Uma questão mais fundamental do que a natureza dos dias da criação é a relacionada com o fato de a criação ser divina, em contraste com as teorias rivais da origem do universo, tais como o evolucionismo darwinista. O evolucionismo, conforme sua formulação por Charles Darwin na sua obra A Origem das Espécies (1859), procurava a explicação da origem das espécies biológicas na seleção natural e não no desígnio de Deus. Isto quer dizer que o processo pelo qual se desenvolviam as plantas e os animais não era governado por qualquer inteligência divina de acordo com princípios teológicos, mas, ao contrário, segundo um princípio puramente mecânico: a sobrevivência dos mais capazes. No decurso do ciclo reprodutivo segundo os ensinamentos de Darwin, cada geração demonstra ligeiras modificações da geração anterior. Durante um longo período de tempo, depois de centenas e milhares de gerações, algumas destas variações se transformam em características mais ou menos fixas, que então passam à descendência. Estas novas características contribuem à formação de novas variedades ou subespécies e, finalmente, à emergência de novas espécies. Aquelas características que deram sos seus possuidores a capacidade de competir com mais sucesso na luta incessante contra o meio ambiente, foram a garantia da sua sobrevivência. Mas espécies que desenvolveram características que, ao invés de lhes oferecer vantagens, foram empecilhos, ao enfrentar os competidores, tinham a tendência natural de desaparecer. Daí a perpetuação apenas das espécies mais capazes de sobreviver, que seriam, então, espécies bem sucedidas. Assim, o inferior e mais simples foi paulatinamente se transformando no mais avançado e complexo, até que, finalmente, Homo sapiens surgiu como o produto supremo da seleção natural - supostamente por ser mais capacitado para a sobrevivência e com mais sucesso em enfrentar seu meio ambiente.
Quanto à questão mais fundamental de todas, que é a origem da própria matéria, e a questão paralela quanto à origem da primeira forma de vida no limo primevo, Darwin não podia oferecer resposta, senão talvez uma expressão deística (que rebaixaria Deus a situação de mera Primeira Causa, que colocou em andamento o mecanismo e depois Se afastou do cenário). “Poderia inferir da analogia”, disse num certo trecho, “que provavelmente todos os seres orgânicos que já viveram nesta terra são descendentes duma forma primordial, na qual a vida foi originalmente soprada pelo Criador”. Não há, portanto, nada de completamente ateístico na formulação da evolução apresentada por Darwin, no que diz respeito à origem da matéria, mas apesar disso muitos dos seus seguidores optaram pela existência eterna da matéria para evitar reconhecer a existência de Deus. Mesmo assim, não sobrou nenhuma base objetiva para a Lei Moral ou para os valores espirituais além da consideração materialista da sobrevivência, a sobrevivência dos “mais capazes”. Além disto, a teoria darwinista não tinha lugar para qualquer atuação divina significante no processo da “criação”; a não ser a criação da matéria-prima “primeva”, não havia realmente qualquer idéia de “criar”, mas só o desenvolvimento de acordo com a seleção natural. Isto representava uma contradição quase total de Gênesis capítulo 1.
1) Do ponto de vista da genética (a ciência da hereditariedade), as suposições básicas da seleção natural contrariam totalmente a evidência. Muitas décadas de pesquisas meticulosas demonstraram que, por mais verdadeiro que seja o fato de que há ligeiras diferenças dentro de cada espécie, não é verdadeiro que estas variações são especialmente herdadas pela próxima geração. As experiências extensas de Gregor J. Mendel demonstraram que a gama de variações possíveis dentro duma espécie era estritamente limitada e não contribuía com qualquer progresso na direção do desenvolvimento duma nova espécie. Desta forma, os elementos de um tipo puro de ervilhas de crescimento alto podem ter pequenas variações de altura entre si, mas s descendência das ervilhas altas não possui uma altura média maior do que a das ervilhas curtas. É verdade que pela criação seletiva seja possível enfatizar certas características dentro duma espécie, ao ponto de se produzir uma linhagem especial (como é o caso das muitas raças de cães), mas existe um círculo de possibilidades estritamente limitado, além do qual nenhum criador pode progredir. Noutras palavras, não tem a capacidade de desenvolver uma nova espécie.
O mesmo veredicto precisa ser pronunciado contra a teoria de Jean Baptiste de Lamarck, da possibilidade de herdar características adquiridas (teoria à qual Darwin ocasionalmente apelava quando a mera seleção parecia ser inadequada para dar conta duma série de fatos). Apesar dum sem-número de experiências realizadas para comprovar a “herança do uso” (conforme se chama) de Lamark, o resultado global tem sido totalmente negativo. As características que o pai adquire por meio de esforços especiais, não passam aos filhos, simplesmente porque não há nenhuma maneira possível pela qual estas características adquiridas (tais como a proficiência no atletismo) possam afetar os genes. Toda a hereditariedade (pelo menos no lado não-espiritual) parece depender da química dos próprios genes. Quanto à forma ou à estrutura dos animais, não existe uma alegação sequer duma prova de herança do uso que não tenha sido subseqüentemente desacreditada.
Deve ser acrescentado que embora falte evidência de se poder herdar variações individuais, existem, porém, súbitas mudanças ou mutações que às vezes ocorrem na história da espécie. Por exemplo, uma nova variedade de plantas, isolada em pequenas colônias, como numa encosta montanhosa, pode ser o resultado duma mutação súbita (envolvendo ligeira alteração dos próprios genes). Permanece, porém, o fato, que apesar de terem sido estudadas de perto milhares de mutações, não foi demonstrado um único exemplar pelo qual uma mutação criou um animal mais complicado, ou deu origem a uma nova estrutura. Desde os dias de Darwin, nenhum progresso tem sido feito na solução dos problemas fundamentais da evolução. Numa análise do livro “Animal Cytology and Evulution” (“A Citologia Animal e a Evolução”), 1954, de Ed. J.D. White, I. Manton disse: “As causas fundamentais da evolução em grande escala, conforme tem ocorrido através das eras geológicas, na formação dos grandes grupos de animais e plantas, ainda não podem ser descritas ou explicadas” (Nature, 1948, 157, p.713).
2) O argumento de Darwin, tirado dos dados da embriologia, é demonstravelmente cheio de falácias. Segundo seu raciocínio, o feto, ao se desenvolver no útero, recapitula a totalidade do seu passado evolucionário, enquanto o óvulo fertilizado vai crescendo e produzindo mais e mais órgãos e membros complicados. As bolsas viscerais no embrião humano, por exemplo, seriam o equivalente às guelras dos peixes, indicando portanto, a emergência do homem duma forma de vida de peixe. Mas este tipo de raciocínio ignora convenientemente o fato indubitável de que estas estruturas nunca funcionam como guelras em qualquer estágio da vida do embrião. Realmente, é difícil perceber como a teoria de recapitulação possa ser harmonizada com a real seqüência do desenvolvimento dentro do feto. Por exemplo, a superfície respiratória não se desenvolve até um estágio bem avançado do desenvolvimento do embrião dentro do útero; mas é inconcebível que em qualquer estágio pré-humano, o suposto ancestral do homem pudesse ter sobrevivido sem qualquer mecanismo respiratório sequer. Além disto, a cabeça do embrião é enorme em proporção ao restante do corpo enquanto que a cabeça de todos os ancestrais putativos da raça humana era relativamente pequena em proporção ao corpo. Não é sequer verdade que os órgãos simples do feto iam se complicando. O olho, por exemplo, é o resultado do ajustamento de várias partes diferentes, que, segundo parece, foram formadas separadamente no inicio, sendo então combinadas de acordo com um padrão predeterminado que não tem nenhuma causa física que se possa descobrir.
Decerto, é bem verdade que os embriões de todos os mamíferos se desenvolvem de óvulos unicelulares, que parecem quase idênticos, e que durante os primeiros estágios permanece esta semelhança. Mas será que este fato requer uma teoria de que todos os mamíferos se desenvolveram dos mesmos ancestrais pré-mamíferos? Uma explicação muito mais óbvia é que, no desenvolvimento do embrião, do seu estágio inicial de óvulo unicelular, as partes mais simples têm que ser formadas antes que se possam desenvolver as partes mais complicadas. Dificilmente poderíamos imaginar que os ajustamentos mais delicados, e os órgãos complicados, pudessem chegar a existir antes da estrutura básica à qual terão que ser ligadas. Mas postular uma origem ancestral comum para explicar as semelhanças das primeiras formas é tão irrazoável (citando a expressão pungente de Clark), como imaginar que as gotas de chuva se derivam de pedregulhos, porque ambos têm forma esférica. “Há uma conexão real, mas esta é matemática, inerente à natureza •do universo, e não se deve a qualquer conexão direta entre os objetos”.
Pode-se dizer com segurança que não há quaisquer dados da embriologia que não revelam a operação do desígnio e propósito deliberados dum Criador todo sábio, mais do que a operação mecânica da seleção natural. Muito ocasionalmente, no crescimento dum embrião, parece haver mal funcionamento dum dos mecanismos de crescimento. Então acontece que um novo mecanismo, totalmente diferente, pode entrar em jogo, para produzir a estrutura desejada. As vezes, dois ou três destes mecanismos de “segurança” são chamados a desempenhar seu papel, para garantir o desenvolvimento apropriado do feto; mas, inexplicavelmente, começam a agir no momento necessário. Mas sendo porém raros tais maus funcionamentos, é quase impossível explicá-los pela teoria da “sobrevivência dos mais aptos”. Assemelha-se muito mais à intervenção duma inteligência divina. Não é que se pretende negar que alguns fetos se desenvolvem incorretamente, produzindo exemplares defeituosos que dificilmente poderiam sobreviver ou cumprir qualquer função útil. No caso dos seres humanos, os resultados podem ser bem trágicos, e de difícil explicação. Seguindo-se as pressuposições darwinianas, porém, seria difícil explicar o senso do patético causado por este exemplo de disteleologia. O darwinista consistente só poderia dar de ombros e dizer: “É surpreendente que não haja mais exemplares deste tipo”. Não há, afinal, para o darwinista nenhuma resposta além da seleção natural mecanística e a sobrevivência dos mais aptos”.
3) A seleção natural não pode esclarecer os inúmeros exemplos de adaptação, nos quais não há, aparentemente, nenhum estágio transitório. A seleção natural nos levaria a imaginar que as formigas e os cupins aprenderam a conviver em colônias por terem descoberto, através da experiência, que isto incrementaria suas possibilidades de sobrevivência. Não existe, porém, qualquer evidência entre os fósseis que tenha havido formigas ou cupins antes de surgir esta vida organizada em colônias. Ou, tomando um exemplo da anatomia, precisamos considerar como qualquer estágio transitório do desenvolvimento do órgão da visão poderia ter conferido qualquer possível vantagem na batalha da sobrevivência, até a formação completa do olho. Se o animal tivesse possuído (na sua fase transitória) uma simples área de pele especialmente sensível à luz, e se o processo de seleção natural se tivesse aplicado às suas sucessivas mutações, como é que algo menos do que a própria vista poderia ter equipado o animal para sobreviver com mais sucesso do que seus competidores que não tinham esta pele fotossensível? A hipótese darwinista necessariamente implica em que, a cada estágio do desenvolvimento de organismos novos e mais complicados, até antes de poderem ser utilizados na prática, o animal em desenvolvimento tenha gozado alguma vantagem específica sobre seus competidores. Quanto ao exemplo, muito citado, do ciclo de crescimento dará, o princípio da seleção natural não explica muita coisa. Pode, sim, concebivelmente servir como explicação de como os girinos aprenderam a nadar, alimentar-se e fugir dos inimigos mais eficientemente do que seus ancestrais menos capacitados. Mas será que isto lança luz sobre o motivo pelo qual se transformaram finalmente em rãs? Será que se pode argumentar com seriedade que as rãs são mais capazes de sobreviver do que peixes? É claro que é necessário achar uma explicação mais sofisticada do que a seleção natural meramente mecânica.
Em resumo, a teoria darwinista explica os dados da biologia muito menos adequadamente do que a afirmação de Gênesis capítulo 1, sublimemente singela, que todas as espécies de vida vegetal e animal surgiram como resposta à vontade criadora de Deus onipotente e onisciente, e que seu desenvolvimento posterior tem sido governado, em cada estágio, por Seus desígnios. Todas as semelhanças estruturais (tais como as semelhanças esqueléticas tão citadas para indicar uma relação genética entre o homem e as ordens inferiores de vertebrados) podem ser esclarecidas de maneira satisfatória como sendo uma força diretriz operando de fora (ou de cima), e não forças mecânicas operando de dentro dos tecidos vivos, como tais. Mesmo o fenômeno dos vestígios, que parecem ser inúteis, tais como o cócix no término da espinha humana, não demonstra uma herança remontando até os símios com caudas. Tais vestígios apenas testificam um plano geral ou básico seguido pela força criadora (ou pela inteligência divina) que fez os vários filos vertebrados.
Um semelhante costume de conservar vestígios de desenhos da engenharia pode ser percebido no desenvolvimento do automóvel, ano após ano, desde (digamos) o sedã Ford 1901 e o modelo de 1964. Em certos casos, vestígios (como conservar a abertura parava manivela na base do radiador anos depois de haver arranque automático para o carro) marcaram a evolução desta marca de carro. O mesmo se pode dizer das “portinholas” dos modelos Buick entre os anos de 1940 e 1950, (até o vestígio-símbolo do modelo de 1957). Mas não se pode dizer que os modelos anteriores se tornaram mais avançados ou mais complicados; esta foi a obra dos desenhistas e engenheiros que produziram um modelo novo para cada ano sucessivo. Não há nada nos dados da geologia, ou da biologia em geral, que pudesse indicar que o procedimento do próprio Criador tenha sido essencialmente diferente. Uma vez que um modelo, ou espécie, foi criado, então estava pronto para a produção em massa, mediante o sistema embutido de procriação e reprodução com o qual todos os animais são equipados - sendo que cada espécie é controlada dentro dos limites mendelianos dos seus próprios genes específicos.
4) O abandono moderno da teoria darwiniana da diferenciação gradual como sendo o mecanismo pelo qual todas as classes e ordens de vida se evolveram, levou à substituição dum novo tipo de evolução (a teria dos quanta) que recebe o apoio da maioria dos cientistas de destaque dos nossos dias. Mas a evolução emergente envolve fatores de mutação ou mudança tão súbita e radical, que pode ser classificada na categoria de mero credo filosófico incapaz de ser averiguando por métodos de laboratório, e de explicação seguindo princípios meramente mecânicos. Na geração de Darwin, esperava-se confiantemente que pesquisas geológicas e bio1ógicas nas décadas subseqüentes revelariam as formas de vida que haveriam de preencher as lacunas existentes entre as várias ordens e filos. Mas a maioria dos cientistas do século vinte desistiram completamente desta busca.
Austin H. Clark (The New Evolution – “A Nova Evolução” - 1930, p. 189), por exemplo, mencionou “a inteira falta de intermediários entre os principais grupos de animais - como, por exemplo, entre os animais com espinha ou vertebrados, os equinodermos, os moluscos e os antropóides”. Disse mais: “Se estivermos dispostos a aceitar os fatos, teríamos que crer que nunca existiram tais intermediários, ou, noutras palavras, que estes grupos principais tiveram o mesmo relacionamento mútuo que até hoje conservam”. Semelhantemente, G. G. Simpson indicou que cada uma das trinta e duas ordens de mamíferos apareceu subitamente na história paleontológica Declarou: “Os membros de cada ordem já têm os característicos básicos ordinais desde seu exemplar conhecido mais primitivo, e em nenhum caso se conhece uma seqüência quase contínua duma ordem até outra” (Time and Mode in Evolution - “Ritmo e Modo na Evolução”, 1944, p. 106).
Clark, Simpson e seus colegas modernos se refugiaram, pois, na teoria da evolução emergente, que afirma que novas formas dramáticas surgem ao mero acaso, ou por algum tipo de resposta criativa a novos fatores que não suportam mais análise ou descrição racional. Mas como é que tal explicação (que realmente não é uma explicação, mas só um apelo à fé) pode ser considerada uma alternativa mais razoável do que o ato criador duma inteligência superior? Conforme a declaração de Carl Henry: “A suposição duma emergência abrupta fica tão longe do campo de análise científica com um apelo às forças criadoras sobrenaturais”.
Apesar destas considerações porém (ou talvez em ignorância delas), há muitos cristãos dedicados que estão dispostos a aceitar a teoria da evolução numa base teística. Isto quer dizer, professam lealdade à teoria do processo mecânico de seleção natural (segundo a formulação de Darwin), ou até à mais recente teoria emergente da evolução; mas mesmo assim insistem que a matéria não é eterna (que os não-teístas têm que supor), mas que foi criada por Deus ex nihilo. Além disto, consideram que o mecanismo inteiro do processo evolutivo tenha sido planejado e controlado por Deus, e não por alguma força misteriosa que não pode ser completamente explicada pela ciência.
Deve ser explicado às pessoas que sustentam esta posição que, historicamente, a teoria inteira foi elaborada para explicar o desenvolvimento da vida em princípios mecânicos puramente naturais, sem necessitar de qualquer influência divina. Darwin e seus colegas fizeram os maiores esforços para derrubar o argumento pela existência de Deus, baseado na evidência de haver desígnio na natureza, e exploraram todos os exemplos concebíveis de disteleologia e de falta de propósito que poderiam descobrir. Mencionaram o fato que dos milhares de ovos depositados pela mãe-peixe, só uma porcentagem mínima sobrevive para atingir a maturidade, e que poucas sementes caídas duma árvore sobrevivem para produzir novas árvores. (Assim, convenientemente, deixava-se de mencionar o estoque de gêneros alimentícios armazenado para outros animais por causa desta superabundância). Fazia-se um esforço consistente de explicar o universo sem a existência de Deus. Por este motivo, o evolucionismo darwiniano tomou-se a filosofia oficial dos principais movimentos ateus do século vinte (tais como as formas mais puras do Nazismo e do Socialismo Marxista). A concessão de Darwin, de que um poder superior pudesse ter suprido a matéria-prima original e os impulsos vitais que deram origem à evolução no princípio, nem por isso deixou de ser uma negação completa da revelação hebraico-cristã. Levou inevitavelmente ao resultado que os conceitos de moral e de religião que se descobrem na raça humana sejam considerados a mera combinação fortuita de moléculas, não representando, portanto, qualquer realidade espiritual.
O evolucionismo, como filosofia ou cosmovisão realmente envolve uma negação aberta de realidades espirituais, assim como rejeita também a existência dum Deus pessoal. Todos os seus principais expoentes têm declarado isto em termos inequívocos. O livro de Ernst Haeckel, The Riddle of the Universe – “O Enigma do Universo” (1929) adotou a tese de evolucionismo para desaprovar a religião sobrenatural, tornando-se assim, uma das maiores influências em prol do ateísmo do século vinte. G. G. Simpson declarou que uma aceitação total do evolucionismo é inconsistente com a crença de que Deus está ativo no universo. O próprio Charles Darwin, numa entrevista com um repórter dum jornal, pouco depois da publicação de “A Origem das Espécies”, simplesmente deu de ombros perante a questão moral em toda a sua totalidade. Quando lhe perguntaram se seu livro não mostraria a cada criminoso como justificar suas atividades, Darwin disse que a acusação era “uma boa sátira”, e deixou o assunto sem resposta. Levando em conta fatores como estes, parece ser um procedimento dúbio para o cristão convicto que quer ser leal às Escrituras, declarar-se evolucionista, a não ser num sentido muito restrito - um sentido que de fato seria totalmente inaceitável a Darwin e a todos os seus seguidores. Para o cristão, não há alternativa a não ser reconhecer a seleção “natural” como sendo a seleção divina, seja de maneira direta, seja de maneira indireta.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
A Antiguidade da Raça Humana
Desde as primeiras descobertas de fósseis e dos artefatos do homem pré-histórico, feitas na década de 1850, a antiguidade da raça humana tem constituído um problema de reconciliação com o relato de Gênesis. Segundo estimativas modernas, o assim-chamado Homem de Swanscombe (descoberto em Kent, Inglaterra), o Pitecantropo (achado em Java), e o Sinantropo (descoberto em Pequim, China),viviam em qualquer época entre há 200.000 e 500.000 anos. Todos eles demonstram diferenças marcantes do Homo sapiens, sem dúvida, e alguns paleantropólogos reconheceram que “as diferenças dos dentes e do crânio... parecem ser tão marcantes como aquelas que comumente seriam consideradas aceitáveis para justificar uma distinção genética entre o gorila e o chimpanzé”.
Quanto ao Homem de Neanderthal, que comumente é datado entre há 50.000 e 100.000 anos, o mesmo escritor declara: “As diferenças esqueléticas entre este e o Homo sapiens são realmente do mesmo montante que aqueles que se aceitam como evidência válida de distinções específicas em outros grupos de primatas”. Estes antropóides antigos não podem ser desprezados como sendo meros símios na sua mentalidade, pois os ossos vêm acompanhados por implementos de pedra, tais como pontas de flechas, machados, etc., e os remanescentes de cinzas são forte evidência pelo seu uso de jogo para cozinhar. Especialmente no caso dos depósitos de Neanderthal, parece haver evidência de enterros acompanhados por implementos como se houvesse algum tipo de crença na vida além-morte (necessitando o uso de tais implementos - ou seus equivalentes espirituais - pelos mortos). Semelhantemente, foram descobertas estatuetas grosseiras, que talvez tivessem tido finalidades.
Quanto ao Homem de Neanderthal, que comumente é datado entre há 50.000 e 100.000 anos, o mesmo escritor declara: “As diferenças esqueléticas entre este e o Homo sapiens são realmente do mesmo montante que aqueles que se aceitam como evidência válida de distinções específicas em outros grupos de primatas”. Estes antropóides antigos não podem ser desprezados como sendo meros símios na sua mentalidade, pois os ossos vêm acompanhados por implementos de pedra, tais como pontas de flechas, machados, etc., e os remanescentes de cinzas são forte evidência pelo seu uso de jogo para cozinhar. Especialmente no caso dos depósitos de Neanderthal, parece haver evidência de enterros acompanhados por implementos como se houvesse algum tipo de crença na vida além-morte (necessitando o uso de tais implementos - ou seus equivalentes espirituais - pelos mortos). Semelhantemente, foram descobertas estatuetas grosseiras, que talvez tivessem tido finalidades.
A Doutrina da Inspiração Afirmada pelas Próprias Escrituras
Reivindica a Bíblia infalibilidade para si mesma? Às vezes tem sido levantado o argumento de que as próprias Escrituras não reivindicam sua própria infalibilidade. Mas a investigação cuidadosa demonstra que quando o assunto é ventilado, assevera-se o fato de sua absoluta autoridade como sendo a infalível Palavra de Deus.
Mateus 5.18: “Porque em Verdade vos digo: At que o céu e a terra passem, nem um i (a letra menor do alfabeto hebraico) ou um til (um traço que faz a distinção entre certas letras hebraicas) jamais passará da lei (isto é, o Antigo Testamento) até que tudo se cumpra” - palavras de Cristo. Isto indica que não somente os pensamentos transmitidos pelas Escrituras, mas as próprias palavras individuais, como veículos válidos destes pensamentos, e conforme sua própria soletração, são dotadas de verdade infalível, e seguramente serão cumpridas e realizadas.
João 10.35: “... e a Escritura não pode falhar”, tem as mesmas implicações do versículo supra citado.
2 Timóteo 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus (theopneustos) e útil para o ensino”. Do contexto do Novo Testamento pode ser facilmente estabelecido que a palavra “escritura” (graphe) se refere ao Cânon inteiro dos trinta e nove livros do Antigo Testamento, conforme hoje os temos em mãos. 2 Pedro 3.18 dá a entender que as Epístolas neotestamentárias de Paulo também gozam da mesma situação de Escrituras inspiradas (graphai).
Hebreus 1.1, 2: “Havendo Deus... falado... pelos profetas... falou-nos pelo Filho”. Estas palavras reivindicam para os escritos dos profetas do Antigo Testamento a mesma infalibilidade que pertence às mensagens do próprio Cristo, registradas no Novo Testamento.
1 Pedro 1.10, 11: “Foi a respeito desta salvação que os profetas (do Antigo Testamento) indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando atentamente qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias
que os seguiriam”. Está implícito aqui que o Espírito Santo estava nos autores do Antigo Testamento, e que Ele os guiou para que compusessem palavras de verdade infalível cujo cumprimento era garantido, ainda que os autores humanos não entendessem plenamente tudo aquilo que as palavras divinamente orientadas realmente significassem. Por causa de versículos como estes, precisamos, ao interpretar as Escrituras, procurar estabelecer não somente a intenção do autor humano que escreveu as palavras, mas também (e mais importante) a intenção do Autor divino que orientou a composição das mesmas.
2 Pedro 1.21: “Nunca jamais qualquer profecia (as Escrituras proféticas do Antigo Testamento) foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus movidos (literalmente, levadas adiante, como a nau é vela é levada pelos ventos) pelo Espírito Santo”. Naquilo que falavam (conforme está registrado por escrito), estes autores do Antigo Testamento que profetizavam sobre Cristo, foram “levados pela correnteza” à verdade infalível, verdade que não se podia sujeitar a mera interpretação particular (v. 20).
Todas essas passagens vão formando a doutrina da inspiração: que a exatidão é inerente em cada parte do Antigo Testamento e também do Novo Testamento, de maneira que, como um todo, e em todas as suas partes, a Bíblia é infalível quanto à sua verdade, e final quanto à sua autoridade. Esta exatidão se estende até assuntos de história e de ciência, e não só à teologia e à ética. Alguns estudiosos, tais como Henry P. Smith e Charles A. Briggs, procuram fazer uma distinção entre estes dois tipos de verdade, dando vazão a possibilidade de haver falsidade inerente em assuntos de mera história ou ciência. Há duas objeções fatais a esta posição. Em primeiro lugar, o Novo Testamento não admite semelhante distinção: a historicidade de Adão e Eva se implica em 1 Timóteo 2.13, 14, (senão, o comentário de Paulo seria totalmente irrelevante), como também em 1 Coríntios 11.8, 9; a experiência literal de Jonas, que ficou três dias no estômago do peixe grande é absolutamente essencial, se tem que servir como analogia verídica dos três dias que Cristo passou no túmulo, Mt 12.40. É impossível rejeitar a historicidade destes dois episódios cuja veracidade tem sido freqüentemente contestada, sem rejeitar a autoridade do Cristo dos Evangelhos e do Apóstolo Paulo nas Epístolas. Em segundo lugar, nem sempre e passível fazer uma nítida separação entre teologia e ética, e entre história e ciência. Há casos cruciais que envolvem ambos estes tipos de verdade, como é o caso do Adão literal e histórico (pois o argumento teológico inteiro de Rm 5.14-19 depende da doutrina de ser Adão o pai da raça humana inteira). Não se pode conceder a presença de erros em matéria de história e de ciência sem acabar aceitando que há falsidade em matéria de doutrina.
Mateus 5.18: “Porque em Verdade vos digo: At que o céu e a terra passem, nem um i (a letra menor do alfabeto hebraico) ou um til (um traço que faz a distinção entre certas letras hebraicas) jamais passará da lei (isto é, o Antigo Testamento) até que tudo se cumpra” - palavras de Cristo. Isto indica que não somente os pensamentos transmitidos pelas Escrituras, mas as próprias palavras individuais, como veículos válidos destes pensamentos, e conforme sua própria soletração, são dotadas de verdade infalível, e seguramente serão cumpridas e realizadas.
João 10.35: “... e a Escritura não pode falhar”, tem as mesmas implicações do versículo supra citado.
2 Timóteo 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus (theopneustos) e útil para o ensino”. Do contexto do Novo Testamento pode ser facilmente estabelecido que a palavra “escritura” (graphe) se refere ao Cânon inteiro dos trinta e nove livros do Antigo Testamento, conforme hoje os temos em mãos. 2 Pedro 3.18 dá a entender que as Epístolas neotestamentárias de Paulo também gozam da mesma situação de Escrituras inspiradas (graphai).
Hebreus 1.1, 2: “Havendo Deus... falado... pelos profetas... falou-nos pelo Filho”. Estas palavras reivindicam para os escritos dos profetas do Antigo Testamento a mesma infalibilidade que pertence às mensagens do próprio Cristo, registradas no Novo Testamento.
1 Pedro 1.10, 11: “Foi a respeito desta salvação que os profetas (do Antigo Testamento) indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando atentamente qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias
que os seguiriam”. Está implícito aqui que o Espírito Santo estava nos autores do Antigo Testamento, e que Ele os guiou para que compusessem palavras de verdade infalível cujo cumprimento era garantido, ainda que os autores humanos não entendessem plenamente tudo aquilo que as palavras divinamente orientadas realmente significassem. Por causa de versículos como estes, precisamos, ao interpretar as Escrituras, procurar estabelecer não somente a intenção do autor humano que escreveu as palavras, mas também (e mais importante) a intenção do Autor divino que orientou a composição das mesmas.
2 Pedro 1.21: “Nunca jamais qualquer profecia (as Escrituras proféticas do Antigo Testamento) foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus movidos (literalmente, levadas adiante, como a nau é vela é levada pelos ventos) pelo Espírito Santo”. Naquilo que falavam (conforme está registrado por escrito), estes autores do Antigo Testamento que profetizavam sobre Cristo, foram “levados pela correnteza” à verdade infalível, verdade que não se podia sujeitar a mera interpretação particular (v. 20).
Todas essas passagens vão formando a doutrina da inspiração: que a exatidão é inerente em cada parte do Antigo Testamento e também do Novo Testamento, de maneira que, como um todo, e em todas as suas partes, a Bíblia é infalível quanto à sua verdade, e final quanto à sua autoridade. Esta exatidão se estende até assuntos de história e de ciência, e não só à teologia e à ética. Alguns estudiosos, tais como Henry P. Smith e Charles A. Briggs, procuram fazer uma distinção entre estes dois tipos de verdade, dando vazão a possibilidade de haver falsidade inerente em assuntos de mera história ou ciência. Há duas objeções fatais a esta posição. Em primeiro lugar, o Novo Testamento não admite semelhante distinção: a historicidade de Adão e Eva se implica em 1 Timóteo 2.13, 14, (senão, o comentário de Paulo seria totalmente irrelevante), como também em 1 Coríntios 11.8, 9; a experiência literal de Jonas, que ficou três dias no estômago do peixe grande é absolutamente essencial, se tem que servir como analogia verídica dos três dias que Cristo passou no túmulo, Mt 12.40. É impossível rejeitar a historicidade destes dois episódios cuja veracidade tem sido freqüentemente contestada, sem rejeitar a autoridade do Cristo dos Evangelhos e do Apóstolo Paulo nas Epístolas. Em segundo lugar, nem sempre e passível fazer uma nítida separação entre teologia e ética, e entre história e ciência. Há casos cruciais que envolvem ambos estes tipos de verdade, como é o caso do Adão literal e histórico (pois o argumento teológico inteiro de Rm 5.14-19 depende da doutrina de ser Adão o pai da raça humana inteira). Não se pode conceder a presença de erros em matéria de história e de ciência sem acabar aceitando que há falsidade em matéria de doutrina.
Os Seis Dias da Criação e a Idade do Mundo
Uma leitura superficial de Gênesis cap. 1 deixaria a impressão que o processo inteiro da criação levou seis dias de vinte e quatro horas cada. Se esta tivesse sido a verdadeira intenção do autor hebreu (dedução questionável, conforme será demonstrado a seguir), 0estaria em contradição com a pesquisa científica moderna, que indica que o planeta terra foi criado há vários bilhões de anos. No século dezenove, a evidência principal em favor desta extrema antiguidade (que era, porém, computada como sendo muito menos do que é atualmente) achava-se no ritmo pelo qual a sedimentação de água é depositada em tempos modernos. No Golfo do México, a sedimentação se deposita na média de alguns poucos centímetros ao ano; mas camadas sedimentadas chegando até 9.000 metros foram achadas, indicando uma passagem de bem mais do que 100.000 anos. Isto seria válido como argumento só pela hipótese uniformitariana, ou seja, que as forças naturais de erosão, sedimentarão e ação magmática (ou vulcânica) têm operado nas eras antigas exatamente da mesma maneira que hoje se verifica. Uniformitarianismo tem sido vigorosamente desafiado por algumas autoridades, por causa da evidência dada pelo metamorfismo termodinâmico com violentas inclinações e torções que aparecem em muitas montanhas, e em regiões que são ou eram montanhosas. A aparição de fósseis, muitos deles deixados por espécies de animais que não sobrevivem, nestes extratos sedimentados, servia como um tipo de relógio de tempo, fortalecendo-se assim a impressão de a terra ser bastante antiga. A maioria dos fósseis representava gêneros que tinham desaparecido muito tempo antes da acumulação dos extratos mais recentes, e, portanto, não poderiam ter sido destruídos por uma catástrofe única como era o dilúvio de Noé. (As espécies numerosas de plantas e animais que viviam nos mares, e que foram achadas em forma fossilizada, estas especialmente teriam resistido aos efeitos do Dilúvio, a não ser que a súbita mistura de água salgada com água fresca explicaria sua extinção).
O conhecimento de física nuclear, cuja expansão recente trouxe a lume um novo tipo de evidência, isto é, o processo de decomposição dos minerais radioativos, parece confirmar a grande antiguidade da terra. Segundo os cálculos dos físicos, o urânio 238 passará, no decurso de quatro bilhões e meio de anos, por 18 estágios intermediários de decomposição (tório 234 etc.), até chegar a chumbo 206, que é um mineral estável e não é mais passível de decomposição através da radioatividade. O rubídio 87 demora sessenta bilhões de anos até se transformar pela decomposição em estrôncio 87. Fazendo um cálculo da proporção do produto derivado à proporção do depósito radioativo original, é possível estimar a idade da amostra examinada.
Os geocronologistas mais recentes aperfeiçoaram técnicas que eliminam, em grande parte, os fatores possíveis de erro (tais como a presença do mineral derivado já na época na qual o próprio isótopo radioativo foi depositado, ou também o derrame de porções da amostra por causa da atuação aquática sub-terrestre). Preferem utilizar dois ou três isótopos radioativos diferentes, quando se podem achar no mesmo depósito, para assim averiguar a exatidão dos resultados computados de cada amostra em decomposição. O método Carbono 14 é mais conhecido ao público em geral. Todas as plantas e todos os animais recebem nos seus tecidos uma certa quantidade de carbono 14 (um produto da decomposição do nitrogênio sob o impacto dos raios cósmicos da atmosfera superior). Depois da morte da planta ou do animal, não pode absolver mais deste carbono 14, e aquele tanto que já tem no seu sistema paulatinamente se decompõe pela radioatividade, até formar nitrogênio 14. Este processo se desenvolve mais rapidamente, porém, num período de apenas 5.580 anos, e por este motivo é inútil datar depósitos tendo 30.000 anos; ou mais de idade?
Será que um intervalo de tempo tão enorme (cinco bilhões de anos ou mais, de acordo com certas estimativas - feitas, é claro, dentro da hipótese uniformista) pode ser reconciliado com os seis dias da criação, segundo Gênesis 1? Isto depende inteiramente da interpretação da palavra hebraica yõm (“dia”). Há três teorias alternativas atualmente defendidas pelos estudiosos bíblicos, quanto a estes “dias”.
1) A palavra “yõm” representa um dia literal de vinte e quatro horas, e Gn 1.3-2.3 nos dá um relatório duma semana literal na qual Deus completamente restaurou do caos uma criação (registrada em Gn 1.1) que tinha sofrido uma catástrofe (possivelmente na época na qual Satanás e seus anjos foram expulsos da presença de Deus). Apoio para esta interpretação tem sido alegadamente descoberto em Is 45.18 quando se 1ê que Deus não criou a terra “em vão” ou “para ser um caos” (o heb. Bõhu é a mesma palavra “vazia” de Gn 1.2). Daí, Gn 1.1 deve indicar uma criação completa e perfeita anterior ao estado caótico mencionado em Gn 1.2, pois esta é a única conclusão que se pode tirar de Is 45.18 quando se interpreta assim. (Mas esta interpretação encontra a dificuldade que bõhu em 45.19 significa claramente “em vão”). Pode ser notado quanto a este assunto, que o verbo “era” em Gn 1.2 pode razoavelmente ser traduzido “veio a ser”, a frase sendo interpretada: “E a terra veio a ser sem forma e vazia”. Só uma catástrofe cósmica poderia explicar a introdução da confusão caótica na perfeição original da criação de Deus. Esta interpretação é sustentável pelas leis da exegese, mas se confronta com duas dificuldades principais.
(a) Esta interpretação significaria que a plena grandiosidade da criação original recebe apenas uma descrição que se reduz a estas palavras: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Em seguida, toda a atenção se dedica a uma reconstrução da ordem do mundo recentemente perturbada, e acontecimentos de há cinco ou seis mil anos;
(b) Significaria também que o inspirado Livro das Origens não teria nada para dizer acerca da ordem do processo criativo, nem sequer sobre coisa alguma que pertence à geologia. Não haveria mais necessidade de harmonizar a geologia com o Gênesis, pois tratam - segundo esta interpretação - de assuntos inteiramente diferentes.
Talvez seja conveniente mencionar aqui que certos defensores desta teoria muitas vezes a enfeitaram com especulações altamente questionáveis quanto à posição original de Satanás, presidindo o culto a Yahweh num Éden pré-catastrófico, embelezado com árvores carregadas com jóias (comparando o “príncipe de Tiro” de Ez cap. 28 com o próprio Satanás). Jeremias 4.23-26 também tem sido enquadrado nesta teoria da catástrofe, por conter a expressão tõhu wabhõhu (“sem forma e vazia”) achada também em Gn 1.2. Explicando as coisas assim, indica que antes da catástrofe existiam cidades e homens, que foram destruídos algum tempo entre Gn 1.1 e 1.2 (embora Jr 4.23-26 aparentemente descreva uma cena profética duma catástrofe vindoura). Estes “enfeites” são incluídos no livro de G.H. Pember Earth’s Earliest Ages – “As Épocas mais Antigas da Terra” (primeira edição 1876), embora não façam parte essencial da teoria da catástrofe, naturalmente.
2) Yõm representa um dia na revelação. Isto é, em seis dias literais, ou possivelmente numa visão que representava a Moisés o drama inteiro da criação em seis dias visionários, Deus descreveu ao seu profeta o mistério de como fizera a criação, e as etapas pelas quais cumpriu a obra. Estes estágios não representam necessariamente uma seqüência estritamente cronológica (sendo que a narrativa da criação dos corpos celestes é adiada até o quarto dia, depois da criação da vegetação que precisa da luz do sol para sua subsistência). Em parte, são cronológicos, e em parte, tópicos. Isto quer dizer, as várias etapas ou fases de criação são apresentadas segundo uma ordem lógica, em relação ao observador humano na terra. É, portanto, mais 1ógico descrever em primeiro lugar a superfície da terra na qual o observador ficaria em pé, antes de apresentar o sol e a lua que brilham sobre a terra e regulam as estações.
Esta interpretação é talvez sustentável sem abrir mão da infalibilidade da narrativa bíblica. Mas se confronta com uma dificuldade séria (entre outras), que não há a mínima sugestão no texto de Gênesis 1 que seja uma visão que está sendo descrita. Lê-se como uma narrativa singela e direta: No princípio Deus criou os céus e a terra; no primeiro “dia” criou a lua; no segundo dia, separou as águas em superiores e inferiores, e assim por diante. Sendo que a criação inicial mencionada em Gn 1:1 parece que não é incluída no primeiro “dia” da revelação, pergunta-se se esta parte foi incluída na suposta visão concebida a Moisés, ou se isto foi concedido de maneira não-visional. De qualquer maneira, se Gênesis cap. 1 foi apenas uma visão (representando, naturalmente, os verdadeiros fatos da história original) então quase qualquer outra narrativa nas Escrituras pode ser interpretada como sendo uma visão - especialmente se refere a algo que não seria naturalmente passível de observação a um investigador humano ou historiador humano.
3) Yõm representa uma era geológica eu estágio no processo criativo. Esta foi a explicação à qual recorreram os geólogos do século dezenove que respeitavam a autoridade da Bíblia, notavelmente J.W. Dawson (e.g., The Origin of the World According to Revelation and Science, - “A Origem do Mundo Segundo a Revelação e a Ciência” - 1877) e James Dana (Manual of Geology, 1875). Segundo este ponto de vista o termo yõm não significa um dia literal de vinte e quatro horas, mas é o equivalente de “estágio”. Tem sido freqüentemente asseverado que yõm não pode sustentar esta interpretação, e que significa um dia literal para a mentalidade hebréia e segundo o uso da língua. Mesmo assim, na base da evidência interna, é convicção do presente escritor que yõm em Gênesis 1 não foi empregado pelo autor hebreu com a intenção de descrever um dia literal de vinte e quatro horas.
Em primeiro lugar, yõm aparentemente é empregado em Gn 2.4 para se referir ao processo criativo inteiro que, no capitulo anterior, foi descrito em “seis dias”: “Esta é
gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou” (o segundo “quando” traduz a expressão hebraica “no dia que”). Sendo que os estágios da criação acabam de ser descritos, é legítimo inferir que aqui “dia” quer dizer o processo inteiro desde o primeiro “dia” até ao sexto. Em segundo lugar, Gn 1.27 declara que, depois de criar todos os animais terrestres no sexto dia, Deus criou o homem, tanto o macho como a fêmea. Então, na descrição mais detalhada em Gn cap. 2, informa-se que Deus criou Adão primeiro, e lhe deu a responsabilidade de cuidar do jardim do Éden por um certo período de tempo, até que se tornou aparente a solidão do homem. Então Deus deu a Adão a companhia dos animais da terra, com a oportunidade de dar nomes a todos eles. Adão ainda se sentia só, e criou-lhe uma esposa humana tirando dele uma costela, durante um “sono profundo”. Finalmente, trouxe Eva perante Adão e apresentou-a a ele como companheira para sua vida. Quem poderia imaginar que todas estas transações pudessem ter sido efetuadas num período de 120 minutos do sexto dia (ou até dentro das vinte e quatro horas)? Mesmo assim, Gn 1.27 declara que tanto Adão como Eva foram criados no último dia da criação. É óbvio que os “dias” do primeiro capítulo representam estágios de duração indeterminada, e não dias literais de vinte e quatro horas.
Quanto à objeção de que os “dias” de Gênesis cap. 1 se representam como tendo uma “manhã” e uma “tarde”, e portanto, precisam ser interpretados como sendo literais, pode se responder que a fórmula “tarde e manhã” indica somente que o termo “dia”, apesar de ser símbolo dum estágio geológico, é usado no sentido do ciclo de vinte e quatro horas mais do que no sentido de “dia” em contraste com “noite” (como, por exemplo, “dia” em 1:5a). Ao se tratar deste assunto, deve ser mencionado que as referências em o Novo Testamento que Cristo permaneceu no túmulo “três dias e três noites”, se explicam como sendo o equivalente de “durante um período de três dias, dos de vinte e quatro horas”, e não três dias (de luz do dia) mais três noites. Em outras palavras, Jesus morreu cerca de 15 horas na sexta-feira (uma parte do primeiro, dia dos de vinte e quatro horas), permaneceu no túmulo no sábado, e ressuscitou no domingo (no decurso dum terceiro dia dos de vinte e quatro horas). Já que esta expressão em Gênesis 1, “tarde e manhã, aparece como sendo a maneira hebraica de indicar dias de vinte e quatro horas, era um procedimento lógico chamar três dias deste tipo “três dias e três noites”. (Assim evitamos as dificuldades encontradas pelas pessoas que querem sustentar uma teoria duma crucificação na quarta-feira, contraindo toda a evidência insuperável de que o fato ocorreu numa sexta-feira).
A teoria “época = dia”, pois, explica os seis dias da criação como sendo uma indicação do esboço geral da obra criadora de Deus, na formação da terra e dos seus habitantes, até o surgimento de Adão e Eva. Geólogos modernos concordam com Gênesis 1 nos seguintes detalhes:
(a) A terra começou sua história numa forma confusa e caótica, que subseqüentemente cedeu lugar a um estado mate ordeiro.
(b) Surgiram as condições apropriadas à manutenção da vida: a separação do vapor espesso que cercava a terra em nuvens em cima e rios e mares em baixo, com o ciclo de evaporação e precipitação, e também com a penetração da 1uz do sol, que ia aumentando (sendo que a anterior criação é sugerida pelo primeiro dos mandamentos verbais: “Haja luz!”) na superfície da terra, para onde ia chegando.
(c) A separação da terra do mar (ou a emergência da terra por cima do nível das águas, que ia se abaixando) precedia a aparição da vida sobre o solo.
(d) A vida vegetal já tinha surgido antes da primeira emergência da vida animal no período cambriano. Quanto a isto, a verdade é que todos os filos invertebrados aparecem ao mesmo tempo de maneira marcadamente súbita nos estratos cambrianos, sem a mínima indicação nos depósitos pré-cambrianos de como estes vários filos, classes e ordens (representados por nada menos do que 5.000 espécies) possam ter-se desenvolvido.
(e) Tanto o Livro de Gênesis como a geologia concordam que as formas mais singelas apareceram em primeiro lugar, e só posteriormente as mais complexas.
(f) Ambos concordam em dizer que a raça humana tenha surgido como último e mais alto produto do processo da criação.
Sendo assim, a seqüência apresentada nas narrativas harmoniza suas linhas gerais com aquela indicada pelos dados geológicos. É verdade que o registro da criação do sol, da lua e das estrelas no quarto dia não corresponde à evidência de todo conclusiva que o planeta Terra tenha surgido depois da criação do sol. Mas desde que a criação da luz no primeiro “dia” indica a anterior existência do sol mesmo na narrativa mosaica, devemos entender, baseados na exegese, que a ênfase do quarto dia era dada, não à criação original dos corpos celestes como tais, mas sim, à sua disponibilidade para a regulamentação do tempo e dos ciclos da rotação e revolução da terra e da lua. O verbo específico que representa “criar ex nihilo” (bãrã), não se emprega em Gênesis, 1.16, onde aparece o termo mais geral: (ãsâ), “fazer”. A inferência razoável é que antes do quarto dia, o denso vapor que cercava a terra tenha impedido esta possibilidade, apesar de ter havido uma suficiência de luz indireta, penetrando até à superfície da terra, para permitir o crescimento de vida vegetal. (Note-se que o Hebraico de Gn 1.14 pode ser traduzido, “Que os luzeiros no firmamento dos céus sejam para separar entre o dia e a noite, a fim de que sejam por sinais, etc.”).
Defensores da teoria do dia literal freqüentemente têm mencionado Êxodo 20.11, como confirmação de serem literais os dias. Ao confirmar a santidade do Sábado, o SENHOR declara: “Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra... e ao sétimo dia descansou”, Mas isto não pressupõe necessariamente dias literais de vinte e quatro horas, pois o sétimo dia é explicitamente santificado em termos da completação da obra da criação. Para este propósito de observância memorial, a única maneira pela qual a sétima época (a época da completação, segundo a teoria pela qual o “dia” representa uma época) poderia ser santificada, seria com um sétimo dia literal duma semana de sete dias. Certamente seria impraticável dedicar uma época geológica inteira à comemoração duma época geológica!
O conhecimento de física nuclear, cuja expansão recente trouxe a lume um novo tipo de evidência, isto é, o processo de decomposição dos minerais radioativos, parece confirmar a grande antiguidade da terra. Segundo os cálculos dos físicos, o urânio 238 passará, no decurso de quatro bilhões e meio de anos, por 18 estágios intermediários de decomposição (tório 234 etc.), até chegar a chumbo 206, que é um mineral estável e não é mais passível de decomposição através da radioatividade. O rubídio 87 demora sessenta bilhões de anos até se transformar pela decomposição em estrôncio 87. Fazendo um cálculo da proporção do produto derivado à proporção do depósito radioativo original, é possível estimar a idade da amostra examinada.
Os geocronologistas mais recentes aperfeiçoaram técnicas que eliminam, em grande parte, os fatores possíveis de erro (tais como a presença do mineral derivado já na época na qual o próprio isótopo radioativo foi depositado, ou também o derrame de porções da amostra por causa da atuação aquática sub-terrestre). Preferem utilizar dois ou três isótopos radioativos diferentes, quando se podem achar no mesmo depósito, para assim averiguar a exatidão dos resultados computados de cada amostra em decomposição. O método Carbono 14 é mais conhecido ao público em geral. Todas as plantas e todos os animais recebem nos seus tecidos uma certa quantidade de carbono 14 (um produto da decomposição do nitrogênio sob o impacto dos raios cósmicos da atmosfera superior). Depois da morte da planta ou do animal, não pode absolver mais deste carbono 14, e aquele tanto que já tem no seu sistema paulatinamente se decompõe pela radioatividade, até formar nitrogênio 14. Este processo se desenvolve mais rapidamente, porém, num período de apenas 5.580 anos, e por este motivo é inútil datar depósitos tendo 30.000 anos; ou mais de idade?
Será que um intervalo de tempo tão enorme (cinco bilhões de anos ou mais, de acordo com certas estimativas - feitas, é claro, dentro da hipótese uniformista) pode ser reconciliado com os seis dias da criação, segundo Gênesis 1? Isto depende inteiramente da interpretação da palavra hebraica yõm (“dia”). Há três teorias alternativas atualmente defendidas pelos estudiosos bíblicos, quanto a estes “dias”.
1) A palavra “yõm” representa um dia literal de vinte e quatro horas, e Gn 1.3-2.3 nos dá um relatório duma semana literal na qual Deus completamente restaurou do caos uma criação (registrada em Gn 1.1) que tinha sofrido uma catástrofe (possivelmente na época na qual Satanás e seus anjos foram expulsos da presença de Deus). Apoio para esta interpretação tem sido alegadamente descoberto em Is 45.18 quando se 1ê que Deus não criou a terra “em vão” ou “para ser um caos” (o heb. Bõhu é a mesma palavra “vazia” de Gn 1.2). Daí, Gn 1.1 deve indicar uma criação completa e perfeita anterior ao estado caótico mencionado em Gn 1.2, pois esta é a única conclusão que se pode tirar de Is 45.18 quando se interpreta assim. (Mas esta interpretação encontra a dificuldade que bõhu em 45.19 significa claramente “em vão”). Pode ser notado quanto a este assunto, que o verbo “era” em Gn 1.2 pode razoavelmente ser traduzido “veio a ser”, a frase sendo interpretada: “E a terra veio a ser sem forma e vazia”. Só uma catástrofe cósmica poderia explicar a introdução da confusão caótica na perfeição original da criação de Deus. Esta interpretação é sustentável pelas leis da exegese, mas se confronta com duas dificuldades principais.
(a) Esta interpretação significaria que a plena grandiosidade da criação original recebe apenas uma descrição que se reduz a estas palavras: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Em seguida, toda a atenção se dedica a uma reconstrução da ordem do mundo recentemente perturbada, e acontecimentos de há cinco ou seis mil anos;
(b) Significaria também que o inspirado Livro das Origens não teria nada para dizer acerca da ordem do processo criativo, nem sequer sobre coisa alguma que pertence à geologia. Não haveria mais necessidade de harmonizar a geologia com o Gênesis, pois tratam - segundo esta interpretação - de assuntos inteiramente diferentes.
Talvez seja conveniente mencionar aqui que certos defensores desta teoria muitas vezes a enfeitaram com especulações altamente questionáveis quanto à posição original de Satanás, presidindo o culto a Yahweh num Éden pré-catastrófico, embelezado com árvores carregadas com jóias (comparando o “príncipe de Tiro” de Ez cap. 28 com o próprio Satanás). Jeremias 4.23-26 também tem sido enquadrado nesta teoria da catástrofe, por conter a expressão tõhu wabhõhu (“sem forma e vazia”) achada também em Gn 1.2. Explicando as coisas assim, indica que antes da catástrofe existiam cidades e homens, que foram destruídos algum tempo entre Gn 1.1 e 1.2 (embora Jr 4.23-26 aparentemente descreva uma cena profética duma catástrofe vindoura). Estes “enfeites” são incluídos no livro de G.H. Pember Earth’s Earliest Ages – “As Épocas mais Antigas da Terra” (primeira edição 1876), embora não façam parte essencial da teoria da catástrofe, naturalmente.
2) Yõm representa um dia na revelação. Isto é, em seis dias literais, ou possivelmente numa visão que representava a Moisés o drama inteiro da criação em seis dias visionários, Deus descreveu ao seu profeta o mistério de como fizera a criação, e as etapas pelas quais cumpriu a obra. Estes estágios não representam necessariamente uma seqüência estritamente cronológica (sendo que a narrativa da criação dos corpos celestes é adiada até o quarto dia, depois da criação da vegetação que precisa da luz do sol para sua subsistência). Em parte, são cronológicos, e em parte, tópicos. Isto quer dizer, as várias etapas ou fases de criação são apresentadas segundo uma ordem lógica, em relação ao observador humano na terra. É, portanto, mais 1ógico descrever em primeiro lugar a superfície da terra na qual o observador ficaria em pé, antes de apresentar o sol e a lua que brilham sobre a terra e regulam as estações.
Esta interpretação é talvez sustentável sem abrir mão da infalibilidade da narrativa bíblica. Mas se confronta com uma dificuldade séria (entre outras), que não há a mínima sugestão no texto de Gênesis 1 que seja uma visão que está sendo descrita. Lê-se como uma narrativa singela e direta: No princípio Deus criou os céus e a terra; no primeiro “dia” criou a lua; no segundo dia, separou as águas em superiores e inferiores, e assim por diante. Sendo que a criação inicial mencionada em Gn 1:1 parece que não é incluída no primeiro “dia” da revelação, pergunta-se se esta parte foi incluída na suposta visão concebida a Moisés, ou se isto foi concedido de maneira não-visional. De qualquer maneira, se Gênesis cap. 1 foi apenas uma visão (representando, naturalmente, os verdadeiros fatos da história original) então quase qualquer outra narrativa nas Escrituras pode ser interpretada como sendo uma visão - especialmente se refere a algo que não seria naturalmente passível de observação a um investigador humano ou historiador humano.
3) Yõm representa uma era geológica eu estágio no processo criativo. Esta foi a explicação à qual recorreram os geólogos do século dezenove que respeitavam a autoridade da Bíblia, notavelmente J.W. Dawson (e.g., The Origin of the World According to Revelation and Science, - “A Origem do Mundo Segundo a Revelação e a Ciência” - 1877) e James Dana (Manual of Geology, 1875). Segundo este ponto de vista o termo yõm não significa um dia literal de vinte e quatro horas, mas é o equivalente de “estágio”. Tem sido freqüentemente asseverado que yõm não pode sustentar esta interpretação, e que significa um dia literal para a mentalidade hebréia e segundo o uso da língua. Mesmo assim, na base da evidência interna, é convicção do presente escritor que yõm em Gênesis 1 não foi empregado pelo autor hebreu com a intenção de descrever um dia literal de vinte e quatro horas.
Em primeiro lugar, yõm aparentemente é empregado em Gn 2.4 para se referir ao processo criativo inteiro que, no capitulo anterior, foi descrito em “seis dias”: “Esta é
gênese dos céus e da terra quando foram criados, quando o SENHOR Deus os criou” (o segundo “quando” traduz a expressão hebraica “no dia que”). Sendo que os estágios da criação acabam de ser descritos, é legítimo inferir que aqui “dia” quer dizer o processo inteiro desde o primeiro “dia” até ao sexto. Em segundo lugar, Gn 1.27 declara que, depois de criar todos os animais terrestres no sexto dia, Deus criou o homem, tanto o macho como a fêmea. Então, na descrição mais detalhada em Gn cap. 2, informa-se que Deus criou Adão primeiro, e lhe deu a responsabilidade de cuidar do jardim do Éden por um certo período de tempo, até que se tornou aparente a solidão do homem. Então Deus deu a Adão a companhia dos animais da terra, com a oportunidade de dar nomes a todos eles. Adão ainda se sentia só, e criou-lhe uma esposa humana tirando dele uma costela, durante um “sono profundo”. Finalmente, trouxe Eva perante Adão e apresentou-a a ele como companheira para sua vida. Quem poderia imaginar que todas estas transações pudessem ter sido efetuadas num período de 120 minutos do sexto dia (ou até dentro das vinte e quatro horas)? Mesmo assim, Gn 1.27 declara que tanto Adão como Eva foram criados no último dia da criação. É óbvio que os “dias” do primeiro capítulo representam estágios de duração indeterminada, e não dias literais de vinte e quatro horas.
Quanto à objeção de que os “dias” de Gênesis cap. 1 se representam como tendo uma “manhã” e uma “tarde”, e portanto, precisam ser interpretados como sendo literais, pode se responder que a fórmula “tarde e manhã” indica somente que o termo “dia”, apesar de ser símbolo dum estágio geológico, é usado no sentido do ciclo de vinte e quatro horas mais do que no sentido de “dia” em contraste com “noite” (como, por exemplo, “dia” em 1:5a). Ao se tratar deste assunto, deve ser mencionado que as referências em o Novo Testamento que Cristo permaneceu no túmulo “três dias e três noites”, se explicam como sendo o equivalente de “durante um período de três dias, dos de vinte e quatro horas”, e não três dias (de luz do dia) mais três noites. Em outras palavras, Jesus morreu cerca de 15 horas na sexta-feira (uma parte do primeiro, dia dos de vinte e quatro horas), permaneceu no túmulo no sábado, e ressuscitou no domingo (no decurso dum terceiro dia dos de vinte e quatro horas). Já que esta expressão em Gênesis 1, “tarde e manhã, aparece como sendo a maneira hebraica de indicar dias de vinte e quatro horas, era um procedimento lógico chamar três dias deste tipo “três dias e três noites”. (Assim evitamos as dificuldades encontradas pelas pessoas que querem sustentar uma teoria duma crucificação na quarta-feira, contraindo toda a evidência insuperável de que o fato ocorreu numa sexta-feira).
A teoria “época = dia”, pois, explica os seis dias da criação como sendo uma indicação do esboço geral da obra criadora de Deus, na formação da terra e dos seus habitantes, até o surgimento de Adão e Eva. Geólogos modernos concordam com Gênesis 1 nos seguintes detalhes:
(a) A terra começou sua história numa forma confusa e caótica, que subseqüentemente cedeu lugar a um estado mate ordeiro.
(b) Surgiram as condições apropriadas à manutenção da vida: a separação do vapor espesso que cercava a terra em nuvens em cima e rios e mares em baixo, com o ciclo de evaporação e precipitação, e também com a penetração da 1uz do sol, que ia aumentando (sendo que a anterior criação é sugerida pelo primeiro dos mandamentos verbais: “Haja luz!”) na superfície da terra, para onde ia chegando.
(c) A separação da terra do mar (ou a emergência da terra por cima do nível das águas, que ia se abaixando) precedia a aparição da vida sobre o solo.
(d) A vida vegetal já tinha surgido antes da primeira emergência da vida animal no período cambriano. Quanto a isto, a verdade é que todos os filos invertebrados aparecem ao mesmo tempo de maneira marcadamente súbita nos estratos cambrianos, sem a mínima indicação nos depósitos pré-cambrianos de como estes vários filos, classes e ordens (representados por nada menos do que 5.000 espécies) possam ter-se desenvolvido.
(e) Tanto o Livro de Gênesis como a geologia concordam que as formas mais singelas apareceram em primeiro lugar, e só posteriormente as mais complexas.
(f) Ambos concordam em dizer que a raça humana tenha surgido como último e mais alto produto do processo da criação.
Sendo assim, a seqüência apresentada nas narrativas harmoniza suas linhas gerais com aquela indicada pelos dados geológicos. É verdade que o registro da criação do sol, da lua e das estrelas no quarto dia não corresponde à evidência de todo conclusiva que o planeta Terra tenha surgido depois da criação do sol. Mas desde que a criação da luz no primeiro “dia” indica a anterior existência do sol mesmo na narrativa mosaica, devemos entender, baseados na exegese, que a ênfase do quarto dia era dada, não à criação original dos corpos celestes como tais, mas sim, à sua disponibilidade para a regulamentação do tempo e dos ciclos da rotação e revolução da terra e da lua. O verbo específico que representa “criar ex nihilo” (bãrã), não se emprega em Gênesis, 1.16, onde aparece o termo mais geral: (ãsâ), “fazer”. A inferência razoável é que antes do quarto dia, o denso vapor que cercava a terra tenha impedido esta possibilidade, apesar de ter havido uma suficiência de luz indireta, penetrando até à superfície da terra, para permitir o crescimento de vida vegetal. (Note-se que o Hebraico de Gn 1.14 pode ser traduzido, “Que os luzeiros no firmamento dos céus sejam para separar entre o dia e a noite, a fim de que sejam por sinais, etc.”).
Defensores da teoria do dia literal freqüentemente têm mencionado Êxodo 20.11, como confirmação de serem literais os dias. Ao confirmar a santidade do Sábado, o SENHOR declara: “Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra... e ao sétimo dia descansou”, Mas isto não pressupõe necessariamente dias literais de vinte e quatro horas, pois o sétimo dia é explicitamente santificado em termos da completação da obra da criação. Para este propósito de observância memorial, a única maneira pela qual a sétima época (a época da completação, segundo a teoria pela qual o “dia” representa uma época) poderia ser santificada, seria com um sétimo dia literal duma semana de sete dias. Certamente seria impraticável dedicar uma época geológica inteira à comemoração duma época geológica!
Sumário da História do Cânon do Antigo Testamento
Ao examinarmos as evidências a respeito da inclusão de um livro entre os considerados sagrados pelos judeus, devemos observar as três divisões em que se agrupa a Bíblia Hebraica, como já notamos acima. A Lei, por sua própria natureza e antiguidade, deveria ocupar o primeiro lugar. Quando ela foi considerada como divina instituição, não sabemos. Sabemos, sim, que Moisés recebeu de Deus a maior parte do material nela contido, e que este material foi desde logo considerado autorizado. Alguns profetas, especialmente Oséias e Amós, pertencentes no oitavo século, revelam-se familiares com os ensinos do Pentateuco, e quando o Deuteronômio foi encontrado no templo, por ocasião da reforma de Josias, foi também considerado divinamente inspirado, pelo povo e pelo rei, isto em 621 a.C.
Ao tempo de Esdras e Neemias (cerca de 400 a.C.), a Lei tinha aceitação universal como livro inspirado entre os judeus. Certamente, deve ter sido assim considerado por muitos anos ou Séculos antes, mas não temos informações diretas a respeito disso, pelas seguintes razões:
1) O Pentateuco Samaritano data do cisma realizado por ocasião da reconstrução da cidade de Jerusalém, quando, ao que se acredita, foi levado para lá pelo renegado Sambalate. Logo, devia ser considerado como Escritura, muito tempo antes. Os samaritanos sustentam datar de 722 a.C.; os críticos, porém, negam-lhe esta idade, por considerações da natureza do manuscrito. Todavia, mesmo que o manuscrito do Pentateuco Samaritano seja de data posterior, nada impede que o texto seja muito mais antigo.
2) A Lei foi lida por Esdras, desde a alva ate. ao meio-dia; isto não deve ser entendido no sentido de apenas um dia de sol (Neem. 8:3). Esta leitura não importou na sua canonização, como querem fazer entender alguns críticos, mas apenas levou o povo a reafirmar a sua fidelidade a Lei dos seus pais. Por causa de sua infidelidade a esta mesma Lei e que eles tinham sido levados em cativeiro. E, agora que se preparavam para recomeçar a sua história, convinha que se dessem conta da sua importância na vida nacional.
3) Os escritos pós-exílicos, durante e depois de Esdras, todos se referem à Lei, com especial reverência (Ml 4.4). Concluímos que a Lei era há muitos anos considerada canônica, e a sua inobservância tinha dado causa aos sofrimentos do povo.
Os Profetas deviam ter sido o segundo grupo de livros a ser aceito como divinamente inspirado. No prólogo ao Eclesiástico, Jesus Ben Siraque (cerca de 132 a.C.) escreve que os judeus tinham já três divisões na sua Bíblia Hebraica: a Lei, os Profetas e os outros livros. No mesmo livro de Eclesiástico, Jesus Ben Siraque, o avô (cerca de 180 a.C.), menciona Jeremias, Isaías, Ezequiel e os doze Profetas Menores, e dá evidências de que o Cânon já estava fechado naquela época. Muito naturalmente os profetas individualmente, desde há muito, tinham sido considerados inspirados, o mesmo se podendo dizer dos demais livros que receberam a sua aceitação pelo povo, como inspirados, em virtude da função dos seus autores. Assim temos provas de que, como Cânon, a Bíblia Hebraica estava completa no ano 180 a.C. Quantos anos ou séculos antes teria ela sido assim considerada, não sabemos.
Os Escritos ou Hagiógrafos foram o último grupo de livros a ser aprovado como um todo. A referência definida de Jesus Ben Siraque (avô) a “outros livros” indica isso perfeitamente. A inclusão de qualquer livro nesta seção, nesta época ou mesmo posteriormente, não significa que ele fosse escrito depois, porque bem poderia até estar escrito há muito.
Ao tempo de Esdras e Neemias (cerca de 400 a.C.), a Lei tinha aceitação universal como livro inspirado entre os judeus. Certamente, deve ter sido assim considerado por muitos anos ou Séculos antes, mas não temos informações diretas a respeito disso, pelas seguintes razões:
1) O Pentateuco Samaritano data do cisma realizado por ocasião da reconstrução da cidade de Jerusalém, quando, ao que se acredita, foi levado para lá pelo renegado Sambalate. Logo, devia ser considerado como Escritura, muito tempo antes. Os samaritanos sustentam datar de 722 a.C.; os críticos, porém, negam-lhe esta idade, por considerações da natureza do manuscrito. Todavia, mesmo que o manuscrito do Pentateuco Samaritano seja de data posterior, nada impede que o texto seja muito mais antigo.
2) A Lei foi lida por Esdras, desde a alva ate. ao meio-dia; isto não deve ser entendido no sentido de apenas um dia de sol (Neem. 8:3). Esta leitura não importou na sua canonização, como querem fazer entender alguns críticos, mas apenas levou o povo a reafirmar a sua fidelidade a Lei dos seus pais. Por causa de sua infidelidade a esta mesma Lei e que eles tinham sido levados em cativeiro. E, agora que se preparavam para recomeçar a sua história, convinha que se dessem conta da sua importância na vida nacional.
3) Os escritos pós-exílicos, durante e depois de Esdras, todos se referem à Lei, com especial reverência (Ml 4.4). Concluímos que a Lei era há muitos anos considerada canônica, e a sua inobservância tinha dado causa aos sofrimentos do povo.
Os Profetas deviam ter sido o segundo grupo de livros a ser aceito como divinamente inspirado. No prólogo ao Eclesiástico, Jesus Ben Siraque (cerca de 132 a.C.) escreve que os judeus tinham já três divisões na sua Bíblia Hebraica: a Lei, os Profetas e os outros livros. No mesmo livro de Eclesiástico, Jesus Ben Siraque, o avô (cerca de 180 a.C.), menciona Jeremias, Isaías, Ezequiel e os doze Profetas Menores, e dá evidências de que o Cânon já estava fechado naquela época. Muito naturalmente os profetas individualmente, desde há muito, tinham sido considerados inspirados, o mesmo se podendo dizer dos demais livros que receberam a sua aceitação pelo povo, como inspirados, em virtude da função dos seus autores. Assim temos provas de que, como Cânon, a Bíblia Hebraica estava completa no ano 180 a.C. Quantos anos ou séculos antes teria ela sido assim considerada, não sabemos.
Os Escritos ou Hagiógrafos foram o último grupo de livros a ser aprovado como um todo. A referência definida de Jesus Ben Siraque (avô) a “outros livros” indica isso perfeitamente. A inclusão de qualquer livro nesta seção, nesta época ou mesmo posteriormente, não significa que ele fosse escrito depois, porque bem poderia até estar escrito há muito.
Quando foi concluída a terceira parte da Bíblia hebraica?
As referências que temos em Macabeus, Josefo e em o Novo Testamento indicam que Jesus e os apóstolos possuíam o Antigo Testamento substancialmente, como nós o temos hoje. A data da versão dos LXX pode esclarecer este assunto; todavia acreditam alguns que ela não foi terminada antes do ano 100 antes de Cristo ou mesmo mais tarde.
Não há qualquer evidência de que os livros Apócrifos, que aparecem na Vulgata Latina, tivessem sido incluídos na coleção sagrada dos judeus. Jerônimo mesmo, que fez a versão, nega esta validade.
O estudante deve notar que, até ao primeiro século da era cristã, não havia qualquer corpo organizado com o encargo de determinar quais os livros que deviam ou não deviam ser sagrados. Não há qualquer evidência de que já alguma vez existisse tal grupo de homens. O Concílio de Jânia (A.D. 90, 118), composto de eruditos judeus, não determinou a extensão do Cânon hebraico, como pretendem certos críticos. O que eles discutiram foi a respeito de certos livros que já se encontravam lá, e esta discussão não versou sobre a autoria de alguns livros que se achavam no Cânon. Discutir a autoria de um livro e a canonicidade do mesmo livro são assuntos fundamentalmente diferentes. O mundo inteiro deu a sua aprovação ao Cânon hebraico muitos séculos antes de os críticos começarem a discutir tais assuntos. Livros após livro foram aceitos pelo povo como inspirados, dentre dezenas de outros que assim não foram considerados, e a base para esta aceitação (de uns) e rejeição (de outros) teria dependido do caráter dos mesmos livros e seus autores, relacionados com a passada revelação divina. Deus mesmo deve ter tido a sua parte nesta seleção, como a teve em tantos outros assuntos, de modo que a formação do Cânon hebraico e neotestamentário não foi um processo histórico propriamente dito, mas um ato divino, quer na chamada dos seus autores quer na seleção dentre muitos outros livros existentes.
Não há qualquer evidência de que os livros Apócrifos, que aparecem na Vulgata Latina, tivessem sido incluídos na coleção sagrada dos judeus. Jerônimo mesmo, que fez a versão, nega esta validade.
O estudante deve notar que, até ao primeiro século da era cristã, não havia qualquer corpo organizado com o encargo de determinar quais os livros que deviam ou não deviam ser sagrados. Não há qualquer evidência de que já alguma vez existisse tal grupo de homens. O Concílio de Jânia (A.D. 90, 118), composto de eruditos judeus, não determinou a extensão do Cânon hebraico, como pretendem certos críticos. O que eles discutiram foi a respeito de certos livros que já se encontravam lá, e esta discussão não versou sobre a autoria de alguns livros que se achavam no Cânon. Discutir a autoria de um livro e a canonicidade do mesmo livro são assuntos fundamentalmente diferentes. O mundo inteiro deu a sua aprovação ao Cânon hebraico muitos séculos antes de os críticos começarem a discutir tais assuntos. Livros após livro foram aceitos pelo povo como inspirados, dentre dezenas de outros que assim não foram considerados, e a base para esta aceitação (de uns) e rejeição (de outros) teria dependido do caráter dos mesmos livros e seus autores, relacionados com a passada revelação divina. Deus mesmo deve ter tido a sua parte nesta seleção, como a teve em tantos outros assuntos, de modo que a formação do Cânon hebraico e neotestamentário não foi um processo histórico propriamente dito, mas um ato divino, quer na chamada dos seus autores quer na seleção dentre muitos outros livros existentes.
A Infalibilidade dos Autógrafos Originais
Precisamos, como próximo passo, levantar a pergunta: que tipo de registro este há de ser? Um contendo erros de vários tipos, ou um registro livre de qualquer erro? Se esta revelação escrita contém erros, então dificilmente poderá cumprir seu próprio propósito, o de transmitir aos homens de maneira digna de confiança, a vontade de Deus para a sua salvação. Por que é assim? Porque um erro comprovado numa parte faz surgir à possibilidade de haver erros em outras partes da Bíblia, sob exame, acaba sendo uma mistura de verdade e erro, então fica sendo um livro como qualquer outro.
Sem dúvida, há verdades em todos os demais documentos religiosos conhecidos aos homens: o Alcorão, os Vedas, os Upanichades, os Analetas, a Ilíada e a Odisséia, muito embora que esta verdade possa coexistir com uma abundância de erros. O que se deve fazer com livros deste tipo, que contêm verdades e erros? A única coisa que se pode fazer é sujeitá-lo à faculdade crítica do raciocínio humano. Dentro dos seus limites apropriados, bem entendido, o poder de raciocínio do ser humano tem uma função legítima e necessária em aquilatar as evidências apresentadas nestes documentos, para descobrir se são consistentes com a alegada origem divina. Neste caso, é uma questão de reconhecer a identidade daquilo que se apresenta como sendo uma revelação, averiguando se é a palavra de Deus ou não. O raciocínio humano é competente, aplicando-se as regras de contradições internas e os demais cânones da lógica, para julgar as evidências, para determinar se os próprios textos e os dados ali registrados se condizem com as reivindicações da sua origem divina.
Mas é coisa bem diferente quando o raciocínio humano quer emitir seu julgamento sobre a revelação divina como tal, para determinar sua veracidade ou falsidade. Tais julgamentos só poderiam ser válidos se quem julga possui um conhecimento de verdade metafísica que é superior aquele da própria revelação. Noutras palavras, o homem precisaria saber mais sobre Deus e a alma e valores espirituais se quisesse emitir um Juízo válido quanto às verdades da Bíblia. Mas isto obviamente não é o caso, conforme foi indicado previamente, e por isto mesmo, o homem depende totalmente da revelação divina para receber este conhecimento tão importante. Por este motivo, a única maneira pela qual esta revelação pode chegar ao homem numa forma que possa ser empregada e merecedora de confiança, sem ter que depender da exatidão do julgamento humano tão falível, seria como revelação infalível. Senão, não poderia cumprir seu propósito de ser s manifestação, digna de confiança, da verdade divina.
Sem dúvida, há verdades em todos os demais documentos religiosos conhecidos aos homens: o Alcorão, os Vedas, os Upanichades, os Analetas, a Ilíada e a Odisséia, muito embora que esta verdade possa coexistir com uma abundância de erros. O que se deve fazer com livros deste tipo, que contêm verdades e erros? A única coisa que se pode fazer é sujeitá-lo à faculdade crítica do raciocínio humano. Dentro dos seus limites apropriados, bem entendido, o poder de raciocínio do ser humano tem uma função legítima e necessária em aquilatar as evidências apresentadas nestes documentos, para descobrir se são consistentes com a alegada origem divina. Neste caso, é uma questão de reconhecer a identidade daquilo que se apresenta como sendo uma revelação, averiguando se é a palavra de Deus ou não. O raciocínio humano é competente, aplicando-se as regras de contradições internas e os demais cânones da lógica, para julgar as evidências, para determinar se os próprios textos e os dados ali registrados se condizem com as reivindicações da sua origem divina.
Mas é coisa bem diferente quando o raciocínio humano quer emitir seu julgamento sobre a revelação divina como tal, para determinar sua veracidade ou falsidade. Tais julgamentos só poderiam ser válidos se quem julga possui um conhecimento de verdade metafísica que é superior aquele da própria revelação. Noutras palavras, o homem precisaria saber mais sobre Deus e a alma e valores espirituais se quisesse emitir um Juízo válido quanto às verdades da Bíblia. Mas isto obviamente não é o caso, conforme foi indicado previamente, e por isto mesmo, o homem depende totalmente da revelação divina para receber este conhecimento tão importante. Por este motivo, a única maneira pela qual esta revelação pode chegar ao homem numa forma que possa ser empregada e merecedora de confiança, sem ter que depender da exatidão do julgamento humano tão falível, seria como revelação infalível. Senão, não poderia cumprir seu propósito de ser s manifestação, digna de confiança, da verdade divina.
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