sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Natureza do Entusiasmo

'Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar'. (Atos 26:24)

[O sermão, A Natureza do Entusiasmo, foi publicado, primeiro, no III Vol. dos Sermões, em 1759, e, pelo menos, em três edições diferentes, durante a vida de Wesley. Todo o capítulo foi assunto de uma série de exposições na Foundery, em Dezembro de 1740, e em Bristol (ou Kingswood?), anterior a Maio. Este verso está registrado, como tema, na Capela (West Street), no Natal de 1752, e em Londres (presumivelmente na Foundery), no dia seguinte. Nesta presente forma, ele foi provavelmente um daqueles preparados para publicação em Novembro e Dezembro de 1749. Ele se propõe a responder à responsabilidade de 'Entusiasmo', que fora feita contra Wesley e os Metodistas, desde 1739. Em 14 de Outubro de 1739, o Rev. Charles Wheatley, pregando na Catedral de St. Paul, descreveu os Metodistas, como 'entusiastas arrebatadores, pregando sensações incontáveis, emoções violentas, e mudanças súbitas; orgulhando-se das inspirações imediatas, e fazendo reivindicações profanas de milagres maiores do que os que, alguma vez, fora realizado, até mesmo pelo próprio Cristo'.]

[No mesmo ano, Dr. Joseph Trapp pregou quatro sermões, em diferentes igrejas de Londres, contra 'as doutrinas e práticas de uns certos entusiastas modernos', e os publicou. O Rev. Josiah Tucker acusou Whitefield de 'noções profanas e entusiastas'; e o Bispo Gibsom, em sua Responsabilidade Pastoral de Augusto I, acusa os Metodistas de entusiastas em nove acusações, perante o Juízo: quanto às suas reivindicações às comunicações extraordinárias de Deus; à missão especial; à inspiração divina; ao poder divino em suas pregações; ao dom do Espírito Santo; à profecia; de serem iguais aos Apóstolos, e até mesmo a Cristo; de serem pregadores de um novo evangelho; e de usarem métodos extraordinários de ensino. Panfleto seguido de panfleto, alguns mais indecentes e abusivos do que outros, mas todos concomitantes na responsabilidade do Entusiasmo. O Scots Magazine e o Weekly Miscellany foram proeminentes em atacar os 'entusiastas endoidecidos'].

[Atravessando a quantidade de criticas menores, nós chegamos em 1744, às Anotações da Igreja, do Rev. Thomas, sobre o recente Dário de Wesley, uma apreciação desfavorável tranqüila e razoável; ele era, como o próprio Wesley disse em 1777, 'um cavalheiro, um estudioso e um cristão; e como tal, ele talava e escrevia'; e o responde no mesmo espírito].

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1. E assim diz o mundo todo, os homens que não conhecem a Deus, de todos aqueles que são da religião de Paulo: de todos aqueles que são, então, seguidores dele, como ele foi de Cristo. É verdade, existe uma espécie de religião; mais do que isto, ela é chamada de Cristianismo também, que pode ser praticada sem qualquer culpa, o que é geralmente consistente com o bom-senso, -- ou seja, a religião da forma, uma série de deveres exteriores, executados de uma maneira decente e regular. Você pode acrescentar ortodoxia nisto, um sistema de opiniões corretas; sim, e alguma quantidade de moralidade pagã; e, ainda assim, não muitos irão afirmar que 'muita religião os tornou loucos'. Mas, se você almeja a religião do coração, se você fala da 'retidão, e paz, e alegria no Espírito Santo', então, não demorará muito antes que sua afirmação termine, 'Tu estás fora de ti'.

2. E não é um elogio que os homens do mundo fazem a você aqui. Eles, pelo menos uma vez dizem o que eles querem dizer. Ele não apenas afirmam, mas cordialmente acreditam que está louco aquele que diz que 'o amor de Deus está espalhado em todo' seu 'coração pelo Espírito Santo dado a ele'; e que Deus o tem capacitado a regozijar-se em Cristo 'com alegria inexprimível e cheio de glória'. Se um homem está, de fato, vivo para Deus, e morto para todas as coisas aqui embaixo; se ele continuamente vê a Ele que é invisível, e assim, caminha pela fé, e não pela vista; então, eles consideram que este é um caso claro: além de qualquer discussão, 'muita religião o deixou louco'.

3. É fácil observar que a coisa determinante que o mundo considera loucura é este extremo desprezo por todas as coisas temporais, e a firme busca pelas coisas eternas; esta convicção divina das coisas que não são vistas; este se regozijar no favor de Deus, neste feliz e santo amor de Deus; e este testemunho do Seu Espírito em nosso espírito de que somos os filhos de Deus, -- ou seja, na verdade, todo o espírito, vida e poder da religião de Jesus Cristo.

4. Eles irão, contudo, permitir, em outros aspectos, que este homem aja ou fale, como alguém em seu juízo perfeito. Em outras coisas, ele é um homem razoável, é apenas nestas instâncias que sua cabeça é afetada. Reconhece-se, portanto, que a loucura, sob a qual ele lida, é de um tipo específico; e, assim, eles estão acostumados a distingui-la por um nome particular, 'entusiasmo'.

5. Um termo, que é freqüentemente usado, e que raramente está fora da boca dos homens; e, ainda assim, é dificilmente entendido, mesmo por aqueles que o usam com mais freqüência. Ele pode ser, entretanto, não aceitável aos homens sérios, a todos que desejam entender o que eles falam ou ouvem, se eu me esforçar para explicar o significado deste termo – mostrar de que se trata o entusiasmo. Pode ser um encorajamento para aqueles que são injustamente responsabilizados por ele; e pode possivelmente ser de utilidade para alguns que são merecidamente responsabilizados por ele; pelo menos, aos que seriam assim, não fossem tão cuidadosos contra ele.

6. Uma vez que geralmente admite-se que a própria palavra seja extraída do Grego. Mas, de onde a palavra grega, "enthousiasmos" é derivada, ninguém ainda foi capaz de mostrar; alguns têm se esforçado para derivá-la da palavra grega (theOi) que significa – em Deus; porque todo entusiasmo se refere a Ele. Mas isto é completamente forçado; existe pequena semelhança entre a palavra derivada, e a que eles se empenham para derivar. Outros a derivariam (en thysiai), -- em sacrifício; porque muitos entusiastas do passado eram afetados, da maneira mais violenta durante o momento de sacrifício. Talvez, seja uma palavra fictícia, inventada do barulho que alguns dos que eram assim afetados faziam.

7. Não é improvável que um motivo porque esta palavra desconhecida tenha sido preservada em tantas Línguas, seja porque os homens estavam mais preocupados com respeito ao seu significado do que com respeito à sua derivação. Eles, portanto, adotaram a palavra grega, porque eles não a entenderam: eles não a traduziram em suas próprias línguas, porque eles não sabiam como; ela tem sido sempre uma palavra com um sentido vago e incerto, para o qual nenhum significado foi afixado.

8. Não é, portanto, surpresa, afinal, que ela seja usada de maneira tão diversa; pessoas diferentes a entendem, de diferentes maneiras, completamente inconsistentes umas com as outras. Alguns a tomam em um bom sentido, devido a um impulso divino ou impressão, superiores a todas as faculdades naturais, e suspendem, por um tempo, quer parte quer todo os seus sentidos exteriores. Neste significado da palavra, tantos os Profetas da Antiguidade, quanto os Apóstolos eram necessariamente entusiastas; estando, em seus diversos tempos, tão preenchidos com o Espírito Santo, e de tal forma, influenciados por Ele, que habita nos corações, que o exercício da razão, de seus sentidos, e de suas habilidades naturais, estando suspensos, eles foram completamente tomados pelo poder de Deus, que 'falavam' apenas 'quando eles eram movidos pelo Espírito Santo'.

9. Outros tomam a palavra em um sentido indiferente; nem moralmente bom, nem mal: assim, eles falam do entusiasmo dos poetas; de Homero de Virgílio, em específico. E nisto, um recente escritor eminente foi mais longe ao afirmar que não existe homem excelente em sua profissão, qualquer que ela seja, que não tenha em seu temperamento um forte traço de entusiasmo. Por entusiasmo, esses parecem entender, todo o vigor incomum do pensamento; um fervor peculiar de espírito, uma vivacidade e força não encontradas nos homens comuns; elevando a alma para coisas maiores e mais sublimes do que a pura razão poderia ter conseguido.

10. Mas nenhum desses é no sentido em que a palavra 'entusiasmo' é mais usualmente entendida. A generalidade dos homens, se não concordam até ai, pelo menos concordam, no concernente a ela, de que se trata de alguma coisa má: e este é plenamente o sentimento de todos aqueles que chamam a religião do coração de 'entusiasmo'. Assim sendo, eu devo considerá-la nas páginas seguintes, como um mal, um infortúnio, se não um engano.

11. Como a natureza do entusiasmo é, indubitavelmente, uma desordem da mente; e como essa tal desordem esconde grandemente o exercício da razão. Mais do que isto, como ela, algumas vezes, a coloca totalmente aparte: ela não apenas obscurece, mas fecha os olhos do entendimento. Ela pode, portanto, ser considerada uma espécie de loucura; de loucura, preferivelmente à insensatez: vendo-se que um tolo é propriamente alguém que tira conclusões erradas de premissas corretas. E assim. O entusiasta supõe que suas premissas sejam verdadeiras, e suas conclusões necessariamente a seguem. Mas aqui se coloca seu erro: suas premissas são falsas. Ele imagina ser o que ele não é: e, portanto, colocando de maneira errada, quanto mais além ele vai, mais se desvia do caminho.

12. Todo entusiasta, então, propriamente é um louco. Ainda assim, ele não é um louco comum, mas um louco religioso. Por 'religioso', eu não quero dizer que se trate de alguma parte da religião: completamente o contraio. Religião é o espírito de uma mente sã; e, conseqüentemente, se coloca em oposição direta à loucura de todo tipo. Mas eu quero dizer, a loucura tem a religião como seu objeto; ela está ligada à religião. E assim, os entusiastas estão geralmente falando de religião, de Deus, ou das coisas de Deus, mas falando de uma maneira que todo cristão consciente pode discernir que se trata de uma desordem da mente. Entusiasmo, em geral, pode, então, ser descrito de uma maneira como esta? Uma loucura religiosa surgindo de alguma influência ou inspiração de Deus, falsamente imaginada: pelo menos, do imputar alguma coisa a Deus, que não deva ser imputado a Ele; ou esperar alguma coisa de Deus, que não deva se esperar Dele.

13. Existem inumeráveis formas de entusiasmo. Esses que são mais comuns, e por esta razão, mais perigosos, eu devo me esforçar para reduzir a alguns poucos tópicos gerais, para que sejam mais facilmente entendidos e evitados.

O primeiro tipo de entusiasta que eu devo mencionar são aqueles que imaginam que têm a graça que eles não têm. Assim, alguns imaginam que têm a redenção de Cristo, 'mesmo o perdão dos pecados', e não é bem assim. Esses usualmente são como se 'não tivessem raízes em si mesmos'; nem profundo arrependimento, ou completa convicção. 'Embora recebam a palavra com alegria', E 'porque eles não estão fincados na terra', não existe obra profunda em seus corações, portanto, a semente 'brota imediatamente'. Existe imediatamente uma mudança superficial que, junto com a alegria sutil, interrompendo com o orgulho de seus corações quebrantados, e com seu amor próprio excessivo, facilmente persuade a eles que eles já 'provaram a boa palavra de Deus, e os poderes do mundo vindouro'.

14. Este é necessariamente um exemplo do primeiro tipo de entusiasmo: uma espécie de loucura, surgindo da imaginação de que eles têm aquela graça que, na verdade, eles não têm: de modo que eles apenas enganam suas próprias almas. Isto pode ser chamado corretamente de loucura: porque o raciocínio desses pobres homens está correto; suas premissas são boas; mas como esses são meras criaturas da própria imaginação, então, tudo que está construído neles cai por terra. O alicerce de seus devaneios é este: eles imaginam que têm a fé em Cristo. Se eles tivessem, eles seriam os 'reis e sacerdotes de Deus': possuiriam 'o reino que não pode ser movido': mas eles não têm; conseqüentemente, todo o comportamento seguinte deles está tão longe da verdade e sobriedade, quanto o de um louco comum, que se imaginando um rei terreno, fala e age desta forma.

15. Existem muitos outros entusiastas deste tipo. Tal, por exemplo, é o ardoroso zelote da religião; ou mais, propriamente, devido às opiniões e modos de adoração que ele dignifica com este nome. Este homem, também, fortemente se imagina um crente em Jesus; sim, imagina que ele é um campeão, por causa da fé que uma vez foi entregue aos santos. Assim sendo, toda sua conduta é formada encima desta vã imaginação. E admitindo-se que esta suposição seja justa, ele terá algumas justificativas toleráveis para seu comportamento; considerando que agora este é evidentemente o resultado de um cérebro desequilibrado, e de um coração perturbado.

16. Mas o mais comum de todos os tipos de entusiastas são aqueles que se imaginam cristãos, e não o são. Esses abundam, não apenas em todas as partes de nossa nação, mas na maioria dos lugares habitados da terra. Que eles não são cristãos, isto é claro e inegável; se nós cremos nos oráculos de Deus. Porque os cristãos são santos; esses são iníquos: os cristãos amam a Deus, esses amam o mundo: Os cristãos são humildes; esses são orgulhosos: os cristãos são gentis; esses são passionais; os cristãos têm a mente que estava em Cristo; esses estão a uma distância extrema disto. Conseqüentemente, eles não são mais cristãos do que são arcanjos. Ainda assim, eles se imaginam serem; e podem dar diversas razoes para isto: porque eles foram batizados muitos anos atrás; porque abraçaram as opiniões cristãs, vulgarmente denominadas de fé cristã ou católica; eles usam os modos cristãos de adoração, como seus antepassados fizeram antes deles; eles vivem o que é chamado de uma boa vida cristã, como o restante de seus vizinhos faz. E quem ousaria pensar ou dizer que esses homens não são cristãos? – não obstante, sem um grão da fé verdadeira em Cristo, ou da verdadeira santidade interior; sem alguma vez terem testado o amor de Deus, ou 'sido feitos parceiros do Espírito Santo'!'.

17. Ah! Pobres enganadores de si mesmos! Vocês não são cristãos. Mas entusiastas, e do grau mais alto. Médicos, curem a si mesmos! Mas, primeiro, conheçam sua doença: toda a vida de vocês é entusiasmo: toda adequada à imaginação de que vocês receberam a graça de Deus, sem a terem recebido. Em conseqüência deste grande equívoco, vocês falam irrefletidamente, dia após dia, falando e agindo, sob um caráter que, de maneira alguma, pertence a vocês. Disto, surge aquela inconsistência palpável, latente, que corre através de todo o comportamento de vocês; uma impraticável mistura de Ateísmo real e Cristianismo imaginário. Ainda assim, como vocês têm tão vasta maioria do lado de vocês, vocês irão sempre levar isto, meramente por meio da força de números, 'de que vocês são os únicos homens em seus sentidos, e todos que não são como vocês, são lunáticos'. Mas isto não altera a natureza das coisas. À vista de Deus e de Seus santos anjos, sim, e de todos os filhos de Deus, sobre a terra, vocês são meros loucos, meros entusiastas, todos! Vocês não são? Vocês não estão 'caminhando em sombra vã; uma sombra da religião; uma sombra da felicidade?'. Vocês não estão se desinquietando em vão, com infortúnios tão imaginários quanto sua felicidade na religião? Vocês não se imaginam grandes e bons – com muito conhecimento e muito sábios? Por quanto tempo? Talvez, até que a morte os traga de volta aos sentidos, para lamentarem sua tolice para todo sempre!'.

18. Uma segunda espécie de entusiastas são aqueles que imaginam que eles têm os dons de Deus. Assim, alguns se imaginam dotados com o poder de realizar milagres, de curar o doente, através de uma palavra e toque; de restaurar a vista do cego: sim, até mesmo, de ressuscitar o morto – um exemplo notório do que é ainda recente em nossa própria história. Outros profetizam; predizem coisas, e isto com uma certeza e exatidão extrema. Mas um pouco de tempo usualmente convence estes entusiastas. Quando os fatos vão ao encontro de suas previsões, a experiência executa o que a razão não pode, e eles caem em si.

19. A essa mesma categoria, pertencem aqueles que pregam ou oram, imaginando-se influenciados pelo Espírito de Deus, o que, de fato, não estão. Eu estou consciente que, sem Ele, nós não podemos fazer coisa alguma, mais especialmente, em nosso ministério público; de que toda a nossa pregação é completamente em vão, a menos que seja atendida com o poder de Deus; e assim toda a nossa oração, a menos que Seu Espírito, nela, nos ajude em nossas enfermidades. Eu sei que, se nós não pregamos e oramos através do Espírito, tudo não passará de trabalho perdido; uma vez que a ajuda que é feita na terra, Ele, que opera tudo em todos, a faz por Si mesmo. Mas isto não afeta o caso diante de nós. Embora exista uma influência real do Espírito de Deus, existe também uma imaginária: e muitos existem que confundem uma com a outra. Muitos supõem que estão sob aquela influência, quando não estão, quando ela está muito longe deles. E muitos outros supõem que eles estão mais sob aquela influência do que realmente estão. Deste número, eu temo, são todos aqueles que imaginam que Deus dita as próprias palavras que eles falam; e que, conseqüentemente, é impossível que eles possam falar alguma coisa inoportuna, quer no assunto ou na maneira de falá-la. Sabe-se bem, que muitos entusiastas deste tipo têm aparecido também durante o presente século; alguns dos quais falam de uma maneira mais autoritária do que Pedro ou quaisquer dos Apóstolos.

20. A mesma espécie de entusiasmo, embora em um grau menor, é freqüentemente encontrada em homens de um caráter privado. Eles podem igualmente imaginar que estejam influenciados ou dirigidos pelo Espírito, quando eles não estão. Eu admito que 'se algum homem não tem o Espírito de Cristo, ele não é Dele'; e que, se alguma vez, nós pensamos, falamos, ou agimos certo, foi através da assistência deste abençoado Espírito. Mas quantos imputam coisas a Ele, ou esperam coisas Dele, sem qualquer alicerce bíblico ou racional! Tais são aqueles que imaginam que eles fazem ou devem receber direções específicas de Deus, não apenas nos pontos relevantes, mas em coisas sem importância; na maioria das circunstâncias frívolas da vida. Considerando que, nestes casos, Deus nos deu nossa própria razão como guia; embora nunca exclua a assistência secreta de Seu Espírito.

21. Aqueles que evidenciam serem dirigidos por Deus, se nas coisas espirituais, ou na vida comum, naquilo que é merecidamente chamada de uma maneira extraordinária: ou seja, através de visões ou sonhos; através de fortes impressões ou impulsos repentinos da mente, são aqueles que peculiarmente estão expostos a este tipo de entusiasmo. E não nego que, nos tempos antigos, Deus tenha manifestado Sua vontade desta maneira; ou, que Ele pode fazer desta forma agora: mais do que isto, eu acredito que Ele faz, em algumas muito raras estâncias. Mas quão freqüentemente os homens erram nisto! Como eles são enganados pelo orgulho, e por uma imaginação inflamada, ao atribuírem tais impulsos ou impressões; sonhos ou visões, a Deus, uma vez que estes são totalmente indignos Dele! Agora isto é puro entusiasmo; tudo tão longe da religião, quanto é da verdade e sobriedade.

22. Talvez, alguns possam perguntar: 'Eu não devo, então, inquirir qual a vontade de Deus em todas as coisas? E a vontade Dele não deve ser a regra de nossa prática?'. Inquestionavelmente, você deve. Mas como um cristão desapaixonado deve fazer esta pergunta? Para saber qual a vontade de Deus? Não, esperando por sonhos sobrenaturais; nem esperando Deus revelar-lhe em visões; não, procurando por algumas impressões específicas e impulsos repentinos de sua mente: não; mas, consultando os oráculos de Deus. 'A lei e o testemunho!'. Este é o método geral de saber qual 'a santa e aceitável vontade de Deus'.

23. 'Mas como eu sei qual a vontade de Deus, neste ou naquele caso particular? A coisa proposta é, em si mesma, de uma natureza indiferente; e, assim ficou indeterminada nas Escrituras'. Eu respondo: As Escrituras, em si mesmas, dão a você uma regra geral, e aplicável a todos os casos específicos: 'A vontade de Deus é nossa santificação'. É através da Sua vontade que podemos ser interior e exteriormente santos; que podemos ser bons, e fazer o bem, de todo o tipo, e no mais alto grau que formos capazes. Deste modo, nós pisamos em chão firme. Isto é tão claro quando a luz do sol. Com o objetivo, portanto, de saber qual a vontade de Deus, em um caso específico, nós temos apenas que aplicar a regra geral.

24. Suponha, por exemplo, que fosse proposto a um homem razoável casar-se, ou entrar em um novo negócio: Com o objetivo de saber, se esta é a vontade de Deus, estando assegurado de que 'a vontade de Deus, concernente a mim, é que eu possa ser tão santo, e fazer tanto bem quanto eu possa', ele terá apenas que inquirir, 'em qual desses estados eu posso ser mais santo e fazer o bem o mais que eu puder?'. E isto deve ser determinado, parcialmente pela razão; parcialmente, pela experiência. A experiência diz a ele quais as vantagens que ele tem em seu estado atual, quer por ser santo, ou fazer o bem; e a razão irá mostrar o que ele certamente ou provavelmente terá no estado proposto. Comparando esses, ele julgará qual dos dois pode contribuir mais para ser santo e fazer o bem; e quanto mais ele se certifica disto, mais certo ele está de qual é a vontade de Deus.

25. Entretanto, supõe-se a assistência do Espírito de Deus, durante todo o processo de questionamento. Na verdade, não é fácil dizer, em quantas maneiras esta assistência é feita. Ele pode trazer muitas circunstâncias à nossa lembrança; Ele pode colocar outras, em uma luz mais forte e mais clara; pode conscientemente abrir nossas mentes para receberem a convicção e fixarem esta convicção em nossos corações. E para a concomitância de muitas circunstâncias deste tipo, em favor do que é aceitável aos olhos Dele, Ele pode adicionar tal paz inalterada de mente, e tão incomum medida de Seu amor, que não nos deixará possibilidade de dúvida; ou seja, mesmo isto, é a vontade Dele concernente a nós.

26. Este é o caminho claro, bíblico e racional de saber qual a vontade de Deus, em um caso específico. Mas, considerando, quão raramente este caminho é tomado, e a inundação de entusiasmo que precisa ser interrompida nestes que se esforçam para conhecer a vontade de Deus, através de caminhos irracionais e não bíblicos; seria de se esperar que a própria expressão fosse mais frugalmente usada. O uso dela, como alguns fazem, nas ocasiões mais triviais, é uma violação clara do terceiro mandamento. É um caminho grosseiro de tomar o nome de Deus em vão, e mostrar grande irreverência em direção a Ele. Não seria muito melhor, então, usar outras expressões, que não estejam propensas a tais objeções? Por exemplo: em vez de dizer, em alguma ocasião particular, 'Eu quero conhecer qual a vontade de Deus'; não seria melhor dizer, 'Eu quero saber qual vontade é melhor para meu progresso pessoal; e qual me tornará mais útil?'. Esta maneira de falar é clara e inquestionável: É colocar o assunto em uma discussão clara e bíblica, e isto, sem qualquer perigo de entusiasmo.

27. Uma terceira espécie comum de entusiasmo (se não coincide com o anterior), é esta daqueles que pensam atingir a finalidade, sem usar dos meios, através do poder imediato de Deus. Se, de fato, esses meios fossem providencialmente retidos, eles não cairiam nesta responsabilidade. Deus pode, e algumas vezes o faz, em casos desta natureza, manifestar Seu próprio poder imediato. Mas aqueles que esperam isto, quando eles têm esses meios, e não os usam, são propriamente entusiastas. Assim são aqueles que esperam entender as Escrituras santas, sem lê-las, e meditar sobre elas; sim, sem usar de tais ajudas, quando está em seu poder, as quais podem provavelmente, conduzir àquela finalidade. Tais são aqueles que falam designadamente na assembléia pública, sem qualquer premeditação. Eu digo ''designadamente', porque podem existir tais circunstâncias que algumas vezes, torna isto inevitável. Mas quem quer que menospreze aqueles grandes meios de falar proveitosamente é deste feita um entusiasta.

28. Poder-se-ia esperar que eu fosse mencionar o que alguns consideram seja o quarto tipo de entusiasmo, ou seja, os que imaginam que estas coisas sejam devidas à providência de Deus, quando não são devidas a ela. Mas eu duvido: Eu não sei quais coisas eles têm que não sejam devidas à providência de Deus; na disposição, ou, pelo menos, no governo das quais, ela não diga respeito, quer direta ou remotamente. Eu excetuo nada, a não ser o pecado; e mesmo nos pecados de outros, eu vejo a providência de Deus a mim. Eu não digo Sua providência geral; porque isto eu considero uma palavra sonante, que significa exatamente nada. E se existe alguma providência específica, ela deve se estender a todas as pessoas e a todas as coisas. Assim, nosso Senhor entende isto, ou Ele nunca teria dito: 'Até mesmo os cabelos de sua cabeça estão numerados'; e, 'Nem um pardal cai ao chão, sem' que seja da vontade 'do Pai' que está nos céus. Mas se for assim, se Deus preside 'sobre todo o universo, como se para cada pessoa em particular, e sobre cada pessoa, como se para todo o Universo'; o que podemos afirmar (exceto apenas com relação aos nossos próprios pecados) que não seja da providência de Deus? De modo que eu não posso compreender que exista algum espaço aqui para a responsabilidade de entusiasmo.

29. Se for dito, a responsabilidade está colocada aqui: 'Quando você imputa isto á Providência, você se imagina o favorito peculiar dos céus': Eu respondo que você se esqueceu de algumas das últimas palavras que eu falei: 'Sua providência está sobre todos os homens no universo, tanto quanto sobre cada pessoa em especial'. Você não vê que aquele que acredita nisto, que imputa alguma coisa que lhe ocorra, como sendo da Providência, nisto ele não se torna mais favorito dos céus, do que ele supõe todo homem debaixo dos céus seja? Portanto, você não tem pretexto, neste alicerce, para responsabilizá-lo com o entusiasmo.

30. Contra toda esta sorte de coisas, convém que tenhamos a máxima diligência; considerando os efeitos danosos que têm sido freqüentemente produzidos, e que, de fato, naturalmente resultam disto. Seu fruto imediato é o orgulho; ele cresce continuamente nesta fonte de onde ele flui; e por meio disto, ele nos aliena mais e mais do favor e da vida de Deus. Ele seca as próprias fontes de fé e amor; de retidão e santidade verdadeira; uma vez que todos esses fluem da graça: mas 'Deus repele o orgulho, e dá a graça', apenas 'para o humilde'.

31. Junto com o orgulho, naturalmente irá surge um espírito inoportuno e não convincente. De modo que, em qualquer erro ou falta que os entusiastas caiam, existe uma pequena esperança de sua recuperação. Já que a razão tem peso pequeno (como tem sido freqüentemente e justamente observado), para aqueles que imaginam que são conduzidos por um guia maior – pela sabedoria imediata de Deus. E quanto mais ele cresce no orgulho, tanto mais ele deve crescer na inconveniência e na obstinação também. Ele será menos capaz de ser convencido; menos suscetível de persuasão; mais e mais atado ao seu próprio julgamento e à sua própria vontade, até que ele esteja completamente preso e imóvel.

32. Estando assim fortalecido pela graça de Deus, e contra todos os conselhos e ajuda do homem, ele está completamente livre da direção de seu próprio coração, e do rei dos filhos do orgulho. Não é de se admirar, então, que ele esteja diariamente mais enraizado e enterrado no desprezo de toda a humanidade; na ira furiosa; em todo tipo de disposição indelicada; em todo tipo de temperamento terreno e pecaminoso. Nem nós podemos nos surpreender com os terríveis efeitos exteriores que têm fluido de tais disposições em todas as épocas; até mesmo, todas as maneiras de maldade. Todas as obras das trevas, cometidas por aqueles que chamam a si mesmos de cristãos, enquanto eles trabalham essas coisas com ganância, como dificilmente foi mencionado, até mesmo em meio aos ateus.

Tal é a natureza; tais são os efeitos danosos daquele monstro de muitas cabeças, o Entusiasmo! De cujas considerações, nós podemos agora traçar algumas inferências claras, com respeito à nossa própria prática.

33. Em Primeiro Lugar, se o entusiasmo for um termo, embora tão freqüentemente usado, ainda assim, tão raramente entendido, cuide para que você não fale o que você não conhece; não use a palavra, até que você a entenda. Como em todos os outros pontos, então, igualmente neste, aprenda a refletir antes de falar. Primeiro, conheça o significado desta palavra difícil; e, então, a use, se for necessário.

34. Em Segundo, Lugar, se tão poucos, até mesmo entre os homens cultos, quanto mais entre os de tipo comum, entendem esta palavra obscura e ambígua, ou têm alguma noção fixa quanto ao que ela significa, então, cuide de não julgar ou chamar qualquer homem de entusiasta, sobre um relato comum. Este não é, de modo algum, um fundamento suficiente para dar algum nome de reprovação a qualquer homem; menos do que tudo, é um fundamento suficiente para dar um termo tão obscuro de reprovação como este. Quanto mais mal ele contém, mais precaução você deverá ter em como aplicar isto a alguém; levar tão pesada acusação, sem prova completa, sendo tanto consistente com a justiça, quanto com a misericórdia.

35. Mas, se o entusiasmo for um mal tão grande, cuide para que você não se emaranhe nele. Vigie e ore, para que você não caia em tentação. É fácil atacar aqueles que temem ou amam a Deus. Ó, cuide para que você não pense sobre si mesmo, mais do que deveria pensar. Não imagine que você conseguiu a graça, que você não obteve, de Deus. Você pode ter muita alegria; você pode ter uma medida de amor; e, ainda assim, não ter a fé viva. Clame por Deus, para que Ele não permita que você, cego como está, saia do caminho; que você engane a si mesmo, de que é um crente em Cristo, até que Cristo seja revelado em você, e até que Espírito Dele testemunhe com seu espírito que você é um filho de Deus.

36. Cuide para que você não seja um colérico, perseguindo entusiastas. Não imagine que Deus o chamou para destruir (justamente o contrário do espírito Daquele que você chama de seu Mestre) as vidas dos homens, e não para salvá-las. Nunca sonhe em forçar os homens para os caminhos de Deus. Pense por si mesmo, e deixe que pensem. Não use de constrangimento nos assuntos de religião. Mesmo com respeito a estes que estão bem fora do caminho, nunca os obrigue a entrar, seja por um, ou quaisquer outros meios do que a razão, verdade, e amor.

37. Cuide de não fazer como o bando de entusiastas, imaginando que você é um cristão, quando você não é. Não ouse assumir este nome honrado, a menos que você tenha um título claro e bíblico nisto; a menos que você tenha a mente que estava em Cristo, e caminhe como Ele também caminhou.

38. Cuide para que você não caia na segunda espécie de entusiasmo — imaginando que você tem aqueles dons de Deus, que você não tem. Não confie nas visões ou sonhos; em impressões súbitas, ou impulsos fortes de qualquer tipo. Lembre-se que não será por meio destes que você saberá qual é a vontade de Deus, em qualquer ocasião específica, mas aplicando a regra clara das Escrituras, com a ajuda da experiência e razão, e com a assistência extraordinária do Espírito de Deus. Não tome levianamente o nome de Deus em sua boca; não fale da vontade de Deus em toda a ocasião leviana: que suas palavras, assim como suas ações, sejam todas temperadas com reverência e temor divino.

39. Por fim, cuide para não imaginar que você obteve a finalidade, sem usar os meios que conduzem a ela. Deus pode dar os fins, sem quaisquer meios, afinal; mas você não tem motivos para pensar que Ele irá. Portanto, constantemente, e cuidadosamente, use de todos esses meios que Ele tem designado como canais extraordinários de Sua graça. Use todos os meios que tanto a razão quanto as Escrituras recomendam, como condutivos (através do livre amor de Deus em Cristo), tanto para obter, quanto para aumentar alguns dos dons de Deus. Assim, espere crescer diariamente naquela religião pura e santa, que o mundo sempre chamou e sempre irá chamar de 'entusiasmo'; mas que, a todos que são salvos do real entusiasmo; do Cristianismo meramente nominal, trata-se 'da sabedoria de Deus, e do poder de Deus'; da gloriosa imagem do Altíssimo; 'da retidão e paz'; a 'fonte de água viva, brotando para a vida eterna!'.


A Imperfeição do Conhecimento Humano

"Porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos" (I Cor. 13:9)


I. Quão surpreendentemente pouco sabemos de Deus!

II. Nós não estamos melhores familiarizados com seus trabalhos de providência, do que com suas obras de criação?

III. Nós somos capazes de procurar saber, alguma coisa a mais, sobre suas obras de graça, do que sobre seus trabalhos de providência?

IV. Diversas lições valiosas, nós podemos aprender da profunda consciência de nossa própria ignorância.

1. O desejo do conhecimento é um princípio universal no homem, fixado em sua natureza mais íntima. Ele não é variável, mas, constante, em toda criatura racional, a menos, enquanto ele é suspenso por alguns desejos fortes. E ele é insaciável: "O olho nunca está satisfeito com o que vê, nem os ouvidos com o que ouve". Nem a mente com algum grau de conhecimento que possa ser concebido dentro dela. E ele é plantado, em toda a alma humana, para propósitos excelentes. Ele é pretendido para impedir nossa inércia em qualquer coisa aqui embaixo; erguendo nossos pensamentos para objetos mais altos, mais merecedores de nossa consideração, até que ascendamos à Fonte de todo conhecimento e toda excelência, o Criador de toda sabedoria e toda graça.

2. Mas, embora nosso desejo de conhecimento não tenha limites, nosso conhecimento, em si mesmo, tem. Ele é, de fato, confinado, nos mesmos limites estreitos; muito mais estreitos do que as pessoas comuns possam imaginar, ou homens letrados estão dispostos a admitir: uma forte sugestão, (já que o Criador não faz coisa alguma em vão), que possa haver algumas condições futuras de existência, por meio das quais, este, até o momento, desejo insaciável, possa ser satisfeito, e não haja distância tão grande entre o apetite e o objeto dele.

3. O presente conhecimento do homem está exatamente adaptado para as suas necessidades presentes. Ele é suficiente para nos alertar, e nos preservar dos perigos às quais nós estamos agora expostos; e para obter o que quer que seja necessário a nós, nessa condição infantil de existência. Nós sabemos o suficiente da natureza e qualidades sensíveis das coisas que estão à nossa volta, tanto quanto elas são subservientes à saúde e força de nossos corpos: nós sabemos como procurar e preparar nossa comida; nós sabemos como construir nossas casas e as mobílias delas, com todas as necessidades e conveniências; nós sabemos apenas, o quanto é conducente, para vivermos, confortavelmente, nesse mundo: Mas das inumeráveis coisas acima, embaixo e ao redor de nós, o muito que sabemos é que elas existem. E nessa nossa ignorância profunda é visto a bondade, tanto quanto a sabedoria de Deus, resumindo seu conhecimento de todos os lados, com o propósito de "encobrir a vaidade do homem".

4. E, em conseqüência disto, pela mesma constituição de sua natureza, o mais sábio dos homens "sabe", mas "em parte". E quão espantosamente pequena é a parte que eles conhecem, tanto do Criador, quando de suas obras! Esse é um tema muito necessário, mas também muito desagradável; porque "o homem tolo seria sábio". Vamos refletir sobre isso, por enquanto. E possa o Deus da sabedoria e amor abrir nossos olhos para discernir nossa própria ignorância!

I.

1. Para começar com o próprio grande Criador. Quão surpreendentemente pouco nós conhecemos sobre Deus! Quão pequena parte de sua natureza, nós conhecemos de seus atributos essenciais! Que concepção nós podemos formar de sua Onipresença? Quem é capaz de compreender Deus, nesse e em todas os lugares? Como ele preenche a imensidão do espaço? Se os filósofos, ao negarem a existência do vácuo, apenas quisessem dizer que não há espaço vazio de Deus, que todos os pontos do espaço infinito é cheio de Deus, certamente, nenhum homem poderia chamar isso à questão. Mas, ainda que o fato seja admitido, o que é Onipresença ou ubiqüidade? O homem não é mais capaz de compreender isso, do que alcançar o universo.

2. A Onipresença ou a imensidade de Deus, Sir Isaac Newton esforçou-se para ilustrar através da forte expressão, denominando o espaço infinito de "O Sensório da Divindade". E os mesmos ateus não tiveram escrúpulos para dizer, "Todas as coisas estão cheia de Deus": Apenas equivalente com suas próprias declarações: "Eu não encho céus e terra? - diz o Senhor". Quão maravilhosamente o salmista ilustra isso! "Para onde eu devo fugir da tua presença? Se eu subir ao céu, tu estás lá: Se eu vou para o inferno, tu também estás. Seu eu levo as asas da manhã, e permaneço, nas partes mais remotas do mar, mesmo lá, tua mão me encontra, e tua mão direita me segura". "Mas, nesse meio tempo, que concepção podemos formar tanto de sua eternidade, quanto de sua imensidade? Tal conhecimento é muito maravilhoso para nós: Nós não podemos alcançar isso".

(Salmo 139:7-10) "Para onde me irei, do teu Espírito, ou para onde fugirei de tua face? Se subir ao céu, tu ai estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também; se tomar as asas da alva,; se habitar nas extremidades do mar; até ali a tua mão me guiará, e tua destra me susterá"

3. O segundo atributo essencial de Deus é a eternidade. Ele existe, antes de todo o tempo. Talvez, mais propriamente, pudéssemos dizer: Ele existe, desde o sempre, para o sempre. Mas o que é eternidade? Um renomado autor diz que a eternidade Divina "é a concepção imediata, inteira e perfeita, da vida que nunca tem fim". Mas quão mais sábio nós ficamos, por causa dessa definição? Nós sabemos disso, tanto quanto sabíamos antes! "A concepção imediata, inteira e perfeita!". Quem pode conceber o que isso significa?

4. Se, realmente, Deus tinha estampado (como alguns têm mantido) uma idéia de si mesmo, em toda alma humana, nós devemos, certamente, ter entendido alguma coisa desse, assim como, de outros atributos; já que não podemos supor que ele tivesse imprimido em nós uma idéia falsa, ou imperfeita de si mesmo; mas a verdade é que nenhum homem encontrou, ou encontra agora, qualquer idéia estampada em sua alma. O pouco que nós sabemos de Deus (exceto o que nós recebemos por inspiração do Espírito Santo), nós não reunimos de qualquer impressão interior, mas, gradualmente, adquirimos, exteriormente. "As coisas invisíveis de Deus", se elas são conhecidas, afinal, "são conhecidas das coisas que são feitas"; não do que Deus tem escrito em nossos corações, mas do que Ele tem escrito, em todas as suas obras.

5. Daí, então; das suas obras, particularmente, das suas obras de criação, nós podemos aprender o conhecimento de Deus. Mas não é fácil conceber o quão pouco nós sabemos mesmos desses. Para começar com aqueles que estão á uma certa distância: Quem sabe quão distante o universo se estende? Quais são os limites dele? As estrelas da manhã podem dizer, aquelas que cantaram juntas, quando as linhas dele foram esticadas para fora, quando Deus disse: "Seja essa tua circunferência, ó mundo!" Mas as estrelas fixas têm escondido, totalmente, dos filhos do homem, tudo o mais. E o que nós sabemos das estrelas fixas? Quem pode dizer o número delas? Mesmo essa pequena porção delas que, pela sua luz misturada nós denominamos "via Láctea?". E quem sabe o uso delas? Elas são muitos sóis que iluminam seus respectivos planetas? Ou elas apenas auxiliam nisso, (como o Sr. Hutchinson supõe), e contribuem, de alguma maneira desconhecida, para a circulação perpétua da luz e espírito? Quem sabe o que são os cometas? Eles são planetas não completamente formados? Ou planetas destruídos por uma conflagração? Ou eles são corpos de uma natureza totalmente diferente, do qual nós podemos formar nenhuma idéia? Quem pode nos dizer o que é o sol? O seu uso nós sabemos: mas quem sabe de que substância ele é composto? Não, nós ainda não somos capazes de determinar, se ela é fluida ou sólida! Quem sabe a distância precisa do sol a terra? Muitos astrônomos são persuadidos de que se trata de centenas de milhões de milhas; outros, que é apenas oitenta e seis milhões, embora, geralmente, considerada noventa. Mas, igualmente, grandes homens dizem que é não mais do que cinqüenta; algum deles, que é doze milhões: Por último, chega o Dr. Rogers, e demonstra que são, justos, dois milhões e novecentas mil milhas! Tão pouco nós sabemos, até mesmo, dessa luminária gloriosa, o olho e alma do mundo menor! E, do mesmo modo, tanto quanto dos planetas que o circundam; sim; de nosso planeta, da lua. Alguns, realmente, descobriram: Rios e montanhas em seu globo iluminado; sim, destacaram todos os mares e continentes delas! Mas, afinal, nós sabemos quase nada do assunto. Nós temos nada mais do que meras conjecturas incertas concernentes ao mais próximo dos corpos celestes.

6. Mas vamos para as coisas que estão mais perto de casa, e inquirir o conhecimento que nós temos delas. Quanto nós conhecemos desse corpo maravilhoso, a luz? Como ela é trazida até nós? Ela flui num fluxo continuado do sol? Ou o sol impele as partículas, próximo à sua órbita, e assim, por diante, até a extremidade de seu sistema? Novamente: A luz gravita ou não: Ela atrai ou repele outros corpos? Ela está sujeita às leis gerais, as quais prevalecem em todos os assuntos? Ou ela é um corpo "siu generis", completamente, diferente de todos os outros assuntos? É o mesmo com o fluído elétrico, e outros controlam seu curso? Porque o vidro é capaz de ser mudado para tal ponto, e não mais além? Centena de mais perguntas poderiam ser feitas sobre esse assunto, que nenhum homem vivente pode responder.

7. Mas, certamente, nós entendemos o ar que respiramos, e que nos envolve de todos os lados. Por essa admirável propriedade de elasticidade, ele é a fonte geral da natureza. Mas a elasticidade é essencial para o ar, e inseparável dele? Não; já foi provado, por inúmeros experimentos, que o ar pode ser fixado, ou seja, despido de sua elasticidade, e produzido e restaurado a ela novamente. Entretanto, ele não é, por outro lado, elástico, do que quando ele é conectado com fogo elétrico. E não é esse fogo elétrico ou etéreo, a única elasticidade verdadeiramente essencial na natureza? Quem sabe por qual poder o orvalho, chuva, e todos os outros vapores sobem e caem no ar? Nós podemos considerar o fenômeno deles princípios comuns? Ou devemos nós mesmos concluir, com o recente autor engenhoso, que esses princípios são extremamente insuficientes; e que eles não podem ser considerados, racionalmente, a não ser sobre os princípios de eletricidade?

8. Vamos, agora, descer para a terra, que nós pisamos, e que Deus tem, peculiarmente, dado aos filhos dos homens. Os filhos dos homens entendem isso? Suponha que o globo terrestre tenha sete ou oito mil milhas, em diâmetro, quanto disso, nós sabemos? Talvez, uma milha ou duas de sua superfície: Quão longe a arte do homem penetrou. Mas quem pode informar-nos o que pode ser encontrado abaixo da região das pedras, metais, minerais e outros fósseis? Essa é apenas uma crosta fina, que suporta uma proporção muito pequena do todo. Quem pode nos instruir com respeito às partes internas do globo? Do que essas consistem? Há um fogo central, um grande reservatório, o qual não apenas supre aos vulcões, mas também contribuem (embora não saibamos como) para o maturativo de gemas e metais; sim, e talvez, para a produção dos vegetais e o bem-estar de animais também? Ou está a grande profundeza ainda contida nas entranhas da terra? Um abismo central de águas. Quem viu? Quem pode dizer? Quem pode dar uma satisfação sólida para o inquiridor racional?

9. Quanto da mesma superfície do globo é ainda extremamente desconhecida para nós! Quão pouco, nós sabemos das regiões polares, norte e sul, da Europa ou Ásia! Quão pouco dessas vastas regiões, dos confins da África ou América! Bem menos, nós sabemos o que está contido no mar amplo. O grande abismo, que cobre a parte maior do globo. A maioria de suas cavidades é inacessível para o homem, de modo que nós não podemos dizer como elas são providas. Quão pouco nós sabemos dessas coisas sobre a terra firme, que cai diretamente sob nossa observação! Considerem mesmo os mais simples metais e pedras: Quão, imperfeitamente, nós estamos familiarizados com a maturidade e propriedades deles! Quem sabe o que é que distingue os metais de todos os outros fósseis? É respondido: "Eles são mais pesados". Muito verdadeiro; mas qual é a causa de eles serem mais pesados? Qual a diferença específica entre metais e pedras? Ou entre um metal e outro? Entre ouro e prata? Entre lata e chumbo? Ainda é tudo mistério para os filhos dos homens.

10. Continuemos com o reino dos vegetais. Quem pode demonstrar que a seiva, em qualquer vegetal, executa uma circulação regular através de suas artérias, ou que ela não faz isso? Quem pode indicar a diferença específica entre uma espécie de planta e outra? Ou a conformação e disposição, peculiar e interna, de suas partes componentes? Sim, que homem vivente compreende, completamente, a natureza e propriedades de qualquer uma planta debaixo do céu?

11. Com respeito aos animais: Os animais microscópicos, assim chamados, são realmente animais, ou não? Se eles são; eles não são, essencialmente, diferentes de todos os outros animais no universo, não requerendo alimento, não gerando ou sendo gerados? Eles não são animais, afinal, mas, meramente, partículas inanimadas de matéria, num estado de fermentação? Quão totalmente ignorante é a maioria dos homens mais sagazes, tocando o assunto da criação no seu todo! Mesmo a criação do homem. No livro do Criador, certamente, estavam todos nossos membros escritos, "os quais, dia a dia foram formados, quando ainda nenhum deles existia": Mas de que modo foi o primeiro gesto comunicado para o "punctum saliens?" Quando, e como, foi o espírito imortal adicionado ao barro inconsciente? É tudo mistério. E nós podemos apenas dizer: "Eu estou extraordinariamente, e maravilhosamente feito".

12. Com respeito aos insetos, muitas são as descobertas que têm sido recentemente feitas. Mas quão pouco ainda é tudo isso que foi descoberto, em comparação ao que se desconhece! Quantos milhões deles, por sua miudeza extrema, escapam totalmente de nossas investigações. E, de fato, as partes minúsculas dos maiores animais iludem nossas diligências extremas. Nós temos um conhecimento mais completo dos peixes do que temos dos insetos? A grande parte, se não a maior parte dos habitantes das águas estão, totalmente, ocultos de nós. É provável, que as espécies de animais marinhos sejam, tão numerosas, quanto as dos animais terrestres. Mas quão poucos deles são conhecidos para nós! E quão poucos sabemos dessa minoria. Com pássaros nós estamos um pouco mais familiarizados: mas, na verdade, é muito pouco ainda. Porque, de muitos, nós, mal e mal, sabemos alguma coisa mais, do que sua forma exterior. Algumas poucas propriedades óbvias, de outros, principalmente dos que freqüentem nossas casas. Mas não temos um conhecimento completo e adequado mesmo desses. Quão pouco nós sabemos de nossos animais! Nós não sabemos, por qual motivo, temperamentos e qualidades diferentes, surgem; não apenas, nas diferentes espécies deles, mas nos indivíduos da mesma espécie; sim, e, freqüentemente, naqueles que nascem dos mesmos pais, do mesmo macho, e fêmea animal. Eles são meras máquinas? Então, eles são incapazes de prazer ou dor. Não, eles podem não ter sentido algum; eles não vêem, nem ouvem; nem sentem o paladar, nem o odor. Tão pouco, eles podem, agora, lembrar-se ou mover-se, a não ser se forem impulsionados exteriormente. Mas tudo isso, como é mostrado, diariamente, é bem ao contrário, afinal.

13. Bem; mas, se nós conhecemos nada mais, nós conhecemos, pelo menos, a nós mesmos? Nossos corpos e almas? O que é nossa alma? É um espírito, nós sabemos. Mas o que é um espírito? Aqui nós estamos completamente bloqueados. E onde a alma habita? Na glândula pineal; no cérebro todo; no coração; no sangue; em alguma parte particular do corpo, ou (se alguém pode entender esses termos) "tudo em tudo", e em toda parte? Como a alma é unida ao corpo? Qual é o segredo, a corrente imperceptível que os une? Pode o mais sábio dos homens dar uma resposta satisfatória a qualquer uma dessas questões simples? Ó quão pouco conhecemos, mesmo no que concerne a toda criação de Deus?

II.

1. Mas nós estamos mais familiarizados com suas obras de providência, do que com sua obra de criação? É um dos primeiros princípios da religião, que seu reino impere sobre tudo? De maneira que nós podemos dizer com confiança? "O, Senhor, nosso Governador, quão excelente é o teu nome sobre toda a terra!". É um conceito infantil, para supor que o acaso governa o mundo, ou tem alguma parte no governo dele: Não, nem mesmo, nessas coisas que, para o olho comum, parecem ser, perfeitamente, casuais. "A sorte está lançada à mão; mas o poder de dispor disso é de Deus". Nosso abençoado Mestre, ele mesmo tem colocado esse assunto além de qualquer dúvida possível: "Nem mesmo um pardal", disse ele, "cai ao chão, sem a vontade do Pai que está nos céus": "Sim", (para expressar a coisa mais fortemente ainda) "até mesmo os cabelos de sua cabeça são todos numerados".

2. Mas, embora nós sejamos bem informados dessa verdade geral, a de que todas as coisas são governadas pela providência de Deus; (a mesma linguagem do orador pagão, Deorum moderamine cuncta geri) "tratando da maneira como Deus governa tudo", quão espantosamente pouco, nós sabemos das particularidades contidas sob essa idéia! Quão pouco, nós entendemos de sua conduta divina, tanto com respeito às nações, ou famílias, ou indivíduos! Há alturas e profundidades em tudo isso em que nosso entendimento pode, de forma alguma, penetrar. Nós podemos compreender, a não ser uma pequena parte de seus métodos, agora; o restante nós devemos saber, daqui por diante.

3. Até mesmo, com respeito á nações inteiras; quão pouco, nós compreendemos dos procedimentos providenciais de Deus para com elas! Quais nações inumeráveis, no mundo oriental uma vez floresceram, para o terror ao redor delas, e estão agora varridas da face da terra; e a sua lembrança pereceu com elas! Nem foi ao contrário no mundo ocidental. Na Europa também, nós lemos sobre muitos reinos amplos e poderosos, dos quais apenas os nomes restaram: As pessoas desapareceram, e são como se nunca tivessem existido. Mas por que isso tem agradado ao Todo-Poderoso Governador do mundo varrê-los fora, com a vassoura da destruição, nós não sabemos; esses que os sucederam são, muitas vezes, pouco melhor do que eles mesmos.

4. Mas, não é apenas com respeito às antigas nações, que as administrações providenciais de Deus são extremamente incompreensíveis para nós. As mesmas dificuldades ocorrem agora. Nós não podemos responder pelos procedimentos presentes com os habitantes da terra. Nós sabemos que "o Senhor ama todo homem, e sua misericórdia é sobre toda as suas obras". Mas nós não sabemos como reconciliar isso com suas decisões divinas. Até hoje, não está a maior parte da terra repleta de escuridão e habitações cruéis? Em que condição, em particular, está o largo e populoso Império Indo-Europeu! Quantas centenas de milhares dessas pobres e tranqüilas pessoas têm sido destruídas, e suas carcaças deixadas como esterco para a terra! Em que condição (embora eles não tenham malfeitores ingleses lá) estão as incontáveis ilhas no Oceano Pacífico! Quão pequenas são suas condições sobre esses lobos e ursos! E quem se preocupa, seja com suas almas ou seus corpos? Mas o Pai de toda a humanidade não se preocupa com eles? Ó, mistério da providência!

5. E quem se preocupa com os milhares, miríades, se não milhões, de africanos miseráveis? Rebanhos inteiros destas pobres ovelhas (seres humanos; seres racionais!) não são, continuamente, conduzidos, para serem comercializados, e vendidos como gado, na escravidão mais vil, sem qualquer esperança de libertação, a não ser através da morte? Quem se preocupa com esses homens proscritos, os bem conhecidos africanos? É verdade, que um escritor, recentemente, tem tomado as dores deles para representá-los, como pessoas respeitáveis: Mas por que motivo, é difícil dizer; já que ele mesmo permite (como um exemplo da cultura deles), que os intestinos crus de ovelhas e outros gados sejam, não apenas, algumas das comidas escolhidas para eles, mas também o ornamento de seus braços e pernas; e (um exemplo da religião deles). que o filho não seja considerado um homem até que ele bata em sua própria mãe, quase à morte; e que, quando seu pai envelhece, ele o confina em uma pequena choupana, e o deixa lá, para morrer de fome! Ó, Pai, das misericórdias! Essas são as obras de tuas próprias mãos, a compra, através do sangue de teu Filho?

6. Quão pouco melhor é tanta a condição civil, quanto a religiosa dos pobres índios americanos! Ou seja, os poucos miseráveis que ainda restam deles: porque em algumas províncias, nenhum deles foi deixado para respirar. Na Espanha, quando os cristãos lá chegaram, havia três milhões de habitantes. Escassos, doze mil deles ainda sobrevivem hoje em dia. E em que condição eles estão, ou os outros índios, que ainda estão esparramados acima e abaixo, nos domínios do Continente Americano do Sul ou do Norte? Religião eles não têm; nem adoração pública de qualquer espécie! Deus não está em todos os seus pensamentos. E a maioria deles não tem governo civil, afinal; nem leis; nem magistrados; mas todo homem faz o que é direito aos seus próprios olhos. Entretanto, eles estão decrescendo, diariamente; e, muito provavelmente, em um século ou dois, não restará um deles.

7. Entretanto, os habitantes da Europa não estão, nessa condição tão deplorável. Eles estão em uma condição de civilização; eles ainda têm leis úteis, e são governados por magistrados; eles têm religião; eles são cristãos. Eu temo, se eles são chamados cristão ou não, já que muitos deles não têm religião. E o que dizer dos milhares habitantes da Lapônia, Finlândia, Samoa, e os da Groelândia? Na verdade, de todos aqueles que vivem nas latitudes norte? Eles são tão civilizados, quanto uma ovelha ou um boi? Compará-los com cavalos, ou quaisquer de nossos animais domésticos, isso poderia dar a eles muita honra! Acrescente a esses, miríades de selvagens humanos que estão tremendo de frio, entre as neves da Sibéria, tanto quanto, se não, em número maior, aqueles que estão perambulando, acima e abaixo, nos desertos da Tartária. Acrescente milhares sobre milhares de poloneses e moscovitas; e os assim chamados cristãos da Turquia, na Europa. E não só "Deus ama" esses, "mas deu seu Filho, seu único Filho, para que eles não perecessem e tivessem a vida eterna? Então, por que eles são assim?" Ó, maravilha sobre todas as maravilhas!

8. Não há, igualmente, alguma coisa misteriosa nos propósitos divinos, com respeito ao próprio Cristianismo? Quem pode explicar por que o Cristianismo não se espalha tanto quanto o pecado? Por que esse medicamento não é enviado a todos os lugares onde a enfermidade é encontrada? Mas, ai de mim! Não é: "O som dele" não adentrou ainda "em todas as terras". O veneno é difundido sobre todo o globo, mas o antídoto não é conhecido, pela sexta parte dele! Não! E como é que a sabedoria e bondade de Deus permitem que o próprio antídoto seja, tão gravemente, adulterado, não apenas nas regiões de Catolicismo Romano, mas em quase todas as partes do mundo cristão? Tão adulterado, por serem misturados, freqüentemente, com ingredientes desnecessários ou venenosos, que ele acaba retendo nada, ou, quando muito, apenas uma pequena parte de sua virtude original. Sim! Ele tem sido, assim adulterado, por muitas dessas mesmas pessoas, enviadas para ministrá-lo; de tal maneira, que ele acrescenta, dez vezes mais malignidade, às enfermidades, às quais ele foi designado para curar! Em conseqüência disso, há, bem menos, misericórdia ou verdade encontradas, no meio cristão, do que no meio pagão! Ao contrário, tem sido afirmado, e eu temo que, verdadeiramente, que muitos dos assim chamados cristãos são bem piores do que os pagãos que os rodeiam: são mais devassos, e mais abandonados a todo tipo de maldade; não temendo a Deus, nem ao homem! Ó, quem pode compreender isso! Será que aquele que é o ainda mais poderoso, do que o mais poderoso dos homens, vê isso?

9. Igualmente incompreensível para nós são os planos divinos, com respeito às famílias, em particular. Nós não podemos, afinal, compreender, por que é que para alguns ele ergue riqueza, honra e poder, e, nesse meio tempo, permite que outros vivam privações e aflições? Alguns, maravilhosamente, prosperam, em tudo que eles têm na mão, e o mundo aflui sobre eles; enquanto outros, com todo seu trabalho e labuta, podem, escassamente, conseguir o pão de cada dia. E, talvez, prosperidade e aplauso continuem com os primeiros, até a morte deles; enquanto, os últimos, beberão o copo da adversidade, até o fim de suas vidas, mesmo que nenhuma razão exista para nós que justifique, tanto a prosperidade de um, quanto a adversidade do outro.

10. E quão pouco, nós sabemos dos propósitos divinos, com respeito aos indivíduos. Por que uma grande quantidade desses homens é deixada, na Europa, e nos lugares ermos da América; por que alguns nascem de ricos e nobres, e outros, de pais pobres; por que o pai e mãe, de um, são fortes e saudáveis; e, os de outro, são fracos e doentes; em conseqüência disso, ele arrasta uma existência miserável, todos os dias de sua vida, exposto às necessidades, dores e milhares de tentações, das quais ele não encontra caminho para escapar? Quantos existem que, em sua própria infância, foram restringidos, por tais relações, de tal maneira, que eles parecem não ter chance (como alguns dizem), nem possibilidade de serem úteis a si mesmos ou a outros? Por que eles são emaranhados, nessas conexões, antes mesmo de suas próprias escolhas? Por que pessoas nocivas são colocadas, no caminho deles, sem que eles saibam, de que maneira, eles podem escapar delas? Por que as pessoas úteis são ocultadas de suas vistas, ou arrebatadas deles, no momento em que eles mais precisam? Meu Deus! Quão insondáveis são os teus julgamentos e deliberações! Muito profundos, para serem penetrados, por nossa razão; e, os meios, para executar tais deliberações, não são, para serem reconhecidos pela nossa sabedoria!

III.

1. Nós somos capazes de procurar saber sobre as obras da graça, mais do que sobre as obras da providência? Nada é mais certo do que "sem santidade, nenhum homem verá ao Senhor". Então, por que a vasta maioria da humanidade, até onde, nós podemos julgar, pôs fim a todos os meios, e todas as possibilidades de santidade, até mesmo do útero de quem a gerou? Por exemplo: Qual a possibilidade que existe dos africanos, neozelandeses, ou dos habitantes da Nova-Zâmbia saberem, alguma vez, o que a palavra santidade significa? Ou, conseqüentemente, de alguma vez, obtê-la? Mas alguém pode dizer: "Ele pecou, antes de ele ter nascido, em uma condição pré-existente. Assim sendo, ele foi colocado aqui, em uma situação tão desfavorável. É apenas mera misericórdia que eles possam ter uma segunda chance". Eu respondo: Supondo-se que exista tal condição pré-existente, isso que você chama de segunda chance não é realmente uma chance, afinal. Tão logo, ele nasce, ele fica, absolutamente, no poder de seus pais e relações, selvagens; e que, pela mesma origem de raciocínio, educam-no, na mesma ignorância, ateísmo, e barbaridade, que eles mesmos. Ou seja, se ele não tem possibilidade de alguma outra educação melhor, que chance ele tem, então? Do momento em que ele nasce, até o momento em que ele morre, ele parece estar sob a necessidade terrível de viver na completa descrença e iniqüidade. Mas como é isso? Como esse pode ser o caso de tanto milhões de almas que Deus criou? Tu não és o Deus "de todos os confins da terra, e dos que permanecem nos amplos mares?".

2. Eu espero que possa ser observado que, se isso evoluir para uma objeção contra a revelação, essa será uma objeção que se coloca completamente contrária à religião natural, tanto quanto à religião revelada. Se isso fosse, conclusivo, poderia nos conduzir, não ao Deismo, mas ao Ateísmo claro. Não só concluiria contra a revelação cristã, mas contra a existência de Deus. E, ainda eu não vejo como nós podemos evitar a força disso, a não ser resolvendo tudo na sabedoria insondável de Deus, junto com a convicção mais profunda de nossa ignorância e inabilidade de penetrar em seus desígnios.

3. Mesmo entre nós, que somos muito mais favorecidos do que esses, e aos quais foram confiados os oráculos de Deus, cuja palavra é uma lanterna para nossos pés, e luz, em todos os nossos caminhos, existem ainda muitas circunstâncias, em Seus desígnios, as quais estão acima de nossa compreensão. Nós não sabemos por que ele permitiu que nós seguíssemos, em nossos próprios caminhos, tanto tempo, antes de sermos convencidos do pecado. Ou, por que ele fez uso desse ou daquele instrumento, dessa ou daquela maneira. E, milhares de circunstâncias atenderam o processo de nossa convicção, a qual nós não compreendemos. Nós não sabemos por que ele permitiu que nós permanecêssemos, tanto tempo, antes que ele revelasse seu Filho em nossos corações; ou por que essa mudança, da escuridão para a luz, foi acompanhada com tais e tais circunstâncias particulares.

4. Não há dúvida da prerrogativa peculiar de Deus para reter o "tempo e momento certo, em seu próprio poder". E nós não podemos dar razão alguma, por que, que de duas pessoas, sedentas por salvação, uma é presentemente levada, ao favor de Deus, e a outra é deixada pranteando, por meses ou anos. Por que, tão logo, uma clama a Deus, é respondida, e preenchida de paz e alegria, em acreditar; e a outra, que busca por ele, pelo que parece, com a mesma sinceridade e seriedade, ainda assim, não pode encontrá-lo, ou alguma consciência de seu favor, por semanas, meses, ou anos. Nós sabemos muito bem, que isso, possivelmente, não pode ser devido a algum grau absoluto, consignando, que, antes mesmo de ter nascido, uma pessoa seja conduzida para a glória, e a outra para o fogo eterno; mas nós não sabemos a razão para isso: É suficiente que Deus saiba!

5. Há, igualmente, grande variedade, na maneira e tempo de Deus conceder sua graça santificada, por meio da qual, ele capacita seus filhos a dar a Ele todo seu coração, e do que, nós não podemos, de modo algum, prestar contas. Nós não sabemos por que ele a concede, sobre alguns, antes que eles peçam por ela (alguns exemplos inquestionáveis, do qual nós temos visto); sobre outros, alguns poucos dias depois que eles buscaram; e ainda permite que outros crentes esperem, por ela, talvez, vinte, trinta, ou quarenta anos; não, e outros, até poucas horas, ou mesmo minutos, antes que seus espíritos retornem a ele. Por causa das várias circunstâncias também, que atendem o cumprimento daquela grande promessa, "eu irei circuncidar teu coração, para amar o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, e com toda a tua alma", Deus, indubitavelmente, tem razões; mas essas razões são geralmente ocultas dos filhos dos homens. Mais uma vez: alguns desses, que são capacitados para amar a Deus, com todo o coração deles, e com toda a sua alma, retém a mesma benção, sem interrupção alguma, até que sejam levados ao seio de Abraão; outros, não a retém, embora eles não estejam conscientes de que afligiram o Espírito Santo de Deus. Isso nós também não podemos entender: Nesse lugar, "nós não conhecemos a mente do Espírito".

IV.

Diversas lições valiosas nós podemos aprender da consciência profunda de nossa própria ignorância. Primeiro, a lição da humildade; não "pensar, em nós mesmos"; particularmente, com respeito ao nosso entendimento, "maior, do que nós devíamos considerar"; mas "pensar, sobriamente"; estando, completamente, convencido de que não é suficiente, de nós mesmos, ter um pensamento bom; já que nós podemos estar sujeitos a tropeços, em cada passo, a errar, todo o momento de nossas vidas, não fosse o que nós temos, "a unção do Espírito Santo", que habita "conosco"; não fosse Ele que conhece o que há no homem, socorrer nossas enfermidades; e que "há um espírito, no homem, que traz sabedoria", e a inspiração do Espírito Santo que "traz entendimento". Disso, nós podemos aprender, em Segundo Lugar, a lição da fé, da confiança em Deus. A convicção plena de nossa própria ignorância nos ensina a confiar, completamente, em sua sabedoria. Pode nos ensinar (o que não é sempre tão fácil, como alguém poderia conceber) a confiar no Deus invisível, muito além, do que se nós pudéssemos vê-lo! O que pode nos assistir, no aprendizado dessa lição difícil, é "subjugar" nossa própria "imaginação" (ou melhor, raciocínio, como a palavra, propriamente, significa); "subjugar todas as coisas que o exalte contra o conhecimento de Deus, e traga para a escravidão todo pensamento de obediência a Cristo". Há, até o momento, duas grandes obstruções, na nossa formação de um julgamento correto dos desígnios de Deus, com respeito ao homem. O primeiro, é que existem fatos inumeráveis, relacionados a todos os homens, os quais não sabemos, ou podemos saber. Eles estão, no momento, oculto de nós, e escondidos de nossa busca, pela escuridão impenetrável. O outro é que nós não podemos ver os pensamentos dos homens, mesmo quando nós conhecemos suas ações. Além do que, não conhecendo suas intenções; nós podemos apenas julgar, de maneira equivocada, as atitudes exteriores deles. Conscientes disso, "não julgar coisa alguma antes do tempo" concernente aos planos divinos Dele; até que Ele possa trazer para a luz "as coisas ocultas da escuridão", e manifeste "os pensamentos e intenções do coração". Da consciência de nossa própria ignorância, nós podemos aprender, em Terceiro Lugar, a lição da resignação. Nós podemos ser instruídos a dizer, todo o tempo, e em todas as instâncias, "Pai, não como eu desejo; mas como tu desejas". Essa é a última lição que nosso abençoado Senhor (como homem) aprendeu, enquanto ele estava na terra. Ele não pode ir mais alto, do que, "Não como eu desejo, mas como tu desejas", até que ele curvou sua cabeça e liberou a alma. Deixe-nos também, proceder, em conformidade com sua morte, para que possamos conhecer completamente, o "poder de sua ressurreição!".


A Iniquidade das Coisas Santas

“E estará sobre a testa de Arão, para que Arão leve a iniqüidade concernente às coisas santas que os filhos de Israel consagrarem em todas as ofertas de suas coisas santas; sempre estará sobre a testa de Arão, para que eles sejam aceitos perante o SENHOR” (Êxodo 28:38)

Que véu é levantado por estas palavras, e que revelação! Será humilhante, mas proveitoso para nós, fazer uma pausa por alguns instantes e observar este triste espetáculo. As iniquidades da nossa adoração pública: sua hipocrisia, formalidade, indiferença, irreverência, inconstância de coração, e o esquecimento da parte de Deus - que boa medida nós termos aí! Nosso serviço para o Senhor, sua ambição, egoísmo, descuido, desleixo, descrença - quanta mácula! Nossa devoção particular, sua debilidade, frieza, negligência, sonolência, e vaidade - que monte de terra improdutiva! Se olhássemos mais cuidadosamente, perceberíamos que esta iniquidade é muito maior do que aparenta ser à primeira vista. Dr. Payson, escrevendo a seu irmão, diz, “Minha paróquia, assim como meu coração, muito se assemelha ao jardim de um preguiçoso; e o que é pior, acho que grande parte dos meus desejos para a melhoria de ambos, procedem ou do orgulho e vaidade, ou da indolência. Vejo as ervas daninhas que cobrem meu jardim, e espiro um ardente desejo de que elas fossem erradicadas. Mas, por que? O que move esse desejo? Talvez eu saia e diga a mim mesmo: ‘que bela ordem mantenho em meu jardim'! Isto é orgulho . Ou pode ser que meus vizinhos olhem por cima do muro e digam: ‘Como seu jardim está florido!' Isto é vaidade . Ou talvez eu deseje a destruição das ervas daninhas porque estou cansado de arrancá-las. Isto é indolência .” De modo que, mesmo nossos desejos de santidade podem estar contaminados por motivos vis. Os vermes se escondem sob os gramados mais verdejantes; não precisamos observar por muito tempo para descobri-los. Que encorajador é o pensamento de que, quando o Sumo Sacerdote suportou a iniquidade das coisas santas, ele colocou em sua testa as palavras “SANTIDADE AO SENHOR”: e mesmo assim, enquanto Jesus sustenta nosso pecado, Ele apresenta diante da face do Pai não a nossa santidade, mas a sua própria. Oh! quanta graça por ver o nosso grande Sumo Sacerdote pelos olhos da fé!


Idolatria Espiritual

'Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém'. (I João 5:21)

1. Existem duas palavras que ocorrem diversas vezes nesta Epístola – paidia e teknia, -- às quais nossos tradutores conferiram a mesma expressão: filhinhos. Mas o significado delas é muito diferente. A primeira é muito propriamente atribuída, filhinhos; porque significa bebês em Cristo, -- aqueles que têm testado ultimamente do seu amor, e são, ainda, fracos e instáveis nele. A última, deveria, com mais propriedade, ser atribuída filhos amados: uma vez que ela não denota algo mais do que a afeição do orador por aqueles a quem ele tem procriado no Senhor

2. Um historiador antigo relata, que quando o Apóstolo esteve tão enfraquecido pela idade, não sendo capaz de pregar, ele foi freqüentemente trazido para a congregação, em sua cadeira, e afirmava justamente: 'Amados filhos, amem uns aos outros'. Ele não teria dada um conselho mais importante. E igualmente importante é este que se coloca diante de nós; igualmente necessário para toda parte da igreja de Cristo. 'Amados filhos, mantenham-se distantes de ídolos'.

3. De fato, existe uma ligação íntima entre eles: Um não pode subsistir sem o outro. Já que não existe um alicerce firme para o amor de nossos irmãos, exceto o amor de Deus; também não existe possibilidade de se amar a Deus, exceto se nos mantivermos longe de ídolos.

I. Mas, quais são os ídolos de que o Apóstolo fala? Esta é a primeira coisa a ser considerada.

II. Nós podemos, então, em Segundo Lugar, inquirir: Como nós podemos nos manter longe deles?

I

1. Em Primeiro Lugar: Quais são os ídolos de que o Apóstolo fala? Eu não imagino que ele queira dizer, pelo menos, não principalmente, os ídolos que eram adorados pelos pagãos. Aqueles para os quais ele estava escrevendo, quer fossem judeus ou pagãos, não estavam correndo muito este risco. Não existe probabilidade de que os judeus agora convertidos tivessem sido, alguma vez, culpados de adorá-los. Tanto quanto os israelitas estiveram profundamente entregues a essa idolatria grave, por muitas eras, eles dificilmente, estiveram, alguma vez, envolvidos nisto, depois de seu retorno do cativeiro babilônico. Desde aquele período, todo o grupo de judeus tinha mostrado uma constante e profunda aversão a isto: E os ateus, depois de terem se voltado, uma vez, para o Deus vivo, tinham pelos seus ídolos anteriores, a mais extrema abominação. Eles abominavam tocar em coisas sujas; sim, eles escolhiam sacrificar suas vidas, a voltarem a adorar aqueles deuses a quem eles agora sabiam tratarem-se de demônios.



2. Nem nós podemos razoavelmente supor que ele fale daqueles ídolos que são agora adorados na Igreja de Roma; quer anjos, ou as almas dos santos mortos; ou imagens de ouro, prata, madeira ou pedra. Nenhum desses ídolos eram conhecidos na Igreja Cristã, até alguns séculos depois do tempo dos Apóstolos. Uma vez, de fato, o próprio João 'caiu ao chão, para adorar, diante da face de um anjo', que falava com ele; provavelmente confundindo-o, pela sua aparência gloriosa, com o Grande Anjo da Aliança; mas a reprovação severa do anjo, que se seguiu imediatamente, protegeu os cristãos de imitaram aquele mau exemplo: 'Não faças, tu, isto!'. Por mais glorioso que eu posso parecer, eu não sou teu Mestre. 'Eu sou conservo teu, e de teus irmãos, os Profetas: Adora a Deus' (Apocalipse 22:9).

3. Colocando, então, os ídolos pagãos e católicos de lado, quais são esses dos quais somos aqui advertidos pelo Apóstolo? As palavras precedentes nos mostram o significado desses. 'Este é o verdadeiro Deus', -- a finalidade de todas as almas que Ele criou; o centro de todos os espíritos criados; -- 'a vida eterna', -- o único alicerce da felicidade presente, assim como da felicidade eterna. A Ele, portanto, e tão somente, nosso coração é devido. E Ele não pode, Ele não irá, desistir de Seu título; ou consentir que ele seja dado a algum outro: Ele está dizendo continuamente a todo filho do homem: 'Meu filho, dá-me teu coração!'. E dar nosso coração a algum outro, é idolatria clara. Assim sendo, o que quer que tire nosso coração Dele, ou o divida com Ele, é um ídolo; ou, em outras palavras, no que quer que encontremos felicidade, e que seja independente de Deus.

4. Tome um exemplo do que ocorre, quase diariamente. A pessoa que tem estado, tanto tempo, envolvida no mundo, cercada e fatigada com abundância de trabalho, tendo, por fim, adquirido uma fortuna fácil, desprende-se de todos os negócios, e se retira para o interior, -- para ser feliz. Feliz em que? Para desfrutar. Porque ela pretende agora, dormir e passar o dia na inatividade agradável! Feliz em comer e beber o que seu coração desejar: talvez, uma refeição mais primorosa do que aquela dos velhos romanos, que festejaram sua imaginação antes que a iguaria fosse servida; e que, antes de deixar a cidade, confortaram-se com o pensamento de 'bacon gordo e repolho, também!'.

Feliz, -- em modificar, desenvolver, reconstruir, ou, pelo menos, decorar, a velha mansão que ele adquiriu; e, igualmente, em melhorar tudo ao redor dela; os estábulos, o alpendre, os jardins. Mas, neste meio tempo, onde Deus entrou? Em nenhum lugar, afinal. Ele não pensou Nele. Ele não pensou mais no Rei dos céus, do que no rei da França. Deus não estava nos seus planos. O conhecimento e amor de Deus estavam inteiramente fora de questão. Portanto, todo este esquema de felicidade no isolamento, é idolatria, do começo ao fim.

5. Se nós formos para os particulares, a primeira espécie desta idolatria é o que João denomina, o desejo da carne. Nós estamos aptos a tomarmos isto em um significado mais restrito, como se ele se referisse a um dos sentidos apenas. Não é assim: esta expressão igualmente se refere a todos os sentidos exteriores. Ela significa buscar a felicidade na gratificação de algum, ou de todos os sentidos externos; embora, mais particularmente, nesses três sentidos menores, -- gosto, cheiro e tato. Ela significa, o buscar a felicidade nisto, se não de uma maneira grosseira, de uma maneira indelicada, através da intemperança declarada, por meio da glutonaria ou bebedeira, ou desavergonhada devassidão; ainda que, de em uma forma regular de epicurismo; na sensualidade distinta; em tal curso elegante de auto-indulgência, como não a perturbar tanto a cabeça, quanto o estômago; como não a prejudicar, afinal, nossa saúde, ou envergonhar nossa reputação.

6. Mas nós não devemos supor que estas espécies de idolatria estão confinadas aos ricos e grandes. Nisto também, 'o dedo do camponês' (como nosso poeta fala) 'pisa no calcanhar do cortesão'. Milhares, da classe inferior, assim como os das classes altas, sacrificam suas vidas a estes ídolos; buscando sua felicidade (embora que de uma maneira mais humilde), em gratificarem seus sentidos exteriores. É verdade, que a carne, bebida, e os objetos deles são de um tipo inferior. Mas eles ainda elaboram toda a felicidade que eles tanto têm, quanto buscam; e usurpam os corações que são devidos a Deus.

7. A segunda forma de idolatria mencionada pelo Apóstolo é o desejo dos olhos: Ou seja: buscar a felicidade, em gratificar a imaginação (utilizando-se principalmente dos olhos); aquele sentido interno que é tão natural para os homens, quanto ver ou ouvir. Este é gratificado por tais objetos que são tanto grandes e bonitos quanto incomuns. Mas, assim como para os objetos grandes, parece que eles só se agradam deles, enquanto são novos. Fôssemos observar as Pirâmides do Egito, diariamente, durante um ano, que prazer elas proporcionariam, então? Mais ainda, que prazer um objeto maior do que esses -- o oceano, revolvendo a costa rica em moluscos, dá a alguém que esteja por tanto tempo acostumado a ele? Sim, que prazer nós recebemos, em geral, dos objetos maiores do Universo – do longínquo e amplo céu azul; terrivelmente largo, e maravilhosamente brilhante, com estrelas inumeráveis e luz incomensurável?

8. Os objetos bonitos são, em geral, a próxima busca de prazeres da imaginação. As obras da natureza, em particular. Assim, pessoas, em todas as épocas, têm se deleitado, com cenas rurais, e colinas e vales, e quedas d'água de correntezas murmurantes. Outros têm se agradado, em acrescentar arte à natureza, como nos jardins, com seus vários ornamentos: Outros com meras obras de arte; como edifícios, e representações da natureza, se em estátuas ou pinturas. Muitos, igualmente, encontrar prazer nas vestimentas bonitas, ou mobílias de vários tipos. Mas a novidade deve ser acrescentada à beleza; assim como a grandeza, ou, logo, ela tornar-se-á insípida ao sentido.

9. Nós estamos nos referimos à parte principal da beleza, ao prazer que muitos têm no seu animal favorito? Quem sabe, um pardal, um papagaio, um gato, um cachorro pequeno? Algumas vezes, isto pode ser devido a estes. Em outras, a nenhum, mas as pessoas agradam-se de poder encontrar alguma beleza, afinal, no favorito. Não, possivelmente ele seja superlativamente feio, aos olhos de todas as outras pessoas. Neste caso, o prazer parece surgir da mera extravagância ou capricho, ou seja, loucura.

10. Nós devemos nos referir ao ápice da novidade, principalmente, o prazer encontrado na maioria das diversões e deleites, os quais, fôssemos repeti-los diariamente, em poucos meses se tornariam extremamente chatos e insípidos? Ao mesmo tópico, nós podemos nos referir ao prazer que é obtido em colecionar curiosidades; se elas são naturais ou artificiais, quer velhas ou novas. Isto adocica o trabalho do virtuoso, e torna todo seu trabalho leve.

11. Mas não é principalmente à novidade que nós imputamos o prazer que recebemos da música? Certamente, esta tem uma beleza intrínseca, assim como freqüentemente, uma excelência intrínseca. Trata-se de uma beleza e grandeza de um tipo peculiar, não expressa facilmente; relacionada proximamente ao sublime e ao belo na poesia, que fornece um prazer raro. E, ainda assim, admite-se que a novidade salienta o prazer que se ergue de alguma dessas fontes.

12. Do estudo da língua, do Criticismo, e da Hístória, nós recebemos um prazer de uma natureza mista. Em todos esses, existe sempre alguma coisa nova; freqüentemente, alguma coisa bela ou sublime. E a História não apenas gratifica a imaginação em todos esses aspectos, mas igualmente nos satisfaz, por tocar em nossas paixões, nosso amor, desejo, alegria, devoção. A última desses nos oferece um prazer enorme, embora estranhamente misturado com uma espécie de dor. De modo que alguém não deve se admirar da exclamação de um poeta refinado.

O que é toda alegria e jovialidade, a não ser uma turbulência impura,
Quando a beleza é comparada à melancolia divina?

13. O amor à novidade é incomensuravelmente gratificado pela filosofia experimental; e, na verdade, por todo ramo da filosofia natural; que abre um campo imenso para as descobertas ainda novas. Mas não existe igualmente um prazer nisto, assim como nos estudos matemáticos e metafísicos, que não resultam da imaginação, mas do exercício do entendimento? A menos que nós digamos que a novidade das descobertas que fazemos, através das pesquisas matemáticas ou metafísicas seja uma razão, pelo menos, se não o principal, dos prazeres que recebemos disto.

14. Eu insisto muito mais nessas coisas, porque bem poucos as vêem, sob o verdadeiro ponto de vista. A generalidade dos homens, e, mais particularmente, dos homens de consciência e eruditos, está tão longe de suspeitar que existe, ou pode existir, o menor perigo nelas, que ela acredita seriamente que se trata de motivo de grande prazer, dedicar-se totalmente a elas. Quem deles, por exemplo, não se admiraria e elogiaria a engenhosidade incansável do grande filósofo que diz: 'Eu estou há trinta e oito anos em minha paróquia de Upminster, e estou certo de que existem não menos do que cinqüenta e três espécies de borboletas nela: Mas se Deus me concedesse alguns anos mais de vida, eu não duvido que eu pudesse demonstrar que existem cinqüenta e cinco!' Eu admito que a maioria desses estudos tem seu uso, e que é possível usá-los, sem abusar deles. Mas se nós formos buscar nossa felicidade nestas coisas, então, ela se torna um ídolo. E o desfrutar dele, não obstante, possa ser admirado ou aplaudido pelo mundo, é condenado por Deus, como nem melhor, nem pior do que a idolatria condenável.

15. A terceira coisa, o amor ao mundo, o Apóstolo fala sob aquela expressão incomum - hE alazoneia ta biou, - que é afirmada por nossos tradutores, como o orgulho da vida. Usualmente se supõe que ela signifique a pompa e esplendor daqueles que são de uma classe mais alta. Mas ela não tem um sentido mais extenso? Ela, preferivelmente, não significa buscar felicidade no louvor de homem, que, acima de todas as coisas, produz orgulho? Quando isto é buscado, de uma maneira mais pomposa, pelos reis ou homens ilustres, nós chamamos de 'sede de glória'; quando é buscada, de uma maneira mais simples, pelos homens comuns, nós denominados 'cuidar de nossa reputação'. Em termos claros, é buscar a honra do que vem de homens, em vez daquela que vem de Deus apenas.

16. Mas o que cria uma dificuldade aqui é isto: Nós somos requeridos não apenas para 'não ofender a quem quer que seja', e 'providenciar coisas honestas aos olhos de todos os homens', mas para 'agradar a todos os homens, para a sua boa edificação'. Mas quão difícil é fazer isto com um olho único em direção a Deus! Nós devemos fazer tudo que se nos apresenta, para impedirmos 'que falem mal a respeito do bem que existe em nós'. Sim, nós devemos valorizar uma reputação limpa, se for dado a nós, apenas menos do que uma boa consciência. Mas, ainda assim, se nós buscamos nossa felicidade nisto, nós seremos capazes de perecer em nossa idolatria.

17. A quais, desses tópicos precedentes, o amor ao dinheiro se refere? Talvez, algumas vezes, a um, e, algumas vezes, a outro, já que ele é um meio de gratificar, tanto o 'desejo da carne', por causa 'do desejo dos olhos', quanto 'o orgulho da vida'. Em qualquer um desses casos, o dinheiro é apenas buscado com o objetivo de uma finalidade mais além. Mas ele é buscado, algumas vezes, por amor a ele, sem qualquer outra visão mais adicional. Alguém que seja devidamente um sovina ama e busca o dinheiro, por amor a ele. Ele não busca coisa alguma além, a não ser, colocar sua felicidade em adquiri-lo ou possuí-lo. E isto é uma espécie de idolatria distinta de todas as precedentes; e, certamente, a mais vil, e mais comum idolatria que uma alma humana é capaz. Buscar felicidade, tanto em gratificar este ou outro dos desejos acima mencionados é efetivamente renunciar ao Deus verdadeiro, e colocar um ídolo em seu lugar. Em uma palavra, existem tantos objetivos no mundo, em que os homens buscam felicidade, em vez de buscarem-na em Deus; tanto ídolos em que eles colocam seus corações; tantas espécies de idolatria que eles praticam.

18. Eu gostaria de levar ao conhecimento, apenas de mais uma, embora ela, em alguma medida, possa ser incluída em diversas das precedentes; sim, em muitos aspectos, sendo distinta de todas elas; ou seja, idolatrar a criatura humana. Sem dúvida, é da vontade de Deus que nós todos possamos amar uns aos outros. É sua vontade que possamos amar nossas relações, e nossos irmãos cristãos, com um amor peculiar; e esses em particular, a quem Ele tem feito particularmente úteis à nossas almas. Esses nós somos ordenados a 'amar fervorosamente'; ainda assim, 'com o coração puro'. Mas isto não é 'impossível para o homem?'. Preservar a força e ternura da afeição, e, ainda assim, sem qualquer mancha na alma, com pureza imaculada? Eu não quero dizer apenas não maculada pela luxúria. Eu sei que isto é possível. Eu sei que uma pessoa pode ter uma afeição inalterável por outra, sem qualquer desejo deste tipo. Mas ele é sem idolatria? Não se trata de amar a criatura mais do que o Criador? Não é colocar um homem ou uma mulher, no lugar de Deus? Dando a eles seu coração? Que isto seja cuidadosamente considerado, até mesmo, por aqueles a quem Deus tem reunido; através dos maridos e esposas; pais e filhos. Não se pode negar que esses devem amar um ao outro ternamente? Eles foram ordenados a assim fazerem. Mas eles não foram ordenados, nem lhes foi permitido, amarem um ao outro de maneira idólatra. Ainda assim, quão comum é isto! Quão freqüentemente, um marido, uma mulher, um filho, são colocados no lugar de Deus. Quantos destes que são considerados bons cristãos fixam suas afeições, uns nos outros, de modo a não deixarem lugar para Deus! Eles buscam sua felicidade na criatura, não no Criador. Um pode verdadeiramente dizer ao outro: Eu te vejo, Senhor, e objetivo de meus desejos.

Ou seja: 'Eu desejo nada mais, a não ser a ti! Tu és a coisa que eu tanto busco! Todos os meus desejos estão em ti, e junto à lembrança de teu nome'. Agora, se isto não é idolatria clara, eu não saberei dizer o que poderá ser.

II

Tendo considerado largamente o que são esses ídolos, dos quais o Apóstolo fala, eu vou inquirir agora (o que pode ser feito mais sumariamente) como nós podemos nos precaver deles.

1. Com este objetivo, eu aconselharia você, Em Primeiro Lugar, a estar profundamente convencido de que nenhum deles traz felicidade; que nenhuma coisa, nenhuma pessoa debaixo do sol; não, nem um amontoado de todos juntos, pode dar alguma felicidade sólida, satisfatória a algum filho do homem. O próprio mundo, leviano, imprudente, reconhece isto, sem refletir a respeito, enquanto ele considera, ou, mais do que isto, enquanto ele mantém veementemente que 'nenhum homem sobre a terra está satisfeito'. A mesma observação foi feita há dois mil anos: --

Permita seja dada ao homem, fortuna, ou escolha de posição;
ainda assim, ninguém sobre a terra viverá satisfeito.

E se nenhum homem sobre a terra está contente, é certo que nenhum homem é feliz. Porque qualquer que seja a posição em que ele se encontre, o descontentamento é incompatível com a felicidade.

2. De fato, não apenas a parte inconseqüente do mundo, mas a parte pensante concorda que nenhum homem está satisfeito; a melancolia prova o que vemos, de todos os lados, no alto e no baixo, no rico e no pobre. E, geralmente, quanto mais entendimento eles têm, mais descontentes eles estão, porque eles sabem, com maior distinção, pelo que se queixam, e pelo que sentem dor. É verdade, que cada um tem (para usar de um jargão atual, e um excelente) seu cavalinho de pau [brinquedo de criança], alguma coisa que agrada ao garoto grande, por algumas poucas horas ou dias, e nisto ele espera ser feliz! Mas, embora a esperança floresça eterna no peito do homem; o homem nunca é feliz; mas estará sempre pronto a ser. Ainda que ele esteja caminhando na sombra inútil, que logo irá desaparecer!

Assim sendo, aquela experiência universal, nossa e de todos os novos amigos e familiares, claramente prova que, como Deus fez nossos corações para si mesmo, então eles não terão descanso, até que repousem Nele; até que nós nos familiarizemos com Ele, nós não estaremos em paz. Como 'um escarnecedor' da sabedoria de Deus 'busca sabedoria e não a encontra'; assim, um escarnecedor da felicidade em Deus, busca felicidade, mas encontra nenhuma.

3. Já que você está totalmente convencido disto, eu o aconselho, em Segundo Lugar, a parar e considerar sobre si mesmo.Você pretende ser um tolo e um louco todos os seus dias? Já não está em tempo de cair em si? Finalmente, acorde do sono, e chacoalhe o pó! Liberte-se desta idolatria miserável, e 'escolha a melhor parte!'. Decida-se, firmemente, a buscar a felicidade onde ela pode ser encontrada; onde ela não poderá ser buscada em vão. Decida-se a buscá-la no Deus verdadeiro, a fonte de toda bem-aventurança; e não se demore! Coloque em execução, imediatamente, o que você resolveu! Vendo que 'todas as coisas estão prontas', 'familiarize-se com Ele, e esteja em paz'.

4. Mas não resolva, ou tente executar sua resolução, confiando em suas próprias forças. Se você o fizer, você irá se frustrar extremamente.Você não será capaz de satisfazer-se com o mundo pecaminoso, muito menos com seu próprio coração pecaminoso; e, menos do que tudo, com os poderes da escuridão. Clame, portanto, ao Forte, por força. Debaixo de um profundo senso de sua própria fraqueza e desamparo, confie no Senhor Jeová, em quem está a força eterna. Eu o aconselho a clamar por Ele por arrependimento, em particular; não apenas para uma consciência plena de sua impotência, mas por um senso agudo da culpa excessiva, vileza, e loucura da idolatria que há tanto tempo o tem tragado. Clame por um conhecimento completo de si mesmo; de toda a sua propensão ao pecado e culpa. Ore para que você possa estar completamente revelado a si mesmo; para que você possa se conhecer como você também é conhecido. Quando, você, então, possuir esta convicção genuína, todos os seus ídolos perderão seus encantos. E você irá se surpreender, em como você pode, por tanto tempo, curvar-se sobre essas coisas, em que não se pode confiar, e que tão freqüentemente se afundaram debaixo de você.

5. O que você poderia ter perguntado a seguir?

"Jesus, agora que eu perdi tudo; permita-me cair sobre teu peito!".

Tu não disseste, 'Se tu creres, tu verás a glória de Deus? Senhor, eu poderia crer! Ajuda-me, em minha descrença. E me ajuda agora! Ajuda-me agora a entrar no descanso que permanece para o povo de Deus; para aqueles que deram seu coração a Ti, todo seu coração; que receberam a Ti como seu Deus e seu tudo. Ó Tu que és mais fiel, do que os filhos dos homens; cheios de graça são teus lábios! Fala, para que eu possa ver a Ti!E como as sombras que fogem diante do sol, então permita que todos os meus ídolos desapareçam à Tua presença!'.

6. Do momento em que você começar a experimentar isto, lute a boa luta da fé; Tome o reino dos céus, com veemência! Tome-o, como se ele fosse, através de uma tempestade! Negue a si mesmo, todo prazer que você não está divinamente consciente que o leva para mais perto de Deus. Tome sua cruz diária: Não se importe com a dor, se ela se colocar em seu caminho. Nada é impossível ao que crê: Você pode fazer todas as coisas, através de Cristo que o fortalece. Faça-o corajosamente; e apresse-se para a liberdade, com a qual Cristo o faz livre. Sim, siga em Seu nome, e no poder de Sua força, até que você 'conheça todo o amor de Deus que ultrapassa todo entendimento'. E, então, você terá apenas que esperar, até que Ele o chame ao Seu reino eterno!


A Expansão Geral do Evangelho

'Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte; porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar'. (Isaías 11:9)


1. Em que condição está o mundo, no momento! Como a escuridão, as trevas intelectuais, ignorância, com vício e miséria, presentes sobre ele, cobrem a face da terra! Da investigação cuidadosa feita com infatigáveis esforços, por nosso engenhoso conterrâneo, Sr. Brerewood; (que viajou por uma grande parte do mundo conhecido, com o objetivo de formar um julgamento mais exato), supondo-se que o mundo esteja dividido em trinta partes; dezenove delas são ateus declarados, tão completamente ignorantes de Cristo, quanto se Ele nunca tivesse vindo ao mundo:Seis das partes restantes são Maometanos declarados: De modo que apenas cinco em trinta são tanto quanto nominalmente cristãos!

2. E que seja lembrado que, desde que este cálculo foi feito, muitas nações novas foram descobertas; inúmeras ilhas, particularmente no Mar do Sul, larga e bem habitada: Mas, por que? Pelos ateus do tipo mais comum; muitos deles inferiores às bestas do campo. Se eles comem homens ou não (o que, na verdade, eu não possa encontrar algum fundamento suficiente para acreditar), eles certamente matam tudo que lhes cai nas mãos. Eles são, portanto, mais selvagens do que os leões; que matam não mais criaturas do que seja necessário para satisfazer sua fome no momento. Veja a real dignidade da natureza humana! Aqui ela aparece em sua pureza genuína, não poluída, se por aqueles 'corruptores gerais, reis', ou pelo menor traço de religião!

O que Abbe Raynal [Guillaume-Thomas-Francois Raynal (1713-1796). O "Abbe Raynal," escritor francês, que nasceu em Saint- Geniez em Rouergue em 12 de Abril de 1713. Filósofo e Historiador Político. Entre os objetos de seus mais ferozes ataques estava a Inquisição e os métodos europeus de colonização -- tradutora] iria dizer disto?

3. Um pouco, e não mais que um pouco, acima dos pagãos na religião, estão os Maometanos. Mas quão longe e amplamente esta ilusão miserável tem se espalhado sobre a face da terra! De tal maneira, que os Maometanos são consideravelmente maiores em número (na proporção de seis para cinco) do que os cristãos. E por todos os relatos que têm alguma pretensão de autenticidade, esses também, em geral, são extremamente estranhos a toda a religião verdadeira, como seus irmãos quadrúpedes; tão destituídos de misericórdia, como os leões e tigres; tanto desistiram da luxúria brutal, quanto dos touros ou cabras. De modo que eles são, na verdade, uma desgraça para a natureza humana, e uma praga a todo que estão sob seu jugo de ferro.

4. É verdade que uma escritora notável (Lady Mary Wortley Montague) dá uma característica muito diferente deles. Com a mais fina fluência de palavras; da maneira mais elegante de linguagem, ela se esforça para lavar o etíope branco. (*) Ela os representa como muitos graus acima dos cristãos; como alguns dos povos mais amáveis no mundo; como possuídos de todas as virtudes sociais; como alguns dos mais aperfeiçoados dos homens. Mas eu não posso, de maneira alguma, receber seu relato: eu não posso confiar em sua autoridade. Eu acredito que esses ao redor dela tinham exatamente tanta religião quanto a admiradora deles tinha, quando ela foi admitida no nas partes interior do Grande Harém do Lorde. Não obstante, portanto, todo que tal testemunha faz ou pode dizer em favor deles, eu creio que os turcos, em geral, são pouco melhores, se algum, afinal, do que a generalidade dos pagãos.

[Lady Mary Woethley (1689-1762) introduziu na Inglaterra a prática turca de inoculação da varíola, em crianças sadias, com o objetivo de conferir imunidade. Embora esse crédito tenha sido dado a Edward Jenner (1749-1823) -- tradutora].

[(*) Fábula traduzida por George Fyler Townsend: O Etíope. -- O comprador de um servo negro foi persuadido de que a cor de sua pele surgiu da sugeira contraída, através da negligência de seus primeiros mestres. Ao trazê-lo para casa, ele recorreu a todos os meios para limpá-lo e sujeitou o homem a incessantes esfregões. O servo pegou uma gripe severa, mas ele nunca mudou sua cor ou compleição – O que é inato irá se fixar à carne. – tradutora]

5. E poucos, se algum, afinal, melhores do que os turcos são os cristãos nos domínios turcos, mesmo os melhores deles; aqueles que vivem na Morea, ou estão espalhados, para cima e para baixo na Ásia. Os mais numerosos corpos de georgianos, cristãos mengrelianos, são um aforismo de reprovação aos próprios turcos; não apenas por sua ignorância deplorável, mas por sua total, estúpida, e bárbara religião.

6. Dos mais autênticos relatos, que nós podemos obter dos cristãos sulistas, aqueles na Abissínia, e das Igrejas nordeste, sob a jurisdição do Patriarca de Moscou, nós temos razão para temer que muitos estão na mesma condição, ambos com respeito ao conhecimento e religião, que aqueles na Turquia. Ou, se aqueles na Abissínia são mais civilizados, e têm uma maior porção de conhecimento, ainda assim, eles não parecem ter alguma religião mais do que tanto os Maometanos quanto os pagãos.

7. As igrejas ocidentais parecem ter a primazia sobre todas essas em muitos aspectos. Elas têm abundantemente mais conhecimento: Elas têm formas de adoração mais bíblica e mais racional. Ainda assim, dois terços delas estão envolvidas nas corrupções da Igreja de Roma; e a maioria destas familiarizada com tanto a teoria, quanto a prática da religião. E com respeito àqueles que são chamados de Protestantes, ou Reformados, qual familiaridade eles têm com ela? Coloque os Papistas e Protestantes; francês e inglês, juntos, a parte principal de uma e de outra nação; e que tipo de cristãos eles são? Eles são 'santos, assim como Ele que os chamou é santo?'. Eles estão preenchidos com a 'retidão, a paz, e a alegria no Espírito Santo?'. Existe neles 'aquela mente que também estava em Jesus Cristo?'. E eles 'caminham, como Cristo também caminhou?'. Não, eles estão tão longe disto, quanto o inferno dos céus!

8. Tal é o presente estado da humanidade em todas as partes do mundo! Mas quão espantoso é isto, se existe um Deus no céu, e se seus olhos estão sobre toda a terra! Será que Ele pode menosprezar a obra de suas próprias mãos? Certamente, este é um dos maiores mistérios debaixo do céu! Como é possível reconciliar isto com tanto a sabedoria, quanto a bondade de Deus? E o que pode trazer tranqüilidade à uma mente zelosa, sob tão melancólica perspectiva? O que, a não ser a consideração de que as coisas não serão sempre assim; que um outro cenário será inaugurado? Deus será zeloso de sua honra: Ele irá levantar e manter sua própria causa. Ele irá julgar o príncipe deste mundo, e destruí-lo de seu domínio usurpado. Ele dará a seu Filho 'os ateus para sua herança, e as partes mais extremas da terra para sua possessão'. 'A terra deverá ser preenchida com o conhecimento do Senhor, assim como as águas cobrem o mar'. O conhecimento amoroso de Deus deverá cobrir a terra; deverá preencher cada alma do homem, produzindo santidade e felicidade uniformes e ininterruptas.

9. 'Impossível', alguns homens dirão, 'sim, a maior de todas as impossibilidades, é a de que podemos ver um mundo cristão; sim, uma nação cristã, ou uma cidade! Como essas coisas podem ser?'. Sobre uma suposição, de fato, não apenas toda a impossibilidade, mas toda a dificuldade desaparece. Apenas supondo que o Altíssimo aja irresistivelmente, e a coisa é feita; sim, com a mesma facilidade de quando 'Deus disse, Haja luz, e houve luz'. Mas, então, o homem não existiria mais: Sua natureza interior estaria mudada. Ele não mais seria um agente moral, não mais do que o sol, ou o vento; já que ele não mais seria dotado de liberdade, -- um poder de escolha, ou uma autodeterminação: conseqüentemente, ele não mais seria capaz de virtude ou vicio, de recompensa ou punição.

10. Mas colocando de lado este grosseiro modo de desfazer o nó que nós não somos capazes de desatar, como todos os homens podem se tornar santos e felizes, enquanto continuam sendo homens? Enquanto eles ainda desfrutam, ambos do entendimento, afeições, e a liberdade que são essenciais a um agente moral? Parece existir um caminho claro e simples de remover esta dificuldade, sem nos emaranharmos em algumas indagações engenhosas e metafísicas. Uma vez que Deus é Único, então a obra de Deus é uniforme em todas as épocas. Nós não podemos, então, conceber como ele irá operar nas almas dos homens, nos tempos vindouros, considerando como Ele opera agora, e como Ele forjou nos tempos passados?

11. Pegue um exemplo disto, e tal exemplo, no qual você não poderá facilmente ser enganado. Você sabe como Deus forjou em sua própria alma, quando Ele primeiro o capacitou a dizer, 'A vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou, e deu a si mesmo por mim'. Ele não desprezou seu entendimento, mas o iluminou e fortaleceu. Ele não destruiu quaisquer de suas afeições; elas ficaram mais vigorosas do que antes. Menos do que tudo, Ele não lhe tirou sua liberdade; seu poder de escolher o bem ou o mal: Ele não o forçou; mas, sendo assistido pela Sua graça, você, assim como Maria, escolheu a melhor parte. Exatamente assim, Ele assistiu cinco em uma casa para fazer aquela escolha feliz; cinqüenta ou cinco mil em uma cidade; e muitos milhares em uma nação; -- sem despojar, de algum deles, a liberdade que é essencial a um agente moral.

12. Não que eu negue que existam casos isentos, nisto. O poder esmagador da graça salvadora, durante um tempo, operou tão irresistivelmente quanto a luz caiu dos céus. Mas eu falo da maneira geral de Deus de operar, da qual eu conheço inumeráveis exemplos; talvez, mais nestes cinqüenta anos passados, do que alguém na Inglaterra ou na Europa. E, com respeito, até mesmo, a esses casos isentos; embora Deus trabalhe irresistivelmente, durante algum tempo, ainda assim, eu não acredito que exista alguma alma humana, na qual Deus operou irresistivelmente em todos os tempos. Mais do que isto, eu estou completamente persuadido de que não existe. Eu estou persuadido de que não existem homens vivos que tenham, tantas vezes, resistido ao Espírito Santo', e tornado nulo 'o conselho de Deus, contra si mesmos'. Sim, eu estou persuadido que cada filho tem tido, ao mesmo tempo, 'vida e morte colocadas diante dele'; vida eterna e morte eterna; e tem, em si mesmo, o voto decisivo. Também verdadeiro é aquele renomado dizer de Santo Austin (um dos mais nobres que ele alguma vez afirmou): 'Ele que nos fez, sem nós mesmos, não irá nos salvar sem nós mesmos'. Agora, da mesma maneira, como Deus converteu tantos para si mesmo, sem destruir sua liberdade, Ele pode, indubitavelmente, converter todas as nações, ou o mundo todo; e é tão fácil para Ele converter o mundo, quanto uma alma individual.

13. Vamos observar o que Deus já tem feito. Entre cinqüenta ou sessenta anos atrás, Deus ergueu alguns jovens, na Universidade de Oxford, para testificar essas grandes verdades, que eram, então, pouco atendidas: -- que sem a santidade, nenhum homem veria ao Senhor; -- que esta santidade é a obra de Deus, quem opera em nós tanto o querer quanto o fazer; -- que Ele faz isto, de seu bom prazer, meramente pelos méritos de Cristo; -- que esta santidade é a mente que estava em Cristo; nos capacitando a caminhar, assim como Ele também caminhou; -- que nenhum homem pode ser assim santificado, até que ele seja justificado; -- em que nós somos justificados pela fé somente. Essas grandes verdades, eles declararam em todas as ocasiões, em privado ou em público; tendo nenhum objetivo, a não ser promover a glória de Deus, e nenhum desejo, a não ser salvar almas da morte.

14. De Oxford, onde primeiro apareceu, a pequena levedura se espalhou mais e mais amplamente. Mais e mais, viu a verdade, como ela está em Jesus, e a recebeu no Seu amor. Mais e mais, encontrou 'redenção, através do sangue de Jesus, até mesmo, o perdão dos pecados'. Eles nasceram novamente do Seu Espírito, e foram preenchidos, com a retidão, a paz, e a alegria, no Espírito Santo. Mais tarde, espalha-se para todas as partes da terra, e algo pequeno transforma-se em milhares. Espalha-se, então, na Grã-Bretanha Norte e Irlanda; e poucos anos depois, para dentro de Nova York, Pensilvânia, e muitas outras províncias na América, mesmo tão grande, quanto Terra Nova e Nova Escócia. De modo que, embora, a princípio, este 'grão de semente de mostarda' fosse 'o menor de todas as mentes'; ainda assim, em poucos anos, ele se tornou 'uma árvore larga, e produziu grandes ramos'.

15. Geralmente, quando essas verdades, justificação pela fé, em particular, foram declaradas em alguma grande cidade, depois de alguns dias, ou semanas, lá, de repente, se reuniu uma grande congregação, -- não em um lugar afastado, mas em Londres, Bristol, Newcastle-upon-Tyne, em particular, -- um violento e impetuoso poder que, como vento poderoso ou temporal ameaçador, fez, então, os opositores todos fugirem.

E isto continuou, com intervalos mais curtos ou mais longos, por diversas semanas ou meses. Mas, gradualmente diminuiu, e, então, a obra de Deus foi conduzida, por graus moderados; enquanto que o Espírito concedeu, ao irrigar a semente que tinha sido semeada; ao confirmar e fortalecer aqueles que tinham crido, que sua influência infundisse, secretamente, renovando-se, como orvalhos silenciosos. E esta diferença, em sua maneira usual de trabalhar foi observável, não apenas na Grã-Bretanha e Irlanda, mas em cada parte da América, do Sul ao Norte, onde quer que a palavra de Deus chegasse com poder.

16. Assim sendo, não é altamente provável que Deus irá levar sua obra, da mesma maneira, como Ele começou? Que Ele irá levá-la, eu não posso duvidar; por mais que Lutero possa afirmar, que um avivamento da religião nunca dura mais que uma geração, -- que é, de trinta anos; (considerando que o presente avivamento já continua acima de cinqüenta anos), ou, não obstante os profetas do mal possam dizer: 'Tudo chegará ao fim, quando os primeiros agentes forem removidos'. É muito provável, então, que haverá um grande abalo; mas eu não posso me persuadir a pensar que Deus tem forjado tão gloriosa obra, para deixá-la submergir e morrer em poucos anos. Não: Eu confio que isto é apenas o começo de uma obra ainda maior; o alvorecer 'da glória dos últimos dias'.

17. E não é provável que Ele irá levar sua obra, da mesma maneira que Ele começou? Primeiro, expandindo-na, neste ou naquele lugar, para que possa haver uma abundância, uma torrente de graça; e, assim, em algumas outras ocasiões específicas, que 'o Pai reservou em seu próprio poder': Mas, em geral, parece que o reino de Deus não 'virá com contemplação'; mas silenciosamente aumentará, onde quer que ele se estabeleça, e se espalhará de coração para coração, de casa em casa, de cidade em cidade, de um reino para outro. Ele não pode se espalhar, primeiro, através das províncias restantes, então, através das ilhas da América do Norte; e, ao mesmo tempo, da Inglaterra para a Holanda, onde já existe um trabalho abençoado em Utrecht, Harlem, e muitas outras cidades? Provavelmente, ele irá se espalhar desses para os Protestantes na França; para aqueles na Alemanha, e aquelas na Suíça; então para a Suécia, Dinamarca, Rússia, e todas as outras nações Protestantes na Europa.

18. Nós não podemos supor que a mesma levedura da pura e imaculada religião, do conhecimento e amor de Deus, experimental; de santidade interior e exterior, irá, mais tarde, se espalhar para os Católicos Romanos, na Grã-Bretanha, Irlanda, Holanda; na Alemanha, França, Suíça; e em todas as outras regiões, onde os Papistas e Protestantes vivem misturados e usualmente conversam uns com os outros? Não será, então, fácil para a sabedoria de Deus traçar um caminho para a religião, na vida e poder dela, dentro dessas regiões que são meramente Papistas; como a Itália, Espanha e Portugal? E ela não pode ser gradualmente difundida dessas para todas que são chamadas pelo nome de Cristo, nas várias províncias da Turquia, na abissínia; sim, e nas partes mais remotas, não apenas da Europa, mas da Ásia, África e América?

19. E, em cada nação, debaixo do céu, nós podemos razoavelmente acreditar que Deus irá observar a mesma ordem que Ele tem dado, desde o começo do Cristianismo, 'Eles todos deverão conhecer a mim, diz o Senhor'; não do maior para o menor (esta é aquela sabedoria do mundo que é tolice para Deus); mas 'do menor para o maior'; para que o louvor não possa ser de homens, mas de Deus. Antes do fim, mesmo os ricos deverão entrar no reino de Deus. Junto com eles, entrarão o grande, o nobre, o honrado; sim, os soberanos, os príncipes, os reis da terra. Por último, o sábio e culto, os homens de engenhosidade, os filósofos, serão convencidos de que eles são tolos; serão 'convertidos, e se tornarão como as criancinhas', e 'entrarão no reino de Deus'.

20. Então, aquela graciosa promessa deverá ser consumada na casa de Israel; a Israel espiritual, "Eu colocarei minhas leis nas mentes deles, e escreverei em seus corações: E serei para eles um Deus, e eles serão para mim, meu povo. E todo homem ensinará ao seu próximo; e cada homem a seu irmão, dizendo: 'Eu conheço o Senhor': Porque eles deverão me conhecer, do maior para o menor. Porque eu seria misericordioso para os iníquos, e dos seus pecados e suas iniqüidades não mais me lembrarei". Então, 'os tempos da renovação' universal 'virão da presença do Senhor'. O grande 'Pentecoste virá completamente', e 'os homens devotos, em todas as nações, debaixo do céu', mesmo que distantes umas das outras, 'serão preenchidos com o Espírito Santo'; e 'continuarão firmes na doutrina apostólica, e na camaradagem, e no repartir o pão, e nas orações'; eles 'comerão sua carne', e farão tudo que eles tiverem que fazer, 'com alegria e singeleza de coração. Grande graça estará sobre eles todos'; e eles serão 'todos de um só coração e uma só alma'. A conseqüência natural e necessária disto será a mesma que foi no começo da Igreja Cristã: 'Nenhum deles irá dizer que quaisquer que sejam as coisas que ele possui lhe pertencem; mas terão todas as coisas em comum. Nem existirá entre eles alguém que necessite: Porque os que tiverem posses de terras e casas irão vendê-las; e a distribuição será feita a todo homem, de acordo com sua necessidade'. Todos os seus desejos, portanto, e paixões, e temperamentos terão um só molde; enquanto todos estiverem fazendo a vontade de Deus na terra, assim como ela é feita nos céus. Todas 'as suas conversas serão temperadas com sal' e 'ministrarão a graça aos que ouvem'; vendo que não será tanto eles que falarão, 'mas o Espírito do Pai que falará neles'. E não haverá 'raiz de amargura brotando', quer para corromper ou perturbá-los: Não haverá Ananias ou Safira, para trazer de volta a praga do amor ao dinheiro em meio deles: Não haverá parcialidade; nenhuma 'viúva negligenciada na ministração diária'. Conseqüentemente, não existirá tentação para algum pensamento murmurante, ou palavra indelicada, de um contra o outro, enquanto eles todos foram de um só coração e alma. E apenas o amor instrua o todo.

21. A grande pedra de tropeço, estando, assim, felizmente, removida do caminho, ou seja, das vidas dos cristãos, os maometanos irão olhar para eles com outros olhos, dando atenção às suas palavras. E como as palavras destes serão revestidas com a energia divina, atendidas com a demonstração do Espírito, e do poder, aqueles que temem a Deus, logo irão tomar conhecimento do Espírito, por meio do qual os cristãos falam. Eles 'receberão com mansidão a palavra enxertada', e produzirão frutos com amor. Partindo deles, a levedura logo se espalhará para aqueles que, até então, não tinham o temor de Deus, diante dos olhos. Observando os 'galhofeiros cristãos', como eles costumam denominá-los, terem mudado a natureza deles; tornando-se sóbrios, moderados, justos, benevolentes; e isto, apesar de todas as provocações ao contrário; por admirarem suas vidas, eles certamente serão conduzidos a considerar e abraçar a doutrina deles. E, então, o Salvador dos pecadores irá dizer, 'A hora é chegada; eu glorificarei meu Pai: Eu buscarei e salvarei o rebanho que estava vagueando nas montanhas escuras. Agora eu me vingarei do meu inimigo, e arrancarei a presa dos dentes do leão. Eu recuperarei para mim as épocas perdidas: Eu reivindicarei a compra de meu sangue'. Assim, Ele seguirá na grandeza de Suas forças, e todos os seus inimigos fugirão diante Dele. Todos os profetas das mentiras desaparecerão, e todas as nações que os seguiram deverão conhecer o grande Profeta do Senhor, 'poderoso na palavra e ação'; e 'honrará o Filho, assim como eles honram o Pai'.

22. E, então, a grande pedra de tropeço, sendo removida, também das nações pagãs, o mesmo Espírito se derramará sobre eles; até mesmo aqueles que permanecem nas partes mais extremas do mar. Os pobres selvagens americanos não mais perguntarão, ''Por que os cristãos são melhores do que nós?' -- Quando eles vêem a sua prática firme da temperança universal, e da justiça, misericórdia, e verdade. Os ateus malabarianos [de Malabar, na Índia] terão não mais espaço para dizer, 'Cristão toma minha mulher: Cristão bebe muito: Cristão mata o homem! Cristão diabólico! Eu não cristão!'. Antes, vendo quão longe, os cristãos excederam seus próprios compatriotas, em tudo quanto é amoroso e de bom relato, eles irão adotar uma linguagem muito diferente, e dizer, 'Cristão-Anjo!'. As vidas santas dos cristãos serão um argumento que eles não saberão como resistir: vendo que os cristãos firmemente e uniformemente praticam o que é de acordo com a lei escrita em seus próprios corações; seus preconceitos irão rapidamente desaparecer, e eles receberão alegremente 'a verdade, como ela está em Jesus'.

23. Nós podemos razoavelmente acreditar que as nações pagãs que estão misturadas com os cristãos, essas que limitam as nações cristãs, e têm um intercurso constante e familiar com eles, serão algumas das primeiras que aprenderão a adorar a Deus em espírito e verdade; aquelas, por exemplo, que vivem, no continente da América, ou nas ilhas, e têm recebido colônias da Europa. Tais são igualmente todos esses habitantes das Índias orientais que estão em contato com qualquer uma das colônias cristãs. A essas, podem ser acrescentadas numerosas tribos de tártaros, as partes atéias da Rússia, e os habitantes da Noruega, Finlândia, e Lapônia. Provavelmente, essas serão seguidas por aquelas das nações mais distantes, com as quais, os cristãos negociam; às quais eles irão conceder o que é de um valor infinitamente maior do que as pérolas da terra, ou o ouro e prata. O Deus do amor irá, então, preparar seus mensageiros, e abrir caminho nas regiões polares; nas mais profundas reentrâncias da América, e no interior das partes da África; sim, no coração da China e Japão, com as cidades anexas a elas. E 'o som deles' irá, então, 'seguir em frente, para todas as terras, e suas vozes, até os confins da terra!'.

24. Mas uma considerável dificuldade ainda permanece: Existem muitas nações pagãs no mundo que não têm intercurso, quer, através de comércio, ou alguns outros meios, com os cristãos de qualquer tipo. Tais são os habitantes de numerosas ilhas no Mar do Sul, e provavelmente, em todos os largos braços do oceano. Agora, o que deverá ser feito a esses pobres proscritos? 'Eles deverão crer', diz o Apóstolo, 'naquele a quem eles nunca tinham ouvido? E como eles deveriam ouvir, sem um pregador?'. Você pode acrescentar: 'E como eles pregarão, a menos que sejam enviados?'. Sim, mas Deus não é capaz de enviá-los? Ele não pode levantá-los, por assim dizer, dessas pedras? E Ele, alguma vez, necessitou de meios para enviá-los? Não: Existissem outros meios: Ele poderia 'tirá-los de Seu Espírito', como ele fez com Ezequiel. 'Então o Espírito me levantou, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bendita seja a glória do Senhor, desde o seu lugar' (Ezequiel 3:12). Ou, através de Seu anjo, como com Felipe, e os fez descer para onde agradou a Ele. 'Mas um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai em direção do sul, pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto'.(Atos 8:26). Sim, Ele pode se certificar de milhares de caminhos para o homem tolo desconhecido. E ele certamente o fará: Porque céu e terra passarão; mas Sua palavra permanecerá: Ele dará 'a parte mais extrema da terra, para a possessão de Seu Filho'.

25. E assim, também, toda Israel deverá ser salva. Porque 'a ignorância tem acontecido a Israel', como o grande Apóstolo observa em (Romanos 11:25-30), até que a plenitude dos 'gentios haja sobre eles'. Então, 'o Libertado,r que apareceu em Sião, desviará as iniqüidades de Jacob'. 'Deus agora os firmou na descrença, para que Ele pudesse ter misericórdia para com todos'. Sim, e Ele terá misericórdia sobre toda a Israel, quando der a eles todas as bênçãos temporais, juntamente com todas as bênçãos espirituais. Porque esta é a promessa: 'Porque o Senhor teu Deus te reunirá de todas as nações, para onde o Senhor teu Deus te espalhou. E Ele irá trazer-te para a terra que teus antepassados possuíram, e tu deverás possuí-la também. E o Senhor teu Deus irá circuncidar teu coração, e o coração de tua semente, no amor do Senhor teu Deus, com todo teu coração, e com toda tua alma'. (Deuteronômio 30:3). Novamente: 'Eu os ajuntarei de todas as regiões, para onde eu os dirigi: E os trarei novamente para este lugar, e farei com que eles habitem seguramente: E darei a eles um coração, e um caminho, para que eles possam temer a mim para sempre. Eu colocarei o temor de mim, em seus corações, para que eles não se separem de mim. E os fixarei nesta terra, seguramente, com todo meu coração e com toda minha alma'. (Jeremias 21:37). E novamente: 'Eu o tirarei de entre os pagãos, e o tirarei de todas as regiões, e o trarei para sua própria terra. Então, eu irei borrifar água limpa sobre você, e você ficará limpo: Eu o limparei de toda sua sujidade, e de todos os seus ídolos; E você habitará na terra que eu dei aos seus antepassados, e você será meu povo, e eu serei o teu Deus (Ezequiel 36:24).

26. Naqueles dias, todas aquelas gloriosas promessas feitas à Igreja Cristã serão executadas, e não serão restritas a esta ou aquela nação, mas incluirão todos os habitantes da terra. 'Eles não causarão dano, nem destruição em todos os meus montes santos'. (Isaías 11:9) 'A violência não mais será ouvida em tua terra, devastação, nem destruição dentro de tuas fronteiras; mas tu chamaras tuas muralhas de Salvação, e teus portões de Louvor'. Tu serás rodeado de todos os lados com salvação, e todos que atravessarem teus portões louvarão a Deus. 'O sol não mais deverá ser tua luz, através do dia; nem a lua fornecerá a ti luminosidade: Mas o Senhor será para ti a luz eterna, e teu Deus e tua glória'. A luz do sol e da lua será tragada, na luz do semblante do Senhor, brilhando sobre ti. 'Teu povo também deverá ser todo justo… a obra de minhas mãos, para que eu possa ser glorificado'. 'Como a terra produzirá seu embrião, e o jardim fará com que as coisas que são semeadas nele brotem; assim o Senhor Deus fará com que a retidão e o louvor brotem diante de todas as nações (Isaías 60:18 em diante; e 61:11 em diante)

27. Esta eu entendo ser a resposta; sim, a única resposta completa e satisfatória que pode ser dada, para a objeção contra a sabedoria e bondade de Deus, tomada do presente estado do mundo. Não será sempre assim: Essas coisas são permitidas apenas por um tempo, através do grande Governador do mundo, para que ele possa tirar um bem imenso e eterno deste mal temporário. Esta é a mesma chave que o próprio Apóstolo nos dá nas palavras acima citadas: 'Deus os permitiu na descrença, para que Ele tivesse misericórdia sobre todos'. Na visão deste evento glorioso, quão bem podemos clamar, 'Ó, a profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, quanto do conhecimento de Deus!', embora, por um tempo, 'seus julgamentos fossem insondáveis, e seus caminhos inescrutáveis.' (Romanos 11:32-33). É suficiente que nós estejamos seguro deste único ponto, de que todos esses males transitórios desaparecerão; e haverá um final feliz; e que a 'misericórdia, primeira e última, irá reinar'. Todos as pessoas preconceituosas poderão ver que o Senhor está renovando a face da terra: E nós temos forte razão para esperar que a obra que Ele começou, Ele irá levar para o dia do Senhor Jesus; que Ele nunca irá cessar esta obra abençoada de seu Espírito, até que Ele tenha cumprido todas as suas promessas; até que ele coloque um ponto final no pecado, e miséria, e enfermidade, e morte; e restabeleça a santidade e felicidade universal, e faça com que todos os habitantes da terra cantem juntos, 'Aleluia, o Senhor Deus Onipotente reina!'. 'Bênção, e glória, e sabedoria, e honra, e poder, e força, serão junto ao nosso Deus para sempre e sempre!' (Apocalipse 7:12).


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