sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Retidão da Fé

'Ora Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas. Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo.) Ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo.) Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos'
(Romanos 10:5-8)


1. O Apóstolo não contrapõe a aliança dada por Moisés, com a aliança dada por Cristo. Se nós, alguma vez, imaginamos isto, foi por falta de observar que a última, tanto quanto a primeira parte dessas palavras, foi falada pelo próprio Moisés para o povo de Israel, e isto, concernente à aliança que, então, havia. (Deuteronômio 30:11-14) 'Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires'. Mas é a aliança da graça, que Deus, através de Cristo, tem estabelecido, com homens de todas as épocas, (tanto quanto diante e sob o desígnio judeu, desde que Deus foi manifestado na carne) que Paulo confronta com as obras feitas com Adão, enquanto no paraíso, mas comumente supôs ser apenas a aliança que Deus tem feito com o homem, particularmente por aqueles judeus a quem o Apóstolo escreve.

2. É destes que ele fala tão afetuosamente, no início desse capítulo: (Romanos 10:1-3) 'Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porque sendo ignorantes da justiça de Deus', (da justificação que flui de sua mera graça e misericórdia, livremente perdoando nossos pecados através do Filho de seu amor, pela redenção que está em Jesus), 'buscando estabelecer a sua própria retidão', (a própria santidade deles, antecedente à fé 'nele que justifica o descrente' como o alicerce do perdão e aceitação deles) 'não têm se submetido à retidão de Deus', e, conseqüentemente buscam a morte no erro de suas vidas.

3. Eles eram ignorantes de que 'Cristo é a finalidade da lei, para a retidão a todo aquele que crê'; -- que, através da oblação de si mesmo, uma vez oferecida, Ele colocou um fim à primeira lei ou aliança, (que, realmente, não foi dada por Deus a Moisés, mas à Adão, em seu estado de inocência), o estrito teor, a respeito do qual, sem qualquer diminuição, foi, 'Faça isto, e viverá'; e, ao mesmo tempo, conseguido por nós aquela aliança melhor, 'Creia, e viverá'; creia, e você será salvo; agora salvo, ambos da culpa e do poder do pecado, e, da conseqüência, da paga dele.

4. E quantos são igualmente ignorantes disto agora, mesmo entre esses que são chamados pelo nome de Cristo! Quantos têm agora um 'zelo por Deus', ainda assim, não o têm de 'acordo com o conhecimento'; mas estão ainda buscando 'estabelecer sua própria justiça', como o alicerce do perdão e aceitação deles; e, portanto, veementemente recusando-se a 'submeterem a si mesmos à retidão de Deus!'. Certamente, o desejo de meu coração, e oração para o Deus por vocês, irmãos, é que possam ser salvos. E, com o objetivo de remover essa grande pedra de tropeço de nosso caminho, eu vou me esforçar para mostrar, Primeiro, qual a retidão, que é pela lei, e qual 'a retidão que é pela fé'. Em Segundo Lugar, a insensatez de se acreditar na retidão da lei, e a sabedoria de submeter-se àquela que é da fé.

I

1. E, Primeiro, 'a retidão que é a da lei diz, o homem que faz tais coisas, deverá viver por elas'. Observem constantemente e perfeitamente todas essas coisas para fazê-las, e então, você viverá para sempre. Essa lei, ou aliança, (usualmente chamada de Aliança das Obras), dada por Deus ao homem no paraíso, requeria uma perfeita obediência em todas as suas partes, completa e não faltando em coisa alguma, como a condição de sua permanência eterna na santidade e felicidade, por meio dos quais, ele foi criado.

2. Requeria-se que aquele homem preenchesse toda retidão interior ou exterior, negativa ou positiva: Que ele pudesse, não apenas abster-se de toda palavra inútil, e evitar toda obra pecaminosa, mas que mantivesse toda afeição, todo desejo, todo pensamento, em obediência à vontade de Deus: Que ele pudesse continuar santo, como Aquele que o havia criado era santo, ambos no coração, e em toda a forma de conversação: Que ele pudesse ser puro no coração, assim como Deus é puro; perfeito como seu Pai nos céus era perfeito: Que ele pudesse amar o Senhor, seu Deus, com todo seu coração, com toda sua alma, com toda sua mente, e com toda sua força; que ele pudesse amar cada alma que Deus fez, assim como Deus o amava: Que, através dessa benevolência universal, ele pudesse habitar em Deus (que é amor), e Deus nele: Que ele pudesse servir ao Senhor, seu Deus, com toda as suas forças, e em todas as coisas, simplesmente objetivando a sua glória.

3. Essas eram as coisas que a retidão da lei requereu, para que aquele que as cumprisse, pudesse viver por meio disto. Mas, mais além, requereu-se que essa obediência completa a Deus; essa santidade interior e exterior; essa conformidade, ambos do coração e vida para sua vontade, seria perfeita em escalas. Nenhuma diminuição, nenhuma permissão poderia possivelmente ser feita, por escassez, em algum nível, como de um jota ou um til, tanto da lei exterior, quanto da interior. Se todo mandamento relacionado às coisas exteriores fosse obedecido, ainda assim, isto não seria suficiente, a menos que cada um fosse obedecido, com toda a força, na mais alta medida, e da maneira mais perfeita. Nem respondia à pretensão dessa aliança, o amar a Deus, com todo poder e faculdade, a menos que Ele fosse amado, com a completa capacidade de cada um, e com toda a possibilidade da alma.

4. Uma coisa a mais era indispensavelmente requerida pela retidão da lei, ou seja, que esta obediência universal, essa perfeita santidade, ambos do coração e vida, pudesse ser perfeitamente ininterrupta também; pudesse continuar, sem qualquer interrupção, do momento em que Deus criou o homem, e soprou em suas narinas o fôlego da vida, até os dias, em que seu julgamento tivesse terminado, e ele pudesse ser confirmado na vida eterna.

5. A retidão, então, que é da lei, fala dessa maneira: "Tu, ó homem de Deus, permanecerás firme no amor, na imagem de Deus, por meio do qual foste criado. Se tu permaneceres na vida, mantenhas os mandamentos, que agora foram escritos em teu coração. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Amarás, toda alma que Ele criou, como a ti mesmo.. Desejarás nada, a não ser, Deus. Almejarás a Deus, em todos os teus pensamentos, em toda palavra e obra. Não te desviarás, em um só movimento de corpo ou alma, Dele, a tua marca, a recompensa de teu alto chamado; e que tudo que existe em ti, seja um louvor ao Seu santo nome; todo poder e faculdade de tua alma, de todo o tipo, em qualquer grau, e em todo o momento de tua existência. 'Isto faças, e viverás': Tua luz brilhará; teu amor inflamar-se-á, cada vez mais, até que sejas recebido no alto, na casa de Deus, nos céus, para reinares com ele, para todo o sempre'".

6. Mas a retidão que é da fé fala dessa maneira: Não diga ao teu coração, Quem subirá aos céus, ou seja, trará Cristo do alto para a terra'; (como se fosse alguma tarefa impossível a que Deus requereu que tu executasses previamente, com o objetivo de tua aceitação); ou, Quem deverá descer para as profundezas: ou seja, trazer Cristo de entre os mortos'; (como se isto ainda restasse ser feito, pelo que tu deverás ser aceito); 'mas o que ela diz?'. A palavra, conforme o teor do qual tu podes agora ser aceito, como herdeiro da vida eterna, 'está próxima a ti, mesmo em tua boca, e em teu coração; ou seja, a palavra da fé que nós pregamos',-- a nova aliança que Deus tem agora estabelecido com o homem pecador, através de Jesus Cristo.

7. Através da 'retidão que é da fé', significa, aquela condição de justificação, (e, em conseqüência, de salvação presente e final, se nós resistirmos nisto até o fim) que foi dada por Deus ao homem caído, através dos méritos e mediação de seu Unigênito. Esta foi a parte revelada a Adão, logo após a sua queda; estando contida em sua promessa original, feita a ele e sua semente, concernente a Semente da Mulher, que deveria 'esmagar a cabeça da serpente'. (Gênesis 3:15) 'E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar'. Ela foi um pouco mais claramente revelada a Abrão, através do anjo de Deus, dos céus, dizendo: (Gênesis 17:16) 'Porque eu a hei de abençoar, e te darei dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela'. E foi ainda mais completamente conhecida a Moisés, Davi, e todos os profetas que se seguiram; e, através deles, às muitas pessoas de Deus, em suas respectivas gerações. Mas, ainda a maior parte, mesmo desses, era ignorante dela; e muito poucos entenderam-na claramente. Entretanto, 'vida e imortalidade' não foram assim 'trazidas à luz', aos judeus do passado, como elas são agora trazidas a nós, 'através do Evangelho'.

8. Agora, essa aliança não diz ao homem pecador: 'Execute a obediência, sem pecado, e viva'. Se este fosse o termo, ela teria nenhum proveito, através de tudo que Cristo fez e sofreu por ele, do que se lhe fosse requerido, com o objetivo da vida, 'ascender ao céu e trazer Cristo do alto'; ou 'descer às profundezas', para o mundo invisível, e 'erguer Jesus de entre os mortos'. Ela não requer qualquer impossibilidade de ser feita: (Embora ao homem comum, o que ela requer seja impossível; não o será para o homem assistido pelo Espírito de Deus): Esta era apenas para escarnecer a fraqueza humana. De fato, falando estritamente, a aliança da graça não requer que façamos alguma coisa, afinal, como sendo absoluta e indispensavelmente necessária, com o objetivo de nossa justificação; mas apenas, crer Nele que, por causa de seu Filho, e da expiação que Ele fez, 'justifica o não santo, que não trabalha', e imputa sua fé, a ele por retidão. Assim sendo Abraão 'creu no Senhor, e ele imputou isto a ele por retidão'. (Gênesis 15:6) 'E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça'.'E ele recebeu o sinal da circuncisão, o selo da retidão da fé, -- para que ele pudesse ser o pai de todos os que crêem, -- para que a retidão pudesse ser imputada junto a eles também'.

'Agora ela não foi escrita por causa de um apenas, ou seja', por exemplo, a fé 'foi imputada a Ele; mas por nós também, a quem ela deveria ser imputada'; a quem a fé deveria ser imputada por retidão; deveria permanecer no lugar da obediência perfeita, com o objetivo da aceitação com Deus; 'se nós crêssemos Nele, que ressuscitou Jesus, nosso Senhor, dos mortos; que foi entregue' à morte, 'por nossas ofensas, e ressuscitou para nossa justificação'.

(Romanos 4:11) 'E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que crêem, estando eles também na incircuncisão; a fim de que também a justiça lhes seja imputada'.

Pela segurança da remissão de nossos pecados, e da segunda vida a vir, àqueles que crêem:

(Romanos 4:23-25) 'Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor o qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação'.

9. O que diz, então, a aliança do amor clemente e imerecido, e a misericórdia redentora? 'Crê no Senhor Jesus Cristo, e tu serás salvo'. No dia em que tu creres, certamente viverás. Serás restaurado, para o favor de Deus; e em seu prazer é vida. Deverás ser salvo da maldição, e da ira de Deus. Deverás ser vivificado da morte do pecado, na vida da retidão. E, se tu resistires, até o fim, crendo em Jesus, nunca irás provar a segunda morte; mas, tendo sofrido com teu Senhor, deverás também viver e reinar com Ele, para todo o sempre.

10. Agora 'esta palavra está próxima a ti'. Esta condição de vida é clara e fácil, e está sempre à mão. 'Está em tua boca, e em teu coração', através da operação do Espírito de Deus. No momento em que 'tu creres em teu coração', Nele, a quem Deus ergueu de entre os mortos', e 'confessares com tua boca, o Senhor Jesus', como teu Senhor e teu Deus, 'tu deverás ser salvo', da condenação, da culpa e punição de teus primeiros pecados, e terás poder, para servires a Deus, na santidade verdadeira, todos os dias restantes de tua vida.

11. Qual é a diferença, então, entre a 'retidão que é da lei', e a 'retidão que é da fé:' – entre a primeira aliança, ou a aliança das obras, e a segunda, a aliança da graça? A diferença essencial e imutável é esta: Uma supõe que ele, a quem ela é dada, já seja santo e feliz, criado na imagem, e desfrutando do favor de Deus; e prescreve a condição em que ele poderá continuar nela, no amor e alegria, vida e imortalidade: A outra supõe que ele, a quem ela é dada, seja agora impuro e infeliz, expulso da gloriosa imagem de Deus, tendo a ira de Deus habitando nele, e precipitando-se, através do pecado, por meio do qual sua alma está morta, para a vida corpórea, e morte eterna; e para o homem neste estado, ela prescreve a condição, por meio da qual ele poderá recuperar a pérola que ele perdeu, poderá recuperar o favor e a imagem de Deus, recuperar a vida de Deus em sua alma, e ser restaurado para o conhecimento e amor de Deus, que é o início da vida eterna.


12. Novamente: A aliança de obras, com o objetivo da continuidade do homem no favor de Deus, em seu conhecimento e amor, na santidade e felicidade, requereu do homem perfeito, uma obediência perfeita e ininterrupta a cada ponto da lei de Deus. Enquanto que a aliança da graça, com o objetivo da recuperação do homem do favor, e da vida de Deus, requer apenas fé; fé viva, Nele que, através de Deus, justifica aquele que não o obedeceu.

13. Ainda, novamente: A aliança das obras requereu de Adão e todos os seus filhos, pagarem o preço, eles mesmos, em razão do que, eles receberiam todas as bênçãos futuras de Deus. Mas, na aliança da graça, vendo que não temos nada a pagar, Deus 'livremente nos perdoa a todos': Contanto, apenas, que acreditemos Nele que pagou o preço por nós; que deu a si mesmo como 'Sacrifício expiatório, pelos nossos pecados; pelos pecados do mundo todo'.

14. Assim, a primeira aliança requereu o que está agora longe de todos os filhos dos homens; ou seja, uma obediência, sem pecado, que está distante daqueles que 'são concebidos e nascidos no pecado'. Ao passo que a segunda requer o que está à mão; como se pudesse ser dito: 'Tu és pecado! Deus é amor! Tu, pelo pecado, foste excluído da glória de Deus; ainda assim, existe misericórdia Nele. Traze, então, todos os seus pecados para o perdão de Deus, e eles se extinguirão como uma nuvem. Se tu não fosses impuro, não haveria porque Ele justificar a ti como impuro. Mas, agora, aproxima-te, na completa segurança da fé. Ele fala, e ela é feita. Tu não deves temer, apenas crer; porque, sempre o justo Deus justifica todos que crêem em Jesus'.

II

1. Uma vez, essas coisas, consideradas, seria fácil mostrar, como eu propus fazer, em Segundo Lugar, a tolice de confiar na 'retidão que é da lei', e a sabedoria que é submeter-se 'à retidão que é da fé'. A insensatez desses que ainda confiam na 'retidão que é da lei', cujos termos são, 'Faça isto, e viva', pode aparecer abundantemente por esta razão: Ela parte de um erro: mesmo o seu primeiro passo é um equívoco básico: Porque, antes que eles pudessem, alguma vez, pensar em clamar por alguma bênção, nos termos dessa aliança, eles deveriam supor que eles mesmos estivessem, nas mesmas condições que aqueles, aos quais essa aliança fora feita. Mas que suposição inútil é esta; já que foi feita a Adão, em um estado de inocência. Quão deficiente deve ser aquela construção que se situa em tais fundações. E quão tolos são os que, assim, constroem sobre areia! Que parece nunca ter considerado que a aliança das obras não foi dada para o homem, quando ele estava 'morto nas transgressões e pecados',, mas quando ele estava vivo para Deus, quando ele conheceu nenhum pecado, mas era santo, como Deus é santo; que se esqueceu de que ela nunca foi designada para a recuperação do favor e vida de Deus, uma vez perdida, mas apenas para a continuação e crescimento, disto, até que possa ser completa na vida eterna.

2. Nem quem está, assim, buscando estabelecer a sua 'própria retidão, que é da lei', cogita qual seja aquela maneira de obediência ou retidão, que a lei indispensavelmente requer. Ela deve ser perfeita e completa em todo ponto, ou ela não responde à pretensão da lei. Mas qual de vocês é capaz de executar tal obediência; ou, conseqüentemente, viver por meio dela? Quem entre vocês cumpre cada jota e til, mesmo dos mandamentos exteriores de Deus? – fazendo nada, grande ou pequeno, daquilo que Deus proíbe? – deixando nada do que Ele ordenou, inacabado? – dizendo nenhuma palavra inútil? – tendo sua conversa sempre 'adequada para ministrar a graça para seus ouvintes?' – e, 'o que quer que coma ou beba; ou o que quer que você faça, fazendo tudo para a glória de Deus?'. E quão menos, você é capaz de cumprir todos os mandamentos interiores de Deus! – aqueles que requerem que cada temperamento e movimento de sua alma possam ser santidade junto ao Senhor! Você é capaz de 'amar a Deus com todo o seu coração?' – amar toda a humanidade, como a sua própria alma? –'orar sem cessar? – em todas as coisas dando graças?' – ter Deus sempre diante de você? – e manter cada afeição, desejo e pensamento, em obediência à sua lei?

3. Você pode considerar mais além que a retidão da lei não requer apenas a obediência a todo comando de Deus, negativo e positivo, interno e externo, mas igualmente no grau perfeito. Em qualquer instância que seja, a voz da lei é, 'tu servirás ao Senhor teu Deus com toda a tua força'. Ela não permite qualquer redução dessa espécie: ela não perdoa falha: ela condena todo que se exclui da completa medida da obediência, e imediatamente pronuncia uma punição sobre o ofensor: Ela considera apenas as regras invariáveis da justiça, e diz, 'Eu não sei mostrar misericórdia'.

4. Quem, então, pode se apresentar, diante de tal Juiz, que é 'extremado para marcar o que é feito de errado?'. Quão fracos são aqueles que desejam ser tentados, no obstáculo onde 'nenhuma carne viva pode ser justificada!' -- ninguém da descendência de Adão. Porque, suponha que nós agora mantenhamos todo mandamento, com toda nossa força; ainda assim, uma simples brecha que fosse, destruiria completamente toda nossa reivindicação para a vida. Se ofendermos, alguma vez, em algum ponto, essa retidão está no fim. Porque a lei condena todo aquele que não executa tanto a obediência ininterrupta quanto a perfeita. De modo que, de acordo com a sentença desta, para aquele que uma vez pecou, em algum grau, 'resta apenas um olhar temeroso, por causa da indignação irascível que deverá devorar os adversários' de Deus.

5. Não é, então, o supra-sumo da tolice, o homem caído buscar vida, através da retidão? -- o homem que foi 'moldado na maldade, e que foi concebido no pecado?' -- que é, pela natureza, toda mundana, sensual, diabólica; completamente corrupta e abominável; em quem, até que ele encontre graça, 'nenhuma coisa boa habita'; mais ainda, quem não pode ter, por si mesmo, pensamento algum bom; quem é, de fato, todo pecado, uma mera protuberância da descrença; e quem comete pecado, em todo fôlego que toma; cujas transgressões atuais, em palavra e ação, são mais em número do que os cabelos de sua cabeça? Que estupidez, que insensibilidade deve ser para tal verme impuro, culpado, desamparado, como este, sonhar em buscar aceitação, através de sua própria retidão, de viver pela 'retidão que é da lei!'.

6. Agora, o que quer que as considerações provem da tolice de se confiar na 'retidão que é da lei', elas provam, igualmente, a sabedoria de se submeter à 'retidão que é de Deus pela fé'. Isto foi fácil de ser mostrado, com respeito a cada uma das considerações precedentes. Mas, para acenar isto, a sabedoria do primeiro passo, até aqui, o desaprovar nossa própria retidão, claramente aparece disto, agir de acordo com a verdade, com a real natureza das coisas. Porque, o que é mais do que reconhecer, com nosso coração, assim como lábios, o verdadeiro estado em que nos encontramos? Reconhecer que trazemos conosco, para este mundo, uma natureza corrupta e pecadora; mais corrupta, realmente, do que podemos conceber facilmente, ou podemos encontrar palavras para expressar? – que, por isso, nós estamos propensos a tudo que é mau, e avesso a tudo que é bom; que somos cheios de orgulho, vontade própria, paixões obstinadas, desejos insensatos, afeições vis e excessivas; amantes do mundo; amantes do prazer, mais do que amantes de Deus? – que nossas vidas têm sido nada melhores do que nossos corações, mas, de muitas formas, pecaminosas e ímpias; de tal maneira, que nossos pecados atuais, ambos na palavra e ação, têm sido como as estrelas do firmamento, pela quantidade; que, sobre todos esses relatos, nós estamos desagradando a Ele que tem os olhos mais puros, do que para observar iniqüidade; e merecendo nada Dele, a não ser indignação, ira e morte, o devido salário do pecado? -- que nós não podemos, através de alguma de nossas retidões (porque, na verdade, temos nenhuma, afinal); nem, através de alguma de nossas obras (porque elas são como a árvore, sobre a qual, elas florescem), submetermo-nos à ira de Deus, ou impedirmos a punição que temos justamente merecido; sim, que, se deixados por nossa conta, nós deveremos ser, unicamente, cada vez piores; mergulharemos, mais e mais profundamente no pecado; ofenderemos a Deus, mais e mais, com nossas obras diabólicas, e com os temperamentos pecaminosos da nossa mente carnal, até que atinjamos completamente a medida de nossas iniqüidades, e tragamos, sobre nós mesmos, a destruição imediata? E este não é o mesmo estado, em que, através da natureza nós estamos? Reconhecer isto, então, ambos com nosso coração e lábios, ou seja, repudiar nossa própria retidão, 'a retidão que é da lei', é agir de acordo com a real natureza das coisas, e, conseqüentemente, é um exemplo da verdadeira sabedoria.

7. A sabedoria de submeter-se á 'retidão da fé' aparece mais além dessa consideração, que é a retidão de Deus: Eu quero dizer aqui, que se trata daquele método de reconciliação com Deus, que tem sido escolhido e estabelecido, através do próprio Criador, não apenas, porque Ele é o Deus da sabedoria, mas porque Ele é o Senhor soberano do céu e terra, e de toda criatura que Ele criou. Agora, como não é adequado ao homem dizer junto a Deus, 'O que fazes tu?' -- como ninguém, que não esteja extremamente isento de entendimento, irá contender com Aquele que é mais poderoso do que ele; com Ele cujo reino governa sobre tudo; então, esta é verdadeira sabedoria; é a marca do profundo entendimento: sujeitar-se ao que quer que ele tenha escolhido; dizer nisso, como em todas as coisas, 'É o Senhor, que ele faça como lhe parece bom'.

8. Pode ser, mais além, considerado que foi da mera graça, do amor livre, da misericórdia imerecida, que Deus tem concedido ao homem pecador algum caminho de reconciliação consigo mesmo; que nós não fomos tirados de Suas mãos, e inteiramente apagados de Sua lembrança. Portanto, qualquer que seja o método que Ele se agradou indicar, de sua misericórdia terna, de sua bondade imerecida, por meio do qual seus inimigos, que têm tão profundamente se revoltado com Ele, e há tanto tempo e obstinadamente, se rebelado contra Ele, podem ainda encontrar favor aos seus olhos, é, sem dúvida, nossa sabedoria aceitar isto com toda gratidão.

9. Para mencionar, a não ser uma consideração mais: É sabedoria objetivar, a melhor finalidade, através dos melhores meios. Agora, a melhor finalidade que alguma criatura pode buscar é a felicidade em Deus. E a melhor finalidade que a criatura caída pode perseguir é a recuperação do favor e imagem de Deus. Mas o melhor; de fato, o único meio debaixo do céu, dado ao homem, por meio do qual, ele pode recuperar o favor de Deus, que é melhor do que a própria vida, ou a imagem de Deus; que é a verdadeira vida da alma, é submeter-se 'à retidão que é da fé', o acreditar no Unigênito Filho de Deus.

III

1. Portanto, quem quer que tu sejas, que desejas ser perdoado, e reconciliado, para o favor de Deus, não digas, em teu coração, 'Eu devo, primeiro, fazer isto; eu devo, primeiro, subjugar todo pecado; interromper toda palavra e obra pecaminosa, e fazer todo bem a todos os homens; ou, eu devo, primeiro, ir para a igreja receber a Ceia do Senhor, ouvir mais sermões, e fazer mais orações'. Ai de mim, meu irmão! Tu estás claramente saindo fora do caminho. Tu és ainda 'ignorante da retidão de Deus', e estás 'buscando estabelecer tua própria retidão', como o alicerce de tua reconciliação. Tu não sabes que tu não podes fazer nada, a não ser pecar, até que sejas reconciliado para Deus? Por que, então, tu dizes, 'eu devo fazer isto, e isto, primeiro, e, então, eu devo crer?'. Não! Que, primeiro, tu creias! Creias no Senhor Jesus Cristo, o Conciliador para teus pecados. Permite que seu bom alicerce, primeiro seja colocado, e, então, deverás fazer todas as coisas, bem.

2. Nem digas, em teu coração, 'Eu não posso ser ainda aceito, porque não sou bom o suficiente'. Quem é bom o suficiente – quem, alguma vez, foi – para merecer aceitação nas mãos de Deus? Algum filho de Adão foi bom o suficiente para isto? – ou alguém será, até a consumação de todas as coisas? E como para ti, tu não és bom, afinal: Em ti não habita coisa alguma boa. E tu nunca serás, até que tu creias em Jesus. Antes, tu te acharás cada vez pior. Mas existe alguma necessidade em se ser pior, para que se seja aceito? Tu já não és mau o suficiente? Decerto que tu és, e Deus sabe. E tu mesmo não podes negar isto. Então, não demora. Todas as coisas estão agora prontas. 'Levanta-te, e limpa teus pecados'. A fonte está aberta. Agora é o tempo de deixar-te limpo do sangue do Cordeiro. Agora ele irá 'purificar' a ti, e tu serás 'alvo como a neve'.

3. Não digas, 'Mas eu não estou contrito o suficiente: Eu não estou suficientemente consciente dos meus pecados'. Eu sei disso. Eu gostaria, em Deus, que tu estivesses mais consciente deles; mais arrependido, milhares de vezes mais do que tu estás. Mas não seja por isto. Pode ser que Deus te torne assim, não antes que tu creias, mas, em crendo. Pode ser que tu não mais irás murmurar, até que tu ames muito, porque tu tens tido muito perdão. Nesse meio tempo, olhe para Jesus. Observe o quanto Ele te ama! O que mais Ele poderá fazer por ti, que Ele já não tenha feito?

Ó, o Cordeiro de Deus, alguma vez foi dor; alguma vez foi amor como o teu? Olhe firmemente para Ele, até que Ele olhe para ti, e penetre em teu duro coração. Então, que tua 'cabeça' possa ser 'águas', e teus 'olhos fontes de lágrimas'.

4. Nem ainda digas, 'Eu devo fazer alguma coisa mais, antes de vier para Cristo'. Eu admito, supondo que teu Senhor possa demorar em sua vinda, seria adequado e certo esperar por ela, fazendo, tanto quanto tu tens poder, o que Ele ordenou a ti. Mas não existe necessidade de fazer tal suposição. Como tu sabes que Ele irá demorar? Talvez, Ele vá aparecer, ao romper do dia nas alturas, antes da luz da manhã. Ó, não estabelece para Ele um horário! Espera por Ele todo o momento! Agora Ele está próximo! Até mesmo à porta!

5. E para que finalidade, tu esperarás por mais sinceridade, antes que teus pecados sejam apagados? – para tornar a ti mais merecedor da graça de Deus? Ai de mim! Tu ainda 'estabeleces tua própria retidão'. Ele irá ter misericórdia, não porque tu a mereces, mas porque a compaixão Dele não falha; não porque tu és reto, mas porque Jesus Cristo expiou por teus pecados.

Novamente, se existir alguma coisa boa na sinceridade, por que tu esperas por ela, antes que tu tenhas fé? – vendo que a própria fé é apenas a raiz do que quer que seja realmente bom e santo. Acima de tudo, por quanto tempo tu irás esquecer, que o quer que faças, ou o que quer que tenhas feito, antes que teus pecados sejam perdoados de ti, não importa em nada com Deus, quanto a procurar por teu perdão? -- sim, e que todos eles devem ser deixados para trás, pisoteados, tendo nenhuma consideração a respeito, ou tu nunca irás encontrar favor às vistas de Deus; porque, até então, tu não pudeste pedir isto, como um mero pecador, culpado, perdido, inacabado, tendo nada a pleitear, nada a oferecer a Deus, mas apenas os méritos de seu bem amado Filho, 'que amou a ti, e deu a si mesmo por ti!'.

6. Para concluir. Quem quer que tu sejas, Ó homem, que tenhas a sentença da morte em ti mesmo; que sentes a ti mesmo um pecador condenado, e tens a ira de Deus habitando sobre ti: Junto a ti, diz o Senhor, não, 'Faças isto' – obedeças, perfeitamente, todos os meus mandamentos, -- e 'viverás'; mas, 'Creias no Senhor Jesus Cristo, e tu serás salvo'. A palavra da fé está próxima a ti: Agora, neste momento, neste exato momento, em teu estado presente, pecador como tu és, exatamente como tu és, creia no Evangelho; e 'Eu serei misericordioso, junto à tua misericórdia, e de tuas iniqüidades não mais me lembrarei'.


A Recompensa do Justo

'Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, abençoados de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo'.
(Mateus 25:34)


1. A razão exclusivamente irá convencer qualquer inquiridor justo, de que Deus 'é quem recompensa aquele que diligentemente o busca'. Esta sozinha o ensina a dizer: 'Sem dúvida existe uma recompensa para o justo'; 'existe um Deus que julga a terra'. Mas quão pouca informação nós recebemos da razão não assistida, no tocante às especificidades contidas nesta verdade geral! Como os olhos não vêm, ou os ouvidos não ouvem, assim, não pode entrar naturalmente, em nossos corações, conceber as circunstâncias daquele dia terrível em que Deus irá julgar o mundo.

Nenhuma informação deste tipo pode ser dada, a não ser do próprio grande Juiz. E que exemplo impressionante de condescendência, é o Criador, o Governador, o Senhor, o Juiz de todos, nos fornecer um relato, tão claro e específico, daquela solene transação! Se o ateu instruído reconhece a sublimidade daquele relato que Moisés deu da criação, o que ele teria dito, se ele tivesse ouvido este do Filho do Homem vindo de sua glória? Aqui, na verdade, não está a pompa forçada das palavras, nenhum ornamento de linguagem. Isto não teria adequado tanto o Orador, quanto a ocasião. Mas que dignidade inexprimível de pensamento! Observá-lo, 'vindo, por entre as nuvens do céu, e todos os anjos com Ele!'. Observá-lo, 'sentado no trono de sua glória, e todas as nações reunidas diante Dele!'. E Ele as separando; colocando os bons, do seu lado direito, e os maus, do seu lado esquerdo! 'Então, o Rei irá dizer' – com que admirável propriedade, a expressão é diversificada! 'O Filho do Homem' veio para julgar os filhos dos homens. 'O Rei' distribui recompensa e punição aos seus súditos obedientes e rebeldes: -- "Então, o Rei deverá dizer aos que estão à sua direita, 'Venham, abençoados de meu Pai, herdeiros do reino que lhes foi preparado, desde a fundação do mundo'".

2. 'Preparado para você desde a criação do mundo': -- Mas isto concorda com a suposição comum de que Deus criou o homem meramente para suprir os tronos vagos dos anjos rebeldes? Antes, não parece implicar que Ele teria criado o homem, embora os anjos nunca tivessem caído? Visto que Ele preparou o reino para seus filhos humanos, quando Ele planejou a criação da Terra.


3. 'Herdeiros do reino'; -- como sendo 'herdeiros de Deus, e co-herdeiros' com seu amado Filho. Este é um direito de vocês; uma vez que eu adquiri a redenção eterna para todos aqueles que me obedecem: E vocês me obedeceram nos dias de sua carne. Vocês 'creram no Pai, e também em mim'. Vocês amaram o Senhor seu Deus; e este amor constrangeu vocês a amarem toda a humanidade. Vocês continuaram na fé que é operada pelo amor. Vocês mostraram sua fé, através de suas obras. 'Quando eu estava faminto, vocês me deram de comer: Quando sedento, deram-me de beber: Quando estranho, acolheram-me: Nu, me vestiram: Doente e na prisão, vieram até mim'.

4. Mas, em que sentido, devemos entender as palavras que se seguem: 'Senhor, quando nós o vimos faminto, e lhe demos carne? Ou sedento, e lhes demos água? Elas não podem ser entendidas literalmente; elas não podem ser respondidas nestas mesmas palavras; porque não é possível que eles possam ser ignorantes do que Deus tem realmente operado através deles. Não é, então, evidente que essas palavras sejam tomadas em um sentido figurativo? E elas podem implicar algo mais do que tudo que eles tenham feito irá parecer como nada a eles; irá, por assim dizer, desaparecer, diante do que Deus, seu Salvador, tem feito e sofrido por eles?

5. Mas "o Rei deverá responder a eles, 'Verdadeiramente eu lhes digo que, porquanto vocês fizeram isto ao menor desses meus irmãos, vocês o fizeram a mim'". Que declaração é esta! Merecedora de ter estado na lembrança eterna. Possa o dedo do Deus vivo escrever isto em todos os nossos corações! Eu aproveito a oportunidade para:

I. Em Primeiro Lugar, fazer algumas poucas reflexões a respeito das boas obras em geral:

II. Em Segundo Lugar, considerar aquela instituição, detalhadamente, para o fomento do que nós estamos agora colocando.

III. Em Terceiro Lugar, fazer uma aplicação resumida.

I

1. Em Primeiro Lugar, eu faria algumas reflexões sobre as boas obras em geral.

Eu não sou insensível ao fato de que muitas pessoas, até mesmo as sérias, são zelosas de tudo que é falado sobre este assunto: Mais do que isto, quando quer que a necessidade das boas obras seja fortemente admitida como verdadeira, que aquele que fala desta maneira, é alguém que se afastou do catolicismo. Mas, nós podemos, por temor a isto ou a alguma outra reprovação, refrearmo-nos de falar 'a verdade, como ela está em Jesus?'. Nós podemos, em qualquer consideração, 'evitar declarar toda a deliberação de Deus?'. Mais ainda, se um falso profeta pode afirmar esta palavra solene, quanto mais podem os Ministros de Cristo, 'Nós não podemos ir além da palavra do Senhor, falar nem mais, nem menos!'.

2. Não é para se lamentar que qualquer um que tema a Deus possa desejar que façamos o contrário? E que, por falarem de outra maneira, eles dão oportunidade para que se fale mal da verdade? Eu quero dizer, particularmente, o caminho da salvação pela fé; que, neste mesmo respeito, é menosprezado; mais do que isto, ele foi abominado, por muitos homens sensíveis. Faz agora mais de quarenta anos que o fundamento desta doutrina bíblica, 'Pela graça, vocês são salvos, através da fé', começou a ser abertamente declarado por alguns poucos clérigos da Igreja da Inglaterra. E não muito depois, alguns que ouviram, mas não entenderam, tentaram pregar a mesma doutrina, mas miseravelmente a mutilaram; torceram as Escrituras, e 'tornaram a lei sem efeito, através da fé'.

3. Alguns desses, com o objetivo de exaltar o valor da fé, têm pleiteado contra as boas obras. Eles falam delas, não apenas, como não necessárias para a salvação, mas como grandemente obstrutivas dela. Eles a representam, como abundantemente mais perigosa do que as obras diabólicas, aos que buscam salvar suas almas. Alguém clama, 'Mais pessoas vão para o inferno, por orarem do que por roubarem'. Um outro grita, 'Fora, com suas obras! Não se interesse por elas, ou você não poderá vir até Cristo!'. E isto é declamação não bíblica, irracional, bárbara é chamada de pregar o Evangelho!

4. Mas 'o Juiz de toda a terra não deverá' falar, assim como 'fazer o que é certo?'. E ele não 'será justificado em suas palavras, e limpo, quando for julgado?'. (Romanos 3:4) 'De maneira nenhuma; sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, E venças quando fores julgado'. Seguramente será. E de acordo com Sua autoridade, nós devemos continuar a declarar que, quando quer que você faça o bem a alguém, por amor a Ele; quando você alimenta o faminto, dá de beber ao sedento; quando você assiste o estranho, ou veste o nu; quando você visita os que estão doentes ou na prisão; esses não são pecados magníficos, como alguém maravilhosamente os chama, mas 'sacrifícios com os quais Deus se agrada'.

5. Nem nosso Senhor pretendeu que confinássemos nossa beneficência aos grupos de homens. Ele, sem dúvida, designou que nós pudéssemos ser igualmente abundantes nas obras de misericórdia espiritual. Ele morreu 'para purificar, junto a si mesmo, um povo peculiar; zeloso de' todas 'as boas obras'; zeloso, acima de tudo, para 'salvar almas da morte', e por meio disto, 'ocultar uma multidão de pecados'. E isto é inquestionavelmente incluído na exortação de Paulo: 'Quando tivermos tempo, vamos fazer o bem a todos os homens'; o bem de todas as maneiras possíveis, assim como, em todo grau possível. Mas, por que nosso abençoado Senhor menciona obras da misericórdia espiritual? Ele não deveria fazer isto com alguma justeza. Não foi por ele dizer, 'Eu estava no erro, e você me convenceu; eu estava no pecado, e você me trouxe de volta para Deus'. E não precisou; porque em mencionar algumas, ele incluiu todas as obras de misericórdia.

6. Mas, eu posso acrescentar alguma coisa a mais? (Aquele que tem ouvidos, que entenda): As boas obras estão tão longe de serem obstáculos para nossa salvação; elas estão tão longe de serem insignificantes; de não dizerem respeito ao Cristianismo; que, supondo-se que elas brotem do princípio correto, elas são a perfeição da religião. Elas são a parte mais alta daquela construção espiritual da qual Jesus Cristo é o alicerce. A esses, que atenciosamente consideram o 13o. Capítulo da Primeira Epístola aos Coríntios, ficará inegavelmente claro que aquilo que Paulo descreve como a mais sublime de todas as graças, é propriamente e diretamente o amor ao nosso próximo. [I Cor. 13]. E a ele, que atenciosamente considera todo o teor, ambos do Velho, e do Novo Testamento, ficará igualmente claro que as obras, brotando deste amor, são a parte mais sublime da religião, desta forma, revelada. Destes, o próprio nosso Senhor diz: 'Por meio disto, meu Pai é glorificado; para que você produza muitos frutos'. Muitos frutos! Esta mesma expressão não implica na excelência do que é então denominada? Não é a própria árvore, por causa dos frutos? Por carregar os frutos, e através disto somente, ela alcança a mais alta perfeição de que é capaz, e responde à finalidade pela qual foi plantada. Quem; o que é ele, então, que é chamado de um cristão, e pode falar levianamente das boas obras?

II

1. Dessas reflexões gerais, eu prossigo para considerar aquela instituição, em particular, para a promoção do qual nós estamos agora reunidos. E ao fazer isto, eu devo, Primeiro, observar o surgimento desta instituição; Segundo, o sucesso; e Terceiro, a excelência dela: Depois do que, você irá me permitir fazer uma pequena aplicação.

(I) No primeiro tópico, o surgimento desta instituição, eu vou ser muito breve, uma vez que grande parte de vocês já sabe disto.

1. Alguém poderia se admirar (como um escritor engenhoso observa) que tal instituição como esta, de importância tão profunda para a humanidade, apareça tão tarde no mundo. Nós tivemos alguma coisa escrita sobre o assunto, antes do tratado publicado em Roma, no ano de 1637? E a proposta, então, não esteve inativa por muitos anos? Não existiram mais do que uma ou duas tentativas, e essas não efetivamente adotadas, até o ano de 1700? De que maneira ela foi reavivada e posta em execução, nós iremos agora inquirir.

2. Eu não posso dar a você uma visão mais clara disto, do que apresentando a você um extrato resumido da Introdução para o 'Plano e Informações da Sociedade', publicada dois anos antes: --

"Muitas e indubitáveis são as instâncias da possibilidade de restaurar, para a vida, pessoas, aparentemente afetadas com a morte repentina, quer por apoplexia, ataques convulsivos, vapores nocivos, estrangulamento ou afogamento. Casos desta natureza têm ocorrido em diversas regiões. Mas eles foram considerados, e negligenciados, como fenômenos extraordinários, do quais nenhuma conseqüência salutar pode ser esboçada".

3. "Por fim, alguns cavalheiros benevolentes, na Holanda, conjeturaram que alguns, pelo menos, teriam sido salvos, se os meios apropriados tivessem sido usados em tempo; e criaram uma Sociedade, com o objetivo de fazerem um teste. As tentativas tiveram sucesso, além das expectativas deles. Muitos foram restaurados, os quais, de outra forma, teriam perecido. E eles foram, por fim, capacitados a estender seu plano pelas Sete Províncias".

"O sucesso deles instigou outras regiões a seguir o exemplo. No ano de 1768, os Magistrados da Saúde em Milão e Veneza emitiram ordens para o tratamento de pessoas afogadas. A cidade de Hamburgo indicou uma ordenança similar a ser lida em todas as igrejas. No ano de 1769, a Imperatriz da Alemanha publicou um édito, estendendo suas direções e encorajamentos a todo caso que fornecesse uma possibilidade de assistência. No ano de 1771, os Magistrados de Paris fundaram uma instituição em favor do afogado".

4. "No ano de 1773, Dr. Cogan traduziu as 'Memórias da Sociedade em Amsterdã', com o objetivo de informar nosso compatriota da viabilidade de se recuperar pessoas aparentemente afogadas; e o Sr. Hawes, unido a ele, esses cavalheiros propuseram um plano para uma instituição similar nesses reinos. Eles foram logo capacitados a formar uma Sociedade para este excelente propósito. O plano é este: --".

"I. A Sociedade irá publicar, da maneira mais extensiva possível, os métodos apropriados para o tratamento de pessoas em tais circunstâncias".

"II. Eles irão distribuir um prêmio de dois guineis [Antiga moeda de ouro inglesa, de cálculo equivalente a 21 xelins], entre as primeiras pessoas que tentarem recuperar alguém tirado das águas, como morto. E esta recompensa será dada, mesmo se a tentativa não obtiver sucesso, estipulado que ela tenha sido tentada por duas horas, de acordo com o método estabelecido pela Sociedade".

"III. Eles irão distribuir um prêmio de quatro guineis, onde a pessoa é restaurada para a vida".

"IV. Eles irão dar um guinéu a alguém que permita o corpo em sua casa, sem demora, e forneça as acomodações necessárias".

"V. Um número de cavalheiros médicos, vivendo perto dos lugares onde esses desastres comumente acontecem, darão assistência gratuita".

(II) Tal foi o surgimento desta admirável instituição. Com que sucesso ela tem sido atendida, é um ponto que eu proponho, a seguir, muito brevemente, considerar.

Admite-se que ela não deve ser apenas muito maior do que aqueles que a menosprezaram tinham imaginado, mas, maior ainda, do que muitas das expectativas otimistas dos cavalheiros que imediatamente se engajaram nela.

Em pouco espaço de tempo, desde seu primeiro estabelecimento, em Maio de 1774, até o fim de Dezembro, oito pessoas, aparentemente mortas, foram restauradas para a vida.

No ano de 1775, quarenta e sete foram restauradas para a vida: Trinta e duas delas, pelo encorajamento e assistência direta dos cavalheiros desta Sociedade; e o restante, através dos cavalheiros médicos e outros, em conseqüência de seus métodos de tratamento serem largamente conhecidos.

No ano de 1776, quarenta e uma pessoas foram restauradas para a vida, através da assistência desta Sociedade. E onze casos desses que tinham sido restaurados, em outra parte, foram comunicados a eles.

Assim, o número de vidas preservadas e restauradas, em dois anos e meio, desde a primeira instituição, somou cento e sete! Acrescente a esses, aqueles que têm sido, desde então, restaurados; e teremos das duzentas e oitenta e quatro pessoas que estavam mortas, pelo que tudo indica, não menos do que cento e cinqüenta e sete foram restauradas para a vida. Tal é o sucesso que tem atendido a eles, em tão pouco espaço de tempo! Tal a bênção que a graciosa providência de Deus tem dado a esse empreendimento novo!

(III) Resta apenas mostrar a excelência dela. E isto pode aparecer de uma simples consideração: Esta instituição une, em uma, todas as várias ações de misericórdia. As diversas obras de caridade, mencionadas acima, estão todas contidas nela. Ela inclui todos os benefícios corpóreos e espirituais; todas as instâncias de bondade que podem ser mostradas, tanto aos corpos quanto às almas dos homens. Para mostrá-la, além de toda contradição, não há necessidade de eloqüência elaborada; nenhuma retórica rebuscada, mas simplesmente e cruamente relatar a coisa como ela é.

2. Não apenas a tentativa, mas a execução da coisa em si (assim tem bondade de Deus prosperado os trabalhos desses amantes da humanidade!) não é menos, em um sentido qualificado, do que restaurar a vida do morto. É para se admirar, então, que a generalidade dos homens possa, a princípio, ridicularizar tal empreendimento? Que eles possam imaginar que as pessoas que pretendem tal coisa, estejam completamente fora de si? Na verdade, um dos antigos disse: 'Por que parece uma coisa incrível a você que Deus possa ressuscitar o morto?'. Ele, que concedeu a vida a princípio, não pode desta forma concedê-la novamente? Mas pode-se bem pensar que seja uma coisa incrível que um homem possa restaurá-lo; porque nenhum poder humano pode criar vida. E que poder humano pode restaurá-la? Assim sendo, quando nosso Senhor (a quem os judeus, naquele tempo, supuseram ser um mero homem) veio à casa de Jairo, com o objetivo de trazer a filha dele da morte, na primeira insinuação de seu desejo, 'eles riram Dele, com desprezo'. 'A jovem', disse Ele, 'não está morta, mas dorme'. 'É preferível chamar isto de sono do que morte; uma vez que sua vida não está no fim; mas eu irei rapidamente acordá-la deste sono'.

3. Contudo, é certo que ela estava realmente morta, e, desta forma, acima de todo poder, a não ser aquele do Altíssimo. Mas, observe que poder Deus tem agora dado ao homem! A Seu nome seja toda glória! Veja com que sabedoria Ele tem dotado esses filhos da misericórdia! Ensinando-os a interromper a ruptura da alma, aprisionando o espírito recém saído da argila sem vida, e levantando vôo para a eternidade! Quem tem visto tal coisa? Quem ouviu tais coisas? Quem leu sobre isto nos anais da Antigüidade? Filhos de homens, ' esses ossos secos podem viver?'. Este coração parado pode bater novamente? Este sangue coagulado pode fluir novamente? Essas veias ressequidas e endurecidas podem dar passagem a ele? Essa carne gelada pode reassumir seu calor nato, ou esses olhos verem o sol novamente? Certamente, essas são coisas (não poderia alguém, por pouco, dizer, tais milagres?), nem nós, na geração atual; nem nossos antepassados conheceram!

4. Eu suplico que vocês considerem como muitos milagres de misericórdia (por assim dizer) estão contidos em um. Aquele pobre homem que foi considerado recentemente como morto, através da prudência, e cuidados desses mensageiros de Deus, respira novamente o ar vital; abre seus olhos e se põe de pé. Ele foi restaurado para sua alegre família; para sua esposa; para os seus (recentemente) filhos desamparados. Para que possa novamente, através de seu trabalho honesto, supri-los de todas as necessidades da vida. Veja agora, o que vocês fizeram – vocês, ministros da misericórdia! Observem o fruto do seu trabalho de amor! Vocês foram marido para a viúva; pai para o órfão. E, por meio disto, alimentaram o faminto, deram de beber ao sedento, e vestiram o nu: Porque famintos, sedentos, nus, esses pequeninos teriam sido, caso vocês não tivessem restaurado a vida daquele que iria impedir isto.Vocês fizeram mais do que aliviar; vocês preveniram aquela enfermidade que poderia naturalmente surgir da falta de suficiente alimento ou vestuário. Vocês impediram esses órfãos de vagarem, para cima e para baixo, sem terem um lugar onde deitar suas cabeças. Mais do que isto, e muito possivelmente, vocês preveniram alguns deles de morarem em uma lúgubre e desconfortável prisão.

5. Tão grande; tão compreensiva, é a misericórdia que vocês têm mostrado aos corpos de seus companheiros! Mas por que as almas deles deveriam ser omitidas do relato? Quão grandes são os benefícios que eles têm outorgado também a essas! O marido tem agora uma nova oportunidade de assistir sua esposa nas coisas de maior necessidade. Ele pode novamente fortalecer as mãos dela em Deus, e ajudá-la a participar da corrida que se coloca a sua frente. Ele pode novamente juntar-se a ela na instrução de seus filhos, e treiná-los no caminho em que eles deverão seguir; os quais poderão viver para serem um conforto para seus pais idosos, e membros úteis da comunidade.

6. Mais ainda, pode ser que vocês arrebataram o pobre homem, não apenas das mandíbulas da morte, mas de mergulhar ainda mais nas profundezas, nas mandíbulas da destruição eterna. Não se pode duvidar que alguns desses, cujas vidas vocês restauraram, embora eles estivessem sem Deus no mundo, se lembrarão, e não apenas com seus lábios, mas com suas vidas, de mostrar adiante sua gratidão. É muito provável que alguns desses (como um, em dez hansenianos) 'retornarão e agradecerão a Deus'; um agradecimento real e eterno, devotando-se aos seus serviços honrosos.

7. É notável que diversos desses, que vocês trouxeram de volta da margem da sepultura, estiveram intoxicados, ao mesmo tempo, em que caíram na água. E neste mesmo instante (o que é freqüentemente o caso), eles perderam totalmente os sentidos. Aqui, portanto, não há lugar, e nem possibilidade, para o arrependimento. Eles não tiveram tempo; eles não tiveram consciência, para assim clamarem: 'Senhor, tenha misericórdia!'. De maneira que eles afundaram, através das águas poderosas para o abismo da destruição! E esses instrumentos da misericórdia divina os arrancaram, de uma só vez, das águas e do fogo; pelo mesmo ato, livrando-os da morte temporal e eterna.

8. Mais ainda, uma pobre pecadora (que isto nunca seja esquecido!) estava justamente descendo do navio, quando (tome em conta da justiça e misericórdia de Deus) seu pé escorregou e ela caiu dentro do rio. Instantaneamente, ela perdeu os sentidos, de modo que não pôde clamar por Deus. Ainda assim, Ele não se esqueceu dela. Ele enviou aqueles que a livraram da morte; pelo menos, da morte do corpo. E quem sabe, ela possa colocar isto no coração, e se arrepender do erro de seus caminhos? Quem sabe, ela possa ser salva da segunda morte, e, com seus livramentos, 'herdar o reino?'.

9. Um ponto mais merece ser particularmente observado. Muitos desses que foram restaurados para a vida (não menos do que onze, entre quatorze que foram salvos em poucos meses), estavam entre aqueles que são uma vergonha para nossa nação -- suicidas obstinados.

Fata obstant! Impedir o destino! Mas em favor de muitos, nós vemos que Deus tem governado o destino. Eles são trazidos de volta do rio inavegável. Eles vêem os céus superiores. Eles vêem a luz do sol. Que eles vejam a luz de Teu semblante! Que eles então vivam seus poucos dias restantes na terra, e que eles possam viver Contigo para sempre!
III

1. Que eu possa fazer agora uma pequena aplicação. Mas a quem eu direcionaria isto? Existe alguém aqui que esteja descontentemente predisposto contra esta Revelação, que respira nada mais do que benevolência; que contém as mais ricas disposições do amor de Deus para com o homem; que sempre foi feita, desde a criação do mundo? Ainda assim, até mesmo a vocês, eu iria endereçar algumas poucas palavras; porque, se vocês não são cristãos, vocês são homens. Vocês também são suscetíveis de impressões bondosas: Vocês têm sentimentos de humanidade: Os seus corações não têm também se animado diante deste nobre sentimento; digno do coração e lábios dos mais sublimes cristãos, --

"Homo sum: Humani nihil a me alienum puto!". [Esta citação de Terence é assim traduzida por Colman: -- "Eu sou um homem; e todas as calamidades que tocam a humanidade me são familiares". – Edit]

Vocês também nunca se simpatizaram com o aflito? Quantas vezes vocês têm se preocupado com a miséria humana? Quando vocês observaram uma cena de profunda aflição, suas almas não se enterneceram? E, de vez em quando, um sinal vocês conseguem, e as lágrimas começam a fluir. É fácil para qualquer um conceber uma cena de uma aflição mais profunda do que esta?

Suponham que vocês estejam presentes, exatamente, quando o mensageiro entrar; e a mensagem seja entregue, 'Sinto muito em dizer-lhe, mas seu esposo está morto! Ele estava saindo da embarcação, e seu pé escorregou. É fato que, depois de um tempo, seu corpo foi encontrado, mas sem quaisquer sinais de vida'. Em que condição estão, agora, mãe e filhos? Talvez, por algum tempo, em silêncio absurdo, e dominado pela dor; encarando uns aos outros; então, irrompendo em lamentações estrondosas e amargas! Agora é o momento de ajudá-los, assistindo aqueles que fazem disto sua ocupação. Que nada impeça vocês de aperfeiçoarem a gloriosa oportunidade! Restituam o marido à sua esposa inconsolável; o pai aos seus filhos chorosos! De fato, vocês não podem fazer isto pessoalmente; vocês não podem estar no local. Mas vocês podem fazer isto de muitas maneiras efetivas, auxiliando aqueles que estão. Vocês podem agora, através de sua contribuição generosa, enviar ajuda, que não pode ser dada pessoalmente. Oh! Não fechem seus corações em direção a eles! Abram seus corações e mãos! Se vocês têm muito, dêem generosamente; se não, dêem um pouco, com boa-vontade.

2. A vocês, que acreditam na Revelação Cristã, eu posso falar de uma maneira ainda mais incisiva. Vocês crêem que seu abençoado Mestre 'deixou a vocês o exemplo de que vocês deveriam trilhar seus passos'. Agora, vocês sabem que toda a vida Dele foi um trabalho de amor. Vocês sabem 'como ele empreendeu fazer o bem', e isto sem intermissão; declarando a todos, 'O que meu Pai fez, assim faço eu!'. Não é esta, então, a linguagem de seus corações?

Oportunidades de fazer isto nunca faltará; porque 'sempre haverá pobres, com vocês'. Mas que oportunidade peculiar, a solenidade deste dia lhes fornece, de 'trilharem os passos de Jesus', de uma maneira que vocês nunca conceberam antes? Ele não disse ao pobre pai aflito (sem dúvida para a surpresa de muitos), 'Não chore?'. E Ele não os surpreendeu, ainda mais, quando enxugou suas lágrimas, restaurando a vida de seu filho morto, e 'entregando-o à sua mãe?'. Ele (não obstante todos que 'riram Dele e o menosprezaram) não restaurou a vida da filha de Jairo? Quantas coisas de tipo parecido, 'se podemos comparar a vida humana com a divina', foram feitas, e continuam a ser feitas diariamente, através desses amantes da humanidade! Que cada um, então, esteja desejoso de compartilhar desta obra gloriosa! Que cada um (em um sentido mais forte do que o Sr. Herbert quis dizer), dê as mãos a Jesus, para fazer um pobre homem viver! Através de sua assistência generosa, seja parceiro do trabalho deles, e cúmplice de sua alegria.

3. A vocês, eu devo acrescentar uma palavra mais. Lembrem-se (o que foi falado a princípio) da solene declaração Daquele, a quem vocês pertencem, e a quem vocês servem, vindo das nuvens do céu! Enquanto vocês estão promovendo esta caridade abrangente, que contém alimentar o faminto, vestir o nu, abrigar o estranho, na verdade, todas as boas obras em uma; que essas palavras estimulantes sejam escritas em seus corações, e soem em seus ouvidos: 'Porquanto vocês façam ao menor destes, vocês estarão fazendo a Mim!'.


A Origem, Natureza, Propriedade e Uso da Lei

'E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom'.
(Romanos 7:12)


1. Talvez, existam poucos assuntos, nos quais toda a extensão da religião seja tão pouco entendida como este. Usualmente, se diz ao leitor desta Epístola, que, através da lei, Paulo quer dizer, a Lei Judaica; e, assim, entendendo que ele mesmo não tem interesse nela, seguindo em frente, sem maiores preocupações a seu respeito. De fato, alguns não estão satisfeitos com este relato; mas observando a Epistola, que é dirigida aos romanos, inferimos que o Apóstolo, no início desse capítulo, alude à Lei romana antiga. Mas como eles não têm mais preocupação com esta, do que com a lei cerimonial de Moisés, então, eles não gastam muito tempo, no que eles supõem seja ocasionalmente mencionado, meramente para ilustrar uma outra coisa.

2. Mas um observador cuidadoso do discurso do Apóstolo não irá se satisfazer com essas ligeiras explicações dele. E por mais que ele pese as palavras; por mais convencido que ele seja, de que Paulo, através da lei mencionada neste capítulo, não quer dizer, nem a lei antiga de Roma, ou a lei cerimonial de Moises. Isto só irá aparecer, claramente, a todo aquele que considerar atentamente o teor do seu discurso. Ele começa o capítulo, 'Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei)' – a eles que têm sido instruídos nisto, desde a sua juventude,'que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive?' (Qual? A lei de Roma apenas, ou a lei cerimonial? Não, certamente; mas a lei moral). Para dar um exemplo simples: 'a mulher que tem um marido está sujeita, pela lei' moral, 'ao seu marido. De modo que, enquanto seu marido viver, se ela desposar um outro homem, ela será chamada de adúltera: mas, se seu marido estiver morto, ela estará livre daquela lei: de modo que não mais será adúltera, mesmo estando ligada a outro homem'. Desse exemplo particular, o Apóstolo prossegue esboçando a conclusão geral: 'Assim sendo, meus irmãos', através de uma clara paridade de razão, 'vocês também se tornam mortos para a lei'; para toda a instituição Mosaica, 'através do corpo de Cristo', que foi oferecido por vocês, e que os trouxe para uma nova dispensação: "Para que vocês pudessem", sem qualquer censura, 'estar casados a outro;até mesmo com aquele que se ergueu dos mortos'; e que tem, por meio disto, dado prova de sua autoridade, para fazer a mudança; 'para que possamos produzir os frutos junto a Deus'.

E isto nós podemos fazer agora; não obstante, antes não pudéssemos, 'uma vez que estávamos na carne' – debaixo do poder da carne; ou seja, da natureza corruptível, o que foi necessariamente o caso; até que soubéssemos do poder da ressurreição de Cristo, 'os movimentos dos pecados, que eram, através da lei', -- que foi mostrada e afirmada pela Lei Mosaica, não subjugada, 'operavam em nossos membros', -- expandindo-se em caminhos diversos, 'para produzirem os frutos da morte'. 'Mas nós agora estamos livres da lei';de toda aquela organização moral, assim como cerimonial; 'para que estando mortos, no que, estivemos presos';-- aquela instituição inteira, estando agora, assim como foi, morta, e tendo não mais autoridade sobre nós, do que o marido, morto, tem sobre sua esposa: 'Possamos servir a Ele', -- que morreu por nós, e ressuscitou, 'em novidade de espírito'; -- em um novo desígnio espiritual; 'e não na velhice da letra'; com um serviço exterior simples, de acordo com a letra da Instituição Mosaica.


(Romanos 7:1-6) 'Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus. Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra'.

3. O Apóstolo, tendo ido, assim, tão longe, para provar que o Cristão tem de colocar de lado a dispensação Judaica, e aquela da própria lei moral, embora ela nunca venha a passar, mas ainda permaneça, em um alicerce diferente do que fora antes, -- agora faz uma pausa, para propor uma resposta a uma objeção: 'O que devemos dizer, então? É a lei um pecado?'. Isto, alguns podem inferir da incompreensão daquelas palavras, 'os movimentos dos pecados que eram pela lei'. 'Deus proíbe!', diz o Apóstolo, que possamos pensar dessa forma. Mais ainda: a lei é um inimigo irreconciliável para o pecado; através da lei: 'porque eu não saberia que a luxúria', o desejo pecaminoso seria pecado, 'exceto, se a lei dissesse: Não cobiçarás'. (Romanos 7:7).

(Depois de declarar isto, mais além, nos quatro versos que se seguem, ele anexa essa conclusão geral, com respeito, mais especificamente, à lei moral, modelo do qual o exemplo precedente foi tomado: 'E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom'. Romanos 7:12)

4. Com o objetivo de explicar e reforçar essas profundas palavras, tão pouco consideradas, porque tão pouco entendidas, eu devo me esforçar para mostrar:

I. A origem dessa lei:
II. A natureza dela:
III. As propriedades; santa, justa e boa
IV. O uso dela.

I

1. Eu devo, primeiro, me esforçar para mostrar a origem da lei moral, freqüentemente chamada de 'a lei', pelo caminho da eminência. Agora, não é, como muitos podem ter possivelmente imaginado, de uma instituição tão recente, como a do tempo de Moisés. Noé a declarou aos homens, muito antes daquele tempo, e Enoque, antes dele. Mas nós podemos traçar sua origem mais anterior ainda, até mesmo, mais além da criação do mundo: para aquele período, desconhecido, realmente, para os homens, mas, sem dúvida, registrado nos anais da eternidade, quando 'as estrelas da manhã', primeiro, 'cantaram juntas', sendo, recentemente, chamadas à existência. Agradou ao grande Criador fazer desses seus primogênitos, criaturas inteligentes, para que eles pudessem conhecer a Ele que os criou. Para essa finalidade, Ele os dotou com entendimento, para discernirem a verdade da falsidade; o bom do mau; e, como um resultado necessário disto, com liberdade -- a capacidade de escolherem uma e recusarem a outra. Através disto, eles foram, igualmente, habilitados a oferecerem a Ele um serviço livre e de boa-vontade; um serviço digno de galardão em si mesmo, assim como, mais aceitável para seu gracioso Mestre.

2. Para empregar todas as faculdades que Ele deu a eles; particularmente, o entendimento e a liberdade, Ele deu a lei; um modelo completo de toda a verdade, na medida em que fosse inteligível a uma existência finita; e todo o bem, na medida em que as mentes angelicais fossem capazes de compreender. Foi também objetivo do seu Governador misericordioso criar, nesse contexto, um caminho para o contínuo crescimento da felicidade deles; vendo que toda a obediência a esta lei iria tanto acrescentar à perfeição da sua natureza, quanto dar a eles o direito à mais alta recompensa que o reto Juiz daria em sua época.

3. De igual maneira, quando Deus, em seu tempo determinado, criou uma nova ordem de criaturas inteligentes; quando Ele criou o homem do pó da terra, e soprou nele o fôlego da vida, e fez com que ele se tornasse uma alma vivente, dotada com poder de escolher o bem ou o mal; Ele deu para essa criatura livre, inteligente, a mesma lei, que para Seus primogênitos, -- não escrita, de fato, sobre tábuas de pedras, ou alguma substância corruptível, mas estampada no coração, através do dedo de Deus; escrita no mais íntimo do espírito, ambos de homens e de anjos; com o propósito de que ela nunca estivesse a grande distância; nunca fosse difícil de ser entendida, mas estivesse sempre à mão, e sempre brilhando com uma luz clara, assim como o sol no meio do céu.

4. Tal foi a origem da lei de Deus. Com respeito ao homem, ela era contemporânea à sua natureza; mas com respeito aos filhos mais velhos de Deus, ela brilhou em todo seu esplendor 'ou nunca as montanhas teriam surgido, ou a terra e o mundo teriam sido criados'. Mas não foi muito tempo antes que o homem se rebelasse contra Deus, e, por não cumprir sua lei gloriosa, por pouco, a apagou de seu coração; os olhos de seu entendimento, estando enegrecidos, na mesma medida que sua alma estava 'alienada da vida de Deus'. Ainda assim, Deus não desprezou a obra de suas próprias mãos. Mas, estando reconciliado com o homem, através do Filho do seu amor, Ele, em alguma medida, reimprimiu a lei no coração da sua criatura perversa e pecaminosa. "Ele" novamente 'mostrou a ti, Ó homem, o que é bom', embora que não como no início, 'para igualmente fazeres justiça, e amares a misericórdia, e caminhares humildemente com teu Deus'.

5. E isto Ele mostrou, não apenas para nossos primeiros pais, mas igualmente, para toda a posteridade deles, através 'daquela luz verdadeira que iluminou cada homem que veio para o mundo'. Mas, não obstante esta luz, toda carne, no decurso do tempo, tinha 'corrompido seu caminho diante de Deus', até que Ele escolheu, da humanidade, uma pessoa peculiar, para quem deu um conhecimento mais perfeito da sua lei; e os comandos desta, e, porque eles eram vagarosos quanto ao entendimento, Ele escreveu sobre tábuas de pedras, que Ele ordenou aos pais para ensinarem a seus filhos, através de todas as gerações que se seguiram.

6. E assim, a lei de Deus passa a ser conhecida por aqueles que não conhecem a Deus. Eles ouvem, com os ouvidos da carne, as coisas que foram escritas anteriormente para nossa instrução. Mas isto não é suficiente: eles não podem, de modo algum, compreender a altura, profundidade, comprimento e largura disto. Deus apenas pode revelar isto, através de Seu Espírito. E assim Ele faz, para todo aquele que verdadeiramente crê, em conseqüência daquela promessa graciosa, feita a toda Israel de Deus: 'Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo ' (Jeremias 31:31-33).

II

1. A natureza daquela lei que foi originalmente dada para os anjos no céu e o homem no paraíso, e que Deus tem tão misericordiosamente prometido escrever, mais uma vez, nos corações de todo crente verdadeiro, foi a segunda coisa que eu propus mostrar. Com este objetivo, eu primeiro, observaria que, embora a 'lei' e o 'mandamento' sejam, algumas vezes, diferentemente tomados (o mandamento significando, a não ser, uma parte da lei), ainda assim, no texto, eles são usados como termos equivalentes, deduzindo uma e a mesma coisa. Mas nós não podemos entender aqui, tanto por um quanto pelo outro, a lei cerimonial. Não é a lei cerimonial, a respeito do que o Apóstolo diz, nas palavras acima citadas: 'Eu não teria conhecido o pecado, se não fosse pela lei': Isto está muito claro para necessitar de uma prova. Nem é a lei cerimonial que diz, nas palavras imediatamente anexas: 'Tu não deves cobiçar'. Portanto, a lei cerimonial não tem lugar na presente questão.

2. Nem podemos entender, através da lei mencionada no texto, a dispensação Mosaica. É verdade, a palavra é algumas vezes assim entendida; como quando o Apóstolo diz, falando aos Gálatas, em (Gálatas 3:17), 'Mas digo isto: Que tendo sido a aliança anteriormente confirmada', isto é, com Abraão, o pai da fidelidade, 'por Deus em Cristo, a lei', ou seja, a dispensação Mosaica, 'que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a invalida, de forma a abolir a promessa'. Ele, em nenhum lugar, afirma que a lei Mosaica é uma lei espiritual; ou, que ela é santa, justa e boa. Nem é verdade que Deus irá escrever aquela lei nos corações daqueles, cujas iniqüidades Ele não mais se lembra. Permanece que 'a lei' , eminentemente assim denominada, não é outra, do que a lei moral.

3. Agora, esta lei é um quadro incorruptível do Altíssimo, e do Espírito Santo que habita a eternidade. É Ele quem, em sua essência, nenhum homem viu, ou pode ver, feito visível para homens e anjos. É a face de Deus revelada; Deus manifestado para suas criaturas, o quanto eles sejam capazes de suportar isto; manifestado para dar, e não para destruir a vida, -- para que eles possam ver a Deus e viver. É o coração de Deus revelado para o homem. Sim, de certa forma, nós podemos aplicar para essa lei, o que o Apóstolo diz do Filho de Deus: É a luz propagada ou o resplendor de sua glória; a imagem expressa de sua presença.

4. 'Se a virtude', disse o pagão do passado, 'pudesse assumir tal forma, de maneira a podermos vê-la com nossos olhos, que amor maravilhoso ela poderia despertar em nós!'. Se a virtude pudesse fazer isto?! Ela já é feita! A lei de Deus é todas as virtudes em uma, de tal forma, a ser vista com os olhos da face, por todos aqueles cujos olhos Deus tem iluminado. O que é a lei, se não, a virtude e a sabedoria divina, assumindo uma forma visível? O que ela é, se não, as idéias e verdades originais, que foram hospedadas na mente não criada, desde a eternidade, agora suscitada e vestida com tal veículo, de modo a aparecer, até mesmo para o entendimento humano?

5. Se nós examinarmos a lei de Deus, sob um outro ponto de vista, ela é a razão suprema e imutável; é a retidão inalterada; é a aptidão eterna de todas as coisas que são e sempre foram criadas. Eu estou consciente de que existe uma brevidade, e até mesmo, uma impropriedade, nestas, e em todas as outras expressões humanas, quando nós esforçamos para representar, através desses quadros pálidos, as coisas profundas de Deus. Todavia, nós não temos melhor; de fato não temos outro caminho, durante este nosso estado não desenvolvido de existências. Uma vez que nós agora 'sabemos', mas 'em parte', somos constrangidos a 'profetizar', ou seja, a falar das coisas de Deus, 'em parte' também. 'Nós não podemos dispor nosso discurso, em razão da escuridão', enquanto estivermos nesta casa de argila. Enquanto sou 'uma criança', eu devo 'falar como criança': mas, eu logo 'deixarei as coisas infantis': porque 'quando aquele que é perfeito vier, o que estiver em parte, deverá ser deixado de lado'.

6. Mas, para retornar. A lei de Deus (falando segundo a maneira de homens), é uma cópia da mente eterna; uma transcrição da natureza divina: Sim, é o fruto mais justo do Pai eterno; a emanação mais brilhante de sua sabedoria essencial; a beleza visível do Altíssimo. É o deleite e maravilha do querubim e serafim, e de toda a companhia do céu, e a glória e alegria de todo crente sábio; de todo filho de Deus bem instruído sobre a terra.

III

1. Tal é a natureza da sempre abençoada lei de Deus. Eu, em Terceiro Lugar, mostrarei as propriedades dela: -- Não todas; porque isto iria exceder a sabedoria de um anjo; mas aquelas apenas que são mencionadas no texto. Essas são três: Ela é santa, justa e boa. Primeiro, 'a lei é santa'.

2. Nesta expressão, o Apóstolo não parece falar de seus efeitos, mas, preferivelmente, de sua natureza: Como Tiago, falando a mesma coisa, sob outro nome, diz: 'A sabedoria do alto' (que não é outra coisa, que a esta lei, escrita em nossos corações) 'é, primeiramente pura' – virtuosa, imaculada; eternamente e essencialmente santa. (Tiago 3:17) 'Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia'. E, conseqüentemente, quando é transcrita para a vida, tanto quanto para a alma, é (como o mesmo Apóstolo denomina, em (Tiago, 1:27)) -- religião pura e imaculada; ou, a pura, limpa, e não poluída adoração a Deus.

3. De fato, é no mais alto nível, pura, virtuosa, limpa, santa. Do contrário, não poderia ser o fruto imediato, e muito menos, o semblante expresso de Deus, que é a santidade essencial. A lei é purificada de todo pecado, limpa e imaculada de qualquer toque do mal. É a virgem virtuosa , incapaz de qualquer violação, de qualquer mistura com o que é imoral ou profano. Não tem camaradagem com o pecado de qualquer tipo: Porque 'que comunhão tem a luz com a escuridão?'. Como o pecado é, em sua mesma natureza, inimigo de Deus, então, sua lei é inimiga do pecado.

4. Por esta razão é que o Apóstolo rejeita, com tal abominação, a suposição blasfema de que a lei de Deus, é, em si mesma, tanto pecado quanto causa dele. Deus proíbe que possamos supor que ela é a causa do pecado, porque ela é a descobridora dele; porque ela detecta as coisas escondidas da escuridão, e as traz para o dia claro. É verdade que, por esses meios, (como o Apóstolo observa) 'o pecado parece ser pecado'. (Romanos 7:13) 'Logo o bom tornou-se morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno'. Toda sua máscara é retirada, e aparece em sua deformidade inata É verdade que, aquele 'pecado, pelo mandamento', igualmente, 'se torna excessivamente pecaminoso': Estando agora confinado contra a luz e o conhecimento; estando desprovido, até mesmo do pobre pretexto da ignorância, ele perde sua justificativa, assim como, dissimulação, e se torna, muito mais odioso, ambos para Deus e homem. Sim, é verdade que 'o pecado opera morte, através daquela que é boa'; que, em si mesma, é pura e santa. Quando ele é protraído para a luz, ele não mais se enfurece: quando é reprimido, irrompe com a maior violência. Assim, o Apóstolo (fala na pessoa de alguém que foi convencido do pecado, mas não ainda liberto dele): (Romanos 7:8) 'Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento', detectando e esforçando-se para impedi-lo, tanto mais, 'operou em mim toda a concupiscência; toda maneira de desejo insensato e prejudicial, que aquele mandamento buscava restringir. Assim, 'quando o mandamento vem, o pecado revive', (Romanos 7:9) 'E eu, nalgum tempo, vivia sem lei, mas, vindo o mandamento, reviveu o pecado, e eu morri'. Ele não mais se preocupa ou se enfurece. Mas isto não é uma mácula sobre o mandamento. Embora ele seja ofendido, ele não poderá ser pervertido. Isto apenas prova que 'o coração do homem é desesperadamente mau'. Mas 'a lei' de Deus ainda 'é santa'.

5. Ela prescreve, exatamente, o que é certo; precisamente, o que deve ser feito, dito ou pensado, ambos com respeito ao Autor de nossa existência; com respeito a nós mesmos; e com respeito a toda criatura que Ele tenha criado. É adaptada, em todos os aspectos, à natureza das coisas, a todo o universo, e cada individualidade. É adequada a todas as circunstâncias de cada um, e a todas as suas relações mútuas, quer aquelas que sempre existiram, desde o início, ou as que principiaram, em algum período seguinte. É exatamente de acordo com a conveniência de todas as coisas, se essenciais ou acidentais. Ela vem de encontro com nenhuma dessas, em qualquer grau; nem é desarmônica com elas. Se a palavra for tomada naquele sentido, não existe coisa alguma arbitrária na lei de Deus. Apesar de que o todo, e a parte dela ainda sejam totalmente dependentes sobre sua vontade; de maneira que, 'Que seja feita a Tua', é a lei suprema e universal, na terra assim como no céu.

6. 'Mas a vontade de Deus é o motivo da sua lei? A sua vontade é a origem do certo e errado? Uma coisa é, por conseguinte, certa, porque Deus deseja que seja assim? Ou Ele a deseja, porque ela é correta?'.

Eu temo que essa questão notável seja mais curiosa do que proveitosa. E, talvez, da maneira como ela é usualmente tratada a respeito, ela não consiste tão bem com o respeito que é devido da criatura para com o Criador e Governador de todas as coisas. Dificilmente será decente ao homem solicitar ao supremo Deus que lhe dê um relato dele. Não obstante, com grande temor e reverência, nós podemos falar um pouco. O Senhor nos perdoa, se falamos erroneamente!

7. Parece, então, que toda a dificuldade surge de considerarmos a vontade de Deus, como distinta de Deus: do contrário, ela desaparece. Porque ninguém pode duvidar, a não ser que Deus seja a causa da lei de Deus; mas a vontade de Deus é o próprio Deus. É Deus considerado como desejando, desta ou daquela maneira. Conseqüentemente, dizer que a vontade de Deus, ou que o próprio Deus é a causa da lei, é uma e a mesma coisa.

8. Novamente: Se a lei, a regra imutável do certo e errado, depende da natureza e aptidão das coisas, e das ralações essenciais uma para com a outra (eu não digo, suas relações eternas; porque a relação eterna das coisas, existindo no tempo, é pouco menos do que uma contradição); se, eu digo, isto depende da natureza e relações das coisas, então, ela deve depender de Deus, ou da vontade de Deus; porque essas coisas, em si mesmas, com todas as suas relações, são as obras de suas mãos. Através da vontade dele, 'para seu prazer', apenas, elas todas 'são e foram criadas'.

9. E ainda assim, pode ser assegurado (o que é provavelmente tudo o que uma pessoa atenciosa poderia discutir a respeito), que, no mesmo caso particular, Deus deseja isto ou aquilo (suponha que os homens possam honrar seus pais), porque é certo, de acordo com a aptidão das coisas, para a relação em que elas se situam.

10. A lei é, então, certa e justa, concernente a todas as coisas. E é boa, assim como justa. Isto, nós podemos facilmente inferir da fonte de onde ela flui. Porque, o que foi isto, a não ser a excelência de Deus? O que, se não, que apenas a excelência o inclinou a conceder aquela cópia divina de si mesmo para os anjos santos? Ao que mais podemos atribuir o fato de Ele entregar o mesmo transcrito de sua própria natureza, para o homem? O que, a não ser o amor terno o constrangeu, mais uma vez, a manifestar sua vontade para o homem caído – tanto para Adão, quanto qualquer um de sua semente, que, como ele, foi 'insuficiente para a glória de Deus?'. Não foi o mero amor que o moveu a publicar sua lei, segundo os entendimentos dos homens que eram ignorantes? E enviar seus profetas para declarar aquela lei para os filhos, cegos e imprudentes, dos homens? Sem dúvida, foi sua benevolência que ergueu Enoque e Noé, para serem pregadores da retidão; que fez de Abraão, seu amigo; e Isaac, e Jacó, testemunhas da sua verdade. Foi a benevolência apenas, que, quando 'a escuridão cobriu a terra, e a densa ignorância, as pessoas', deu uma lei escrita para Moisés, e, através dela, para a nação que escolhera. Foi o amor que explicou esses oráculos vivos, através de Davi e todos os profetas que se seguiram; até quando o cumprimento do tempo chegou, e Ele enviou seu Unigênito, 'não para destruir a lei, mas para cumprir'; para confirmar cada jota e til dela; até que a tendo escrito nos corações de todos os seus filhos, e colocado todos seus inimigos sob seus pés, 'Ele entregasse' seu 'reino' mediador 'para o Pai, para que Deus pudesse ser tudo em todos'. (I Corintios 15:28) 'E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos'.

11. E esta lei, que a benevolência de Deus deu, a princípio, e que Ele preservou, através de todos os tempos, é, como a fonte de onde ela flui, cheia de bondade e benignidade; é compassiva e delicada; e, como o salmista a expressa, mais doce que o mel, e o favo de mel". É cativante e cordial. Ela inclui 'todas as coisas que são amáveis e de boa reputação. Se existe alguma virtude, se existe algum louvor', diante de Deus e seus anjos santos, eles estão todos inseridos nisto; onde estão escondidos todos os tesouros da sabedoria, conhecimento e amor, divinos.

12. E é boa, em seus efeitos, assim como, em sua natureza. Como a árvore é, assim, são seus frutos. Os frutos da lei de Deus, escrita no coração, são 'retidão, paz, e segurança, para sempre'. Ou, antes, a lei, em si mesma, é retidão, preenchendo a alma com a paz que ultrapassa todo entendimento; fazendo com que nos regozijemos, sempre mais, no testemunho de uma boa consciência em direção a Deus. É para uma garantia tão propriamente; como 'um penhor de nossa herança', sendo uma parte da posse adquirida. É Deus feito manifesto, em nossa carne, e nos trazendo com Ele a vida eterna; nos assegurando, através daquele amor puro e perfeito, que fomos 'selados para o dia da redenção'; que Ele irá 'nos poupar, como um homem pouca seu próprio filho que o serve', 'naquele dia, quando Ele compensará suas jóias'; e para que lá reste para nós 'uma cora de glória que não desaparece'.

IV

1. Resta apenas mostrar, em Quarto e último lugar, o uso da lei. E, o Primeiro uso dela, sem dúvida, é convencer o mundo do pecado. Esta é, realmente, a obra peculiar do Espírito Santo, que pode operar isto, sem quaisquer meios, afinal, ou através dos meios que agradar a ele, mesmo que insuficientes, em si mesmos, ou até impróprios para produzirem tal efeito. E, conseqüentemente, existem alguns cujos corações têm sido quebrados em pedaços, imediatamente, tanto na doença, quanto na saúde, sem qualquer causa visível, ou quaisquer meios exteriores que sejam; e outros (um em alguma época) têm sido despertados para uma consciência da 'ira de Deus habitando sobre ele', por ouvir que 'Deus está em Cristo, reconciliando o mundo para si mesmo'.

Mas convencer os pecadores, através da lei, é o método comum do Espírito de Deus. É isto que, estabelecendo morada na consciência, geralmente faz as rochas em pedaços. É, mais especialmente, esta parte da palavra de Deus, que é mais rápida e poderosa; cheia de vida e energia, 'e mais afiada do que qualquer espada de dois fios'. Isto, na mão de Deus e daqueles a quem Ele enviou, penetra através de todas as camadas de um coração enganoso, e divide, até mesmo, a alma e o espírito'; sim, como fora, mesmo 'as juntas e tutano'. Assim, o pecador é revelado para si mesmo. Todas as suas folhas de figueira são feitas em pedaços, e ele vê que é 'desprezível, pobre, miserável, cego e nu'. A lei prova a culpabilidade, de todos os lados. Ele se sente um mero pecador. Ele não tem como pagar. Sua 'boca é fechada', e ele permanece 'culpado diante de Deus'.

2. Matar o pecador é, então, o Primeiro uso da lei; destruir a vida e força, nas quais ele confia, e convencê-lo de que ele está morto, enquanto ele vive; não apenas debaixo da sentença de morte, mas verdadeiramente morto para Deus; vazio de toda vida espiritual; 'morto nas transgressões e pecados'. O Segundo uso dela, é trazê-lo de volta à vida; para junto de Cristo, para que ele possa viver. É verdade que, na execução de ambas essas missões, ela executa o papel de uma professora escolar severa. Antes de nos dirigir pelo amor, ela nos dirige pela força. Mas, ainda assim, o amor é a fonte de tudo. É o espírito do amor que, através desses meios dolorosos, arranca fora nossa confiança na carne, que não nos deixa em que confiar, e então, constrange o pecador, despido de tudo, a clamar na amargura de sua alma, ou a gemer na profundidade de seu coração: 'Eu deixo de lado toda justificativa, -- Senhor, eu estou condenado; mas Tu morreste',

3. O Terceiro uso da lei é nos manter vivos. É o grande meio, pelo qual o Espírito abençoado prepara o crente para uma comunicação maior da vida de Deus.

Eu temo que essa grande e importante verdade é pouco entendida, não apenas pelo mundo, mas, até mesmo, pelos muitos a quem Deus tem tirado do mundo; aqueles que são filhos verdadeiros de Deus pela fé. Muitos desses repousam, em uma verdade não questionada, a de que, quando vamos para Cristo, nós desistimos da lei, e que, neste sentido, 'Cristo é o fim da lei para todo aquele que crê'. 'O fim da lei': então, Ele é o fim, 'para a retidão', para a justificação, 'para todo aquele que crê'. Neste contexto, a lei é o fim. Ela não justifica ninguém, apenas os traz para Cristo; que é também, em outro aspecto, a finalidade ou a extensão da lei, -- o ponto, em que ela continuamente objetiva. Mas, quando ela nos traz até Ele, ainda assim, a sua tarefa vai mais além, ou seja, nos manter com ele. Porque continuamente estimula todos os crentes, quanto mais eles vêem sua altura, profundidade, comprimento e largura, a exortar um ao outro muito mais, -- Mais e mais intimamente nos permita aconchegamo-nos, no seu amado abraço, esperando sua plenitude receber, e a graça responder à graça.

4. Permitindo, então, que todo crente cumpra a lei, já que ela significa a lei cerimonial judaica, ou a inteira dispensação Mosaica; (para esses que Cristo separou); sim, permitindo que cumpramos a lei moral, como um meio de procurar nossa justificação; já que somos 'justificados livremente pela sua graça, através da redenção que está em Jesus'; ainda assim, em outro sentido, nós não temos cumprido esta lei: Porque ela é ainda de uso inexprimível; Primeiro, nos convencendo do pecado que ainda permanece, ambos em nossos corações e vidas, e, por meio disto, nos mantendo próximos a Cristo, para que seu sangue possa nos limpar todo o momento; em Segundo Lugar, provendo forças vindas de nosso Dirigente, dos seus membros vivos, por meio dos quais, Ele nos capacita a fazer o que a lei ordena; e, em Terceiro Lugar, confirmando nossa esperança de alcançarmos o que quer que ela ordene, -- de receber graça sobre graça, até que tenhamos a verdadeira possessão da plenitude de suas promessas.

5. Quão claramente isto concorda com a experiência do verdadeiro crente! Enquanto ele clama: 'Ó, que amor eu tenho, junto à Tua lei! O dia todo é meu estudo nela'; ele vê diariamente, naquele modelo divino, mais e mais, de sua própria pecaminosidade. Ele vê, mais e mais claramente, que ele é ainda um pecador em todas as coisas, -- que nem seu coração, nem seus caminhos estão corretos diante de Deus; e que todo momento, ela o envia para Cristo. Isto mostra a ele, o significado do que está escrito, 'Também farás uma lâmina de ouro puro, e nela gravarás como as gravuras de selos: Santidade ao Senhor. E atá-la-ás com um cordão de azul, de modo que esteja na mitra, na frente da mitra estará; E estará sobre a testa de Arão' (uma espécie de nosso grande sumo Sacerdote),'para que Arão leve a iniqüidade das coisas santas, que os filhos de Israel santificarem em todas as ofertas de suas coisas santas' tanto quanto nossas orações ou coisas santas, da redenção para o restante de nossos pecados!;'e estará continuamente na sua testa, para que tenham aceitação perante o Senhor' (Êxodo 28:36-38).

6. Para explicar isto, através de um único exemplo: a Lei diz, 'Não matarás'; e, por meio disto, (como nosso Senhor ensina) proíbe, não apenas os atos exteriores, mas todo tipo de palavra ou pensamento. Agora, quanto mais eu inspeciono a lei perfeita, mais eu sinto quão longe eu estou de alcançá-la; e quanto mais eu sinto isto, mais eu sinto a necessidade de Seu sangue, redentor de todos os meus pecados, e de seu Espírito, para purificar meu coração, e me fazer, 'perfeito e inteiro; faltando nada'.

7. Por esta razão, eu não posso tratar a lei, algum momento, com indulgência; não mais do que eu posso tratar a Cristo; vendo que eu agora a quero, pelo quanto ela me mantém em Cristo; já que eu sempre precisei dela, para me trazer para Ele. Do contrário, esse 'coração mau da descrença' imediatamente 'se afastaria do Deus vivo'. De fato, uma está continuamente me enviando para o outro, -- a lei para Cristo, e Cristo para a lei. Por um lado, a altura e profundidade da lei me constrangem a voar para o amor de Deus em Cristo; por outro, o amor de Deus em Cristo, faz benquista a lei para mim, 'acima do ouro e pedras preciosas'; vendo que eu sei que cada parte dela é uma promessa graciosa, que meu Senhor irá cumprir no tempo certo.

8. Quem você é, então, Ó, homem, que 'julga a lei, e fala mal da lei?' -- que a coloca no mesmo nível do pecado, que satanás, e que a morte, e os envia todos juntos para o inferno? O Apóstolo Tiago considerou o julgar ou 'falar mal da lei', uma espécie tão grande de maldade, que ele não soube como exacerbar a culpa de julgar nossos irmãos, mais do que mostrá-la incluída nisto. 'Então, agora', diz ele, 'você não é um executor da lei, mas um juiz!'. Um juiz daquilo que Deus tem ordenado, para julgar a você! De forma que você tem colocado a si mesmo na cadeira de julgamento de Cristo, e derrubado a regra, por meio da qual, Ele irá julgar o mundo! Ó, tome conhecimento da vantagem que satanás tem obtido sobre você; e, para o tempo que virá, nunca pense ou fale levianamente a respeito; muito menos, vista, como um espantalho, esse instrumento abençoado da graça de Deus. Sim, ame e valorize a lei, por causa Dele, de quem ela veio; e por Ele, para quem ela conduz.

9. E se você estiver totalmente convencido de que ela é o fruto de Deus; que ela é a cópia de todas as perfeições inimitáveis Dele; e que ela é 'santa, justa e boa', mas, especialmente para aqueles que crêem; então, em vez de desprezá-la como uma coisa contaminada, veja que você se adira a ela mais e mais. Nunca permita que a lei da misericórdia e verdade; do amor a Deus e ao homem; da humildade, mansidão, pureza, renuncie a você. 'Amarre-a em volta do seu pescoço;escreva-a na tábua do seu coração. Fique perto da lei, se você quer se manter perto de Cristo; segure-a, firmemente; não a deixe escapar. Que esta continuamente o conduza ao sangue redentor, e continuamente confirme a sua esperança, até que 'a retidão da lei seja cumprida em você', e você seja 'preenchido com toda a plenitude de Deus'.

10. E, se seu Senhor já tem cumprido sua palavra; se Ele já tem 'escrito sua lei em seu coração', então, 'permaneça firme, na liberdade, em que Cristo o tem feito livre'. Você não foi apenas feito para ser livre das cerimônias judaicas; da culpa do pecado; e do temor do inferno (esses estão, tão longes de serem tudo, que chegam a ser menor e a mais insignificante parte da liberdade cristã); mas, do que é infinitamente maior: do poder do pecado; do servir ao diabo; de ofender a Deus. Ó, fique firme, nessa liberdade; em comparação a que, todo o restante, nem mesmo merece ser mencionado. Fique firme, no amor de Deus, com todo seu coração, e servindo a Ele com todas as suas forças! Esta é a liberdade perfeita; assim, manter esta lei, e caminhar em todos os seus mandamentos, sem culpa. 'Não seja emaranhado novamente pelo jugo da escravidão'. Eu não quero dizer a escravidão judaica; nem ainda a escravidão do medo inferno: Esses, eu confio, estão muito longe de você. Mas, precavenha-se de ser emaranhado novamente pelo jugo do pecado; por qualquer transgressão interior ou exterior da lei. Abomine o pecado, muito mais do que a morte ou o inferno; abomine o próprio pecado, muito mais do que a punição por causa dele. Fique longe da escravidão do orgulho, do desejo, da ira, de todo temperamento pecaminoso, ou palavra, ou obra. 'Olhe para Jesus'; e com o objetivo disto, observe mais e mais a lei perfeita - 'a lei da liberdade'; e 'continue nisto'; assim, tu deverás, diariamente 'crescer na graça, e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo'.


A Nova Criação

'E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas.
E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis'.
(Apocalipse 21:5)


1. Que cena estranha está aqui aberta para nossa visão! Quão distante de nossas apreensões naturais! Nem um relance do que está aqui revelado, foi, alguma vez, visto no mundo pagão. Não apenas os ateus modernos, bárbaros, incivilizados não tiveram a menor concepção dele; mas foi desconhecido igualmente aos ateus refinados e polidos, da antiga Grécia e Roma. E quase tão pouco pensado ou entendido, pela generalidade dos cristãos: eu quero dizer, não meramente aqueles que são nominalmente tais, que têm a forma de santidade, sem o poder; mas mesmo aqueles que, em alguma medida, temem a Deus, e buscam operar retidão.

2. Deve-se admitir que, depois de todas as pesquisas que possamos fazer, ainda assim, nosso conhecimento da grande verdade, entregue a nós nessas palavras, é excessivamente reduzido e imperfeito. Como este é um ponto de mera revelação, além do alcance de todas as nossas faculdades naturais, nós não podemos penetrar muito profundamente, nem formamos qualquer concepção adequada dele. Mas pode ser um encorajamento para esses que têm, em algum grau, testado dos poderes do mundo, a se formarem, e irem, tão longe quanto puderem; interpretando, Escrituras por Escrituras, de acordo com a analogia da verdade.

3. O Apóstolo apreende as visões de Deus, e nos diz, no primeiro verso do Capítulo, 'Eu vi um novo céu e uma nova terra'; e acrescenta em (Apocalipse 21:5) 'E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis'.

4. Muitos estudiosos cogitam a estranha opinião de que isto diz respeito apenas ao estado atual das coisas, e nos dizem gravemente que as palavras devem se referir ao estado florescente da igreja, e que isto principiou, depois das perseguições pagãs. Mais ainda: alguns deles têm descoberto que tudo aquilo do qual o Apóstolo fala, concernente ao 'novo céu e nova terra', foi cumprido, quando Constantino, o Grande, despejou riquezas e honras sobre os cristãos. Que caminho miserável é este, para tornar inútil todo o conselho de Deus, com respeito a todas aquelas grandes cadeias de eventos, com referência à sua igreja; sim, e a toda a humanidade, desde o tempo em que João estavam em Patmos, até o fim do mundo! Não. A linha de sua profecia alcança mais além ainda: Ela não termina, no mundo presente, mas nos mostra o que irá acontecer, quando este mundo não mais existir.

5. Porque, assim diz o Criador e Governador do universo: 'Observe, eu faço novas todas as coisas'; -- tudo o que está incluído naquela expressão do Apóstolo: 'Um novo céu e uma nova terra'. Um novo céu: a palavra original em Gênesis -- (Gen 1) 'No princípio Deus criou os céus e a terra' – está no plural. E, de fato, isto é a linguagem constante das Escrituras. Assim sendo, o escritor ancião judeu está acostumado a considerar três céus; em conformidade ao que, o Apóstolo Paulo fala de sua constituição: 'alcançar o terceiro céu'. É este, o terceiro céu, que usualmente se supôs ser a residência imediata de Deus; tão distante quanto alguma residência possa ser imputada ao seu Onipresente Espírito, que penetra e preenche todo o universo. É aqui (se falarmos da maneira dos homens), onde o Senhor senta-se em seu trono, cercado pelos anjos e arcanjos, e por todos os seus ministros flamejantes.

6. Nós não podemos pensar que este céu irá passar por alguma mudança; alguma mais do que seu Grande morador. Certamente este palácio do Altíssimo foi o mesmo, desde a eternidade, e será, para o mundo sem fim. Apenas os céus inferiores estão sujeitos à mudança; o mais alto deles nós usualmente chamamos de céus estrelados. Pedro nos informa que este 'está reservado ao fogo, contra o dia do julgamento e destruição dos homens iníquos'. Naquele dia, 'ardendo no fogo', ele deverá, primeiro, 'contrair-se como um rolo de pergaminho'; e, então, deverá 'dissolver-se, e desaparecer com um grande estrondo'; finalmente, ele dever 'fugir da face Dele que está sentado no trono e não será encontrado lugar para ele'.

(II Pedro 3:10) 'Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? '.

7. Ao mesmo tempo, 'as estrelas cairão dos céus'; a corrente secreta sendo quebrada, o que as tinha preservado, em suas diversas órbitas, desde a fundação do mundo. Enquanto isto, o céu mais baixo, ou sublunar, com os elementos (ou princípios que o compõem) 'se desfarão com fogo ardente'; ao mesmo tempo em que 'a terra, com as obras que nela há, deverá desfazer-se no fogo'. Esta é a introdução para o estado mais nobre das coisas, tais que ainda não entraram nos corações dos homens conceberem, -- a restauração universal, que sucederá à destruição universal. Porque 'nós vemos', diz o Apóstolo, 'os novos céus e terra, onde habitará a retidão'.

(II Pedro 3:7) 'Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios. Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça'.

8. Uma diferença considerável haverá, sem dúvida, no céu estrelado, quando ele for feito novo: Não haverá estrelas em chamas, nem cometas. Quer esses orbes horrendos e excêntricos sejam planetas mal formados, em um estado caótico (eu falo na suposição da pluralidade dos mundos), ou tais que tenham se submetido, a sua conflagração geral, eles certamente não terão lugar no novo céu, onde tudo estará em ordem e harmonia. Poderá haver outras diferenças, entre o céu que agora existe e aquele que existirá depois da renovação. Mas elas estão acima de nossa compreensão: Nós devemos deixar para a eternidade explicá-las.

9. Nós podemos mais facilmente conceber as mudanças que irão ser forjadas no céu inferior, na região da atmosfera. Ele não será mais feito em pedaços por furações, ou agitados por tempestades furiosas, ou tormentas destrutivas. Meteoros perigosos e horripilantes não terão mais lugar nele. Nós não teremos mais chance de dizer: Como uma trombeta sonora e forte, teu trovão faz tremer as nossas costas; enquanto os relâmpagos avermelhados acenam, junto aos estandartes de teu anfitrião! Não: Tudo será, então, luz, calmaria, serenidade; um quadro vivo do dia eterno.

10. Todos os elementos (tomando a palavra em seu sentido comum, com relação aos princípios dos quais todas as coisas naturais são compostas) serão novos, de fato; inteiramente mudados em suas propriedades, embora não em sua natureza. O fogo, no momento, é um destruidor geral de todas as coisas debaixo do sol, dissolvendo tudo que vem para sua esfera de ação, e reduzindo ao seu átomo primitivo. Mas, tão logo ele execute seu último grande trabalho de destruir os céus e terra; (quer você queira dizer com isto, um sistema apenas, ou toda a fábrica do universo; a diferença entre um e milhões de mundos, sendo nada, antes do grande Criador); quando, por assim dizer, ele tiver feito isto, as destruições forjadas pelo fogo virão para o fim perpétuo. Ele não mais irá destruir; ele não irá consumir mais: ele irá esquecer seu poder de queimar, -- poder que ele possui apenas durante o presente estado de coisas, -- e ser tão inofensivo, nos novos céus e terra, como ele é agora nos corpos dos homens e outros animais, e na essência das árvores e flores; em todos em que (como os recentes experimentos mostram) grandes quantidades de fogo etéreo estão alojadas; se não for, preferivelmente, uma parte do componente essencial de toda matéria existente debaixo do sol. Mas provavelmente ele irá reter seu poder vívido, embora desnudado de seu poder de destruição.

11. Certamente, pode-se deduzir que o vento calmo, plácido, não mais será perturbado pelas tempestades e tormentas. Não haverá mais meteoros, com seus horríveis clarões, aterrorizando os pobres filhos dos homens. Diante disto, será que poderíamos acrescentar (embora, a princípio possa soar como um paradoxo) que não haverá mais chuva? Percebe-se que não existia no Paraíso; uma circunstância que Moisés particularmente menciona: 'O Senhor Deus não tem feito chover. – Mas subiu um vapor da terra', que cobriu os abismos de águas, 'e regou toda a face da terra', com umidade suficiente para todos os propósitos de vegetação.

(Gênesis 2:5-6) 'E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a sua superfície'.

Nós temos razões para cremos que o caso será o mesmo, quando o paraíso for restaurado. Conseqüentemente, não existirão mais nuvens ou neblinas. Mas um dia de luz refulgente. Muito menos, haverá gases tóxicos, ou rajadas repentinas de vento pestilento. Não existirá mais siroco [vento quente] na Itália; ventos ressecados e sufocantes na Arábia; não haverá ventos noroestes mordazes, em nossa própria região.

12. Mas que mudança os elementos da água irão sofrer, quando todas as coisas forem feitas novas! Ela será, em todas as parte do mundo, clara e límpida; pura de todas as misturas desagradáveis e insalubres; surgindo aqui e ali, em fontes cristalinas, para refrescar e adornar a terra 'com líquido escoando de córregos murmurantes'. Porque, indubitavelmente, como foi no Paraíso, haverá vários rios gentilmente deslizando continuamente, para o uso e prazer de homens e animais. Mas o inspirado escritor tem expressamente declarado que 'não haverá mais mares'.

(Apocalipse 21:1) 'E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe'.

Nós temos toda razão para crermos que, no início do mundo, quando Deus disse: (Gênesis 1:9) 'Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca'; a terra seca espalhou-se sobre a face da água e a cobriu de todos os lados. E assim, parece ter sido feito, até que, com o objetivo do dilúvio geral que Deus determinara trazer sobre a terra, imediatamente 'as janelas dos céus foram abertas e as fontes do grande abismo se romperam'. Mas o mar irá, então, se recolher aos seus limites primitivos, e não mais irá aparecer sobre a superfície da terra. Uma vez que, de fato, não haverá mais necessidade dele. Porque, assim como supõe o Poeta antigo, – cada parte da terra irá naturalmente produzir o que os seus habitantes necessitarem, -- ou toda humanidade irá procurar o que toda a terra oferece, através de meios mais fáceis e prontos. Uma vez que, como nosso Senhor nos informa, todos os habitantes da terra serão iguais aos anjos, nas mesmas condições deles, em rapidez, e força; de maneira que eles poderão, tão rápido quanto o pensamento, transportarem-se, ou o que quer que eles queiram, de um lado para o outro do globo.

13. Não que eu possa acreditar naquela maravilhosa descoberta de Jacob Behmen, com que muitos, tão zelosamente, combatem, de que a própria terra com todos os seus apetrechos e habitantes, será, então, transparente como vidro. Não parece haver o menor fundamento para isto, tanto nas Escrituras, quanto na razão. Certamente não nas Escrituras: Eu não conheço um texto, seja no Velho, ou no Novo Testamento, que afirme tal coisa. Certamente, não pode ser inferido daquele texto em Apocalipse: (Apocalipse 4:6) 'E havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás'. E, ainda assim, se eu não me engano, este é a principal, se não a única Escritura que tem sido afirmada em favor desta opinião! Nem eu posso conceber que existe algum fundamento no raciocínio. De fato, tem sido calorosamente suposto, que todas as coisas seriam muito mais bonitas, se elas fossem completamente transparentes. Mas eu não posso compreender isto: Sim; eu apreendo inteiramente o contrário. Suponha que cada parte do corpo humano fosse transparente como cristal, pareceria mais bonito do que o é agora? Não. Antes, iria nos chocar acima de qualquer medida. O corpo todo, e, em particular, 'a face divina humana', é, sem dúvida, um dos mais bonitos objetos que podem ser encontrados debaixo do céu; mas se você pudesse olhar, através da face rosada, da fronte lisa e regular, ou do seio elevado, e distintamente ver tudo que está nele, você sairia fora, com repugnância e horror!

14. Vamos a seguir examinar estas mudanças que podemos razoavelmente supor, que terão lugar na terra. Não haverá mais estreita ligação com o frio intenso, nem se ressecará com o extremo calor; mas terá tal temperatura que será mais conducente a sua fertilidade. Se, com o objetivo de punir seus habitantes, Deus fez o antigo...

Ordene seus anjos a virarem de soslaio, esse lóbulo oblíquo, por meio do qual, ocasionam o frio violento, de uma parte, e o calor intenso, de outra; então, indubitavelmente, ordene a eles que retomem sua posição original: Assim, chegará ao final, de um lado, o calor ardente que torna algumas partes dele dificilmente habitadas e, de outro, a fúria dos Árticos e gelo eterno.

15. Não haverá, então, princípios dissonantes ou destrutivos em seu seio. Não haverá mais quaisquer dessas violentas convulsões em suas entranhas. Não será mais chacoalhada ou feita em pedaços, pela força impetuosa dos terremotos; e, conseqüentemente, não precisará mais de Vesúvio, nem Etna, nem quaisquer das montanhas ardentes para impedi-los. Não haverá mais rochas horríveis ou precipícios assustadores; nenhum deserto selvagem, ou praias improdutivas; nenhum pântano intransitável, ou brejos inférteis, para tragarem o viajante imprudente. Haverá, sem dúvidas, desigualdades na superfície da terra, que não serão defeitos, mas belezas. Porque, embora eu não possa afirmar que a Terra tem sua diversidade do céu, de prazer situado na colina e vale; ainda assim, eu não posso pensar que as colinas, erguendo-se gentilmente serão algum defeito, mas um ornamento, da nova terra criada. E, sem dúvida, nós poderemos, igualmente, ter oportunidade de dizer – Veja, lá sua habilidade maravilhosa veste os campos de verde agradável! Sua mão exibe milhares de ervas, milhares de flores entre elas!

16. E qual será o produto geral da terra? Sem espinhos, sem roseira brava, ou cardo; nenhuma erva daninha inútil ou fétida; nenhuma planta venenosa, prejudicial, ou desagradável; mas cada um que pode ser conducente, de alguma forma, tanto para nosso uso quanto prazer. Quão além do que a maioria da imaginação viva é agora capaz de conceber! Nós devemos não mais lastimar a perda do paraíso terrestre, ou suspirar diante daquela descrição bem delineada de nosso grande poeta:

Que esta colina do paraíso, então,
Pelo poder das ondas, se mova,
Empurrada pela inundação curva,
Com todo seu verde espalhado,
E às arvores à deriva do grande rio,
Para o abismo aberto, e lá crie raízes,
Numa ilha salgada e desnuda!

Porque toda a terra será, então, um paraíso mais bonito do que o que Adão, alguma vez, viu.

17. Tal será o estado da nova terra, com respeito à forma das partes inanimadas dela. Mas, por maior que esta mudança vá ser, ela é pequena, é nada, em comparação com aquela que irá, então, tomar lugar, através de toda natureza animada. Na parte viva da criação onde é visto os mais deploráveis efeitos da apostasia de Adão. Toda a criação animada; tudo quanto tem vida, desde o leviatã até o menor acarino, foi, desta forma, feito objeto de tal vaidade, como as criaturas inanimadas não poderiam ser. Eles foram objeto daquele monstro cruel, a Morte, o conquistador de tudo que respira. Eles foram objeto para sua dor precursora, em milhares de suas formas; embora 'Deus não tenha criado a morte; nem tenha prazer na morte de algum vivente'.

Quantos milhões de criaturas no mar, no ar, e em todas as partes da terra, podem agora, de modo algum, preservar suas próprias vidas, a não ser tirando a vida de outros; rasgando em pedaços e devorando as suas pobres, inocentes e submissas presas! Miserável destino de tais inumeráveis multidões, que, insignificantes como elas pareçam, são os frutos de um mesmo Pai; criaturas do mesmo Deus do amor! É provável que, não apenas dois terços, da criação animal, mas noventa e nove em cem estão debaixo da necessidade de destruírem ao outro, com o objetivo de preservarem sua própria vida! Mas não deverá ser sempre assim. Ele que está sentado em seu trono logo mudará a face de todas as coisas, e fornecerá uma prova demonstrativa para todas as criaturas, de que 'sua misericórdia é sobre todas as Suas obras'.

O estado horrível das coisas que, no presente, se obtém, logo irá chegar ao seu fim. Na nova terra, nenhuma criatura irá matar, machucar, ou causar dor em alguma outra. O escorpião não terá uma picada venenosa; a víbora, nenhum veneno em seus dentes. O leão não terá unhas afiadas, para rasgar o cordeiro; nenhum dente para triturar sua carne e ossos. Mais ainda; nenhuma criatura, animal, pássaro, peixe, terá alguma inclinação, para ferir alguma outra, porque a crueldade terá desaparecido, e a selvageria e fúria, esquecidas. De modo que não se ouvirá mais falar de violência; nem assolação ou destruição será vista sobre a face da terra. 'O lobo irá habitar com o cordeiro'; (as palavras podem ser literalmente, assim como figurativamente entendidas), 'e o leopardo se deitará com uma criança: Eles não ferirão ou destruirão'; do amanhecer até o pôr-do-sol.

18. Mas o mais gloriosa de todas será a mudança irá, então, tomar lugar nos pobres, pecadores e miseráveis filhos dos homens. Esses tinham caído, em muitos aspectos, como de uma grande altura, então, para a mais baixa profundidade, do que alguma outra parte da criação. E eles deverão "ouvir uma grande voz dos céus, dizendo: 'Observe o tabernáculo de Deus é com os homens: E ele irá habitar neles, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus'". (Apocalipse 21:3-4). Conseqüentemente, surgirá um estado puro de santidade e felicidade, muito superior a que Adão desfrutou no Paraíso.

De que maneira bonita, isto está descrito pelo Apóstolo: 'Deus enxugou todas as lágrimas; e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro; nem haverá mais dor alguma: porque as coisas antigas já se passaram!'. (Apocalipse 21:3) Como não haverá mais morte, e nenhuma dor ou enfermidade que leve a isto; como não haverá mais pelo que se afligir, ou se separar dos amigos; então, não haverá mais tristeza ou choro. Mais do que isto - haverá um livramento maior do que todo este; porque não existirá mais pecado. E, para coroar tudo, haverá uma união profunda, íntima, e ininterrupta com Deus; uma comunhão constante com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo, através do Espírito; uma alegria contínua do Deus Trino, e de todas as criaturas Nele!


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