tu, espírito eterno, do teu sonho de felicidade mundana! Deus não te criou para Si mesmo? Então, tu não podes descansar, até que tu descanses Nele. Retorna, tu, viandante! Fuja de volta para tua arca. Este não é teu lar. Não pensa em construir tabernáculos aqui. Tu não passas de um estranho, um hóspede sobre a terra; uma criatura de um dia, mas daqui a pouco partindo para um estado permanente. Apressa-te! A eternidade está à mão. A eternidade depende deste momento. Uma eternidade de felicidade, ou uma eternidade de miséria.
6. Qual o estado de tua alma? Se Deus, enquanto eu ainda estou falando, a requeresse de ti, será que tu estarias pronto para encontrares a morte e o julgamento? Podes tu estar diante dos olhos de Deus; tu és tão 'puro de olhos que não podes ver a iniqüidade?'. (Habacuque 1:13). Serás tu 'parceiro da herança dos santos na luz?'. (Colossense 1:12). Tens 'lutado a boa luta, e mantido a fé?'. (I Timóteo 6:12). Tens assegurado a única coisa necessária? Tens recuperado a imagem de Deus, até mesmo a retidão e a santidade verdadeira? Tens te despojado do velho homem, e colocado o novo no lugar? Estás de acordo com Cristo?
7. Tens tu óleo na candeia? Graça no teu coração? 'Tu amas o Senhor teu Deus, com todo teu coração, e com toda tua mente e toda tua alma, e com todas as tuas forças?'. Está em ti aquela mente que também estava em Jesus Cristo? Tu és um cristão, de fato; ou seja, uma nova criatura? As coisas velhas já se passaram, e todas as coisas se tornaram novas?
8. És tu 'parceiro da natureza divina?'. Tu sabes que 'Cristo está em ti, exceto se tu fores réprobo?'. Tu sabes que Deus 'habita em ti, e tu em Deus, através do Espírito Dele, e que Ele deu a ti?'. Tu sabes que 'teu corpo é o templo do Espírito Santo, o qual tu tens de Deus?'. Tens o testemunho em ti mesmo? A garantia de tua herança? Tu tens 'recebido o Espírito santo?'. Ou tu foges à questão, não sabendo, 'se existe algum Espírito Santo?'.
9. Se isto ofende a ti, estejas seguro de que tu nem és um cristão, nem desejas ser um. Mais do que isto, mesmo teu prazer tornou-se pecado; e tu solenemente tens zombado de Deus, neste mesmo dia, orando pela inspiração do Espírito Santo, quando tu não crês que existiu alguma coisa assim para ser recebida.
10. Ainda assim, na autoridade da Palavra de Deus, e de nossa própria igreja, eu devo repetir a questão: 'Tu já recebeste o Espírito Santo?'. Se tu não recebeste, tu não és ainda um cristão. Porque um cristão é um homem que está 'ungido com o Espírito Santo e com o poder'. Tu ainda não foste feito um parceiro da religião pura e imaculada. Tu sabes o que é a religião? – que ela é a participação da natureza divina; a vida de Deus na alma do homem; Cristo formado no coração; 'Cristo em ti, a esperança da glória'; felicidade e santidade; o céu iniciado na terra; 'um reino de Deus, dentro de ti; não carne e bebida'; não coisas exteriores; 'mas a retidão, paz, e a alegria no Espírito santo'; um reino eterno trazido para dentro de tua alma; 'a paz de Deus que ultrapassa todo entendimento'; 'a alegria inexplicável, e cheia de glória?'.
11. Tu sabes que 'em Jesus Cristo, nem a circuncisão tem proveito algum, nem a incircunscisão; mas a fé que é operada pelo amor'; mas a nova criação? Vês a necessidade daquela mudança interior; daquele nascimento espiritual; daquela vida de entre os mortos; daquela santidade? Estás totalmente convencido de que sem ela, nenhum homem verá o Senhor? Estás te esforçando em busca dela? – 'aplicando toda diligência, para tornares teu chamado e eleição, verdadeiros'; 'operando tua salvação com medo e tremor', 'agonizando para entrares pelo portão estreito?'. Estás tranqüilo com respeito à tua alma? Podes dizer ao Pesquisador dos corações, 'Tu, Ó, Deus, és o que eu há muito procurava! Senhor, tu sabes todas as coisas; Tu sabes que eu amo a Ti!'.
12. Tu esperas ser salvo. Mas que motivo tens tu para teres esperança? Será porque tu não tens causado mal? Ou, porque tu tens feito o bem? Ou, porque tu não és, como os outros homens; és sábio, ou culto, ou honesto, e moralmente bom; estimado pelos homens, e de uma reputação justa? Ai de mim! Tudo isto nunca irá levar-te até Deus. Ele considera isto mais brilhante do que a vaidade. Tu conheces Jesus Cristo a quem Ele enviou? Ele te ensinou que 'pela graça somos salvos, através da fé; e isto, não pelos nossos meios: mas pelo dom de Deus: não pelas obras, a fim de que nenhum homem se vanglorie?'. Tens recebido as palavras fiéis, como todo o alicerce de tua esperança, 'de que Jesus Cristo veio para o mundo, para salvar os pecadores?'. Tu tens aprendido que isto significa, 'Eu não vim chamar o justo, mas os pecadores ao arrependimento?'. Eu não fui enviado, a não ser para as ovelhas perdidas? Tu já estás (aquele que ouve, que entenda!) perdido, morto e condenado? Conheces teus desertos? Conheces tuas necessidades? És 'pobre em espírito?'. Murmuras por Deus, e recusa-te a seres confortado? É o pródigo 'volte a si', e fique satisfeito, embora que sendo considerado 'fora de si', por aqueles que estão ainda se alimentando dos restos, que Ele tem deixado? Tu tens desejado viver devotadamente em Jesus Cristo? Tu sofres, portanto, perseguição? Os homens dizem toda forma de mal contra ti, falsamente, por causa do Filho do Homem?
13. Que em todas essas questões, tu possas ouvir a voz daquele que acorda o morto; e sinta aquele martelar da Palavra, que parte as pedras em pedaços! 'Se ouvires a voz dele hoje, enquanto é chamado hoje, não endureça teu coração'. Agora, 'acorda, tu que dormes', na morte espiritual, para que tu não durmas na morte eterna! Conscientiza-te de teu estado perdido, e 'ergue-te dos mortos'. Deixa tuas velhas companhias no pecado e morte. Segue Jesus, e deixa os mortos enterrarem seus mortos. 'Salva a ti mesmo desta geração perversa'. 'Sai do meio deles, fica de fora, e não toca em coisa impura, e o Senhor irá receber a ti'. 'Cristo irá te dar a luz'.
III
1. Esta promessa, eu vou finalmente explicar. E quão encorajadora consideração é esta, a de que quem quer que tu sejas, que obedeças ao chamado Dele, tu não terás buscado tua face em vão! Se, até mesmo agora, tu 'acordas, e te ergues dos mortos', ele se verá inclinado a 'dar a ti a luz'. 'O Senhor dará a ti graça e glória'; a luz de sua graça aqui, e a luz de sua glória, quando tu receberás a coroa que se desvaneceu. 'Tua luz deverá irromper como a manhã; e a tua escuridão será como o sol do meio-dia'. 'Deus, que ordenou que a luz brilhasse na escuridão, deverá brilhar em teu coração; para dar o conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo'. Sobre aqueles que temem, o Senhor 'fará o Sol da Retidão se erguer com cura em suas asas'. E naquele dia será dito a ti: 'Levanta, brilha; porque tua luz está vindo, e a glória de Deus está sobre ti'. Porque Cristo revelará a si mesmo em ti: e ele é a Luz verdadeira.
2. Deus é luz, e dará a si mesmo a todo pecador desperto que esperou por Ele; e tu serás, então, o templo do Deus vivo, e Cristo deverá 'habitar em teu coração, pela fé'; e 'estando enraizado e alicerçado no amor, tu serás capaz de compreender com todos os santos, o que é a largura, comprimento, profundidade de altura daquele amor de Cristo que ultrapassa o conhecimento'.
3. Você verá seu chamado, irmão. Nós seremos chamados a estarmos 'na habitação de Deus, através de seu Espírito'; e, através de seu Espírito, habitando em nós, para sermos santos aqui e parceiros da herança dos santos na luz. Tão excessivamente grandes são as promessas que são dadas a nós; efetivamente dadas a nós que cremos! Porque, pela fé, 'nós recebemos, não o espírito do mundo, mas o Espírito que é de Deus'. – a soma de todas as promessas – 'para que possamos conhecer as coisas que nos são livremente dadas por Deus'.
4. O Espírito de Cristo é aquele grande dom de Deus, que em diversos momentos, e de diversas maneiras, Ele tem prometido ao homem, e tem concedido, desde o tempo em que Cristo foi glorificado. Aquelas promessas, antes feita aos antepassados, ele tem assim cumprido: 'Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis. (Ezequiel 36:27). 'Porque derramarei água sobre o sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência' (Isaías 44:3).
5. Vocês todos podem ser testemunhas vivas dessas coisas; da remissão dos pecados, e do dom do Espírito Santo. 'Se tu podes crer, todas as coisas são possíveis a ele que crê'. 'Quem, entre vocês, teme ao Senhor, e', ainda assim, caminha 'na escuridão, e não tem a luz?'. Eu pergunto a ti, em nome de Jesus: Tu crês que os braços dele não são curtos, afinal? Que ele é ainda poderoso para salvar? Que Ele é o mesmo ontem, hoje, e para sempre? Que Ele tem agora poder sobre a terra para perdoar os pecados? 'Filho, alegra-te; teus pecados foram perdoados'. Deus, por causa de Cristo, perdoou a ti. Recebe isto, 'não como a palavra do homem; mas como ela é, a palavra de Deus'; tu estás justificado livremente pela fé. Tu serás santificado também, através da fé, que está em Jesus, e colocarás o teu selo, até mesmo tu; 'Aquele que nos foi dado por Deus na vida eterna, e esta vida está em seu Filho'.
6. Homens e irmãos, deixem-me falar livremente a vocês, e permitir-lhes a palavra de exortação, mesmo do menos estimado na igreja. A consciência de vocês são suas testemunhas no Espírito Santo, de que essas coisas são assim; portanto, vocês experimentaram que o Senhor é gracioso. 'Esta é a vida eterna: conhecer o único Deus verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem Ele enviou'. Este conhecimento experimental, e apenas este, é o Cristianismo verdadeiro. Ele é um cristão que recebeu o Espírito de Cristo. Ele não é um cristão que não O recebeu. Nem é possível recebê-Lo, e não saber disto. Porque, até aquele dia' (quando ele virá, diz nosso Senhor), 'vocês deverão saber que eu estou no Meu Pai, e vocês estão em Mim, e Eu em vocês'. Este é aquele 'Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque ele não O vê; nem O conhece: mas vocês O conhecem; já que Ele habita convosco, e deverá estar em vocês'. (João 14:17).
7. O mundo não pode recebê-Lo, e rejeita extremamente a Promessa do Pai, contradizendo e blasfemando. Mas cada espírito que não confesse, este não é de Deus. Sim, 'este é aquele espírito de Anticristo, o qual vocês ouviram viria para o mundo; e mesmo agora está no mundo'. É Anticristo quem quer que negue a inspiração do Espírito Santo, ou aquele Espírito de Deus que é o privilégio comum de todos os crentes; a bênção do evangelho; o inexprimível dom; a promessa universal; o critério de um cristão verdadeiro.
8. Em nada os ajuda dizer: 'Nós não negamos a assistência do Espírito de Deus; mas apenas esta inspiração; este receber do Espírito Santo: e estar consciente disto. É apenas esta consciência do Espírito; este ser movido pelo Espírito; ou preenchido com Ele, que nós negamos existir, em qualquer parte da religião perfeita'. Mas em apenas negar isto, vocês negam todas as Escrituras; toda a verdade, e promessa e testemunho de Deus.
9. Mesmo nossa excelente igreja conhece nada desta distinção diabólica; mas fala claramente da 'consciência do Espírito de Cristo' [Artigo 17]; do ser 'movido pelo Espírito Santo'. [Ofício dos Sacerdotes consagrados] e do conhecer e 'sentir que não existe outro nome do que o de Jesus', [Visitação do Doente], por meio do qual podemos receber vida e salvação. Ela nos ensina a orar pela 'inspiração do Espírito Santo'. [coleta: oração que na missa precede a epístola, antes da Comunhão Santa]; sim, e que nós podemos ser 'preenchidos com o Espírito Santo' [Ordem da Confirmação]. Mais ainda: que cada Presbítero dela professa receber o Espírito Santo, pela imposição de mãos. Portanto, negar qualquer um desses, é, em efeito, renunciar à Igreja da Inglaterra, assim como toda a Revelação Cristã.
10. Mas 'a sabedoria de Deus' foi sempre 'tolice para os homens'. Não é de se admirar, então, que o grande mistério do evangelho pudesse agora também ser 'oculto do sábio e prudente', assim como, nos dias dos antepassados; para que ele fosse quase universalmente negado, ridicularizado, e demolido, como mero frenesi; e para que todos que se atreveram a admiti-lo ainda sejam estigmatizados com os nomes de loucos e entusiastas! Este é 'aquele se apostatar', que viria – aquela apostasia geral de todas as ordens e graus de homens, que nós, até mesmo agora, constatamos tem se espalhado sobre a terra. 'Percorram, de um lado a outro, as ruas de Jerusalém, e vejam se vocês podem encontrar um homem'; um homem que ame o Senhor seu Deus, com todo seu coração, e O serve com todas as suas forças. Como nossa própria terra pranteia (para que não vejamos mais além), debaixo da inundação de iniqüidade'! Que vilanias de todos os tipos são cometidas, dia a dia; sim, tão freqüentemente, com impunidade, por aqueles que pecam com a mão direita, e gloriam-se de sua vergonha! Quem pode somar as pragas, maldições, blasfêmias profanas; a mentira, calúnia, maledicência; a quebra do Sabbath, glutonaria, bebedeira, vingança; as prostituições, adultérios, e várias impurezas; as fraudes, injustiça, opressão, extorsão, que se espalham sobre a terra como uma inundação?
11. E mesmo em meio àqueles que se mantiveram puros daquelas abominações mais grosseiras; quanta ira e orgulho; quanta indolência e ócio; quanta fraqueza e efeminação; quanta luxúria e auto-indulgência; quanta cobiça e ambição; quanta sede de reconhecimento; quanto amor do mundo; quanto temor do homem, é encontrado! Entretanto, quão pouco da verdadeira religião! Porque, onde está aquele que ama a Deus, ou ao seu próximo, como Ele nos ordenou? Por um lado, estão aqueles que não têm tanto da forma de santidade; por outro, aqueles que têm apenas a forma: lá se situa o notório, e pintado, sepulcro. De modo que, no mesmo feito, quem quer que fosse honestamente observar qualquer público reunindo-se (eu temo que esses, em nossas igrejas, não devem ser esperados), poderia facilmente perceber que, uma parte seria Saduceus, e a outra, Fariseus'; uma tendo quase tão pouco entendimento sobre a religião, como se não existisse 'ressurreição, nem anjo, nem espírito'; e a outra, fazendo dela uma forma sem vida, uma sucessão entorpecida de manifestações externas, sem tanto a fé verdadeira, quanto o amor de Deus, ou a alegria do Espírito Santo!
12. Deus permitisse, eu gostaria que nos excluíssemos dessa condição! 'Irmãos, o desejo de meu coração, e oração a Deus, por vocês, é que vocês possam ser salvos' deste transbordamento de iniqüidade; e que aqui suas ondas orgulhosas permaneçam! Mas é desta forma, na verdade? Deus sabe que não; sim, e nossa consciência, também. Nós não temos nos mantidos puros. Nós somos também corruptos e abomináveis; e poucos existem que entendem um pouco mais; poucos que adoram a Deus em espírito e verdade. Nós também somos 'uma geração que não fixa seus corações corretamente, e cujo espírito não se adere firmemente a Deus'. Ele nos designou, de fato, para sermos 'o sal da terra; mas se o sal tiver perdido o seu sabor, ele será, dali pra frente, bom para nada; a não ser, para ser lançado fora, e pisoteado pelos homens'.
13. E 'eu não deverei ver, por causa dessas coisas, diz o Senhor? Minha alma não se vingará de tal nação como esta?'. Sim. Nós não sabemos, quão logo Ele poderá dizer à espada: 'Espada, vá através desta terra!'. Ele nos deu muito tempo, para que nos arrependêssemos. Ele nos deixou sozinhos este ano também: mas Ele nos acautela e nos desperta, trovejando. Seus julgamentos estão nos arredores da terra; e nós temos todas as razões para esperar a maior colheita de todas, até mesmo aquela de que Ele 'viria a nós rapidamente, e removeria nosso castiçal de seu lugar, exceto, se nos arrependêssemos e realizássemos as primeiras obras'; a menos que retornemos aos princípios da Reforma, a verdade e simplicidade do evangelho. Talvez, estejamos agora resistindo ao ultimo empenho da graça divina em nos salvar. Talvez, tenhamos quase 'preenchido a medida de nossas iniqüidades', rejeitando o conselho de Deus, contra nós mesmos, e expulsando Seus mensageiros.
14. Ó, Deus, 'durante Tua ira, tenha misericórdia!'. Seja glorificado em nossa reforma, não em nossa destruição! 'ouve o açoite, e ele que o designou!'. Agora que Teus 'julgamentos estão nos arredores da terra', que os habitantes do mundo 'aprendam a retidão!'.
15. Chegou a hora, meus irmãos, de acordarmos do sono, antes que 'a grande trombeta do Senhor seja soprada', e nossa terra se torne um campo de sangue. Ó, que nós possamos rapidamente ver as coisas que são feitas para nossa paz, antes que elas desapareçam de nossos olhos! 'Volta-te a nós, Ó, bom Senhor, e permite que Tua ira cesse. Ó, Senhor, vê dos céus, observa e visita esta vinha'; e nos faze saber 'a hora de nossa visitação'. 'Ajuda-nos, Ó, Deus da nossa salvação, para a glória de Teu nome! Liberta-nos, e é misericordioso para com nossos pecados, por causa de Teu nome! E, assim, nós não nos afastaremos de Ti. Ó, permite que vivamos, e sermos chamados pelo Teu nome. Volta para nós novamente, Ó Senhor dos Exércitos! Mostra a luz de Teu semblante, e seremos completos'.
'Agora, junto a Ele que é capaz de fazer abundantemente mais acima de tudo que possamos pedir ou pensar, de acordo com o poder que opera em nós; a Ele seja a glória na Igreja, por de Cristo Jesus, através de todos os tempos; mundo sem fim. – Amém!'.
(Efésios 5:14)
Ao discursar sobre essas palavras, eu devo, com a ajuda de Deus:- -
I. Descrever os que dormem, a quem elas são dirigidas:
II. Reforçar a exortação: 'Acorda, tu que dormes, e levanta-te de entre os mortos'.
III. Explicar a promessa feita a eles, quando acordarem e se erguerem: 'Cristo te iluminará'.
I
1. Primeiro, aos que dormem, com relação ao texto aqui falado: Por dormir, está-se referindo ao estado natural do homem; àquele sono profundo da alma, dentro do qual o pecado de Adão tem lançado todos que se originaram dele: Aquela inércia, indolência e estupidez, aquela inconsciência de sua real condição, para a qual cada homem vem ao mundo, e continua nele, até que a voz de Deus o desperte.
2. Agora, 'aqueles que dormem, dormem na noite'. O estado da natureza é um estado de completa escuridão; um estado em que 'as trevas cobrem a terra, e a densa escuridão, as pessoas'. O pobre pecador adormecido, por mais conhecimento que tenha para outras coisas, não tem para si mesmo: neste aspecto: 'ele sabe nada, ainda que devesse saber'. Ele não sabe que ele é um espírito caído, cuja única tarefa dele, neste presente mundo, é recuperar-se de sua queda, readquirir aquela imagem de Deus, na qual ele foi criado. Ele não vê necessidade para a coisa necessária, até mesmo, para aquela mudança interior universal, aquela do 'nascer do alto', simbolizada pelo batismo, que é o começo daquela total renovação; aquela santificação do espírito, alma e corpo, 'sem o que nenhum homem verá ao Senhor'.
3. Cheio de todas as enfermidades como ele está, ele se imagina em perfeita saúde. Rapidamente mergulhando na miséria e prisão, ele sonha que ele está em liberdade. Ele diz, 'Paz! Paz', enquanto o diabo, como 'um forte homem armado', tem a completa possessão de sua alma. Ele dorme na quietude, e descansa, embora o inferno se movimente, nas profundezas, para encontrá-lo; embora o abismo, de onde não há volta, tenha aberto sua boca para tragá-lo. O fogo está aceso ao redor dele, ainda assim, ele não sabe; sim, o fogo o queima, mas, ainda assim, ele não coloca isto no coração.
4. Por aquele que dorme, entendemos, portanto, (e queira Deus, pudéssemos todos entender isto!) um pecador satisfeito nos seus pecados; contente em permanecer em seu estado de queda; viver e morrer, sem a imagem de Deus; alguém que é ignorante de sua enfermidade, assim como do remédio para ela; alguém que nunca foi avisado, ou nunca se preocupou com a voz de advertência de Deus, para 'fugir da ira que há de vir'; alguém que nunca percebeu que ele está em perigo do fogo do inferno, ou clamou, na sinceridade de sua alma, 'O que devo fazer para ser salvo?'.
5. Se esta pessoa adormecida for exteriormente corrupta, seu sono será o mais profundo, afinal: mesmo que ele seja um espírito indiferente às questões religiosas, 'nem frio, nem quente', mas um professor da religião de seus pais, quieto, racional, inofensivo, afável; ou mesmo, ele seja zeloso e ortodoxo, e, 'segundo a facção mais restrita de nossa religião', viva 'como um fariseu'; ou seja, de acordo com o relato bíblico, alguém que se autojustifica; alguém que estabelece a sua própria retidão, como o alicerce para sua aceitação com Deus.
6. Este é aquele que 'tendo a forma da santidade, nega o poder dela'; sim, e provavelmente a ultraja, onde quer que ela seja encontrada, como mera extravagância e ilusão. Enquanto isto, o desprezível auto-enganador agradece a Deus, já que ele 'não é como os outros homens; adúlteros, injustos, usurários': não, ele não faz mal a homem algum. Ele 'jejua, duas vezes por semana'; usa de todos os meios da graça; é constante na igreja e no sacramento; sim, e 'dá o dízimo de tudo que ele tem'; faz todo o bem que ele pode 'no tocante à retidão da lei'; ele está 'sem culpa': ele quer nada da santidade, a não ser o poder; nada da religião, a não ser o espírito; nada do Cristianismo, a não ser a verdade e a vida.
7. Mas você não sabe que, embora altamente estimado entre os homens, tal cristão é uma abominação aos olhos de Deus, e um herdeiro de cada infortúnio que o Filho de Deus, ontem, hoje, e para sempre, denuncia contra os 'escribas e fariseus, hipócritas?'. Ele 'limpou o lado de fora do copo e travessa', mas dentro está cheio de toda imundície. 'Uma doença diabólica aderida a ele ainda, de modo que suas partes interiores são a própria perversidade'. Nosso Senhor adequadamente o compara a um 'sepulcro caiado', que 'parece bonito por fora'; não obstante, 'está cheio de ossos de homens mortos, e de toda sorte de impureza'. Os ossos, na verdade, já estão secos; os tendões e a carne estão sobre eles, e a pele os cobre: mas não existe fôlego neles, não existe o Espírito do Deus vivo. E, 'se algum homem não tem o Espírito de Cristo, ele não é Dele'. 'Você é de Cristo, se o Espírito de Deus habitar em você': mas, se não, Deus sabe que você habita na morte, até mesmo, agora.
8. Esta é uma outra característica daquele que dorme, e de quem se fala aqui. Ele habita na morte, embora ele não saiba disto. Ele está morto para Deus, 'morto nas transgressões e pecados'. Uma vez que, 'estar carnalmente inclinado é estar morto'. Assim como está escrito, 'Através de um homem, o pecado entrou no mundo, e a morte, através do pecado; e então, a morte passou para todos os homens'; não apenas a morte temporal, mas, igualmente, a morte espiritual e eterna. 'No dia que tu comeres', disse Deus a Adão, 'tu certamente morrerás'; não fisicamente (exceto quando ele, então, se tornara imortal), mas espiritualmente: tu perderás a vida de tua alma; tu deverás morrer para Deus: tua vida, e felicidade essencial estarão separadas Dele.
9. Assim, primeiro, foi dissolvida a união vital de nossa alma com Deus; de tal maneira que, 'em meio à vida' natural, 'nós estamos' agora na 'morte' espiritual. E nisto permanecemos, até que o Segundo Adão se torna um Espírito vivificado para nós; até que ele se ergue dos mortos, a morte no pecado, no prazer, riquezas e honras. Mas, antes que sua alma morta possa viver, ele 'ouve' (ouve atentamente) 'a voz do Filho de Deus': ele se torna consciente de seu estado perdido, e recebe a sentença da morte em si mesmo. Ele se reconhece 'morto enquanto vive'; morto para Deus, para todas as coisas de Deus; tendo não mais poder para executar as ações de um cristão vivo, do um morto fisicamente, para executar as funções de um homem vivente.
10. E é mais certo que alguém morto no pecado não tem 'os sentidos exercitados, de maneira a discernir o bem e mal espiritual'. 'Tendo olhos, ele não vê; ele tem ouvidos, mas não ouve'. Ele não 'prova e vê que aquele Senhor é gracioso'. Ele 'não vê Deus em momento algum'; nem 'ouve sua voz', nem 'faz uso da palavra da vida'. Em vão, é o nome de Jesus, 'como o ungüento emanado, e todas as suas vestimentas com cheiro de mirra, aloés, e canela'. A alma que dorme na morte não tem percepção de quaisquer objetos deste tipo. Seu coração está 'insensível', e não entende qualquer uma dessas coisas.
11. E, assim, não tendo sentidos espirituais; não tendo aberturas para o conhecimento espiritual, o homem natural não recebe as coisas do Espírito de Deus; mais do que isto, ele está tão longe de recebê-las, que quem quer que seja espiritualmente preocupado é um mero tolo para ele. Ele não está satisfeito de ser extremamente ignorante das coisas espirituais, mas nega a existência delas. E a própria sensação espiritual é para ele a tolice do tolo. 'Como é', diz ele, 'que essas coisas podem ser?'. 'Como algum homem pode saber que está vivo para Deus?'. Assim como você sabe que seu corpo agora vive! Fé é a vida da alma; e se você não tem esta vida, habitando em você, você não necessita de marcas para evidenciar isto em si mesmo, mas daquela consciência divina, daquele testemunho de Deus, que é maior do que dez mil testemunhos humanos.
12. Se Ele não testemunha, agora, com teu espírito que tu és um filho de Deus, Ó, que Ele possa convencer a ti; tu, pobre pecador adormecido, pela Sua demonstração e poder, de que tu és um filho do diabo! Ó, que, como eu profetizo, possa existir agora 'um barulho e um abalo'; e 'os ossos' possam se 'juntar, cada osso a seu osso!'. Então, 'virá dos quatro ventos, Ó, Fôlego! E soprará neste pobre miserável, para que ele possa vive!'. E que vocês não endureçam teus corações e resistam ao Espírito Santo, que, até mesmo agora, está vindo para convencê-los de seus pecados, 'já que vocês não crêem no nome do Unigênito Filho de Deus'.
II
1. O motivo do 'acorda, tu que dormes, e levanta-te dos mortos': Deus chamou a ti agora, através da minha boca; e ordena a ti que conheças a ti mesmo, tu espírito caído, teu verdadeiro estado, e que apenas se preocupa com as coisas que estão abaixo. 'O que tu pretendes, Ó adormecido? Levanta-te. Atende ao teu Deus; se assim for, teu Deus pensará em ti, para que tu não pereças'. Uma poderosa tempestade está derramada em volta de ti, e tu estás mergulhado nas profundezas da perdição, no abismo dos julgamentos de Deus. Se tu quiseres escapar deles, lança-te dentro deles. 'Julga a ti mesmo, e tu não serás julgado pelo Senhor'.
2. Acorda, Acorda! Levanta-te neste exato momento, a fim de que tu não 'bebas, das mãos do Senhor, o copo de sua fúria'. Levanta-te, e segura no Senhor, o Senhor de tua Retidão, poderoso para salvar! 'Sacuda o pó de ti'. Por fim, deixe o terremoto das ameaças de Deus te abalarem. Acorda, e clama com o carcereiro trêmulo, 'O que devo fazer para ser liberto?'. E nunca descanse, até que tu creias no Senhor Jesus, com a fé que é o Seu dom, através da operação de Seu Espírito.
3. Se eu falo a algum de vocês mais do que a outro, é para ti que te julgas despreocupado quanto a essa exortação. 'Eu tenho uma mensagem de Deus para ti'. Em nome Dele, eu aconselho-te 'a fugir da ira vindoura'. Tua alma iníqua vê teu retrato na condenado Pedro, mentindo no escuro calabouço, entre os soldados, preso às duas algemas, os carcereiros, diante da porta, vigiando a prisão. A noite já está alta, e a manhã está à mão, quando tu serás conduzido para execução. E nestas circunstâncias terríveis, tu deverás dormir rapidamente; tu dormirás nos braços do diabo, à beira do precipício, na garganta da destruição eterna!
4. Ó, possa o Anjo do Senhor vir até ti, e a luz brilhar dentro de tua prisão! E que tu possas sentir o toque de uma Mão Poderosa, erguendo-te, com o clamor, 'Levanta-te rapidamente, prepara-te, e amarra tuas sandálias, joga tuas vestes sobre ti, e segue-Me'.
5. Acorda, tu, espírito eterno, do teu sonho de felicidade mundana! Deus não te criou para Si mesmo? Então, tu não podes descansar, até que tu descanses Nele. Retorna, tu, viandante! Fuja de volta para tua arca. Este não é teu lar. Não pensa em construir tabernáculos aqui. Tu não passas de um estranho, um hóspede sobre a terra; uma criatura de um dia, mas daqui a pouco partindo para um estado permanente. Apressa-te! A eternidade está à mão. A eternidade depende deste momento. Uma eternidade de felicidade, ou uma eternidade de miséria.
6. Qual o estado de tua alma? Se Deus, enquanto eu ainda estou falando, a requeresse de ti, será que tu estarias pronto para encontrares a morte e o julgamento? Podes tu estar diante dos olhos de Deus; tu és tão 'puro de olhos que não podes ver a iniqüidade?'. (Habacuque 1:13). Serás tu 'parceiro da herança dos santos na luz?'. (Colossense 1:12). Tens 'lutado a boa luta, e mantido a fé?'. (I Timóteo 6:12). Tens assegurado a única coisa necessária? Tens recuperado a imagem de Deus, até mesmo a retidão e a santidade verdadeira? Tens te despojado do velho homem, e colocado o novo no lugar? Estás de acordo com Cristo?
7. Tens tu óleo na candeia? Graça no teu coração? 'Tu amas o Senhor teu Deus, com todo teu coração, e com toda tua mente e toda tua alma, e com todas as tuas forças?'. Está em ti aquela mente que também estava em Jesus Cristo? Tu és um cristão, de fato; ou seja, uma nova criatura? As coisas velhas já se passaram, e todas as coisas se tornaram novas?
8. És tu 'parceiro da natureza divina?'. Tu sabes que 'Cristo está em ti, exceto se tu fores réprobo?'. Tu sabes que Deus 'habita em ti, e tu em Deus, através do Espírito Dele, e que Ele deu a ti?'. Tu sabes que 'teu corpo é o templo do Espírito Santo, o qual tu tens de Deus?'. Tens o testemunho em ti mesmo? A garantia de tua herança? Tu tens 'recebido o Espírito santo?'. Ou tu foges à questão, não sabendo, 'se existe algum Espírito Santo?'.
9. Se isto ofende a ti, estejas seguro de que tu nem és um cristão, nem desejas ser um. Mais do que isto, mesmo teu prazer tornou-se pecado; e tu solenemente tens zombado de Deus, neste mesmo dia, orando pela inspiração do Espírito Santo, quando tu não crês que existiu alguma coisa assim para ser recebida.
10. Ainda assim, na autoridade da Palavra de Deus, e de nossa própria igreja, eu devo repetir a questão: 'Tu já recebeste o Espírito Santo?'. Se tu não recebeste, tu não és ainda um cristão. Porque um cristão é um homem que está 'ungido com o Espírito Santo e com o poder'. Tu ainda não foste feito um parceiro da religião pura e imaculada. Tu sabes o que é a religião? – que ela é a participação da natureza divina; a vida de Deus na alma do homem; Cristo formado no coração; 'Cristo em ti, a esperança da glória'; felicidade e santidade; o céu iniciado na terra; 'um reino de Deus, dentro de ti; não carne e bebida'; não coisas exteriores; 'mas a retidão, paz, e a alegria no Espírito santo'; um reino eterno trazido para dentro de tua alma; 'a paz de Deus que ultrapassa todo entendimento'; 'a alegria inexplicável, e cheia de glória?'.
11. Tu sabes que 'em Jesus Cristo, nem a circuncisão tem proveito algum, nem a incircunscisão; mas a fé que é operada pelo amor'; mas a nova criação? Vês a necessidade daquela mudança interior; daquele nascimento espiritual; daquela vida de entre os mortos; daquela santidade? Estás totalmente convencido de que sem ela, nenhum homem verá o Senhor? Estás te esforçando em busca dela? – 'aplicando toda diligência, para tornares teu chamado e eleição, verdadeiros'; 'operando tua salvação com medo e tremor', 'agonizando para entrares pelo portão estreito?'. Estás tranqüilo com respeito à tua alma? Podes dizer ao Pesquisador dos corações, 'Tu, Ó, Deus, és o que eu há muito procurava! Senhor, tu sabes todas as coisas; Tu sabes que eu amo a Ti!'.
12. Tu esperas ser salvo. Mas que motivo tens tu para teres esperança? Será porque tu não tens causado mal? Ou, porque tu tens feito o bem? Ou, porque tu não és, como os outros homens; és sábio, ou culto, ou honesto, e moralmente bom; estimado pelos homens, e de uma reputação justa? Ai de mim! Tudo isto nunca irá levar-te até Deus. Ele considera isto mais brilhante do que a vaidade. Tu conheces Jesus Cristo a quem Ele enviou? Ele te ensinou que 'pela graça somos salvos, através da fé; e isto, não pelos nossos meios: mas pelo dom de Deus: não pelas obras, a fim de que nenhum homem se vanglorie?'. Tens recebido as palavras fiéis, como todo o alicerce de tua esperança, 'de que Jesus Cristo veio para o mundo, para salvar os pecadores?'. Tu tens aprendido que isto significa, 'Eu não vim chamar o justo, mas os pecadores ao arrependimento?'. Eu não fui enviado, a não ser para as ovelhas perdidas? Tu já estás (aquele que ouve, que entenda!) perdido, morto e condenado? Conheces teus desertos? Conheces tuas necessidades? És 'pobre em espírito?'. Murmuras por Deus, e recusa-te a seres confortado? É o pródigo 'volte a si', e fique satisfeito, embora que sendo considerado 'fora de si', por aqueles que estão ainda se alimentando dos restos, que Ele tem deixado? Tu tens desejado viver devotadamente em Jesus Cristo? Tu sofres, portanto, perseguição? Os homens dizem toda forma de mal contra ti, falsamente, por causa do Filho do Homem?
13. Que em todas essas questões, tu possas ouvir a voz daquele que acorda o morto; e sinta aquele martelar da Palavra, que parte as pedras em pedaços! 'Se ouvires a voz dele hoje, enquanto é chamado hoje, não endureça teu coração'. Agora, 'acorda, tu que dormes', na morte espiritual, para que tu não durmas na morte eterna! Conscientiza-te de teu estado perdido, e 'ergue-te dos mortos'. Deixa tuas velhas companhias no pecado e morte. Segue Jesus, e deixa os mortos enterrarem seus mortos. 'Salva a ti mesmo desta geração perversa'. 'Sai do meio deles, fica de fora, e não toca em coisa impura, e o Senhor irá receber a ti'. 'Cristo irá te dar a luz'.
III
1. Esta promessa, eu vou finalmente explicar. E quão encorajadora consideração é esta, a de que quem quer que tu sejas, que obedeças ao chamado Dele, tu não terás buscado tua face em vão! Se, até mesmo agora, tu 'acordas, e te ergues dos mortos', ele se verá inclinado a 'dar a ti a luz'. 'O Senhor dará a ti graça e glória'; a luz de sua graça aqui, e a luz de sua glória, quando tu receberás a coroa que se desvaneceu. 'Tua luz deverá irromper como a manhã; e a tua escuridão será como o sol do meio-dia'. 'Deus, que ordenou que a luz brilhasse na escuridão, deverá brilhar em teu coração; para dar o conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo'. Sobre aqueles que temem, o Senhor 'fará o Sol da Retidão se erguer com cura em suas asas'. E naquele dia será dito a ti: 'Levanta, brilha; porque tua luz está vindo, e a glória de Deus está sobre ti'. Porque Cristo revelará a si mesmo em ti: e ele é a Luz verdadeira.
2. Deus é luz, e dará a si mesmo a todo pecador desperto que esperou por Ele; e tu serás, então, o templo do Deus vivo, e Cristo deverá 'habitar em teu coração, pela fé'; e 'estando enraizado e alicerçado no amor, tu serás capaz de compreender com todos os santos, o que é a largura, comprimento, profundidade de altura daquele amor de Cristo que ultrapassa o conhecimento'.
3. Você verá seu chamado, irmão. Nós seremos chamados a estarmos 'na habitação de Deus, através de seu Espírito'; e, através de seu Espírito, habitando em nós, para sermos santos aqui e parceiros da herança dos santos na luz. Tão excessivamente grandes são as promessas que são dadas a nós; efetivamente dadas a nós que cremos! Porque, pela fé, 'nós recebemos, não o espírito do mundo, mas o Espírito que é de Deus'. – a soma de todas as promessas – 'para que possamos conhecer as coisas que nos são livremente dadas por Deus'.
4. O Espírito de Cristo é aquele grande dom de Deus, que em diversos momentos, e de diversas maneiras, Ele tem prometido ao homem, e tem concedido, desde o tempo em que Cristo foi glorificado. Aquelas promessas, antes feita aos antepassados, ele tem assim cumprido: 'Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis. (Ezequiel 36:27). 'Porque derramarei água sobre o sedento, e correntes sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência' (Isaías 44:3).
5. Vocês todos podem ser testemunhas vivas dessas coisas; da remissão dos pecados, e do dom do Espírito Santo. 'Se tu podes crer, todas as coisas são possíveis a ele que crê'. 'Quem, entre vocês, teme ao Senhor, e', ainda assim, caminha 'na escuridão, e não tem a luz?'. Eu pergunto a ti, em nome de Jesus: Tu crês que os braços dele não são curtos, afinal? Que ele é ainda poderoso para salvar? Que Ele é o mesmo ontem, hoje, e para sempre? Que Ele tem agora poder sobre a terra para perdoar os pecados? 'Filho, alegra-te; teus pecados foram perdoados'. Deus, por causa de Cristo, perdoou a ti. Recebe isto, 'não como a palavra do homem; mas como ela é, a palavra de Deus'; tu estás justificado livremente pela fé. Tu serás santificado também, através da fé, que está em Jesus, e colocarás o teu selo, até mesmo tu; 'Aquele que nos foi dado por Deus na vida eterna, e esta vida está em seu Filho'.
6. Homens e irmãos, deixem-me falar livremente a vocês, e permitir-lhes a palavra de exortação, mesmo do menos estimado na igreja. A consciência de vocês são suas testemunhas no Espírito Santo, de que essas coisas são assim; portanto, vocês experimentaram que o Senhor é gracioso. 'Esta é a vida eterna: conhecer o único Deus verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem Ele enviou'. Este conhecimento experimental, e apenas este, é o Cristianismo verdadeiro. Ele é um cristão que recebeu o Espírito de Cristo. Ele não é um cristão que não O recebeu. Nem é possível recebê-Lo, e não saber disto. Porque, até aquele dia' (quando ele virá, diz nosso Senhor), 'vocês deverão saber que eu estou no Meu Pai, e vocês estão em Mim, e Eu em vocês'. Este é aquele 'Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque ele não O vê; nem O conhece: mas vocês O conhecem; já que Ele habita convosco, e deverá estar em vocês'. (João 14:17).
7. O mundo não pode recebê-Lo, e rejeita extremamente a Promessa do Pai, contradizendo e blasfemando. Mas cada espírito que não confesse, este não é de Deus. Sim, 'este é aquele espírito de Anticristo, o qual vocês ouviram viria para o mundo; e mesmo agora está no mundo'. É Anticristo quem quer que negue a inspiração do Espírito Santo, ou aquele Espírito de Deus que é o privilégio comum de todos os crentes; a bênção do evangelho; o inexprimível dom; a promessa universal; o critério de um cristão verdadeiro.
8. Em nada os ajuda dizer: 'Nós não negamos a assistência do Espírito de Deus; mas apenas esta inspiração; este receber do Espírito Santo: e estar consciente disto. É apenas esta consciência do Espírito; este ser movido pelo Espírito; ou preenchido com Ele, que nós negamos existir, em qualquer parte da religião perfeita'. Mas em apenas negar isto, vocês negam todas as Escrituras; toda a verdade, e promessa e testemunho de Deus.
9. Mesmo nossa excelente igreja conhece nada desta distinção diabólica; mas fala claramente da 'consciência do Espírito de Cristo' [Artigo 17]; do ser 'movido pelo Espírito Santo'. [Ofício dos Sacerdotes consagrados] e do conhecer e 'sentir que não existe outro nome do que o de Jesus', [Visitação do Doente], por meio do qual podemos receber vida e salvação. Ela nos ensina a orar pela 'inspiração do Espírito Santo'. [coleta: oração que na missa precede a epístola, antes da Comunhão Santa]; sim, e que nós podemos ser 'preenchidos com o Espírito Santo' [Ordem da Confirmação]. Mais ainda: que cada Presbítero dela professa receber o Espírito Santo, pela imposição de mãos. Portanto, negar qualquer um desses, é, em efeito, renunciar à Igreja da Inglaterra, assim como toda a Revelação Cristã.
10. Mas 'a sabedoria de Deus' foi sempre 'tolice para os homens'. Não é de se admirar, então, que o grande mistério do evangelho pudesse agora também ser 'oculto do sábio e prudente', assim como, nos dias dos antepassados; para que ele fosse quase universalmente negado, ridicularizado, e demolido, como mero frenesi; e para que todos que se atreveram a admiti-lo ainda sejam estigmatizados com os nomes de loucos e entusiastas! Este é 'aquele se apostatar', que viria – aquela apostasia geral de todas as ordens e graus de homens, que nós, até mesmo agora, constatamos tem se espalhado sobre a terra. 'Percorram, de um lado a outro, as ruas de Jerusalém, e vejam se vocês podem encontrar um homem'; um homem que ame o Senhor seu Deus, com todo seu coração, e O serve com todas as suas forças. Como nossa própria terra pranteia (para que não vejamos mais além), debaixo da inundação de iniqüidade'! Que vilanias de todos os tipos são cometidas, dia a dia; sim, tão freqüentemente, com impunidade, por aqueles que pecam com a mão direita, e gloriam-se de sua vergonha! Quem pode somar as pragas, maldições, blasfêmias profanas; a mentira, calúnia, maledicência; a quebra do Sabbath, glutonaria, bebedeira, vingança; as prostituições, adultérios, e várias impurezas; as fraudes, injustiça, opressão, extorsão, que se espalham sobre a terra como uma inundação?
11. E mesmo em meio àqueles que se mantiveram puros daquelas abominações mais grosseiras; quanta ira e orgulho; quanta indolência e ócio; quanta fraqueza e efeminação; quanta luxúria e auto-indulgência; quanta cobiça e ambição; quanta sede de reconhecimento; quanto amor do mundo; quanto temor do homem, é encontrado! Entretanto, quão pouco da verdadeira religião! Porque, onde está aquele que ama a Deus, ou ao seu próximo, como Ele nos ordenou? Por um lado, estão aqueles que não têm tanto da forma de santidade; por outro, aqueles que têm apenas a forma: lá se situa o notório, e pintado, sepulcro. De modo que, no mesmo feito, quem quer que fosse honestamente observar qualquer público reunindo-se (eu temo que esses, em nossas igrejas, não devem ser esperados), poderia facilmente perceber que, uma parte seria Saduceus, e a outra, Fariseus'; uma tendo quase tão pouco entendimento sobre a religião, como se não existisse 'ressurreição, nem anjo, nem espírito'; e a outra, fazendo dela uma forma sem vida, uma sucessão entorpecida de manifestações externas, sem tanto a fé verdadeira, quanto o amor de Deus, ou a alegria do Espírito Santo!
12. Deus permitisse, eu gostaria que nos excluíssemos dessa condição! 'Irmãos, o desejo de meu coração, e oração a Deus, por vocês, é que vocês possam ser salvos' deste transbordamento de iniqüidade; e que aqui suas ondas orgulhosas permaneçam! Mas é desta forma, na verdade? Deus sabe que não; sim, e nossa consciência, também. Nós não temos nos mantidos puros. Nós somos também corruptos e abomináveis; e poucos existem que entendem um pouco mais; poucos que adoram a Deus em espírito e verdade. Nós também somos 'uma geração que não fixa seus corações corretamente, e cujo espírito não se adere firmemente a Deus'. Ele nos designou, de fato, para sermos 'o sal da terra; mas se o sal tiver perdido o seu sabor, ele será, dali pra frente, bom para nada; a não ser, para ser lançado fora, e pisoteado pelos homens'.
13. E 'eu não deverei ver, por causa dessas coisas, diz o Senhor? Minha alma não se vingará de tal nação como esta?'. Sim. Nós não sabemos, quão logo Ele poderá dizer à espada: 'Espada, vá através desta terra!'. Ele nos deu muito tempo, para que nos arrependêssemos. Ele nos deixou sozinhos este ano também: mas Ele nos acautela e nos desperta, trovejando. Seus julgamentos estão nos arredores da terra; e nós temos todas as razões para esperar a maior colheita de todas, até mesmo aquela de que Ele 'viria a nós rapidamente, e removeria nosso castiçal de seu lugar, exceto, se nos arrependêssemos e realizássemos as primeiras obras'; a menos que retornemos aos princípios da Reforma, a verdade e simplicidade do evangelho. Talvez, estejamos agora resistindo ao ultimo empenho da graça divina em nos salvar. Talvez, tenhamos quase 'preenchido a medida de nossas iniqüidades', rejeitando o conselho de Deus, contra nós mesmos, e expulsando Seus mensageiros.
14. Ó, Deus, 'durante Tua ira, tenha misericórdia!'. Seja glorificado em nossa reforma, não em nossa destruição! 'ouve o açoite, e ele que o designou!'. Agora que Teus 'julgamentos estão nos arredores da terra', que os habitantes do mundo 'aprendam a retidão!'.
15. Chegou a hora, meus irmãos, de acordarmos do sono, antes que 'a grande trombeta do Senhor seja soprada', e nossa terra se torne um campo de sangue. Ó, que nós possamos rapidamente ver as coisas que são feitas para nossa paz, antes que elas desapareçam de nossos olhos! 'Volta-te a nós, Ó, bom Senhor, e permite que Tua ira cesse. Ó, Senhor, vê dos céus, observa e visita esta vinha'; e nos faze saber 'a hora de nossa visitação'. 'Ajuda-nos, Ó, Deus da nossa salvação, para a glória de Teu nome! Liberta-nos, e é misericordioso para com nossos pecados, por causa de Teu nome! E, assim, nós não nos afastaremos de Ti. Ó, permite que vivamos, e sermos chamados pelo Teu nome. Volta para nós novamente, Ó Senhor dos Exércitos! Mostra a luz de Teu semblante, e seremos completos'.
'Agora, junto a Ele que é capaz de fazer abundantemente mais acima de tudo que possamos pedir ou pensar, de acordo com o poder que opera em nós; a Ele seja a glória na Igreja, por de Cristo Jesus, através de todos os tempos; mundo sem fim. – Amém!'.
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