A) NATUREZA HUMANA
1) Feito de Mulher (Gl.4:4; Mt.1:8).
2) Feito da Semente de Davi:
a) Sem (Gn.9:27).
b) Abraão (Gn.12:1-3).
c) Isaque (Gn.26:2-5).
d) Jacó (Gn.28:13-15).
e) Judá (Gn.49:10).
f) Davi (IISm.7:12-16).
B) CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NATURAIS:
1) Vigor Físico (Lc.2:52).
2) Faculdades Mentais (Lc.2:40).
C) APARÊNCIA PESSOAL (JO.4:9).
D) NATUREZA HUMANA COMPLETA:
1) Corpo (Mt.26:12).
2) Alma (Mt.26:38).
3) Espirito (Lc.23:46).
E) LIMITAÇÕES HUMANAS:
1) Limitações Físicas:
a) Fadiga (Jo.4:6; Is.40:28).
b) Sono (Mt.8:24; Sl.121:4,5).
c) Fome (Mt.21:18).
d) Sede (Jo.19:28).
e) Sofrimento e Dor (Lc.22:44).
f) Sujeição à Morte (ICo.15:3).
2) Limitações Intelectuais:
a) Precisava Crescer em Conhecimento (Lc.2:52).
b) Precisava Adquirir Conhecimento pela Observação (Mc.11:13).
c) Possuía Conhecimento Limitado (Mc.13:32).
3) Limitações Morais (Hb.2:18;4:15).
4) Limitações Espirituais:
a) Dependia das Oraçes (Mc.1:35).
b) Dependia do Espirito Santo (At.10:38; Mt.12:28).
F) NOMES HUMANOS:
1) Jesus (Mt.1:21).
2) Filho do Homem (Lc.19:10).
3) O Nazareno (At.2:22).
4) O Profeta (Mt.21:11).
5) O Carpinteiro (Mc.6:3).
6) O Homem (Jo.19:5; ITm.2:5).
G) RELAÇÃO HUMANA COM DEUS:
1) Como Mediador e Sacerdote; Como representante da humanidade Jesus falava com Deus (Mc.15:34).
2) Kenosis: Auto esvaziamento de Jesus Cristo, uma auto renúncia dos atributos divinos. Jesus pôs de lado a forma de Deus, mas ao fazê-lo não se despiu de Sua natureza divina; não houve auto extinção. Também o Ser divino não se tornou humano; Sua personalidade continuou a mesma, e reteve a consciência de ser Deus (Jo.3:13). O propósito da kenosis foi a redenção. Na kenosis Jesus deixou o uso independente do Seu poder para depender do Espirito Santo.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
CRISTOLOGIA
Cristologia refere-se ao estudo referente a Jesus Cristo—sua pessoa e sua obra. Tratar-se-á as temáticas da teologia sistemática bem como passagens bíblicas essenciais referentes à temática, bem como o dilema do porquê da morte de Jesus na cruz.
Lemos em Jo.1:14 que o Verbo se fez carne. Não devemos entender com isso que o Verbo foi transformado em carne ou misturado com carne, e sim que escolheu para Si mesmo um templo formado pelo ventre de uma virgem, no qual habitar; e que Aquele que era o Filho de Deus ficou sendo o Filho do Homem, não pela confusão da substância mas sim pela unidade de pessoa.
1. CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO”
No período compreendido entre 1774 a 1778, foi iniciada a procura do Jesus Histórico. Lessing publicou pós morte as anotações de Hermann Samuel Reimarus. Esse estudioso questionava a tradicional forma de apresentar Jesus na Igreja e no Novo Testamento. Para ele Jesus nunca fizera uma reivindicação messiânica, nunca institui qualquer sacramento, nunca predisse a sua morte e nem ressuscitou dentre os mortos. Dizia que Jesus era um engodo. Essa atitude instigou a busca do Jesus “verdadeiro”. A metodologia racionalista foi a predominante como método de pesquisa dessa busca, peculiar a primeira parte do século XIX. A polêmica desses estudos foi um terreno fértil para nascerem obras pró e contra Jesus.
O interregno entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial foi a ocasião em que a busca do Jesus histórico foi abandonada, em função da falta de interesse pela procura e pelas dúvidas quanto a sua possibilidade. Entretanto, três fatores foram fundamentais para essa desistência: primeiro - a obra de Albert Schweitzer que revelou a idéia de que o Jesus liberal nunca existiu, pois ele foi criado e baseado nos desejos de liberais, não em fatos verídicos; segundo - a partir da obra de William Wrede e dos críticos da forma, houve o reconhecimento de que os evangelhos não eram meramente biografias objetivas que facilmente poderiam ser pesquisadas à procura de informações historicistas; por fim - Martin Kähler influenciou os estudiosos a reconhecerem que o objeto da fé da igreja no decurso de todos os séculos nunca tinha sido o Jesus histórico do liberalismo teológico, mas o cristo da fé, ou seja, o Cristo sobrenatural proclamado nas Sagradas Letras.
Ernst käsemann, em 1953, reacendeu as chamas da busca do Jesus da história, propalando seu receio de que a lacuna entre o Jesus da história e o Cristo da fé era muito semelhante à heresia docética, que negava a humanidade do Filho de Deus. Como era de se esperar Käsemann decepcionou-se em seus intentos.
O avanço da ciência histórica não tem modificado a opinião universal a cerca do Senhor Jesus. Prova disso é que, desde o mundo antigo à contemporaneidade, encontramos mesmo que em forma diversificada a historicidade da pessoa bendita de Jesus de Nazaré.
2. A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO”
A igreja cristã ri do fascínio dos liberais pela busca do que eles chamam de “Jesus Histórico”. Isso se justifica pelo fato de que o Cristianismo é o que é, através da afirmação de que o homem Jesus de Nazaré, que foi chamado “o Cristo”, é de fato o Cristo, a saber, o Messias, o Ungido. Toda vez que é sustentada a asserção de que Jesus é o Cristo, ali existe a mensagem cristã; onde quer que essa asserção seja negada, é negada igualmente a mensagem cristã.
A religião cristã nasceu não quando nasceu o homem chamado “Jesus”, mas sim, no momento que um de seus seguidores foi levado a dizer-lhe: “Tu é o Cristo”. E o Cristianismo ficará vivo enquanto existirem pessoas que repitam essa afirmação. Isso porque o evento sobre o qual o Cristianismo se baseia apresenta dois lados: o fato que é chamado “Jesus de Nazaré” e a recepção deste fato por aqueles que O receberam como o Cristo. Interessante que no momento que os discípulos O aceitam como o Cristo é também o momento que Ele é rejeitado pelos poderes da história. Então, Aquele que é o Cristo deve morrer por haver aceito o título de “Cristo.
Jesus como o Cristo é tanto um fato histórico quanto um objeto de recepção pela fé. Não se pode afirmar a verdade sobre o evento no qual se baseia o Cristianismo sem afirmar ambos esses lados. Se Jesus não tivesse impactado os seus discípulos com o fato de ser o Cristo, e eles tivessem crido, bem como através deles a todas as gerações posteriores, o homem que é chamado Jesus de Nazaré talvez fosse recordado apenas como uma pessoa histórica e religiosamente importante. Mas se ele foi crido e provou de fato ser o Cristo.
Nesse sentido, quem é o “Jesus Histórico”? Russel Norman Champlin responde tal questionamento em sua obra Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Para ele o Jesus histórico é igualmente o Jesus a quem adoramos e servimos. É o Jesus teológico naturalmente, podemos ter algumas noções falsas a cerca d’Ele, mas há tal identificação de pessoa. Jesus é uma figura cósmica, dotada de importância universal. Não foi meramente um homem bom, um excelente mestre. Ele é também o Senhor da Glória, no sentido mais literal possível.
James Moffatt, em sua obra Jesus Christ The Same assevera:
“Nada é mais provável do que aquele que viveu à face da Terra, por alguns poucos anos, seja o mesmo Cristo, a quem seus seguidores adoram como Senhor; nenhum novo Jesus foi criado por algum movimento sincretista do primeiro século cristão. Há certa unidade no ministério insolúvel de sua pessoa, que é, não apenas real, mas também é, a causa real que subjaz às diversas interpretações de sua vida e de sua obra, e as experiências posteriores Igreja subentendem, repetida e continuadamente, que deve haver comunhão com ele, como algo mais profundo que qualquer modificação interna ou externa da fé”.
3. A PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DE TAL INVESTIGAÇÃO
Paul Tilllych, em sua obra Teologia Sistemática expõe o insucesso da capturação do chamado “Jesus Histórico”. Pude dividir a opinião de Tillych em cinco pontos, a saber: foi falsa a idéia de a crítica histórica ter destruído a própria fé; esse fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa; o Cristianismo se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus e não em uma novela histórica; os ensinos e as mensagens de Jesus não têm relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Vejamos esses cinco aspectos do pensamento Tillychano.
3.1 A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.
Desde o momento em que foi aplicado o método científico de pesquisa histórica à literatura bíblica, problemas teológicos que nunca estiveram completamente ausentes ficaram de tal forma aumentados, como nunca o estiveram em períodos anteriores da história da igreja. O método histórico une elementos analítico-críticos e construtivo-conjeturais . Para a consciência cristã normal, moldada pela doutrina ortodoxa da inspiração verbal, o primeiro elemento impressionou muito mais do que o segundo. Só foi sentido o elemento negativo no termo “crítica”, e esse empreendimento todo foi chamado de “crítica histórica” ou “alta crítica”` ou, com referência a um método recente, “critica da forma”. Em si mesmo, o termo “crítica histórica” significa nada mais do que pesquisa histórica. Toda pesquisa histórica crítica suas fontes, separando aquilo que apresenta mais probabilidade daquilo que apresenta menos ou é totalmente improvável. Ninguém duvida da validez desse método, já que ele é confirmado continuamente por seu sucesso; e ninguém protesta com seriedade se ele destrói belas lendas e preconceitos profundamente enraizados. Mas a pesquisa bíblica se tornou suspeita desde seu próprio começo. Ela parecia criticar não só as fontes históricas, mas também a revelação contida nessas fontes. Pesquisa histórica e rejeição da autoridade bíblica foram consideradas idênticas. Revelação, supunha-se, abarcava não só o conteúdo revelatório, mas também a forma histórica na qual apareceu. Isso parecia ser verdade especialmente com relação aos fatos referentes ao “Jesus histórico”. Já que a revelação bíblica é essencialmente histórica, parecia impossível separar o conteúdo revelatório dos relatos históricos tais quais apresentados nos registros bíblicos. A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.
Mas a parte crítica da pesquisa histórica na literatura bíblica é a parte menos importante. Mais importante é a parte construtivo-conjetural, que foi a força motora em todo esse empreendimento. Os fatos que estão por três dos registros, foram buscados; especialmente se buscaram os fatos sobre Jesus. Havia um desejo urgente de descobrir a realidade desse homem, Jesus de Nazaré, por trás das tradições coloridas e ao mesmo tempo, camufladoras dessa realidade, que são tão antigas quanto ela própria. Desse modo, a pesquisa pelo assim chamado “Jesus histórico” teve início. Seus motivos eram ao mesmo tempo religiosos e científicos. Essa tentativa era corajosa, nobre e extremamente significativa em muitos aspectos. Suas conseqüências teológicas são inúmeras e bastante importantes. Mas, vista à luz de sua intenção básica, a tentativa da crítica histórica de encontrar a verdade empírica sobre Jesus de Nazaré foi um fracasso. O Jesus histórico, a saber, o Jesus que está por trás dos símbolos de sua recepção como o Cristo, não só não apareceram, quanto se distanciavam cada vez mais g medida que se dava um novo passo. A história das tentativas de se escrever uma “vida de Jesus”, elaborada por Albert Schweitzer em sua primeira obra, “A busca do Jesus Histórico” ainda é válida. Sua própria tentativa construtiva foi corrigida. Eruditos, tanto conservadores quanto radicais, se tornaram mais cautelosos, mas a situação metodológica não mudou. Isso se tornou manifesto quando o programa ousado de “desmitologização do Novo Testamento”, feito por Bultmann, levantou uma tempestade em todos os campos teológicos, e a lentidão com que a escola de Barth considerava o problema histórico foi seguida por um impressionante despertamento. Mas o resultado do questionamento novo (e muito antigo) não é uma imagem do assim chamado Jesus histórico, mas o “insight” de que não existe uma imagem por trás da imagem bíblica que pudesse se tornar cientificamente provável.
3.2 O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa
A situação exposta acima não é questão de um defeito passageiro da pesquisa histórica que um dia seja superado. Ela é causada pela própria natureza das fontes. Os registros sobre Jesus de Nazaré são os de Jesus como o Cristo, dados por pessoas que o receberam como o Cristo. Portanto, se tentamos encontrar o Jesus real que está por trás da imagem de Jesus como o Cristo, é necessário separar criticamente os elementos que pertencem ao lado factual do evento, daqueles elementos que pertencem ao lado receptivo. Ao fazer isso, esboça-se uma “Vida de Jesus”; muitos desses esboços foram elaborados. Em muitos deles atuaram juntos: honestidade científica, devoção amorosa e interesse teológico. Em outros são visíveis o distanciamento crítico e até mesmo a rejeição malévola. Mas nenhum pode reivindicar ser uma imagem provável, que seja o resultado de um labor científico tremendo dedicado à essa tarefa durante duzentos anos. No máximo, eles são resultados mais ou menos prováveis, incapazes seja de fornecer uma base para a aceitação da fé cristã, seja para rejeitá-la.
Tendo em vista essa situação, houve tentativas de reduzir a imagem do Jesus histórico aos seus traços “essenciais”; a elaborar uma Gestalt, ao mesmo tempo em que deixando abertos g dúvida seus traços particulares. Mas esse não é o processo correto. A pesquisa histórica não pode pintar uma imagem essencial depois de eliminar todos os traços particulares porque eles são questionáveis. Ela permanece dependente dos traços particulares.
Conseqüentemente, as imagens do Jesus histórico nas quais é amplamente evitada uma “Vida de Jesus” diferem tanto umas das outras, quanto aquelas nas quais não é aplicada tal auto-restrição.
A dependência da Gestalt na valoração dos traços particulares é evidente num exemplo tomado do complexo daquilo que Jesus ensinou sobre si mesmo. Para elaborar esse ponto, deve-se saber, além de muitas outras coisas, se ele aplicou o título “Filho do Homem” a si mesmo, e caso sim, em que sentido. Toda resposta dada a essa questão é uma hipótese mais ou menos provável, mas o caráter do quadro “essencial” do Jesus histórico depende decisivamente dessa hipótese. Esse exemplo mostra claramente a impossibilidade de substituir a tentativa de esboçar uma “Vida de Jesus” tentando pintar a “Gestalt de Jesus”
Esse exemplo mostra ao mesmo tempo outro ponto importante. Pessoas que não estão familiarizadas com o aspecto metodológico da pesquisa histórica temem suas conseqüências para a doutrina cristã e por isso gostam de atacar a pesquisa histórica em geral e a pesquisa na literatura bíblica em especial, acusando-as de preconceitos teológicos. Se elas forem consistentes, negarão que sua própria interpretação também é preconcebida ou, como elas diriam, dependente da verdade de sua fé. Mas elas negam que o método histórico tenha critérios científicos objetivos. Contudo, essa afirmação não pode ser sustentada em vista do imenso material histórico que foi descoberto e freqüentemente verificado de forma empírica por um método de pesquisa usado universalmente. E característico desse método que ele tenta manter uma auto-crítica permanente para libertar-se de preconceitos conscientes ou inconscientes. Isso nunca é plenamente bem sucedido, mas é uma arma poderosa e necessária para se obter conhecimento histórico.
Um dos exemplos aludidos freqüentemente neste contexto é o tratamento dos milagres do Novo Testamento. O método histórico não aborda as histórias de milagres nem com o pressuposto de que aconteceram porque foram atribuídos aquele que é chamado o Cristo, nem com o pressuposto de que eles não aconteceram porque esses eventos contradiriam as leis da natureza. O método histórico pergunta, quão fidedignos são os relatos em cada caso particular, quão dependentes são eles de fontes mais antigas, como poderiam ter sido influenciados pela credulidade de um período, como são bem confirmados por outras fontes independentes, em que estilo são escritos, e para que finalmente são usados no contexto todo. Todas essas questões podem ser respondidas de forma “objetiva” sem a interferência desnecessária de preconceitos positivos ou negativos. O historiador nunca pode conseguir uma certeza dessa forma, mas pode chegar a um alto grau de probabilidade. Contudo, seria um salto a outro nível se ele transformasse a probabilidade histórica em uma certeza histórica positiva ou negativa mediante um juízo de fé (como será mostrado mais adiante). Essa distinção clara freqüentemente é confundida pelo fato óbvio de que a compreensão do sentido de um texto é parcialmente dependente das categorias de compreensão usadas no encontro com textos e registros. Mas não é totalmente dependente delas, já que existem aspectos filológicos e outros que estão abertos à uma abordagem objetiva. Compreensão exige participação do sujeito naquilo que compreende, e só podemos participar em termos daquilo que somos, incluindo nossas próprias categorias de compreensão. Mas essa compreensão “existencial” nunca deveria perverter o juízo do historiador com respeito aos fatos e relações. A pessoa cuja preocupação última é o conteúdo da mensagem bíblica está na mesma posição que aquela cujo conteúdo t indiferente, se discutem questões como as do desenvolvimento da tradição sinótica, ou os elementos mitológicos e lendários do Novo Testamento. Ambas têm os mesmos critérios de probabilidade histórica e devem usá-los com o mesmo rigor, embora ao fazer isso possam afetar suas próprias convicções religiosas ou filosóficas. Nesse processo pode acontecer que preconceitos que fecham os olhos para fatos particulares abrem-nos para outros. Mas esse “abrir os olhos” é uma experiência pessoal que não pode ser convertida num princípio metodológico. Só existe um procedimento metodológico, e esse consiste em olhar o objeto a ser investigado e não nossa maneira de olhar o objeto, já que nossa atitude se acha realmente determinada por muitos fatores psicológicos, sociológicos e históricos. Esses aspectos devem ser desconsiderados intencionalmente por quem quer que aborde um fato objetivamente. Não se deve formular um juízo sobre a auto-consciência de Jesus a partir do fato de que se é um cristão - ou anti-cristão. O juízo deve ser inferido de um certo grau de plausibilidade, baseado em registros e em sua provável validez histórica. Isso, sem dúvida, pressupõe que o conteúdo da fé cristã seja dependente desse juízo.
3.3 O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus
A religião cristã se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus de Nazaré e não em uma novela histórica, eis aí o fracasso da caça pelo Jesus Histórico. A busca do Jesus histórico foi uma tentativa de descobrir um mínimo de fatos confiáveis sobre o homem Jesus de Nazaré, para se obter um fundamento seguro à fé cristã. Essa tentativa foi um fracasso. A pesquisa histórica forneceu probabilidades sobre Jesus, em grau maior ou menor. A base dessas probabilidades, ela esboçou “Vidas de Jesus”. Mas essas se pareciam mais a novelas do que a biografias; elas com certeza não poderiam fornecer uma base segura para a fé cristã. O cristianismo não se baseia na aceitação de uma novela histórica; ele se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus por pessoas que não estavam absolutamente interessadas numa biografia do Messias.
A intuição dessa situação induziu alguns teólogos a desistirem de qualquer tentativa de construir uma “vida” ou uma Gestalt do Jesus histórico e restringir-se a uma interpretação das “palavras” de Jesus. A maior parte dessas palavras (embora não todas) não se referem a ele mesmo e podem ser separadas de qualquer contexto biográfico. Portanto, seu sentido é independente do fato de que possam ou não ter sido ditas por ele. Nessa base o problema biográfico insolúvel não guarda a menor relação com a verdade das palavras correta ou erradamente registradas como palavras de Jesus. O fato de que a maioria das palavras de Jesus tem um paralelo na literatura judaica contemporânea não é um argumento contra sua validez. Esse também não é um argumento contra sua unicidade e poder, tais como aparecem em coleções como o Sermão da Montanha, as parábolas e as discussões com inimigos, bem como com seus seguidores.
3.4 Os ensinos e as mensagens de Jesus Cristo
Uma teologia que tenta fazer das palavras de Jesus um fundamento histórico da fé cristã pode fazê-lo de duas maneiras. Pode tratar as palavras de Jesus como “ensinos de Jesus” ou como “mensagem de Jesus”. Como ensinos de Jesus, elas são entendidas como interpretações refinadas da lei natural ou como intuições originais da natureza do homem. Elas não tem relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Como tal, pertencem à lei, profecia ou literatura sapiencial, da mesma maneira como no Antigo Testamento. Elas podem transcender todas essas três categorias em termos de profundidade e poder; mas não os transcendem em termos de caráter. Contudo, restringir a investigação histórica aos “ensinos de Jesus” é reduzir Jesus ao nível do Antigo Testamento e implicitamente negar sua reivindicação de superar o contexto vétero-testamentário .
A segunda forma pela qual a pesquisa histórica se restringe às palavras de Jesus C mais profunda que a primeira. Ele nega que as palavras de Jesus sejam regras gerais de comportamento humano, que elas sejam regras às quais a gente deva se sujeitar, ou que elas sejam universais e possam portanto ser abstraídas da situação na qual foram ditas. Em vez disso, enfatizam a mensagem de Jesus de que o Reino de Deus está “à mão” e que portanto aqueles que querem entrar nele devem se decidir a favor ou contra o Reino. Essas palavras de Jesus não são regras gerais, mas exigências concretas. Essa interpretação do Jesus histórico, sugerida especialmente por Rudolf Bultmann, identifica o sentido de Jesus com o sentido de sua mensagem. Ele exige uma decisão, a saber, a decisão por Deus. E essa decisão inclui a aceitação da Cruz, porque ele mesmo aceitou a sua. Aquilo que é historicamente impossível, a saber, o esboço de uma “vida” ou uma Gestalt de Jesus, é engenhosamente evitado usando aquilo que está imediatamente dado - a saber, sua mensagem sobre o Reino de Deus e suas condições e apegando-se cada vez mais ao “paradoxo da Cruz de Cristo” Mas até mesmo esse método de juízo histórico restrito não pode oferecer um fundamento à fé cristã. Ele não mostra como pode ser cumprida a exigência de decidir-se pelo Reino de Deus. A situação de ter que se decidir permanece sendo aquela sob a lei. Não transcende a situação do Antigo Testamento, a situação da busca por Cristo. Pode-se chamar a essa teologia de “liberalismo existencialista” em contraste com o “liberalismo legalista” do primeiro. Mas nenhum desses métodos responde à pergunta de onde reside o poder de obedecer aos ensinos de Jesus ou de decidir-se pelo Reino de Deus. Isso esses métodos não podem fazer porque a resposta deve vir de uma nova realidade que, de acordo com a mensagem cristã, é o Novo Ser em Jesus como o Cristo. A Cruz é o símbolo de um dom antes de ser o símbolo de uma exigência. Mas, se isso for aceito, é impossível retirar-se do ser de Cristo para refugiar-se em suas palavras. A via de acesso última da pesquisa e busca do Jesus histórico está barrada, e manifesta o fracasso da tentativa de apresentar um fundamento à fé cristã através da investigação histórica.
3.5 A confusão semântica em torno da expressão “Jesus Histórico”
Esse resultado teria sido reconhecido com mais facilidade se não fosse pela confusão semântica a respeito do sentido do termo “Jesus histórico”. Esse termo foi usado predominantemente para os resultados da pesquisa histórica referente ao caráter e vida da pessoa que está por trás dos registros do Evangelho. Como todo conhecimento histórico, nosso conhecimento dessa pessoa é fragmentário e hipotético. A investigação histórica sujeita esse conhecimento ao ceticismo metodológico e à mudança contínua que ocorre nos traços particulares, bem como nos essenciais. Ela tem como alvo ideal atingir um alto grau de probabilidade, mas em muitos casos isso é impossível.
O termo “Jesus histórico” também é usado para significar o evento “Jesus como Cristo” como um elemento factual. O termo nesse sentido levanta a questão da fé e não a questão da pesquisa histórica. Se o elemento factual no evento cristão fosse negado, seria negado também o fundamento do cristianismo. Ceticismo metodológico sobre o labor da pesquisa histórica não nega esse elemento. A fé não pode nem mesmo garantir o nome “Jesus” com respeito àquele que foi o Cristo. Ela deve deixar isso às incertezas de nosso conhecimento histórico. Mas a fé garante a transformação factual da realidade naquela vida pessoal que o Novo Testamento expressa em sua imagem de Jesus como o Cristo. Se não se distinguirem esses dois sentidos do termo “Jesus histórico”, não é possível haver nenhuma discussão honesta e frutífera.
II. A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS
1. CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO
Christos em grego é “ungido”, de epichriô, “ungir, “untar”. A ilustração utilizada pelo Educador em Teologia Expedito Nogueira Marinho bem se adeqúa a essa etimologia: quando cai sobre uma folha de papel uma gota de azeite, esse papel ou qualquer outra substância porosa fica ungida ou permeada pelo óleo ao ponto de parecer ambos a mesma coisa, porque tanto o azeite está no papel como o papel está no azeite, de forma que ambos não podem serem vistos separadamente.
Por “cristificação”, entende-se o ato ou efeito de o homem Jesus de Nazaré (de fato, pessoa humana) ser permeado pelo “Cristo”. Para isso ocorrer Jesus teve que ser efetivamente homem. Entretanto, é preciso ponderar que apesar de Jesus ter nascido, crescido, trabalhado, sofrido como ser humano, não viveu como todo indivíduo. O nosso Senhor não era o tipo de homem como os outros homens. Essa análise deve ser feita para não se cair nos extremismos: uns elevam Jesus, a tal ponto de perder a sua humanidade como faziam os docéticos do passado; outros diminuem Jesus a tal ponto de confundi-lo com um mero ser humano qualquer.
2. SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA SER CRISTIFICADO
O primeiro requisito para Jesus de Nazaré ser cristificado foi o fato de ele não ser um homem do tipo que toda a raça humana é. Ele foi o único homem 100% humano, enquanto o restante dos seres humanos são apenas semi-humanos. Por isso mesmo, enquanto Se manifestou em carne aos homens, Ele preferia Se auto-entitular “O Filho do Homem”. Nosso Senhor não se denominou como filho ¬de homem, mas sim Filho ¬do homem, o que significa ser ele filho de uma geração 100% hominal. Ele foi gerado de modo diferente do restante da humanidade.
O título Filho do Homem freqüentemente é aplicado à pessoa de Cristo, lembra sua humanidade (Jo 1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre somente no NT e com exclusividade, nos Evangelhos, e vinte e duas vezes no livro do Apocalipse. Em Ezequiel (por toda a extensão do livro), a frase é empregada por Deus 91 vezes. Segundo o Dr. Allmen, em seu Vocabulário Bíblico citado por Tasker a expressão “Filho do Homem” (Jo 3.13) havia se tornado uma figura messiânica mais corrente. Esse é o motivo porque um exame dos textos evangélicos permitem, quase sem possibilidade de erro, preferir que ao designar-se “Filho do homem” o Senhor Jesus escolheu esse título, evidentemente, menos comprometido pelo nacionalismo judaico e pelas esperanças bélicas. Havia também uma esperança judaica do “Homem dos últimos tempos”, conforme lemos em Rm 5.12-21; 1 Co 15.22, 45, 47; e 2. 5-11). R.V.G. Tasker Professor Emérito de Exegese do Novo Testamento na Universidade de Londres em sua obra Mateus - Introdução e Comentário defende a idéia de que Cristo apartou para si o título em foco porque o termo expressava melhor do que qualquer outro vocábulo os dois lados da sua natureza. Por um lado, chamava a atenção para as limitações e sofrimentos a que ele estava por necessidade sujeito durante a sua existência terrena; como homem real (sendo que o hebraico, “filho do homem: , equivale a “homem”) esteve abaixo dos anjos, conforme Hb 2.6,7. Por outro lado. Também sugeria a sua transcendência, que se veria em toda a sua glória quando os homens vissem o Filho do homem vindo para juízo nas nuvens do céu e reivindicando os seus direitos de propriedade sobre todos os reinos de acordo com o vaticínio do profeta Daniel (Dn 7.13,14).
3. JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO DE DEUS
Para os teólogos católicos Juan Mateos e Juan Barreto, na obra Vocabulário Teológico do Evangelho de São João, a terminologia “Filho do homem” indica a condição humana realizada nele com excelência, plenitude e unicidade que o constitui em modelo de homem, o vértice da humanidade. Em outro momento da obra, apesar de os autores recomendarem cautela ao interpretar essa expressão. Admitem que “Homem” acompanhado do artigo definido “o” no Evangelho segundo escreveu João, ou seja, “O homem” (o Filho do homem) aparece no texto joanino doze vezes: 1.51; 3.13,14; 6.27,53,62; 8.28; 9.35; 12.12,34; 13.31. A passagem mais destacável é Jo 6.27: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo” (grifo nosso). Aqui o Filho do homem, distingui-se dos outros homens por estar marcado com o selo de Deus. Este selo é O Espírito, que recebeu em plenitude, conforme Jo 1.32,33.
Ora, a visão de João Batista que descreve a descida do Espírito Santo é a explicação em forma de narrativa da afirmação teológica de Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”. A glória identifica-se com o Espírito e sua comunicação se realiza e caracteriza o projeto de Deus feito homem (vemos que em Jo 1.1c “um” Deus era o projeto. O filho do Homem significa pois nos lábios de Jesus, sua própria humanidade que possui a plenitude do espírito, o projeto divino sobre o homem realizado nele, o modelo de homem, o ‘vértice humano. É a realidade de Jesus vista desde baixo, desde sua raiz humanam, que se ergue até à absoluta realização pela comunicação do Espírito. O seu correlativo é o título “o Filho de Deus”, que significa a mesma realidade vista de cima, desde de Deus, designado o que é totalmente semelhante a ele e possui a condição divina.
Nessa linha de análise, a expressão “o Filho de Deus” designa Jesus como o que possui a plenitude do Espírito de Deus, denotando a relação particular e exclusiva que Jesus tem com o Pai. a expressão encontra-se pela primeira vez nos lábios de João Batista, expressando o efeito da descida do Espírito sobre Jesus, conforme Jo 1.32-34. A esta consagração com o Espírito o próprio Jesus associa a sua qualidade de Filho de Deus, consoante Jo 10.36. A condição de Filho de Deus, unidade à de Messias, constitui a profissão de fé da comunidade cristã. Logo, Jesus de Nazaré pôde ser cristificado porque também é o Filho de Deus.
O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO
Como já discorri anteriormente Jesus de Nazaré não se auto-entitulou como filho ¬de homem, mas sim Filho ¬do homem, o que denota ser ele filho de uma geração 100% hominal. Para se entender isso é preciso distinguir a forma comum com que a espécie humana é gerada e o modo sobrenatural pelo qual “o Verbo se fez carne”.
1. GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA
Fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - a penetração de um espermatozóide em um óvulo. Nesse sentido, fecundar é comunicar a (um germe) o princípio, a causa imediata do seu desenvolvimento; é conceber, gerar alguém. Poucas maravilhas da natureza podem ser comparadas ao mágico instante da concepção da vida humana. O encontro entre o óvulo e o espermatozóide e marcado na Trompa de Falópio. Lá o óvulo, em repouso, espera pacientemente a chegada de um espermatozóide para ser fecundado e posteriormente tornar-se um bebê.
O milagre da criação natural deve ocorrer dentro de 24 horas, caso contrário como declara a escritora Déborah Fonseca “tudo se resumirá a um rio de sangue”, com a chegada da menstruação. De outro lado, bem próximo, no momento do orgasmo masculino cerca de 400 milhões de espermatozóides são liberados e partem em ritmo alucinado para fazer cumprir sua missão de criar um novo ser humano,. Alguns podem levar horas até percorrerem os 18 centímetros entre a vagina e as trompas. Os mais afoitos, porém, conseguem chegar em questão de segundos. Há ainda outros, sem a mesma sorte, que acabam ficando pelo caminho presos nas cavidades do útero. Apenas um pequeno grupo vence todos os obstáculos e chega próximo ao óvulo. Sem hesitar um só instante, um dos espermatozóides se adianta aos outros e penetra o óvulo. Imediatamente, a composição química do óvulo se altera e impede a passagem de outros. É o fim desta incrível jornada e o início de uma nova vida. Glória ao Criador!
A forma pela qual a raça humana é fecundada é a hiloplasmática. O prefixo “hilo” vem do vocábulo “hily” que significa matéria; e “plasmática” origina-se de “plasmar” que quer dizer “formar”. Essa análise etimológica nos leva a concluir que um corpo “hilo-gerado” é um corpo gerado pela matéria. Entende-se por matéria nesse contexto substância física, ou com mais aprofundamento, pelo ponto de vista filosófico da expressão, o que dá realidade concreta a uma coisa individual, que é o objeto de intuição no espaço e dotado de uma massa mecânica. Como vimos acima a forma com que uma pessoa é gerada é um estupendo milagre. Mas, por mais maravilhoso ( e não deixa de ser um milagre) que seja nosso Senhor Jesus teve uma geração muito mais maravilhosa que essa, como veremos adiante.
2. GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
Se a produção de um ser humano natural já é estupenda e miraculosa, muito mais nos deixa estupefatos a forma com que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. É o chamado milagre da regressão, que o Apóstolo Paulo bem descreveu de um modo até poético aos crentes em Filipos, quando expôs a profunda doutrina da necessidade de o cristão manter-se humildade em seu coração a semelhança de “Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fp 2.5-8).
Como expus anteriormente a fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - no caso natural ocorre com a penetração de um espermatozóide em um óvulo, comunicando-lhe a causa imediata do seu desenvolvimento. Mas o nosso Senhor Jesus não foi fecundado pelo modo hiloplasmático como comentei anteriormente. Sua geração foi bioplasmática. Analisemos a etimologia do termo “bioplasmática”. A palavra “bios” em grego é “vida” e relembrando o sufixo “plasmática” vem de “plasmar” que quer dizer “formar”. Significa dizer que um corpo “bioplasmático” é um corpo formado pela vida. Logo, Jesus foi gerado pela vida.
A geração bioplasmática por certo fora a maneira com qual Deus planejara a procriação da espécie humana a partir de Adão, entretanto, tal plano foi frustrado pelo fato de o primeiro homem não ser aprovado no teste de fidelidade aplicado pelo Senhor. O pecado interrompeu o projeto de procriação pela vida planejado pelo Criador. Em contra partida, Jeová pôde executar o seu plano de geração do ser através da encarnação do Verbo divino. O Filho de Deus não foi gerado pela matéria, por isso, pôde se auto-entitular de Filho do Homem. Jesus de Nazaré foi o maior homem que já pisou a face da Terra.
Talvez a idéia acima fique estranha ao leitor apressado da Bíblia que lendo o Santo Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu São Lucas vê a própria declaração de Jesus acerca de um profeta “... entre os nascidos de mulher, não há maior profeta do que João Batista” (Lc 7.28). Jesus sabia que Ele próprio era o maior ser humano da face da terra (o único 100% homem), mas também tinha consciência que não tinha provindo a carne de Maria e muito menos de José. Conforme vemos em Lucas 1.35: “Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”. Falando de modo reverente, Gabriel diz que o Espírito Santo descerá sobre Maria e que o poder do Altíssimo a envolvera.
Alguns exegetas esclarecem essa passagem bíblica de modo peculiar. Leon Morris ensina que esta expressão delicada exclui idéias grosseiras de uma “união” entre o Espírito Santo com Maria. Gabriel deixa claro que a concepção de Maria será o resultado de uma atividade divina. Por causa disso, o filho a ser nascido seria “santo... o Filho de Deus”. A nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém esclarece que a expressão “o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” evoca, seja nuvem luminosa de Jeová, conforme Ex 13.22, 19.16, 24.16), seja as asas do pássaro que simbolizam o poder protetor (Sl 17.8; 57.2; 140.8) e criador (Gn 1.2) de Deus. Merril Tenney assevera que em contraste com as lendas pagãs da antigüidade relacionadas com reputada descendência de deuses homens, não houve nenhuma intervenção física. O Espírito Santo, por meio de uma ato criador no corpo de Maria, providenciou os meios físicos para a encarnação. O teólogo E. F. Kevan ensina que o Espírito Santo desceu sobre a virgem Maria em Sua capacidade como poder criativo de Deus, conforme Gn 1.2, a encarnação foi o começo de uma nova criação. O “poder do Altíssimo” cobriu-a livre de toda a mancha do pecado. Ainda que verdadeiramente da raça de Adão, Jesus no entanto nasceu como Cabeça, sem pecado, de uma nova raça. As palavras de Gabriel: “Será chamado Filho de Deus”, dão base à filiação divina do filho de Maria quando de Sua concepção pelo Espírito divino. Isso não implica, nem tão pouco exclui a sua preexistência. Seu resultado é visto na consciência da paternidade de Deus que Jesus possuía desde Seus anos primordiais. Portanto, o homem Jesus não fora gerado pela matéria, mas sim, pela vida. Não foi contaminado com o elemento pecaminoso que havia em Maria.
Por outro lado, os homens naturais são “gerados pela carne e pelo sangue”, por isso são mortais como todo animal, mas, o Senhor Jesus possuía em si a imortalidade. Prova disso foi o que Ele mesmo revelou acerca dessa verdade: “...dou a minha vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18). Somente tem legitimidade para falar dessa maneira quem possui em si a imortalidade. Isso corrobora a verdade de que Jesus foi gerado de um modo 100% humano e 0% animal, em função disso, ele intitula a si mesmo de “O filho do Homem”.
Lemos em Jo.1:14 que o Verbo se fez carne. Não devemos entender com isso que o Verbo foi transformado em carne ou misturado com carne, e sim que escolheu para Si mesmo um templo formado pelo ventre de uma virgem, no qual habitar; e que Aquele que era o Filho de Deus ficou sendo o Filho do Homem, não pela confusão da substância mas sim pela unidade de pessoa.
1. CONCEITO DE “JESUS HISTÓRICO”
No período compreendido entre 1774 a 1778, foi iniciada a procura do Jesus Histórico. Lessing publicou pós morte as anotações de Hermann Samuel Reimarus. Esse estudioso questionava a tradicional forma de apresentar Jesus na Igreja e no Novo Testamento. Para ele Jesus nunca fizera uma reivindicação messiânica, nunca institui qualquer sacramento, nunca predisse a sua morte e nem ressuscitou dentre os mortos. Dizia que Jesus era um engodo. Essa atitude instigou a busca do Jesus “verdadeiro”. A metodologia racionalista foi a predominante como método de pesquisa dessa busca, peculiar a primeira parte do século XIX. A polêmica desses estudos foi um terreno fértil para nascerem obras pró e contra Jesus.
O interregno entre a Primeira e a Segunda Grande Guerra Mundial foi a ocasião em que a busca do Jesus histórico foi abandonada, em função da falta de interesse pela procura e pelas dúvidas quanto a sua possibilidade. Entretanto, três fatores foram fundamentais para essa desistência: primeiro - a obra de Albert Schweitzer que revelou a idéia de que o Jesus liberal nunca existiu, pois ele foi criado e baseado nos desejos de liberais, não em fatos verídicos; segundo - a partir da obra de William Wrede e dos críticos da forma, houve o reconhecimento de que os evangelhos não eram meramente biografias objetivas que facilmente poderiam ser pesquisadas à procura de informações historicistas; por fim - Martin Kähler influenciou os estudiosos a reconhecerem que o objeto da fé da igreja no decurso de todos os séculos nunca tinha sido o Jesus histórico do liberalismo teológico, mas o cristo da fé, ou seja, o Cristo sobrenatural proclamado nas Sagradas Letras.
Ernst käsemann, em 1953, reacendeu as chamas da busca do Jesus da história, propalando seu receio de que a lacuna entre o Jesus da história e o Cristo da fé era muito semelhante à heresia docética, que negava a humanidade do Filho de Deus. Como era de se esperar Käsemann decepcionou-se em seus intentos.
O avanço da ciência histórica não tem modificado a opinião universal a cerca do Senhor Jesus. Prova disso é que, desde o mundo antigo à contemporaneidade, encontramos mesmo que em forma diversificada a historicidade da pessoa bendita de Jesus de Nazaré.
2. A OBJEÇÃO DA IGREJA CRISTÃ AO CHAMADO “JESUS HISTÓRICO”
A igreja cristã ri do fascínio dos liberais pela busca do que eles chamam de “Jesus Histórico”. Isso se justifica pelo fato de que o Cristianismo é o que é, através da afirmação de que o homem Jesus de Nazaré, que foi chamado “o Cristo”, é de fato o Cristo, a saber, o Messias, o Ungido. Toda vez que é sustentada a asserção de que Jesus é o Cristo, ali existe a mensagem cristã; onde quer que essa asserção seja negada, é negada igualmente a mensagem cristã.
A religião cristã nasceu não quando nasceu o homem chamado “Jesus”, mas sim, no momento que um de seus seguidores foi levado a dizer-lhe: “Tu é o Cristo”. E o Cristianismo ficará vivo enquanto existirem pessoas que repitam essa afirmação. Isso porque o evento sobre o qual o Cristianismo se baseia apresenta dois lados: o fato que é chamado “Jesus de Nazaré” e a recepção deste fato por aqueles que O receberam como o Cristo. Interessante que no momento que os discípulos O aceitam como o Cristo é também o momento que Ele é rejeitado pelos poderes da história. Então, Aquele que é o Cristo deve morrer por haver aceito o título de “Cristo.
Jesus como o Cristo é tanto um fato histórico quanto um objeto de recepção pela fé. Não se pode afirmar a verdade sobre o evento no qual se baseia o Cristianismo sem afirmar ambos esses lados. Se Jesus não tivesse impactado os seus discípulos com o fato de ser o Cristo, e eles tivessem crido, bem como através deles a todas as gerações posteriores, o homem que é chamado Jesus de Nazaré talvez fosse recordado apenas como uma pessoa histórica e religiosamente importante. Mas se ele foi crido e provou de fato ser o Cristo.
Nesse sentido, quem é o “Jesus Histórico”? Russel Norman Champlin responde tal questionamento em sua obra Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Para ele o Jesus histórico é igualmente o Jesus a quem adoramos e servimos. É o Jesus teológico naturalmente, podemos ter algumas noções falsas a cerca d’Ele, mas há tal identificação de pessoa. Jesus é uma figura cósmica, dotada de importância universal. Não foi meramente um homem bom, um excelente mestre. Ele é também o Senhor da Glória, no sentido mais literal possível.
James Moffatt, em sua obra Jesus Christ The Same assevera:
“Nada é mais provável do que aquele que viveu à face da Terra, por alguns poucos anos, seja o mesmo Cristo, a quem seus seguidores adoram como Senhor; nenhum novo Jesus foi criado por algum movimento sincretista do primeiro século cristão. Há certa unidade no ministério insolúvel de sua pessoa, que é, não apenas real, mas também é, a causa real que subjaz às diversas interpretações de sua vida e de sua obra, e as experiências posteriores Igreja subentendem, repetida e continuadamente, que deve haver comunhão com ele, como algo mais profundo que qualquer modificação interna ou externa da fé”.
3. A PESQUISA EM BUSCA DO JESUS HISTÓRICO E O FRACASSO DE TAL INVESTIGAÇÃO
Paul Tilllych, em sua obra Teologia Sistemática expõe o insucesso da capturação do chamado “Jesus Histórico”. Pude dividir a opinião de Tillych em cinco pontos, a saber: foi falsa a idéia de a crítica histórica ter destruído a própria fé; esse fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa; o Cristianismo se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus e não em uma novela histórica; os ensinos e as mensagens de Jesus não têm relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Vejamos esses cinco aspectos do pensamento Tillychano.
3.1 A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.
Desde o momento em que foi aplicado o método científico de pesquisa histórica à literatura bíblica, problemas teológicos que nunca estiveram completamente ausentes ficaram de tal forma aumentados, como nunca o estiveram em períodos anteriores da história da igreja. O método histórico une elementos analítico-críticos e construtivo-conjeturais . Para a consciência cristã normal, moldada pela doutrina ortodoxa da inspiração verbal, o primeiro elemento impressionou muito mais do que o segundo. Só foi sentido o elemento negativo no termo “crítica”, e esse empreendimento todo foi chamado de “crítica histórica” ou “alta crítica”` ou, com referência a um método recente, “critica da forma”. Em si mesmo, o termo “crítica histórica” significa nada mais do que pesquisa histórica. Toda pesquisa histórica crítica suas fontes, separando aquilo que apresenta mais probabilidade daquilo que apresenta menos ou é totalmente improvável. Ninguém duvida da validez desse método, já que ele é confirmado continuamente por seu sucesso; e ninguém protesta com seriedade se ele destrói belas lendas e preconceitos profundamente enraizados. Mas a pesquisa bíblica se tornou suspeita desde seu próprio começo. Ela parecia criticar não só as fontes históricas, mas também a revelação contida nessas fontes. Pesquisa histórica e rejeição da autoridade bíblica foram consideradas idênticas. Revelação, supunha-se, abarcava não só o conteúdo revelatório, mas também a forma histórica na qual apareceu. Isso parecia ser verdade especialmente com relação aos fatos referentes ao “Jesus histórico”. Já que a revelação bíblica é essencialmente histórica, parecia impossível separar o conteúdo revelatório dos relatos históricos tais quais apresentados nos registros bíblicos. A crítica histórica parecia haver destruído a própria fé.
Mas a parte crítica da pesquisa histórica na literatura bíblica é a parte menos importante. Mais importante é a parte construtivo-conjetural, que foi a força motora em todo esse empreendimento. Os fatos que estão por três dos registros, foram buscados; especialmente se buscaram os fatos sobre Jesus. Havia um desejo urgente de descobrir a realidade desse homem, Jesus de Nazaré, por trás das tradições coloridas e ao mesmo tempo, camufladoras dessa realidade, que são tão antigas quanto ela própria. Desse modo, a pesquisa pelo assim chamado “Jesus histórico” teve início. Seus motivos eram ao mesmo tempo religiosos e científicos. Essa tentativa era corajosa, nobre e extremamente significativa em muitos aspectos. Suas conseqüências teológicas são inúmeras e bastante importantes. Mas, vista à luz de sua intenção básica, a tentativa da crítica histórica de encontrar a verdade empírica sobre Jesus de Nazaré foi um fracasso. O Jesus histórico, a saber, o Jesus que está por trás dos símbolos de sua recepção como o Cristo, não só não apareceram, quanto se distanciavam cada vez mais g medida que se dava um novo passo. A história das tentativas de se escrever uma “vida de Jesus”, elaborada por Albert Schweitzer em sua primeira obra, “A busca do Jesus Histórico” ainda é válida. Sua própria tentativa construtiva foi corrigida. Eruditos, tanto conservadores quanto radicais, se tornaram mais cautelosos, mas a situação metodológica não mudou. Isso se tornou manifesto quando o programa ousado de “desmitologização do Novo Testamento”, feito por Bultmann, levantou uma tempestade em todos os campos teológicos, e a lentidão com que a escola de Barth considerava o problema histórico foi seguida por um impressionante despertamento. Mas o resultado do questionamento novo (e muito antigo) não é uma imagem do assim chamado Jesus histórico, mas o “insight” de que não existe uma imagem por trás da imagem bíblica que pudesse se tornar cientificamente provável.
3.2 O fracasso foi motivado pela natureza das fontes de pesquisa
A situação exposta acima não é questão de um defeito passageiro da pesquisa histórica que um dia seja superado. Ela é causada pela própria natureza das fontes. Os registros sobre Jesus de Nazaré são os de Jesus como o Cristo, dados por pessoas que o receberam como o Cristo. Portanto, se tentamos encontrar o Jesus real que está por trás da imagem de Jesus como o Cristo, é necessário separar criticamente os elementos que pertencem ao lado factual do evento, daqueles elementos que pertencem ao lado receptivo. Ao fazer isso, esboça-se uma “Vida de Jesus”; muitos desses esboços foram elaborados. Em muitos deles atuaram juntos: honestidade científica, devoção amorosa e interesse teológico. Em outros são visíveis o distanciamento crítico e até mesmo a rejeição malévola. Mas nenhum pode reivindicar ser uma imagem provável, que seja o resultado de um labor científico tremendo dedicado à essa tarefa durante duzentos anos. No máximo, eles são resultados mais ou menos prováveis, incapazes seja de fornecer uma base para a aceitação da fé cristã, seja para rejeitá-la.
Tendo em vista essa situação, houve tentativas de reduzir a imagem do Jesus histórico aos seus traços “essenciais”; a elaborar uma Gestalt, ao mesmo tempo em que deixando abertos g dúvida seus traços particulares. Mas esse não é o processo correto. A pesquisa histórica não pode pintar uma imagem essencial depois de eliminar todos os traços particulares porque eles são questionáveis. Ela permanece dependente dos traços particulares.
Conseqüentemente, as imagens do Jesus histórico nas quais é amplamente evitada uma “Vida de Jesus” diferem tanto umas das outras, quanto aquelas nas quais não é aplicada tal auto-restrição.
A dependência da Gestalt na valoração dos traços particulares é evidente num exemplo tomado do complexo daquilo que Jesus ensinou sobre si mesmo. Para elaborar esse ponto, deve-se saber, além de muitas outras coisas, se ele aplicou o título “Filho do Homem” a si mesmo, e caso sim, em que sentido. Toda resposta dada a essa questão é uma hipótese mais ou menos provável, mas o caráter do quadro “essencial” do Jesus histórico depende decisivamente dessa hipótese. Esse exemplo mostra claramente a impossibilidade de substituir a tentativa de esboçar uma “Vida de Jesus” tentando pintar a “Gestalt de Jesus”
Esse exemplo mostra ao mesmo tempo outro ponto importante. Pessoas que não estão familiarizadas com o aspecto metodológico da pesquisa histórica temem suas conseqüências para a doutrina cristã e por isso gostam de atacar a pesquisa histórica em geral e a pesquisa na literatura bíblica em especial, acusando-as de preconceitos teológicos. Se elas forem consistentes, negarão que sua própria interpretação também é preconcebida ou, como elas diriam, dependente da verdade de sua fé. Mas elas negam que o método histórico tenha critérios científicos objetivos. Contudo, essa afirmação não pode ser sustentada em vista do imenso material histórico que foi descoberto e freqüentemente verificado de forma empírica por um método de pesquisa usado universalmente. E característico desse método que ele tenta manter uma auto-crítica permanente para libertar-se de preconceitos conscientes ou inconscientes. Isso nunca é plenamente bem sucedido, mas é uma arma poderosa e necessária para se obter conhecimento histórico.
Um dos exemplos aludidos freqüentemente neste contexto é o tratamento dos milagres do Novo Testamento. O método histórico não aborda as histórias de milagres nem com o pressuposto de que aconteceram porque foram atribuídos aquele que é chamado o Cristo, nem com o pressuposto de que eles não aconteceram porque esses eventos contradiriam as leis da natureza. O método histórico pergunta, quão fidedignos são os relatos em cada caso particular, quão dependentes são eles de fontes mais antigas, como poderiam ter sido influenciados pela credulidade de um período, como são bem confirmados por outras fontes independentes, em que estilo são escritos, e para que finalmente são usados no contexto todo. Todas essas questões podem ser respondidas de forma “objetiva” sem a interferência desnecessária de preconceitos positivos ou negativos. O historiador nunca pode conseguir uma certeza dessa forma, mas pode chegar a um alto grau de probabilidade. Contudo, seria um salto a outro nível se ele transformasse a probabilidade histórica em uma certeza histórica positiva ou negativa mediante um juízo de fé (como será mostrado mais adiante). Essa distinção clara freqüentemente é confundida pelo fato óbvio de que a compreensão do sentido de um texto é parcialmente dependente das categorias de compreensão usadas no encontro com textos e registros. Mas não é totalmente dependente delas, já que existem aspectos filológicos e outros que estão abertos à uma abordagem objetiva. Compreensão exige participação do sujeito naquilo que compreende, e só podemos participar em termos daquilo que somos, incluindo nossas próprias categorias de compreensão. Mas essa compreensão “existencial” nunca deveria perverter o juízo do historiador com respeito aos fatos e relações. A pessoa cuja preocupação última é o conteúdo da mensagem bíblica está na mesma posição que aquela cujo conteúdo t indiferente, se discutem questões como as do desenvolvimento da tradição sinótica, ou os elementos mitológicos e lendários do Novo Testamento. Ambas têm os mesmos critérios de probabilidade histórica e devem usá-los com o mesmo rigor, embora ao fazer isso possam afetar suas próprias convicções religiosas ou filosóficas. Nesse processo pode acontecer que preconceitos que fecham os olhos para fatos particulares abrem-nos para outros. Mas esse “abrir os olhos” é uma experiência pessoal que não pode ser convertida num princípio metodológico. Só existe um procedimento metodológico, e esse consiste em olhar o objeto a ser investigado e não nossa maneira de olhar o objeto, já que nossa atitude se acha realmente determinada por muitos fatores psicológicos, sociológicos e históricos. Esses aspectos devem ser desconsiderados intencionalmente por quem quer que aborde um fato objetivamente. Não se deve formular um juízo sobre a auto-consciência de Jesus a partir do fato de que se é um cristão - ou anti-cristão. O juízo deve ser inferido de um certo grau de plausibilidade, baseado em registros e em sua provável validez histórica. Isso, sem dúvida, pressupõe que o conteúdo da fé cristã seja dependente desse juízo.
3.3 O Cristianismo se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus
A religião cristã se alicerça no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus de Nazaré e não em uma novela histórica, eis aí o fracasso da caça pelo Jesus Histórico. A busca do Jesus histórico foi uma tentativa de descobrir um mínimo de fatos confiáveis sobre o homem Jesus de Nazaré, para se obter um fundamento seguro à fé cristã. Essa tentativa foi um fracasso. A pesquisa histórica forneceu probabilidades sobre Jesus, em grau maior ou menor. A base dessas probabilidades, ela esboçou “Vidas de Jesus”. Mas essas se pareciam mais a novelas do que a biografias; elas com certeza não poderiam fornecer uma base segura para a fé cristã. O cristianismo não se baseia na aceitação de uma novela histórica; ele se baseia no testemunho a respeito do caráter messiânico de Jesus por pessoas que não estavam absolutamente interessadas numa biografia do Messias.
A intuição dessa situação induziu alguns teólogos a desistirem de qualquer tentativa de construir uma “vida” ou uma Gestalt do Jesus histórico e restringir-se a uma interpretação das “palavras” de Jesus. A maior parte dessas palavras (embora não todas) não se referem a ele mesmo e podem ser separadas de qualquer contexto biográfico. Portanto, seu sentido é independente do fato de que possam ou não ter sido ditas por ele. Nessa base o problema biográfico insolúvel não guarda a menor relação com a verdade das palavras correta ou erradamente registradas como palavras de Jesus. O fato de que a maioria das palavras de Jesus tem um paralelo na literatura judaica contemporânea não é um argumento contra sua validez. Esse também não é um argumento contra sua unicidade e poder, tais como aparecem em coleções como o Sermão da Montanha, as parábolas e as discussões com inimigos, bem como com seus seguidores.
3.4 Os ensinos e as mensagens de Jesus Cristo
Uma teologia que tenta fazer das palavras de Jesus um fundamento histórico da fé cristã pode fazê-lo de duas maneiras. Pode tratar as palavras de Jesus como “ensinos de Jesus” ou como “mensagem de Jesus”. Como ensinos de Jesus, elas são entendidas como interpretações refinadas da lei natural ou como intuições originais da natureza do homem. Elas não tem relação com a situação concreta na qual foram pronunciadas. Como tal, pertencem à lei, profecia ou literatura sapiencial, da mesma maneira como no Antigo Testamento. Elas podem transcender todas essas três categorias em termos de profundidade e poder; mas não os transcendem em termos de caráter. Contudo, restringir a investigação histórica aos “ensinos de Jesus” é reduzir Jesus ao nível do Antigo Testamento e implicitamente negar sua reivindicação de superar o contexto vétero-testamentário .
A segunda forma pela qual a pesquisa histórica se restringe às palavras de Jesus C mais profunda que a primeira. Ele nega que as palavras de Jesus sejam regras gerais de comportamento humano, que elas sejam regras às quais a gente deva se sujeitar, ou que elas sejam universais e possam portanto ser abstraídas da situação na qual foram ditas. Em vez disso, enfatizam a mensagem de Jesus de que o Reino de Deus está “à mão” e que portanto aqueles que querem entrar nele devem se decidir a favor ou contra o Reino. Essas palavras de Jesus não são regras gerais, mas exigências concretas. Essa interpretação do Jesus histórico, sugerida especialmente por Rudolf Bultmann, identifica o sentido de Jesus com o sentido de sua mensagem. Ele exige uma decisão, a saber, a decisão por Deus. E essa decisão inclui a aceitação da Cruz, porque ele mesmo aceitou a sua. Aquilo que é historicamente impossível, a saber, o esboço de uma “vida” ou uma Gestalt de Jesus, é engenhosamente evitado usando aquilo que está imediatamente dado - a saber, sua mensagem sobre o Reino de Deus e suas condições e apegando-se cada vez mais ao “paradoxo da Cruz de Cristo” Mas até mesmo esse método de juízo histórico restrito não pode oferecer um fundamento à fé cristã. Ele não mostra como pode ser cumprida a exigência de decidir-se pelo Reino de Deus. A situação de ter que se decidir permanece sendo aquela sob a lei. Não transcende a situação do Antigo Testamento, a situação da busca por Cristo. Pode-se chamar a essa teologia de “liberalismo existencialista” em contraste com o “liberalismo legalista” do primeiro. Mas nenhum desses métodos responde à pergunta de onde reside o poder de obedecer aos ensinos de Jesus ou de decidir-se pelo Reino de Deus. Isso esses métodos não podem fazer porque a resposta deve vir de uma nova realidade que, de acordo com a mensagem cristã, é o Novo Ser em Jesus como o Cristo. A Cruz é o símbolo de um dom antes de ser o símbolo de uma exigência. Mas, se isso for aceito, é impossível retirar-se do ser de Cristo para refugiar-se em suas palavras. A via de acesso última da pesquisa e busca do Jesus histórico está barrada, e manifesta o fracasso da tentativa de apresentar um fundamento à fé cristã através da investigação histórica.
3.5 A confusão semântica em torno da expressão “Jesus Histórico”
Esse resultado teria sido reconhecido com mais facilidade se não fosse pela confusão semântica a respeito do sentido do termo “Jesus histórico”. Esse termo foi usado predominantemente para os resultados da pesquisa histórica referente ao caráter e vida da pessoa que está por trás dos registros do Evangelho. Como todo conhecimento histórico, nosso conhecimento dessa pessoa é fragmentário e hipotético. A investigação histórica sujeita esse conhecimento ao ceticismo metodológico e à mudança contínua que ocorre nos traços particulares, bem como nos essenciais. Ela tem como alvo ideal atingir um alto grau de probabilidade, mas em muitos casos isso é impossível.
O termo “Jesus histórico” também é usado para significar o evento “Jesus como Cristo” como um elemento factual. O termo nesse sentido levanta a questão da fé e não a questão da pesquisa histórica. Se o elemento factual no evento cristão fosse negado, seria negado também o fundamento do cristianismo. Ceticismo metodológico sobre o labor da pesquisa histórica não nega esse elemento. A fé não pode nem mesmo garantir o nome “Jesus” com respeito àquele que foi o Cristo. Ela deve deixar isso às incertezas de nosso conhecimento histórico. Mas a fé garante a transformação factual da realidade naquela vida pessoal que o Novo Testamento expressa em sua imagem de Jesus como o Cristo. Se não se distinguirem esses dois sentidos do termo “Jesus histórico”, não é possível haver nenhuma discussão honesta e frutífera.
II. A COMPLETA CRISTIFICAÇÃO DE JESUS
1. CONCEITO DE CRISTIFICAÇÃO
Christos em grego é “ungido”, de epichriô, “ungir, “untar”. A ilustração utilizada pelo Educador em Teologia Expedito Nogueira Marinho bem se adeqúa a essa etimologia: quando cai sobre uma folha de papel uma gota de azeite, esse papel ou qualquer outra substância porosa fica ungida ou permeada pelo óleo ao ponto de parecer ambos a mesma coisa, porque tanto o azeite está no papel como o papel está no azeite, de forma que ambos não podem serem vistos separadamente.
Por “cristificação”, entende-se o ato ou efeito de o homem Jesus de Nazaré (de fato, pessoa humana) ser permeado pelo “Cristo”. Para isso ocorrer Jesus teve que ser efetivamente homem. Entretanto, é preciso ponderar que apesar de Jesus ter nascido, crescido, trabalhado, sofrido como ser humano, não viveu como todo indivíduo. O nosso Senhor não era o tipo de homem como os outros homens. Essa análise deve ser feita para não se cair nos extremismos: uns elevam Jesus, a tal ponto de perder a sua humanidade como faziam os docéticos do passado; outros diminuem Jesus a tal ponto de confundi-lo com um mero ser humano qualquer.
2. SER FILHO DO HOMEM: REQUISITO PARA SER CRISTIFICADO
O primeiro requisito para Jesus de Nazaré ser cristificado foi o fato de ele não ser um homem do tipo que toda a raça humana é. Ele foi o único homem 100% humano, enquanto o restante dos seres humanos são apenas semi-humanos. Por isso mesmo, enquanto Se manifestou em carne aos homens, Ele preferia Se auto-entitular “O Filho do Homem”. Nosso Senhor não se denominou como filho ¬de homem, mas sim Filho ¬do homem, o que significa ser ele filho de uma geração 100% hominal. Ele foi gerado de modo diferente do restante da humanidade.
O título Filho do Homem freqüentemente é aplicado à pessoa de Cristo, lembra sua humanidade (Jo 1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre somente no NT e com exclusividade, nos Evangelhos, e vinte e duas vezes no livro do Apocalipse. Em Ezequiel (por toda a extensão do livro), a frase é empregada por Deus 91 vezes. Segundo o Dr. Allmen, em seu Vocabulário Bíblico citado por Tasker a expressão “Filho do Homem” (Jo 3.13) havia se tornado uma figura messiânica mais corrente. Esse é o motivo porque um exame dos textos evangélicos permitem, quase sem possibilidade de erro, preferir que ao designar-se “Filho do homem” o Senhor Jesus escolheu esse título, evidentemente, menos comprometido pelo nacionalismo judaico e pelas esperanças bélicas. Havia também uma esperança judaica do “Homem dos últimos tempos”, conforme lemos em Rm 5.12-21; 1 Co 15.22, 45, 47; e 2. 5-11). R.V.G. Tasker Professor Emérito de Exegese do Novo Testamento na Universidade de Londres em sua obra Mateus - Introdução e Comentário defende a idéia de que Cristo apartou para si o título em foco porque o termo expressava melhor do que qualquer outro vocábulo os dois lados da sua natureza. Por um lado, chamava a atenção para as limitações e sofrimentos a que ele estava por necessidade sujeito durante a sua existência terrena; como homem real (sendo que o hebraico, “filho do homem: , equivale a “homem”) esteve abaixo dos anjos, conforme Hb 2.6,7. Por outro lado. Também sugeria a sua transcendência, que se veria em toda a sua glória quando os homens vissem o Filho do homem vindo para juízo nas nuvens do céu e reivindicando os seus direitos de propriedade sobre todos os reinos de acordo com o vaticínio do profeta Daniel (Dn 7.13,14).
3. JESUS DE NAZARÉ PÔDE SER CRISTIFICADO PORQUE TAMBÉM É O FILHO DE DEUS
Para os teólogos católicos Juan Mateos e Juan Barreto, na obra Vocabulário Teológico do Evangelho de São João, a terminologia “Filho do homem” indica a condição humana realizada nele com excelência, plenitude e unicidade que o constitui em modelo de homem, o vértice da humanidade. Em outro momento da obra, apesar de os autores recomendarem cautela ao interpretar essa expressão. Admitem que “Homem” acompanhado do artigo definido “o” no Evangelho segundo escreveu João, ou seja, “O homem” (o Filho do homem) aparece no texto joanino doze vezes: 1.51; 3.13,14; 6.27,53,62; 8.28; 9.35; 12.12,34; 13.31. A passagem mais destacável é Jo 6.27: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo” (grifo nosso). Aqui o Filho do homem, distingui-se dos outros homens por estar marcado com o selo de Deus. Este selo é O Espírito, que recebeu em plenitude, conforme Jo 1.32,33.
Ora, a visão de João Batista que descreve a descida do Espírito Santo é a explicação em forma de narrativa da afirmação teológica de Jo 1.14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai”. A glória identifica-se com o Espírito e sua comunicação se realiza e caracteriza o projeto de Deus feito homem (vemos que em Jo 1.1c “um” Deus era o projeto. O filho do Homem significa pois nos lábios de Jesus, sua própria humanidade que possui a plenitude do espírito, o projeto divino sobre o homem realizado nele, o modelo de homem, o ‘vértice humano. É a realidade de Jesus vista desde baixo, desde sua raiz humanam, que se ergue até à absoluta realização pela comunicação do Espírito. O seu correlativo é o título “o Filho de Deus”, que significa a mesma realidade vista de cima, desde de Deus, designado o que é totalmente semelhante a ele e possui a condição divina.
Nessa linha de análise, a expressão “o Filho de Deus” designa Jesus como o que possui a plenitude do Espírito de Deus, denotando a relação particular e exclusiva que Jesus tem com o Pai. a expressão encontra-se pela primeira vez nos lábios de João Batista, expressando o efeito da descida do Espírito sobre Jesus, conforme Jo 1.32-34. A esta consagração com o Espírito o próprio Jesus associa a sua qualidade de Filho de Deus, consoante Jo 10.36. A condição de Filho de Deus, unidade à de Messias, constitui a profissão de fé da comunidade cristã. Logo, Jesus de Nazaré pôde ser cristificado porque também é o Filho de Deus.
O TIPO DE FECUNDAÇÃO QUE FORMOU O CORPO DO SENHOR JESUS CRISTO
Como já discorri anteriormente Jesus de Nazaré não se auto-entitulou como filho ¬de homem, mas sim Filho ¬do homem, o que denota ser ele filho de uma geração 100% hominal. Para se entender isso é preciso distinguir a forma comum com que a espécie humana é gerada e o modo sobrenatural pelo qual “o Verbo se fez carne”.
1. GERAÇÃO NATURAL - HUMANA, A NOSSA
Fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - a penetração de um espermatozóide em um óvulo. Nesse sentido, fecundar é comunicar a (um germe) o princípio, a causa imediata do seu desenvolvimento; é conceber, gerar alguém. Poucas maravilhas da natureza podem ser comparadas ao mágico instante da concepção da vida humana. O encontro entre o óvulo e o espermatozóide e marcado na Trompa de Falópio. Lá o óvulo, em repouso, espera pacientemente a chegada de um espermatozóide para ser fecundado e posteriormente tornar-se um bebê.
O milagre da criação natural deve ocorrer dentro de 24 horas, caso contrário como declara a escritora Déborah Fonseca “tudo se resumirá a um rio de sangue”, com a chegada da menstruação. De outro lado, bem próximo, no momento do orgasmo masculino cerca de 400 milhões de espermatozóides são liberados e partem em ritmo alucinado para fazer cumprir sua missão de criar um novo ser humano,. Alguns podem levar horas até percorrerem os 18 centímetros entre a vagina e as trompas. Os mais afoitos, porém, conseguem chegar em questão de segundos. Há ainda outros, sem a mesma sorte, que acabam ficando pelo caminho presos nas cavidades do útero. Apenas um pequeno grupo vence todos os obstáculos e chega próximo ao óvulo. Sem hesitar um só instante, um dos espermatozóides se adianta aos outros e penetra o óvulo. Imediatamente, a composição química do óvulo se altera e impede a passagem de outros. É o fim desta incrível jornada e o início de uma nova vida. Glória ao Criador!
A forma pela qual a raça humana é fecundada é a hiloplasmática. O prefixo “hilo” vem do vocábulo “hily” que significa matéria; e “plasmática” origina-se de “plasmar” que quer dizer “formar”. Essa análise etimológica nos leva a concluir que um corpo “hilo-gerado” é um corpo gerado pela matéria. Entende-se por matéria nesse contexto substância física, ou com mais aprofundamento, pelo ponto de vista filosófico da expressão, o que dá realidade concreta a uma coisa individual, que é o objeto de intuição no espaço e dotado de uma massa mecânica. Como vimos acima a forma com que uma pessoa é gerada é um estupendo milagre. Mas, por mais maravilhoso ( e não deixa de ser um milagre) que seja nosso Senhor Jesus teve uma geração muito mais maravilhosa que essa, como veremos adiante.
2. GERAÇÃO SOBRENATURAL - DIVINA, A DO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
Se a produção de um ser humano natural já é estupenda e miraculosa, muito mais nos deixa estupefatos a forma com que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. É o chamado milagre da regressão, que o Apóstolo Paulo bem descreveu de um modo até poético aos crentes em Filipos, quando expôs a profunda doutrina da necessidade de o cristão manter-se humildade em seu coração a semelhança de “Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fp 2.5-8).
Como expus anteriormente a fecundação é o ato e o efeito pelo qual um ser humano é gerado - no caso natural ocorre com a penetração de um espermatozóide em um óvulo, comunicando-lhe a causa imediata do seu desenvolvimento. Mas o nosso Senhor Jesus não foi fecundado pelo modo hiloplasmático como comentei anteriormente. Sua geração foi bioplasmática. Analisemos a etimologia do termo “bioplasmática”. A palavra “bios” em grego é “vida” e relembrando o sufixo “plasmática” vem de “plasmar” que quer dizer “formar”. Significa dizer que um corpo “bioplasmático” é um corpo formado pela vida. Logo, Jesus foi gerado pela vida.
A geração bioplasmática por certo fora a maneira com qual Deus planejara a procriação da espécie humana a partir de Adão, entretanto, tal plano foi frustrado pelo fato de o primeiro homem não ser aprovado no teste de fidelidade aplicado pelo Senhor. O pecado interrompeu o projeto de procriação pela vida planejado pelo Criador. Em contra partida, Jeová pôde executar o seu plano de geração do ser através da encarnação do Verbo divino. O Filho de Deus não foi gerado pela matéria, por isso, pôde se auto-entitular de Filho do Homem. Jesus de Nazaré foi o maior homem que já pisou a face da Terra.
Talvez a idéia acima fique estranha ao leitor apressado da Bíblia que lendo o Santo Evangelho de Jesus Cristo segundo escreveu São Lucas vê a própria declaração de Jesus acerca de um profeta “... entre os nascidos de mulher, não há maior profeta do que João Batista” (Lc 7.28). Jesus sabia que Ele próprio era o maior ser humano da face da terra (o único 100% homem), mas também tinha consciência que não tinha provindo a carne de Maria e muito menos de José. Conforme vemos em Lucas 1.35: “Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus”. Falando de modo reverente, Gabriel diz que o Espírito Santo descerá sobre Maria e que o poder do Altíssimo a envolvera.
Alguns exegetas esclarecem essa passagem bíblica de modo peculiar. Leon Morris ensina que esta expressão delicada exclui idéias grosseiras de uma “união” entre o Espírito Santo com Maria. Gabriel deixa claro que a concepção de Maria será o resultado de uma atividade divina. Por causa disso, o filho a ser nascido seria “santo... o Filho de Deus”. A nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém esclarece que a expressão “o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” evoca, seja nuvem luminosa de Jeová, conforme Ex 13.22, 19.16, 24.16), seja as asas do pássaro que simbolizam o poder protetor (Sl 17.8; 57.2; 140.8) e criador (Gn 1.2) de Deus. Merril Tenney assevera que em contraste com as lendas pagãs da antigüidade relacionadas com reputada descendência de deuses homens, não houve nenhuma intervenção física. O Espírito Santo, por meio de uma ato criador no corpo de Maria, providenciou os meios físicos para a encarnação. O teólogo E. F. Kevan ensina que o Espírito Santo desceu sobre a virgem Maria em Sua capacidade como poder criativo de Deus, conforme Gn 1.2, a encarnação foi o começo de uma nova criação. O “poder do Altíssimo” cobriu-a livre de toda a mancha do pecado. Ainda que verdadeiramente da raça de Adão, Jesus no entanto nasceu como Cabeça, sem pecado, de uma nova raça. As palavras de Gabriel: “Será chamado Filho de Deus”, dão base à filiação divina do filho de Maria quando de Sua concepção pelo Espírito divino. Isso não implica, nem tão pouco exclui a sua preexistência. Seu resultado é visto na consciência da paternidade de Deus que Jesus possuía desde Seus anos primordiais. Portanto, o homem Jesus não fora gerado pela matéria, mas sim, pela vida. Não foi contaminado com o elemento pecaminoso que havia em Maria.
Por outro lado, os homens naturais são “gerados pela carne e pelo sangue”, por isso são mortais como todo animal, mas, o Senhor Jesus possuía em si a imortalidade. Prova disso foi o que Ele mesmo revelou acerca dessa verdade: “...dou a minha vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18). Somente tem legitimidade para falar dessa maneira quem possui em si a imortalidade. Isso corrobora a verdade de que Jesus foi gerado de um modo 100% humano e 0% animal, em função disso, ele intitula a si mesmo de “O filho do Homem”.
PRESERVAÇÃO DA BÍBLIA
É a operação divina que garante a permanência da Palavra Escrita, com base na aliança que Deus fez acerca de Sua Palavra Eterna (Sl.119:89,152; Mt.24:35; IPe.1:23; Jo.10:35).
Os céus e a terra passarão (Hb.12:26,27; IIPe.3:10) mas a Palavra de Deus permanecerá (Mt.24:35; Hb.12:28; Is.40:8; IIPe.1:19).
A preservação das Escrituras, como o cuidado divino para a sua criação e formação do cânon, não foi acidental, nem incidental, mas sim o cumprimento de uma promessa divina. A Bíblia é eterna, ela permanece porque nenhuma Palavra que Jeová tenha dito pode ser removida ou abalada; nem uma vírgula ou um ponto do testemunho divino pode passar até que seja cumprido.
"Quando pensamos no fato da Bíblia ter sido objeto especial de infindável perseguição, a maravilha da sua sobrevivência se transforma em milagre... Por dois mil anos, o ódio do homem pela Bíblia tem sido persistente, determinado, incansável e assassino. Todo esforço possível tem sido feito para corroer a fé na inspiração e autoridade da Bíblia, e inúmeras operações têm sido levadas a efeito para fazê-la desaparecer. Decretos imperiais têm sido passados ordenando que todas as cópias existentes da Bíblia fossem destruídas, e quando essa medida não conseguiu exterminar e aniquilar a Palavra de Deus, ordens foram dadas para que qualquer pessoa que fosse encontrada com uma cópia das Escrituras fosse morta." (Arthur W. Pink. The Divine Inspiration of the Bible = A Inspiração Divina da Bíblia).
A Bíblia permanece até hoje porque o próprio Deus tem se empenhado em preservá-la. Quando o rei Jeoiaquim queimou um rolo das Escrituras, Deus mesmo determinou a Jeremias que rescrevesse as palavras que haviam sido queimadas (Jr.36:27,28), e ainda determinou maldições sobre o rei, por haver tentado destruir a Palavra de Deus (Jr.36:29,31). Ademais Deus acrescentou ao segundo rolo outras palavras que não se encontravam no primeiro (Jr.36:32), pois a Palavra de Deus sempre há de prevalecer sobre a palavra do homem (Jr.44:17,28; At.19:19,20).
Deve ficar esclarecido que Deus tem preservado apenas a Sua Palavra inspirada, aquilo que deve ser considerado como revelação de Deus, e por isso mesmo não foi preservado e não faz parte do Cânon Sagrado (ICr.29:29;
IICr.9:29;12:15;13:22;20:34; IICr.24:27;26:22;33:19). Em IICo.7:8 Paulo faz menção a uma segunda carta que não consta do Novo Testamento, sendo que a segunda carta de Coríntios que temos na nossa Bíblia, provavelmente deveria ser a terceira.
Hoje a estratégia de Satanás sobre a Palavra de Deus é diferente, pois já que ele não consegue destruí-la, procura desacreditá-la (negando sua inspiração) e corrompê-la com interpretações pervertidas da verdade (ITm.4:1,2; IITs.2:9-12). A nós pois, como igreja, cabe a responsabilidade de defender e preservar a verdade (ITm.3:15) com o mesmo anseio que caracterizava a vida de Paulo (Fp.1:7,16).
Os céus e a terra passarão (Hb.12:26,27; IIPe.3:10) mas a Palavra de Deus permanecerá (Mt.24:35; Hb.12:28; Is.40:8; IIPe.1:19).
A preservação das Escrituras, como o cuidado divino para a sua criação e formação do cânon, não foi acidental, nem incidental, mas sim o cumprimento de uma promessa divina. A Bíblia é eterna, ela permanece porque nenhuma Palavra que Jeová tenha dito pode ser removida ou abalada; nem uma vírgula ou um ponto do testemunho divino pode passar até que seja cumprido.
"Quando pensamos no fato da Bíblia ter sido objeto especial de infindável perseguição, a maravilha da sua sobrevivência se transforma em milagre... Por dois mil anos, o ódio do homem pela Bíblia tem sido persistente, determinado, incansável e assassino. Todo esforço possível tem sido feito para corroer a fé na inspiração e autoridade da Bíblia, e inúmeras operações têm sido levadas a efeito para fazê-la desaparecer. Decretos imperiais têm sido passados ordenando que todas as cópias existentes da Bíblia fossem destruídas, e quando essa medida não conseguiu exterminar e aniquilar a Palavra de Deus, ordens foram dadas para que qualquer pessoa que fosse encontrada com uma cópia das Escrituras fosse morta." (Arthur W. Pink. The Divine Inspiration of the Bible = A Inspiração Divina da Bíblia).
A Bíblia permanece até hoje porque o próprio Deus tem se empenhado em preservá-la. Quando o rei Jeoiaquim queimou um rolo das Escrituras, Deus mesmo determinou a Jeremias que rescrevesse as palavras que haviam sido queimadas (Jr.36:27,28), e ainda determinou maldições sobre o rei, por haver tentado destruir a Palavra de Deus (Jr.36:29,31). Ademais Deus acrescentou ao segundo rolo outras palavras que não se encontravam no primeiro (Jr.36:32), pois a Palavra de Deus sempre há de prevalecer sobre a palavra do homem (Jr.44:17,28; At.19:19,20).
Deve ficar esclarecido que Deus tem preservado apenas a Sua Palavra inspirada, aquilo que deve ser considerado como revelação de Deus, e por isso mesmo não foi preservado e não faz parte do Cânon Sagrado (ICr.29:29;
IICr.9:29;12:15;13:22;20:34; IICr.24:27;26:22;33:19). Em IICo.7:8 Paulo faz menção a uma segunda carta que não consta do Novo Testamento, sendo que a segunda carta de Coríntios que temos na nossa Bíblia, provavelmente deveria ser a terceira.
Hoje a estratégia de Satanás sobre a Palavra de Deus é diferente, pois já que ele não consegue destruí-la, procura desacreditá-la (negando sua inspiração) e corrompê-la com interpretações pervertidas da verdade (ITm.4:1,2; IITs.2:9-12). A nós pois, como igreja, cabe a responsabilidade de defender e preservar a verdade (ITm.3:15) com o mesmo anseio que caracterizava a vida de Paulo (Fp.1:7,16).
INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
É a elucidação ou explicação do sentido das palavras ou frases de um texto, para torná-los compreensivos.
A ciência da interpretação é designada hermenêutica, e, em razão de sua abrangência, requer um estudo especial separado da Bibliologia.
A ciência da interpretação é designada hermenêutica, e, em razão de sua abrangência, requer um estudo especial separado da Bibliologia.
CANONICIDADE DA BÍBLIA
Por canonicidade das Escrituras queremos dizer que, de acordo com "padrões" determinados e fixos, os livros incluídos nelas são considerados partes integrantes de uma revelação completa e divina, a qual, portanto, é autorizada e obrigatória em relação à fé e à prática.
A palavra grega kanon derivou do hebraico kaneh que significa junco ou vara de medir (Ap.21:15); daí tomou o sentido de norma, padrão ou regra (Gl.6:16; Fp.3:16).
A) A fonte da Canonização: A Canonização de um livro da Bíblia não significa que a nação judaica ou a igreja tenha dado a esse livro a sua autoridade canônica; antes significa que sua autoridade, já tendo sido estabelecida em outras bases suficientes, foi consequentemente reconhecida como pertencente ao cânon e assim declarado pela nação judaica e pela igreja cristã.
B) O Critério Canônico (do Novo Testamento): Adotam-se 5 critérios canônicos.
1) Apostolicidade: O livro deveria ter sido escrito por um dos apóstolos ou por autor que tivesse relacionamento com um dos apóstolos (imprimatur apostólico).
2) Universalidade: Quando era impossível demonstrar a autenticidade apostólica, o critério de uso e circulação do livro na comunidade cristã universal era considerado para sua aferição canônica. O livro deveria ser aceito universalmente pela igreja para dela receber o seu imprimatur.
3) Conteúdo do Livro: O livro deveria possuir qualidades espirituais, e qualquer ficção que nele fosse encontrada tornava o escrito inaceitável.
4) Inspiração: O livro deveria possuir evidências de inspiração.
5) Leitura em Público: Nenhum livro seria admitido para leitura pública na igreja se não possuísse características próprias. Muitos livros eram bons e agradáveis para leitura particular, mas não podiam ser lidos e comentados publicamente, como se fazia com a lei e os profetas na sinagoga. É a esta leitura que Paulo exorta Timóteo a praticar (ITm.4:13).
C) Conclusão da Canonização (do Novo Testamento)
1) Concílio Damasino de Roma em 382 d.C.
2) Concílio de Cartago em 397 d.C.
A palavra grega kanon derivou do hebraico kaneh que significa junco ou vara de medir (Ap.21:15); daí tomou o sentido de norma, padrão ou regra (Gl.6:16; Fp.3:16).
A) A fonte da Canonização: A Canonização de um livro da Bíblia não significa que a nação judaica ou a igreja tenha dado a esse livro a sua autoridade canônica; antes significa que sua autoridade, já tendo sido estabelecida em outras bases suficientes, foi consequentemente reconhecida como pertencente ao cânon e assim declarado pela nação judaica e pela igreja cristã.
B) O Critério Canônico (do Novo Testamento): Adotam-se 5 critérios canônicos.
1) Apostolicidade: O livro deveria ter sido escrito por um dos apóstolos ou por autor que tivesse relacionamento com um dos apóstolos (imprimatur apostólico).
2) Universalidade: Quando era impossível demonstrar a autenticidade apostólica, o critério de uso e circulação do livro na comunidade cristã universal era considerado para sua aferição canônica. O livro deveria ser aceito universalmente pela igreja para dela receber o seu imprimatur.
3) Conteúdo do Livro: O livro deveria possuir qualidades espirituais, e qualquer ficção que nele fosse encontrada tornava o escrito inaceitável.
4) Inspiração: O livro deveria possuir evidências de inspiração.
5) Leitura em Público: Nenhum livro seria admitido para leitura pública na igreja se não possuísse características próprias. Muitos livros eram bons e agradáveis para leitura particular, mas não podiam ser lidos e comentados publicamente, como se fazia com a lei e os profetas na sinagoga. É a esta leitura que Paulo exorta Timóteo a praticar (ITm.4:13).
C) Conclusão da Canonização (do Novo Testamento)
1) Concílio Damasino de Roma em 382 d.C.
2) Concílio de Cartago em 397 d.C.
ANIMAÇÃO DA BÍBLIA
É o poder inerente à Palavra de Deus para transmitir vitalidade ou vida ao ser humano.
O Sl.19:7 diz que "a lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma..." e no versículo 8 diz que "os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração..."
Somente algo que tem vida pode transmitir vida, e por isso mesmo somente a Bíblia, e nenhum outro livro pode fazê-lo, pois a Bíblia sendo a Palavra de Deus é viva: "A Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração"(Hb.4:12).
A) A Palavra de Deus é Viva: O elemento da vida que aqui se declara é mais do que aquilo que agora tem autoridade em contraste com o que já se tornou letra morta; é mais do que alguma coisa que fornece nutrição. Mas as Escrituras são vivas porque é o hálito (espírito) do Deus Vivo (Jo.6:63; Jó 33:4). Assim tanto a Palavra Escrita (Logos) como a Palavra Falada (rêma) são possuidoras de vida. Não há diferença essencial entre elas, pois são apenas duas formas diferentes dela existir.
O trecho de Hb.4:12 diz que a Palavra de Deus é viva, e eficaz, é cortante, penetra e discerne.
Em IPe.1:23 lemos que a Palavra de Deus vive e permanece para sempre. Assim a Palavra de Deus possui vida eternamente (Sl.19:9;119:160).
B) A Palavra de Deus é Eficaz: A palavra grega usada neste trecho é energês de onde temos a palavra energia. Trata-se da energia que a vida vital fornece. Por isso a Palavra de Deus é comparada a uma poderosa espada de dois gumes com poder para cortar, penetrar e discernir. Quando o Espirito Santo empunha a Sua espada(Ef.6:17) uma energia é liberada dela para animar e realizar o seu propósito (Is.55:10,11). E’ com este poder inerente à Palavra de Deus que o Espirito Santo convence os contradizentes (Jo.16:8; ICo.2:4) porque a Palavra de Deus é como uma dinamite com poder (dinamos, Rm.1:16) para salvar e destruir (IICo.10:4,5;IICo.2:14,17; IJo.2:14; Jr.23:24).
A Palavra de Deus é como um nutriente alimento que fornece forças (IPe.2:2; Mt.4:4). Paulo escrevendo aos tessalonicenses, revela sua gratidão a Deus por haverem eles recebido a Palavra de Deus a qual estava operando (energizando) eficazmente neles (ITs.2:13). Paulo conhecia o poder da Palavra de Deus, por isso recomendou aos anciãos da igreja que a observassem porque ela "tem poder para edificar e dar herança entre todos os que são santificados" (At.20:32; Jo.5:39).
1) É eficaz na regeneração: Comparada com a "água" (Jo.3:5; Ef.5:26), a Palavra de Deus tem poder para regenerar, pois ela coopera com o E.S. na realização do novo nascimento (IPe.1:23; Tt.3:5; Jo.15:3; Ez.36:25-27; Jo.6:63; Tg.1:18,21; ICo.4:15; Rm.1:16).
2) É eficaz na santificação: A Palavra de Deus tem poder para santificar (Jo.17:17; Ef.5:26; Ez.36:25,27; IIPe.1:4; Sl.37:31;119:11). Com efeito, a santificação é pela fé (At.15:9 e 26:18) e a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm.10:17).
3) É eficaz na edificação: A Palavra de Deus tem poder para edificar (IPe.2:2; At.20:32; IIPe.3:18).
O Sl.19:7 diz que "a lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma..." e no versículo 8 diz que "os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração..."
Somente algo que tem vida pode transmitir vida, e por isso mesmo somente a Bíblia, e nenhum outro livro pode fazê-lo, pois a Bíblia sendo a Palavra de Deus é viva: "A Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração"(Hb.4:12).
A) A Palavra de Deus é Viva: O elemento da vida que aqui se declara é mais do que aquilo que agora tem autoridade em contraste com o que já se tornou letra morta; é mais do que alguma coisa que fornece nutrição. Mas as Escrituras são vivas porque é o hálito (espírito) do Deus Vivo (Jo.6:63; Jó 33:4). Assim tanto a Palavra Escrita (Logos) como a Palavra Falada (rêma) são possuidoras de vida. Não há diferença essencial entre elas, pois são apenas duas formas diferentes dela existir.
O trecho de Hb.4:12 diz que a Palavra de Deus é viva, e eficaz, é cortante, penetra e discerne.
Em IPe.1:23 lemos que a Palavra de Deus vive e permanece para sempre. Assim a Palavra de Deus possui vida eternamente (Sl.19:9;119:160).
B) A Palavra de Deus é Eficaz: A palavra grega usada neste trecho é energês de onde temos a palavra energia. Trata-se da energia que a vida vital fornece. Por isso a Palavra de Deus é comparada a uma poderosa espada de dois gumes com poder para cortar, penetrar e discernir. Quando o Espirito Santo empunha a Sua espada(Ef.6:17) uma energia é liberada dela para animar e realizar o seu propósito (Is.55:10,11). E’ com este poder inerente à Palavra de Deus que o Espirito Santo convence os contradizentes (Jo.16:8; ICo.2:4) porque a Palavra de Deus é como uma dinamite com poder (dinamos, Rm.1:16) para salvar e destruir (IICo.10:4,5;IICo.2:14,17; IJo.2:14; Jr.23:24).
A Palavra de Deus é como um nutriente alimento que fornece forças (IPe.2:2; Mt.4:4). Paulo escrevendo aos tessalonicenses, revela sua gratidão a Deus por haverem eles recebido a Palavra de Deus a qual estava operando (energizando) eficazmente neles (ITs.2:13). Paulo conhecia o poder da Palavra de Deus, por isso recomendou aos anciãos da igreja que a observassem porque ela "tem poder para edificar e dar herança entre todos os que são santificados" (At.20:32; Jo.5:39).
1) É eficaz na regeneração: Comparada com a "água" (Jo.3:5; Ef.5:26), a Palavra de Deus tem poder para regenerar, pois ela coopera com o E.S. na realização do novo nascimento (IPe.1:23; Tt.3:5; Jo.15:3; Ez.36:25-27; Jo.6:63; Tg.1:18,21; ICo.4:15; Rm.1:16).
2) É eficaz na santificação: A Palavra de Deus tem poder para santificar (Jo.17:17; Ef.5:26; Ez.36:25,27; IIPe.1:4; Sl.37:31;119:11). Com efeito, a santificação é pela fé (At.15:9 e 26:18) e a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm.10:17).
3) É eficaz na edificação: A Palavra de Deus tem poder para edificar (IPe.2:2; At.20:32; IIPe.3:18).
INERRÂNCIA OU INFALIBILIDADE DA BÍBLIA
Inerrância significa que a verdade é transmitida em palavras que, entendidas no sentido em que foram empregadas, entendidas no sentido que realmente se destinavam a ter, não expressam erro algum.
A inspiração garante a inerrância da Bíblia. Inerrância não significa que os escritores não tinham faltas na vida, mas que foram preservados de erros os seus ensinos. Eles podem ter tido concepções errôneas acerca de muitas coisas, mas não as ensinaram; por exemplo, quanto à terra, às estrelas, às leis naturais, à geografia, à vida política e social etc.
Também não significa que não se possa interpretar erroneamente o texto ou que ele não possa ser mal compreendido.
A inerrância não nega a flexibilidade da linguagem como veículo de comunicação. É muitas vezes difícil transmitir com exatidão um pensamento por causa desta flexibilidade de linguagem ou por causa de possível variação no sentido das palavras.
A Bíblia vem de Deus. Será que Deus nos deu um livro de instrução religiosa repleto de erros? Se ele possui erros sob a forma de uma pretensa revelação, perpetua os erros e as trevas que professa remover. Pode-se admitir que um Deus Santo adicione a sanção do seu nome a algo que não seja a expressão exata da verdade?.
Diz-se que a Bíblia é parcialmente verdadeira e parcialmente falsa. Se é parcialmente falsa, como se explica que Deus tenha posto o seu selo sobre toda ela? Se ela é parcialmente verdadeira e parcialmente falsa, então a vida e a morte estão a depender de um processo de separação entre o certo e o errado, que o homem não pode realizar.
Cristo declara que a incredulidade é ofensa digna de castigo. Isto implica na veracidade daquilo que tem de ser crido, porque Deus não pode castigar o homem por descrer no que não é verdadeiro (Sl.119:140,142; Mt.5:18; Jo.10:35; Jo.17:17). Aqueles que negam a infalibilidade da Bíblia, geralmente estão prontos a confiar na falibilidade de suas próprias opiniões. Como exemplo de opinião falível encontramos aqueles que atribuem erro à passagem de IRs.7:23 onde lemos que o mar de fundição tinha dez côvados de diâmetro de uma borda até a outra, ao passo que um cordão de trinta côvados o cingia em redor. Sendo assim, tem-se dito que a Bíblia faz o valor do Pi ser 3 em vez de 3,1416. Mas uma vez que não sabemos se a linha em redor era na extremidade da borda ou debaixo da mesma, como parece sugerir o versículo seguinte (v.24) não podemos chegar a uma conclusão definitiva, e devemos ser cautelosos ao atribuir erro ao escritor.
Outro exemplo utilizado para contrariar a inerrância da Bíblia, encontra-se em ICo.10:8 onde lemos que 23.000 homens morreram no deserto, enquanto que Nm.25:9 diz que morreram 24.000. Acontece que em Números nós temos o número total dos mortos, ao passo que em I aos Coríntios nós temos o número parcial que somado ao restante dos homens relacionados nos versículos 9 e 10, deverá contabilizar o total de 24.000.
A inerrância não abrange as cópias dos manuscritos, mas atinge somente os autógrafos, isto é, os originais. Desse modo encontramos os seguintes tipos de erros nos manuscritos:
A) Erros Involuntários: Cometidos pelos escribas do N.T. devido a sua falta ou defeito de visão, defeitos de audição ou falhas mentais.
1) Falhas de Visão: Em Rm.6:5 muitos manuscritos (MSS) tem ama (juntos), mas há alguns que trazem alla (porém). Os dois lambdas juntos deram ao copista a idéia de um mi. Em At.15:40 onde há eplexamenoc (tendo escolhido) aparece no Códice Beza epdexamenoc (tendo recebido) onde o lambda maiúsculo é confundido com um delta maiúsculo.
Há também confusão de sílabas, como é o caso de ITm.3:16 onde o manuscrito D traz homologoumen ôs (nós confessamos que) em vez de homologoumenôs (sem dúvida).
O erro visual chamado parablopse (um olhar ao lado) é facilitado pelo homoioteleuton, que é o final igual de duas linhas, levando o escriba a saltar uma delas, ou pelo homoioarchon, que são duas linhas com o mesmo início.
O Códice Vaticano, em Jo.17:15, não contém as palavras entre parênteses: "Não rogo que os tires do (mundo, mas que os guardes do) maligno". Consultando o N.T. grego veremos que as duas linhas terminavam de maneira idêntica, em autos ek tou, no manuscrito que o escriba de B copiava.
Lc.18:39 não aparece nos manuscritos 33, 57, 103 e b, devido a um final de frase igual na sentença anterior no manuscrito do qual eles se derivam.
O Códice Laudiano tem um exemplo no versículo 4 do Capítulo 2 do livro de Atos: "Et repleti sunt et repleti sunt omnes spiritu sancto", sendo este em caso de adição, chamado ditografia, que é a repetição de uma letra, sílaba ou palavras.
2) Falhas de Audição: Era costume muitos escribas se reunirem numa sala enquanto um leitor lhes ditava o texto sagrado. Desse modo o ouvido traía o escriba até mesmo quando o copista solitário ditava a si próprio. Em Rm.5:1 encontramos um destes casos, onde as variantes echômen e echomen foram confundidas. IPe.2:3 também apresenta um caso semelhante com as variantes cristos (Cristo) e crestos (gentil), esta última encontrada nos manuscritos K e L.
No grego coinê as vogais e ditongos pronunciavam-se de modo igual dentro das respectivas classes. É o caso de ICo.15:54 onde o termo nikos (vitória), foi confundido por neikos (conflito), sendo que aparece em P46 e B como "tragada foi a morte no conflito".
Em Ap.15:6 onde se lê "vestidos de linho puro" a palavra grega linon é substituída por lithon nos manuscritos A e C "vestidos de pedra pura". Desse modo uma só letra que o ouvido menos apurado não entendeu direito e que produziu completa mudança de sentido, torna-se erro grosseiro e hilariante.
3) Falhas da Mente: Quando a mente do escriba o traía, chegava a cometer erros que variavam desde a substituição de sinônimos, como o caso da preposição ek por apo, até a transposição de letras dentro de uma palavra, como o caso de Jo.5:39, onde Jesus disse "porque elas dão testemunho de mim" (ai marturousai) e o escriba do manuscrito D escreveu "porque elas pecam a respeito de mim" (hamartanousai).
B) Erros Intencionais: Erros que não se originaram de negligência ou distração dos escribas, mas antes de suspeita de alteração, principalmente doutrinária.
1) Harmonização: Ao copiar os sinópticos, o escriba era levado a harmonizar passagens paralelas. E’ o caso de Mt.12:13 onde se lê "...estende a tua mão. E ele estendeu; e ela foi restaurada como a outra". Em alguns manuscritos de Marcos o texto pára em "restaurada", sendo que em outros o escriba acrescentou as palavras "como a outra" para harmonizá-lo com Mateus.
Outro tipo de harmonização ocorre quando os escribas faziam o texto do N.T. conformar-se com o A.T. Por exemplo, em Mc.1:1 os escribas do W e Bizantinos mudaram "no profeta Isaias" para "nos profetas" porque verificaram que a citação não é só de Isaias.
2) Correções Doutrinárias: Certo escriba, copiando Mt.24:36 omitiu as palavras "nem o Filho", pois o escriba sabia que Jesus era onisciente, e deduziu que alguém havia cometido erro (Alefe, W, Bizantino).
Os manuscritos da Velha Latina e da Versão Gótica apresentam como acréscimo, em Lc.1:3, a frase "e ao Espírito Santo" como "empréstimo" de At.15:28.
3) Correções Exegéticas: Passagens de difícil interpretação eram alvo dos escribas que tentavam completar o seu sentido através de interpolação e supressões.
Um caso de interpolação encontra-se em Mt.26:15 onde as palavras "trinta moedas de prata" foram alteradas para "trinta estateres" nos MSS D, a e b, afim de definir o tipo de moeda mencionada. Mais tarde outros escribas (dos manuscritos 1, 209 e h) que conheciam os dois textos, juntaram-no produzindo a frase "trinta estateres de prata".
4) Acréscimos Naturais ou de Notas Marginais: Determinado leitor do Códice 1518 anotou nas margens de Tg.1:5 a expressão êgeumatikês kai ouk anthrôpines (espiritual e não humana). Quando este Códice foi copiado, o escriba do manuscritos 603 incluiu esta expressão no texto: "Se alguém de vós tem falta de sabedoria espiritual e não humana, peça-a a Deus...".
A inspiração garante a inerrância da Bíblia. Inerrância não significa que os escritores não tinham faltas na vida, mas que foram preservados de erros os seus ensinos. Eles podem ter tido concepções errôneas acerca de muitas coisas, mas não as ensinaram; por exemplo, quanto à terra, às estrelas, às leis naturais, à geografia, à vida política e social etc.
Também não significa que não se possa interpretar erroneamente o texto ou que ele não possa ser mal compreendido.
A inerrância não nega a flexibilidade da linguagem como veículo de comunicação. É muitas vezes difícil transmitir com exatidão um pensamento por causa desta flexibilidade de linguagem ou por causa de possível variação no sentido das palavras.
A Bíblia vem de Deus. Será que Deus nos deu um livro de instrução religiosa repleto de erros? Se ele possui erros sob a forma de uma pretensa revelação, perpetua os erros e as trevas que professa remover. Pode-se admitir que um Deus Santo adicione a sanção do seu nome a algo que não seja a expressão exata da verdade?.
Diz-se que a Bíblia é parcialmente verdadeira e parcialmente falsa. Se é parcialmente falsa, como se explica que Deus tenha posto o seu selo sobre toda ela? Se ela é parcialmente verdadeira e parcialmente falsa, então a vida e a morte estão a depender de um processo de separação entre o certo e o errado, que o homem não pode realizar.
Cristo declara que a incredulidade é ofensa digna de castigo. Isto implica na veracidade daquilo que tem de ser crido, porque Deus não pode castigar o homem por descrer no que não é verdadeiro (Sl.119:140,142; Mt.5:18; Jo.10:35; Jo.17:17). Aqueles que negam a infalibilidade da Bíblia, geralmente estão prontos a confiar na falibilidade de suas próprias opiniões. Como exemplo de opinião falível encontramos aqueles que atribuem erro à passagem de IRs.7:23 onde lemos que o mar de fundição tinha dez côvados de diâmetro de uma borda até a outra, ao passo que um cordão de trinta côvados o cingia em redor. Sendo assim, tem-se dito que a Bíblia faz o valor do Pi ser 3 em vez de 3,1416. Mas uma vez que não sabemos se a linha em redor era na extremidade da borda ou debaixo da mesma, como parece sugerir o versículo seguinte (v.24) não podemos chegar a uma conclusão definitiva, e devemos ser cautelosos ao atribuir erro ao escritor.
Outro exemplo utilizado para contrariar a inerrância da Bíblia, encontra-se em ICo.10:8 onde lemos que 23.000 homens morreram no deserto, enquanto que Nm.25:9 diz que morreram 24.000. Acontece que em Números nós temos o número total dos mortos, ao passo que em I aos Coríntios nós temos o número parcial que somado ao restante dos homens relacionados nos versículos 9 e 10, deverá contabilizar o total de 24.000.
A inerrância não abrange as cópias dos manuscritos, mas atinge somente os autógrafos, isto é, os originais. Desse modo encontramos os seguintes tipos de erros nos manuscritos:
A) Erros Involuntários: Cometidos pelos escribas do N.T. devido a sua falta ou defeito de visão, defeitos de audição ou falhas mentais.
1) Falhas de Visão: Em Rm.6:5 muitos manuscritos (MSS) tem ama (juntos), mas há alguns que trazem alla (porém). Os dois lambdas juntos deram ao copista a idéia de um mi. Em At.15:40 onde há eplexamenoc (tendo escolhido) aparece no Códice Beza epdexamenoc (tendo recebido) onde o lambda maiúsculo é confundido com um delta maiúsculo.
Há também confusão de sílabas, como é o caso de ITm.3:16 onde o manuscrito D traz homologoumen ôs (nós confessamos que) em vez de homologoumenôs (sem dúvida).
O erro visual chamado parablopse (um olhar ao lado) é facilitado pelo homoioteleuton, que é o final igual de duas linhas, levando o escriba a saltar uma delas, ou pelo homoioarchon, que são duas linhas com o mesmo início.
O Códice Vaticano, em Jo.17:15, não contém as palavras entre parênteses: "Não rogo que os tires do (mundo, mas que os guardes do) maligno". Consultando o N.T. grego veremos que as duas linhas terminavam de maneira idêntica, em autos ek tou, no manuscrito que o escriba de B copiava.
Lc.18:39 não aparece nos manuscritos 33, 57, 103 e b, devido a um final de frase igual na sentença anterior no manuscrito do qual eles se derivam.
O Códice Laudiano tem um exemplo no versículo 4 do Capítulo 2 do livro de Atos: "Et repleti sunt et repleti sunt omnes spiritu sancto", sendo este em caso de adição, chamado ditografia, que é a repetição de uma letra, sílaba ou palavras.
2) Falhas de Audição: Era costume muitos escribas se reunirem numa sala enquanto um leitor lhes ditava o texto sagrado. Desse modo o ouvido traía o escriba até mesmo quando o copista solitário ditava a si próprio. Em Rm.5:1 encontramos um destes casos, onde as variantes echômen e echomen foram confundidas. IPe.2:3 também apresenta um caso semelhante com as variantes cristos (Cristo) e crestos (gentil), esta última encontrada nos manuscritos K e L.
No grego coinê as vogais e ditongos pronunciavam-se de modo igual dentro das respectivas classes. É o caso de ICo.15:54 onde o termo nikos (vitória), foi confundido por neikos (conflito), sendo que aparece em P46 e B como "tragada foi a morte no conflito".
Em Ap.15:6 onde se lê "vestidos de linho puro" a palavra grega linon é substituída por lithon nos manuscritos A e C "vestidos de pedra pura". Desse modo uma só letra que o ouvido menos apurado não entendeu direito e que produziu completa mudança de sentido, torna-se erro grosseiro e hilariante.
3) Falhas da Mente: Quando a mente do escriba o traía, chegava a cometer erros que variavam desde a substituição de sinônimos, como o caso da preposição ek por apo, até a transposição de letras dentro de uma palavra, como o caso de Jo.5:39, onde Jesus disse "porque elas dão testemunho de mim" (ai marturousai) e o escriba do manuscrito D escreveu "porque elas pecam a respeito de mim" (hamartanousai).
B) Erros Intencionais: Erros que não se originaram de negligência ou distração dos escribas, mas antes de suspeita de alteração, principalmente doutrinária.
1) Harmonização: Ao copiar os sinópticos, o escriba era levado a harmonizar passagens paralelas. E’ o caso de Mt.12:13 onde se lê "...estende a tua mão. E ele estendeu; e ela foi restaurada como a outra". Em alguns manuscritos de Marcos o texto pára em "restaurada", sendo que em outros o escriba acrescentou as palavras "como a outra" para harmonizá-lo com Mateus.
Outro tipo de harmonização ocorre quando os escribas faziam o texto do N.T. conformar-se com o A.T. Por exemplo, em Mc.1:1 os escribas do W e Bizantinos mudaram "no profeta Isaias" para "nos profetas" porque verificaram que a citação não é só de Isaias.
2) Correções Doutrinárias: Certo escriba, copiando Mt.24:36 omitiu as palavras "nem o Filho", pois o escriba sabia que Jesus era onisciente, e deduziu que alguém havia cometido erro (Alefe, W, Bizantino).
Os manuscritos da Velha Latina e da Versão Gótica apresentam como acréscimo, em Lc.1:3, a frase "e ao Espírito Santo" como "empréstimo" de At.15:28.
3) Correções Exegéticas: Passagens de difícil interpretação eram alvo dos escribas que tentavam completar o seu sentido através de interpolação e supressões.
Um caso de interpolação encontra-se em Mt.26:15 onde as palavras "trinta moedas de prata" foram alteradas para "trinta estateres" nos MSS D, a e b, afim de definir o tipo de moeda mencionada. Mais tarde outros escribas (dos manuscritos 1, 209 e h) que conheciam os dois textos, juntaram-no produzindo a frase "trinta estateres de prata".
4) Acréscimos Naturais ou de Notas Marginais: Determinado leitor do Códice 1518 anotou nas margens de Tg.1:5 a expressão êgeumatikês kai ouk anthrôpines (espiritual e não humana). Quando este Códice foi copiado, o escriba do manuscritos 603 incluiu esta expressão no texto: "Se alguém de vós tem falta de sabedoria espiritual e não humana, peça-a a Deus...".
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